JOÃO XXI

PAPA JOÃO XXI

Pedro Hispano, Pedro Lusitano, Pedro Hispano Portugalense, Pedro Julião, era filho de Julião Rebelo e Teresa Gil, nasceu em Lisboa no começo do século XIII, entre os anos de 1210 e 1220, na freguesia de São Julião, onde foi baptizado.

Segundo a opinião mais corrente, iniciou os Estudos Médicos, em Lisboa, com o seu pai ou quaisquer outros Físicos, visto que os Estudos Gerais, embrião da Universidade, somente foram criados em 1290. Mais tarde continuou os estudos no estrangeiro, especialmente em Montpelier, que guarda com orgulho o seu nome, Petrus Lusitanus, esculpido na lista dos mestres mais ilustres. Aqui uma Faculdade organizada, que datava de 1220, e o ensino médico, já se fazia entre 1181.

Entre as ciências ministradas nesse centro de cultura, preferiu Pedro Julião, a filosofia e a medicina, pouco lhe interessando as demais.

A sua vida económica não era próspera por essas paragens e conta-se que um dia, em 1247, ao iniciar o curso de medicina física e dietético, as necessidades eram tantas, que foi forçado a vender a Bíblia pelo prelo de 7 liras.

Terminados os estudos em França, veio a Portugal para receber ordens sacras, necessárias á carreira científica dos homens do seu século.

Confiaram-lhe então, a Igreja de Santo André; em Mafra, sendo sucessivamente nomeado Tesoureiro-Mor da Sé do Porto, ardiago de Vermorm (Braga), D. Prior de Guimarães e Deão da Sé de Lisboa.

Foi com rapidez que subiu na hierarquia eclesiástica.

Ao ilustre português estavam guardados outros destinos, seguindo, então, de novo para França e, depois, para Itália, onde se fixou.

Durante esta ausência de Portugal foi eleito arcebispo de Braga, lugar que não ocupou devido ás contendas entre o Papa Gregório X e Afonso III.

Gregório X, após ter conhecimento de grande saber do português, nomeou-o bispo e cardeal de Frascati. nessa qualidade esteve presente no Concílio ecuménico de Leão, em 1274, ao lado de outros vultos de grande saber, como Frei Pedro de Tarantazia, que sucedeu ao Papa Gregório X, sob o nome de Inocêncio V.

Em 13 de Setembro de 1276, os cardeais reunidos em Viterbo elevam, então à mais alta dignidade da Igreja o português, Pedro Julião Papa João XXI.

Na sua vida pontifícia avulta a protecção que corajosamente concedeu aos estudiosos, auxiliando, os que não tinham recursos, com graças e benefícios.

A obra filosófica de Pedro Julião teve uma excepcional difusão nas “Sumulae Logicales”, compilação com fins escolares, que com os seus doze tratados, constituíram texto de ensino da lógica em todos os países, desde o século XIV até aos princípios do século XVI.

Na Universidade de Coimbra houve uma cadeira de Súmulas, que só foi substituída pela Dialéctica, do grande mestre coimbrão, Pedro da Fonseca, em princípios do século XVI.

Na apreciação das obras médicas de Pedro Julião a que teve mais larga difusão foi, por certo, o “Thesaurus pauperum”, (1270-1275).

Foi ainda autor de obras como: “Comentários sobre o livro das dietas”, onde se trata da importância nutritiva de diversas substâncias alimentares, e “Liber Urinarum”, que põe em relevo as propriedades físicas da urina, primeiro passo do estudo laboratorial, como importante auxiliar da clínica.