2o. Dia de Pedal

Saímos de Kovin, sem o café da manhã, com uma brisa fria, mesmo sendo o auge do verão no leste europeu, passando por estradas repletas de plantações de girassol, porém sem sinalização, e acabamos chegando a uma vila onde paramos para o café, e aproveitamos para pedir informações de como chegar a Stara Palanka, nosso ponto de referência para cruzar o Danúbio mais uma vez.

Um cara que estava de bike, e expressando-se num inglês do nosso nível, disse que se chamava Dragon, falou que era difícil de explicar o caminho, então se ofereceu para nos guiar, cruzando o vilarejo até a estradinha que nos conduziria a Gaj. Ali se despediu, e informou-nos que lá encontraríamos placas indicativas para o nosso destino.

De Gaj fomos para Dubovac, e continuamos no pedal até o famoso canal DTD, onde encontramos o senhor Johannes, um alemão bem mais coroa que nós, que mora em Dresden, e nos convidou para visitá-lo na Alemanha. É óbvio que fizemos o convite para ele visitar-nos em Floripa. Ele estava pedalando para Budapeste, onde pegaria o trem para a Alemanha, e nós para Constança, onde pegaríamos o trem para Bucareste. Após um agradável bate papo e umas fotos continuamos no pedal mais uma vez por trilhas sobre barragem de contenção de enchentes até o cais da balsa em Stara Palanka. Ali saboreamos uma deliciosa sopa de peixes do Danúbio num restaurante nas margens do rio.

A travessia do rio é longa, e vê-se na outra margem a Fortaleza de Ram. Ao descer da balsa visitamos a Fortaleza e com o sol a pino, nos untamos de protetor solar, e seguimos no pedal, por estrada em sobe e desce, margeadas de extensas plantações de milho e girassol até Zatonje. Passamos pelo Lago Prateado, por praias do Danúbio repletas de banhistas, sempre num visual exuberante até chegarmos em Veliko Gradiste, nosso destino conforme programação.

Veliko Gradiste é uma cidade bonita e aconchegante, nas margens do Danubio, porém como chegamos cedo, resolvemos tocar em frente. Após um giro pela cidade, num cruzamento pedimos informações para uma senhora de como seguir para Golubac, que por gestos nos deu a entender que não falava nada a não ser sérvio.

Um senhor idoso que estava próximo, e nos ouviu, fez sinais para que esperássemos. Foi até sua casa, pegou sua bike e nos conduziu até a saída da cidade, porém indicava duas direções e falava algo que não entendíamos. Nisso passou um senhor que falava italiano e tirou a dúvida. Disse que o caminho da direita era o normal, porém com grande fluxo de carros, e o da esquerda é de estradinhas vicinais, sem movimento, porém cruza muitas vilas, o que poderia fazer com que a gente se perdesse no caminho. Analisamos o cronograma e perguntamos se passava por Vinci e Usije, ele disse que sim. Informei que era o que nos interessava, pedalar pelo interior conhecendo os vilarejos.

Pedalamos até a cidade turística de Gulobac, onde nos hospedamos no hotel de mesmo nome, o mais famoso da cidade. Um hotel imponente, com paredes de vidro, quartos com vistas para o rio, mas internamente necessitando de uma reforma, até para eliminar as características dos tempos do comunismo.

Nesse dia pedalamos 94 Km, num visual jamais visto por nós.