ÁFRICA DO SUL

África do Sul, República da

Dados históricos: em 1806 os britânicos ocupam a Colónia do cabo, região onde os holandeses se haviam estabelecido desde 1652. A posse formal da Colónia do Cabo é obtida em 1814. Em 1835-37, os boéres (descendentes dos holandeses) migram para o Norte, fugindo do domínio britânico e em 1839 fundam a República boér do Traansval e do Natal. Em 1854 torna-se independente o Estado Livre de Orange. Em 1881 o Traansvaal decreta a sua independência da Grã-Bretanha. Em 1902, após três anos de guerra, os bóeres reconhecem o domínio britânico sobre o Transvaal e o Estado Livre de Orange. Em 1904 os africanos começam a sofrer as primeiras separações, sendo excluídos dos empregos qualificados. Em 1910 constituiu-se a União da África do Sul. Em 1913 é determinada uma área de 8,9 milhões de hectares para os negros, que são proibidos de estabelecer-se nas propriedades reservadas aos brancos. A África do Sul participa ao lado dos aliados, nas duas Guerras Mundiais. Em 1948 o governo dos brancos aprova o segregacionismo (apartheid) e em 1950 os seus poderes são ilimitados. Em 1959 é promulgada a autonomia administrativa de oito Estados africanos (bantustões=lares bantus). A criação desses bantustões tem sido constantemente desaprovada pelos organismos internacionais, como uma das formas mais degradantes do apartheid. Em 1961 transformada em república da África do Sul deixa de fazer parte da Comunidade Britânica; porém continua sendo dominada pelos brancos. Em 1963, oprimeiro bantustão, o Transkei, é declarado parcialmente autónomo. Em 1966, o Primeiro-Ministro, assassinado, é substituído por Balthasar Vorster; a Assembleia Geral da ONU determina que a África do Sul perca os seus direitos de mandato sobre a Namíbia. Em 1969 o Conselho de Segurança da ONU condena a África do Sul por não permitir que as Nações Unidas assumam o controle da Namíbia. Em 1971 fica decidido que a Namíbia é ilegalmente administrada pela África do Sul. Em 1976, medidas separatistas geram violentos conflitos, principalmente na cidade do Soweto. O Transkei emancipa-se, porém apenas Pretória reconhece a sua independência. Com a morte do líder negro Steve Biko, sob tortura na prisão em 1977, os EUA e a ONU embargam a venda de armas à África do Sul. Vorster dissolve o Parlamento, convoca eleições antecipadas, conseguindo uma vitória espantosa e mais 18 deputados na Câmara. O Bofutabuana, outro bantustão, torna-se independente. O território angolano é invadido por forças sul-africanas em 1978, objectivando por um fim à guerrilha que se desenvolve entre as fronteiras da Namíbia e Angola. Com a morte do presidente em exercício, Vorster é eleito presidente e Pieter Botha, Primeiro-Ministro, em 1978. No ano seguinte, Vorster renuncia e é substituído por Marais Viljoen. O bantustão de venda é emancipado. As pesquisas para a extracção de petróleo, gás e carvão intensificam-se após o corte no fornecimento desses produtos pelo Irão, em protesto contra o apartheid. Em 1980 a principal organização negra ( o Congresso nacional Africano, CAN), destrói um complexo petrolífero perto de Joanesburgo e uma greve, iniciada pelos universitários, logo se expande e atinge os sectores operários e de funcionalismo público. O Ciskei emancipa-se. Os atentados do CNA intensificam-se no ano seguinte. Em 1982, divergências internas dividem o partido do governo. Em 1984, Botha é leito presidente e o cargo de primeiro-ministro extinto. Em Março passa a funcionar a fábrica nuclear de Koebergork, como suplemento energético do carvão. Em 1985 vários distritos negros colocam-se sob o estado de emergência, devido às agitações provocadas pelo CNA. Em 1986, apesar das medidas liberalizantes decretadas pelo governo, os protestos da comunidade negra contra o apartheid continuam, obrigando o presidente Botha a decretar o estado de emergência em todo o país. Várias comunidades internacionais protestam contra as prisões de líderes opositores. Em 1987, empresas estrangeiras sediadas na África do Sul encerram os seus negócios, em protesto contra a discriminação racial. Uma série de actos terroristas tem início e o presidente Botha impõe censura à imprensa e ordena a prisão de vários sindicalistas, contudo, em Setembro, adopta medidas mais liberais. Em 1988 são proibidas de funcionar 17 organizações antiapartheid, gerando uma série de protestos e passeatas, em que são presos o arcebispo Desmond Tutu e alguns líderes religiosos; a 21 de Abril o presidente Botha anuncia que está em estudo uma forma que permita a participação limitada dos negros em questões administrativas, provocando reacções opositoras, que se agravaram quando dois polícias brancos das forças antimotins foram condenados à morte, em 26 de Maio, pelo assassinato de um jovem negro durante os distúrbios de 1986; em Junho surge uma nova onda de protestos, que aumenta ainda mais ao se aproximar a data em que Nelson Mandela completará 70 anos(18/7), 26 dos quais passados na prisão. A violência dos actos terroristas prossegue, com atentados à bomba e centenas de mortos, feridos e condenados à morte durante todo o ano. A 21 de Abril o governo concede amnistia condicional a 810 presos políticos; mais de 1 milhão de trabalhadores entram em greve e as manifestações são reprimidas pela polícia. a 2 de Fevereiro de 1989 é assinado no Zimbabwe um documento de princípios, prevendo a reforma no sistema judiciário para por fim aos privilégios injustos dos brancos. Em Agosto, o presidente Pieter Botha renuncia ao cargo, sendo substituído por Frederik de Klerk. Em 11 de Fevereiro de 1990, Nelson Mandela, líder do Congresso Nacional Africano, é colocado em liberdade.