FRANÇOIS MITTERRAND

François Mitterrand

1916

François Mitterrand nasce a 26 de Outubro em Jarnac; na região da Charente (Sudoeste da França), no seio de uma família conservadora. O pai era chefe da estação ferroviária de Angouléme e um importante produtor de vinagre.

1934

Terminados os estudos secundários no colégio religioso de Saint-Paul, em Angouleme, parte para Paris, onde é admitido na Faculdade de Direito e em Ciências Políticas. Adere aos Voluntários nacionais, movimento juvenil ultradireitista das Cruzes de Fogo, do coronel de La Rocque.

1935

Participa numa manifestação contra os imigrantes (os metecos), reprimida pela polícia.

1939-40

Mobilizado no início da Segunda Guerra Mundial, é ferido em Maio de 1940, feito prisioneiro e internado na Alemanha. Evade-se em Dezembro de 1941 após duas tentativas malogradas, e, de regresso a França, coloca-se ao serviço do governo colaboracionista de Vichy, presidido pelo marechal Pétain.

1942

Em Vichy, trabalha na Legião dos Combatentes e Voluntários da Revolução nacional e no comissariado para a reintegração dos prisioneiros de guerra.

1943-44

Participa na fundação de um movimento de resistência constituído por antigos prisioneiros, o qual se funde em 1944 com duas outras organizações para formar o Movimento nacional dos Prisioneiros de Guerra e Deportados, de que se torna secretário-geral. é condecorado por Pétain com a Francisque, a principal ordem honorífica de Vichy. Mas já está em ruptura com a extrema-direita. Em Londres e em Argel aonde se desloca clandestinamente, é recebido pelo general De Gaulle.

1946-58

É eleito deputado em 1946 e torna-se ministro do Antigos Combatentes nos governos de Ramadier e Schuman (1947-48), depois secretário de Estado da Presidência do Conselho nos executivos de Marie, Schuman e Queille (48-49), ainda ministro do Ultramar (50-51), ministro de Estado no governo de Edgar Faure, ministro do Interior de Pierre Mendès-France e ministro da Justiça de Guy Mollet (54-57). Opositor firme do regresso do general De Gaulle, é derrotado nas eleições legislativas de 1958.

1959

É eleito maire (presidente da câmara) de Chatêau-Chinon e ascende seguidamente a senador pela Nièvre. Vítima do falso atentado da Avenue de l’Observatoire, é culpado de ofensa a um magistrado após ter-lhe sido retirada a imunidade parlamentar.

1962

Recupera o lugar de deputado.

1965

Candidata-se a presidente da República e faz campanha contra De Gaulle, perdendo à segunda volta, com 45,50 % dos votos expressos. Mas é, incontestavelmente, o chefe da oposição.

1971

Funda em Épinay o Partido Socialista, de que se torna primeiro-secretário.

1972

O PSF assina um programa comum de governo comum com o Partido Comunista.

1974

Candidata-se novamente a Presidente da república, nas eleições antecipadas pela morte de Georges Pompidou, perdendo à segunda volta, por escassa margem (49,19 %) para Valéry Giscard d’Estaing.

1981

Em 10 de Maio é finalmente eleito presidente da república Francesa, à segunda volta, com 51,75 %, contra 48,24 5 para Giscard d’Estaing. Numa cerimónia de impressionante solenidade, depõe flores nos túmulos de combatentes pela liberdade sepultados no Panthéon. Nomeia Pierre Mauroy primeiro-ministro. No Verão, o Conselho de Ministros aprova um conjunto de propostas de lei prevendo, entre outras medidas, a abolição da pena de morte, a criação de rádios locais privadas e a nacionalização de empresas industriais e de bancos. A direita assusta-se.

1982

De visita a Israel, defende a criação de um Estado palestiniano. O Conselho de Ministros aprova um orçamento de rigor que assinala o início da desaceleração das reformas.

1984

Em 17 de Junho, a Frente Nacional de Le Pen obtém 17 % nas eleições europeias, perdidas pela esquerda. Greves de operários ameaçados pelo desemprego. Os comunistas saem do governo, Mauroy é substituído por Laurent Fabius.

1986

Em 16 de Março, a direita ganha as eleições legislativas. Quatro dias depois, Jacques Chirac é nomeado primeiro-ministro.

1988

Derrota Chirac nas eleições presidenciais e nomeia o socialista Michel Rocard primeiro-ministro. O PS vence as legislativas, mas sem maioria absoluta.

1989

Nos dias 13 e 14 de Julho, comemora com pompa o bicentenário da revolução Francesa e em 31 de Dezembro lança a ideia de uma Confederação Europeia, congregando os Doze da CEE e os países da Europa do leste recém-libertados da tutela soviética.

1991

Nomeia Edith Cresson primeira-ministra. Com o chanceler Helmut Khol, anuncia a criação de um exército franco-alemão, que poderá ser o embrião de umas forças armadas à escala europeia.

1992

Assina o Tratado de Maastrich, instituindo a União Europeia. Dois meses depois, a 2 de Abril, nomeia Pierre Bérégovoy primeiro-ministro. Pisa o solo de Saravejo em 28 de Junho e a 11 de Setembro é submetido a uma intervenção cirúrgica á próstata que o mantém hospitalizado durante seis dias.

1993

Em 28 de Março, a direita obtém a maioria absoluta na Assembleia Nacional e no dia seguinte Édouard Balladur é nomeado primeiro-ministro.

1994

Inaugura, a 6 de Maio, o túnel da mancha, com a rainha Isabel II de Inglaterra. A 18 de Julho é submetido a nova intervenção cirúrgica. A 12 de Setembro comunica o seu estado de saúde aos franceses, perante as câmaras de televisão, e explica alguns momentos do seu passado, nomeadamente a sua ligação à extrema-direita, que o livro Une Jeunesse Française, de Pierre Péan, trouxe a público.

1995

A 6 de Janeiro deixa bem claro que vai desempenhar o seu mandato até ao fim, e em 30 de Março inaugura as obras da Biblioteca de França, que em 1997 deverá abrir as portas ao público.

A 11 de Abril publica Mémoire à Deux Voix, um livro que regista algumas conversas com Elie Weisel, onde o tema principal é a sua infância, adolescência e juventude e as relações com René Bousquet. Nessa obra conclui: “Estou em paz comigo mesmo.”

Antes de deixar a Presidência, dirige aos franceses, uma mensagem que não passou na televisão, afirmando os seus votos de felicidades. A 17 de Maio recebe no Eliseu Jacques Chirac, o seu sucessor, e dirige-se, em seguida à sede do PS, na Rue Solférino. Duas semanas mais tarde é submetido a nova intervenção cirúrgica.

1996

Morreu a 8 de Janeiro, no seu escritório parisiense. Sepultado a 11 na sua terra natal.