Aplainando as Serras do Faxinal e da Rocinha - 3o Dia

TERCEIRO DIA DE PEDAL- TERÇA-FEIRA, 24 DE MAIO.

ITINERÁRIO DO TERCEIRO DIA DE PEDAL

Cedinho quando fomos para o café, de soslaio, na varanda da pousada espiamos o termômetro da Praça da Matriz que marcava -1º C.

Após o café retornamos para o pedal, primeiro em direção à praça, para a foto histórica junto ao relógio termômetro, agora registrando 0º C.

AMOSTRA DA TEMPERATURA NA LARGADA EM CAMBARÁ DO SUL

De Cambará do Sul até a comunidade de Oswaldo Kroeff, mesmo sendo o trecho asfaltado, nossa velocidade era moderada tendo em vista a neblina baixa, que bloqueava parcialmente nossa visão. De vez em quando parávamos para movimentar os dedos das mãos e pés, uma vez que estavam encarangados e doíam por causa do frio intenso.

NEBLINA. JÁ DIZ O DITADO: CERRAÇÃO BAIXA É SOL QUE RACHA.

PRIMEIROS RAIOS DE SOL, CONFIRMANDO O DITADO

Nosso pedal continuou por estradas de chão batido, onde testemunhamos que essa raça de políticos não tem vergonha na cara. Estradas impraticáveis para qualquer tipo de veículo. Antes de chegar à antiga Fiscalização Estadual do RS, no município de São José dos Ausentes, percebi uma batida estranha na minha bike. Havia perdido um parafuso de fixação do bagageiro. Providenciamos uma gambiarra, que os mais letrados chamam de TTA (Trabalho Técnico Alternativo), com o auxílio de amarradilhas de borracha de câmara de ar, que sempre costumamos levar em nossos ciclopasseios. Esse trecho foi pedalado serpenteando a estrada hora na direita, hora na esquerda, buscando o trecho menos ruim nessa “maledeta” topografia de sobe e desce, em estradas cascalhadas de pedras nos mais diversos formatos e bitolas, sem contar aquelas desproporcionais, que nos custa a crer, que alguém tem a ousadia de cascalhar as estradas com aqueles monstros de pedras.

DIVISA DE MUNICÍPIOS NA SERRA GAUCHA

CRUZANDO UMA PONTEZINHA BÁSICA DA DIVISA DE MUNICÍPIOS

Interessante ressaltar que não estávamos sozinhos, num certo momento, para nossa surpresa, cruzou nossa frente, uma lebre.

Da antiga Fiscalização Estadual do RS em São José dos Ausentes, onde agora funciona uma tenda que vende queijo serrano, salame, pinhão e outros produtos regionais, até a boca da serra no município de Timbé do Sul em SC, é só subida, onde pedalamos sobre pedra, dividindo o espaço com os caminhões que carregam toras de madeira. Na boca da serra saímos da rota da estrada, pegamos um pequeno desvio até o mirante na rampa de voo livre para umas fotos e apreciar a natureza exuberante daquelas plagas, onde se visualiza a serra e o litoral, uma vista imperdível, fantástica.

APRECIANDO O VISUAL NA RAMPA DE VOO LIVRE NO ALTO DA SERRA

Na boca da Serra da Rocinha, achávamos que daí para frente seria moleza por ser só descida, mas não foi bem isso. Foram 13,6 km de descida forte até o pé da serra que nos custou 1:15 de pastilhas de freio, muita atenção e tensão. Só pedras e buracos, menos nas curvas mais fechadas, onde a situação piorava, pois essas eram revestidas de seixo rolado solto, o que não agrada muito ao ciclo turista. Deu saudades de muitos trechos que achávamos ser ruim.

Chegando à cidade de Timbé do Sul loucos por um café, paramos na primeira panificadora para saciar esta vontade. Na saída da panificadora, quando fui colocar minha bandana, que é personalizada, um cliente achou curioso o nome SAVI, se identificou como sendo também dos SAVI, nos convidou para visitar sua casa e agradecemos o convite que não pudemos aceitar porque já era final de tarde e ainda tínhamos um bom trecho a percorrer.

Incrível, mas nesse interior do estado ainda tem disso, se vê pela primeira vez, considera parente e convida para um café.

Estávamos um pouco cansados pela dificuldade das péssimas estradas e mesmo assim de Timbé do Sul à Morro Chato foi um “sprint”, eu na frente e a Terezinha pegando o vácuo nos 36 km de vento contra. Chegamos à casa do Moacir, aproximadamente às 18:00, e para nossa surpresa o banquete estava pronto. A mesa recheada de linguiça colonial temperada, queijo colono, pães caseiro, broas além de outras tentações típicas da região sul de SC, regados a vinho, mas preferimos fartas doses de cachaça fazendo papel de relaxante muscular.

Neste dia o frio não perdoou, mas não nos intimidamos, porque nosso pedal foi programado também sem medo de frio. Foram 94 Km, 20 Km a mais que o levantado no Google quando fizemos a programação.

RESUMO DA ÓPERA

Foram três dias de pedal desafiador para completarmos 208 km, numa média de 11,6 km/h. Valeu o esforço. Só faltavam essas duas serras do litoral catarinense ao planalto serrano para desafiarmos “by bike”.

Antes de Voltar a Floripa, passamos na casa de minha mãe em Siderópolis, para colher umas laranjas na chácara, e contar a efeméride, quando recebemos dos seus respeitáveis 88 anos de idade um sonoro:

- VOCÊS NÃO ME FAÇAM MAIS ISSO. AINDA MAIS COM CHUVA E FRIO.

Ela não sabia que também bateu um minuano no meio do caminho.

Esse puxão de orelhas nos levou a conclusão de que esse foi mais um pedal da série: Não conta pra minha mãe! :)

Vânio e Terezinha