Estação Treze

Hoje 07/06/12, com a etapa ganha, tiramos o dia para visitar a cidade. Com o tempo um tanto murrinha, saímos de bike, e fomos à revenda BMW, pois o Willemann queria ver uma jaqueta de motoqueiro. A revenda estava um pouco fora da cidade numa região concentrada de comércio.

Aproveitamos para umas compras na Decalthon. No final da tarde, no albergue, encontramos uma brasileira que nos forneceu o fone de um pessoal que faz corrida pela região e fechamos um pacote para Ponte Maceira onde visitamos os pontos turísticos incluindo uma ponte romana, Muxia, mais um lugar místico com sua igreja dedicada a Virxe do Barco (como se escreve em Galego), em frente a essa igreja está o costão onde as ondas do mar batem incansavelmente, e tem uma pedra sobreposta a uma lage do costão, formando um túnel. Conta a lenda que quem passar nove vezes sob essa pedra nunca mais terá dores na coluna.

Farol de Muxia

Enfim chegamos a Finisterre, o ponto mais ocidental da península Ibérica. Aqui o sol se põe, e vai nascer na Ponta do Seixas em João Pessoa na Paraíba. Esse nome foi dado pelos Romanos, que quando aqui chegaram, não sabendo que a terra é redonda, só viam mar, e o lindo pôr do sol, denominaram o local de Finisterre, que traduzindo do latim para o português quer dizer Fim da Terra, ou Fim do Mundo, (em galego é Finisterra e em espanhol é Fisterra). Aqui existem uns locais que tem fogo permanente, e é costume dos peregrinos, em sinal de purificação, se despojar de algo que foi muito útil no caminho, eu queimei o par de meias que mais usei pedalando.

Raça teimosa em Finisterre

O visual no final da península de Finisterre é deslumbrante, deu saudade de Floripa, lembra o Morro das Pedras, a maresia, também o cheiro de sargaço no sul da ilha, e da inhaca exalada pelo mangue do Itacorubi na maré baixa.

Bateu saudades também da terrinha, querida Siderópolis. Lembrei-me da infância quando nas tardes quentes de verão, os primeiros pingos de chuva ao cair sobre a pirita quente que revestia a estrada de Siderópolis a Treviso, provocava ignição exalando fedor de ovo podre devido ao enxofre incrustado. A geração mais nova, “geração asfalto” não conheceu essas coisas.

Fomos também à Ézaro, local onde o rio forma uma cachoeira que cai diretamente num braço do mar.

Voltamos para Santiago e como a previsão era de chuva para os próximos dias, fomos na Velocípedos Compostela, deixamos as bikes para desmonte e embalagem, e continuamos nosso desafio agora de trem, ônibus e caminhando.

Em 08/06/12, pegamos o trem de Santiago para Vigo, de lá um ônibus para Tuí. Fizemos um giro por Tuí, visitamos a catedral de San Telmo, obra prima que quando vista de longe mais se parece a um castelo. Tivemos a felicidade de conversar com um clérigo que nos contou a história da catedral desde os velhos idos das peregrinações de Santiago.

Cruzamos caminhando na ponte velha sobre o Rio Minho, para colocar os pés em terras portuguesas, exatamente na histórica Valença do Minho. Chegamos à cidade aproximadamente 13:00, e entramos no primeiro restaurante para um saboroso bacalhau “a reitor”. Nesse restaurante estava de saída mais de trinta portugas que faziam de bike o caminho português que inicia na cidade do Porto. A maioria como de costume dos patrícios, não carregam alforjes, adaptam um carrocinha no eixo traseiro da bike e pedalam com o mini reboque. A desvantagem é que não se pode pedalar em trilha com esse tipo de bagagem.

Forte em Valença do Minho

Placa de uma loja (só podia ser em Portugal)

Relógio da estação de trem de Valençã do Minho (coisa de portugueses)

RESUMO DO DESAFIO

Só curtimos de carro, trem, ônibus e a pé, as bicicletas já estavam desmontadas e embaladas na casa do motorista que iria nos levar no aeroporto na segunda feira.

MEDITAÇÃO DO DIA

Eu fico com a pureza da resposta das crianças, é a vida, é bonita e é bonita...Viver! e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar e cantar, a beleza de ser um eterno aprendiz...Ah meu Deus! eu sei, eu sei, que a vida devia ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita, é bonita, é bonita e é bonita...

Vânio Savi