Estação Cinco

Hoje 29/05/12, acordamos com a barulheira tradicional dos albergues municipais, tomamos café no albergue, onde um hippie francês nos pediu o que sobrou de pão, falando num inglês de difícil compreensão, dizendo que tinha pouco dinheiro para fazer o caminho.

Nosso planejamento previa o trecho:

  • SAN JUAN DE ORTEGA – BURGOS – HONTANAS - FRÓSMITA, porém nossa largada já estava fora do cronograma, em alguns quilômetros.

Saímos de Villafranca Montes de Ocas, e com menos de 500 metros de pedal uma placa nos informava: subida de 3 km com inclinação de 6º. Após uma noite com sinfonia de roncos que pairavam no ar provenientes de vários beliches, mas com um reforçado café da manhã, ao chegar no topo do morro analisei o odômetro e verifiquei que havíamos conseguido a proeza e 8,9 km/h para vencer essa barreira.

CAPELINHA INCRUSTADA NA MONTANHA

WILLEMANN E VÂNIO COM O PESSOAL DA IBERDROLA

Passamos por Villamora, Santovenia, onde encontramos um pessoal da Iberdrola, uma companhia de eletricidade da Espanha. Puxamos um papo, falei que hoje sou aposentado (jubilado em espanhol) e trabalho free lancer para a Iberdrola no Brasil.

Passamos por San Juan de Ortega, e visitamos a igreja onde estão os restos mortais do Santo. Esse trecho fizemos pelo asfalto (carreteira), e portanto rodamos 11 km a mais que o pessoal que foi por trilha. Valeu à pena, pois conhecemos alguns povoados diferentes dos tradicionais do caminho, e nossa chegada em frente à igreja se deu simultaneamente a dos italianos que vieram pedalando pela trilha.

Continuamos na labuta passando por Agés, Atapuerca, Cardeñuela, Orbaneja, Villafira e Burgos. Impossível ficar menos que duas horas em Burgos. Durante a visita pela cidade, numa das minhas investidas pedindo informações, tive a feliciade de consultar o Jesus, um espanhol muito culto e prestativo que ficou nos mostrando a cidade e contando a história da mesma, inclusive a rivalidade com Leon. Detalhou para nós a história das efígies expostas no alto do arco na Plaza de Armas e nos indicou a saída da cidade para partirmos em direção à Tardajos.

Fila ao meio dia no albergue de Burgos

WILLEMANN E ÉDIO COM O JESUS EM BURGOS

Ao fundo catedral de Burgos

Antes de chegar em Tardajos, ao passar por um peregrino meditando no caminho rodeado por plantações de trigo ouvi ele falar: - conheço essa bandeira. Era o Henrique, um brasileiro que nos contou sua subida aos Pirineus, seu primeiro dia de caminho, com chuva e frio, e que, quando chegou no albergue em Rosncevalles na hora de dormir não conteve a emoção ao lembrar da esposa e filhos no Brasil. Contou também que caminha sozinho, mas divide o albergue com um francês que amarra uma bola de tênis nas costas da camisa, para não dormir de costas e portanto não roncar.

Continuamos pedalando e passamos por Rabé de Las Calzadas, Hornillo del Camino, mais um nome sugestivo, o calor nos remetia realmente a um forninho. Aqui encontramos um mercadinho, fizemos lanche, e descansamos por duas horas até o sol amenizar.

Mercadinho em Hornillo del Camino

Passamos por Hontanas, pelas ruínas do antigo Mosteiro de San Antón, e nos hospedamos no albergue municipal de Castrojeriz. Esse albergue não tem preço fixo, pede um donativo e oferece café da manhã com bolachas. De todos que paramos até agora, este foi o mais rústico, e mais rigoroso nos horários. Tem hora para fechar as portas, para despertar o pessoal com cânticos gregorianos, hora para o café comunitário e hora para se deixar o albergue.

RESUMO DO DESAFIO

Distância percorrida no dia : 91 km

Velocidade média no dia : 15,6 km/h

Inicio e final do pedal : 08:00 - 18:00

Distância acumulada desde o 1º dia : 369 km

MEDITAÇÃO DO DIA

Quando eu estou aqui, eu vivo esse momento lindo, olhando pra você, e as mesmas emoções sentindo, são tantas já vividas, são momentos que eu não me esqueci, detalhes de uma vida, histórias que eu contei aqui, amigos eu ganhei, saudades eu senti partindo, e às vezes eu deixei, você me ver chorar sorrindo...

Vânio Savi (Mano)

Ruinas do Convento de San Antón