IDADE DOS REIS

IDADE DOS REIS

O período que decorre entre o assassínio de Henrique IV de França e a Guerra da Independência da América é por vezes designado por Idade dos Reis porque a marcha dos acontecimentos foi dominada por um certo número de monarcas excepcionais, muitos deles com poderes ditatoriais que pensavam serem deles por direito próprio. A idade do "divino di­reito dos reis" foi claramente anunciada por Jaime I de Inglaterra, mas foi também aí que o conceito foi mais fortemente atacado. Carlos I , filho de Jaime, foi decapitado por "traição contra o Estado" e todos os monarcas ingleses que se lhe seguiram tiveram os seus poderes muito reduzidos.

O PROGRESSO DA CIÊNCIA

A "Idade dos Reis" foi também uma época de consideráveis desen-volvimentos do pensamento científico. Muito em particular os pensa-dores desafiaram as interpretações literais das Escrituras e começaram a confiar nos resultados das suas próprias observações e experiências.

Galileu Galilei (1564-1642), o cientista italiano, causou um verdadeiro furor quando afirmou a verdade da teoria apresentada cem anos antes pelo astrónomo polaco Nicolau Copérnico, de que a Terra não é o centro do Universo, mas que gira à volta do Sol. A Inquisição for-çou Galileu a retractar-se de tais "heresias".

O francês René Descartes (1596-1650) chegou a conclusões igualmen te provocatórias em filosofia quando deu ênfase à razão em vez de aos tradicionais argumentos da Igreja. Ao princípio duvidou de todo o co­nhecimento, e até de si mesmo, mas concluiu que se podia pensar, então era porque existia: Cogito, ergo sum. Descartes, foi também, um dos fundadores da "filosofia mecanicista", que explica o Universo em termos de puras leis mecânicas.

No campo das coisas mais práticas, foram muitas as descobertas e inventos básicos dessa época, incluindo a descoberta dos logaritmos pelo matemático escocês John Napier, em 1614; a da circulação do san­gue pelo médico inglês Sir William Harvey, em 1616; a invenção do barómetro pelo italiano Evangelista Torricelli, em 1643.

OS EMIGRANTES PURITANOS

Em 1620 o pequeno navio Mayflower partiu de Plymouth, em Ingla-terra, com cento e dois passageiros - homens, mulheres e crianças - em busca do Novo Mundo e da liberdade religiosa. Na sua maioria eram puritanos que tinham entrado em conflito com as leis religiosas da In­glaterra, outros tinham estado no exílio nos Países Baixos.

A expedição chegou à baía do cabo Cod, no Massachusetts, depois de uma viagem de sessenta e cinco dias, e desembarcou na parte da costa rochosa que recebera o nome de Plymouth alguns anos antes. Quando atingiram o ponto onde queriam estabelecer a colónia, estavam reduzi-dos a noventa e nove pessoas, pois haviam morrido cinco elementos do grupo inicial e haviam nascido dois bebés.

Esses primeiros colonos, percursores dos colonos que cento e cinquenta anos mais tarde tornariam independentes os Estados Unidos da América, são em geral denominados por "Pais Peregrinos", um termo utilizado primeiramente em 1799. Formaram a primeira colónia permanen-te de europeus na Nova Inglaterra.

A GUERRA DOS TRINTA ANOS

A Guerra dos Trinta Anos durou de 1618 a 1648 e tratou-se na realidade de uma série de guerras. Começou com uma disputa entre os príncipes católicos e protestantes da Alemanha, sobre quem deveria ser o próximo sacro imperador romano. O católico-romano Fernando, rei da Boémia, foi eleito em 1617, mas foi deposto como rei por apoiantes do protestante Frederico, eleitor palatino, dois anos mais tarde.

Fernando esmagou Frederico muito rapidamente, mas Cristiano IV, o rei protestante da Dinamarca, interveio em 1625. Em 1629 também ele foi derrotado e retirou-se da guerra. Gustavo Adolfo da Suécia, com o apoio financeiro do líder católico-romano da França, o cardeal Richelieu, interveio em 1630, mas foi morto dois anos mais tarde depois de conseguir uma série de vitórias.

Os Suecos prosseguiram a luta com a ajuda militar de Richelieu, que preferiu não tomar em consideração o facto de Fernando professar a sua religião., por recear o seu crescente poderio. A cena política tornou-se ainda mais confusa com a Dinamarca e a Suécia, ambas protestantes, a lutarem uma contra a outra, e a França a lutar ao lado da Holanda protestante.

Na Alemanha, a guerra terminou com a Paz de Vestefália, que deu à França parte da Alsácia e a Lorena. A Alemanha ficou devastada, com as cidades devastadas e milhões de mortos. A Paz de Vestefália, que deu à França parte da Alsácia e a Lorena. A Alemanha ficou devastada, com as cidades devastadas e milhões de mor­tos.

"O LEÃO DO NORTE"

Um dos grandes campeões da causa protestante foi Gustavo Adolfo, rei da Suécia, alcunhado de "Leão do Norte" por causa dos seus progressos na arte da guerra. A partir do momento em que subiu ao trono, em 1611, com dezasseis anos, logo se viu envolvido em guerras: primeiro com a Polónia, Dinamarca e Rússia. Resolveu rapidamente o assunto com a Dinamarca e a Rússia, mas guerra com a Polónia arrastou-se até 1629, quando a venceu. Nessa altura já Gustavo era considerado um dos melhores guerreiros do seu tempo.

Em 1630 decidiu intervir na Guerra dos Trinta Anos, na qual os Protestantes passavam por maus bocados. Alguns dos seus oponentes troçaram do rei de gibão de cabedal, chamando-o de "Rei das Neves" e afirmando que se derreteria quando chegasse aos climas quentes do Sul.

No entanto o "Rei das Neves" derrotou e matou um dos mais brilhantes generais do lado católico-romano, o conde de Tilly. Em 1632, na batalha de Lucena, Gustavo defrontou o ainda mais temível Albretch von Wallenstein, a quem derrotou, mas morreu conduzindo uma carga de cavalaria.

AS ARTES

A primeira metade do século XVII viu surgir o que é denominado de Período Barroco nas artes. Pintores, e escultores e arquitectos aponta-ram para efeitos espectaculares e grandiosos, e também para um realis-mo em vez dos formalismo na criação das pinturas. Os mais im­portantes pintores de retratos dessa época incluem dos holandeses, Van Dyck (1599-1641) e Peter Paul Rubens (1577-1660), ambos flamengos, que encontraram a fama e a fortuna em Inglaterra, bem como o espanhol Diego Velásquez (1599-1660).

Na arquitectura, os nomes de maior relevo são os dois italianos, Giovanni Lorenzo Bernini (1598-1652) e Francisco Borromini (1599-1667). O primeiro desenhou o complicado baldaquino sobre o altar principal da Catedral de S.Pedro, em Roma, e o segundo desenhou muitas igrejas. Em Inglaterra, Inigo Jones (1573-1652) foi contra a corrente prevalecen-te, construindo edifícios simples mas elegantemente proporcionados.

Na música, o período é importante para o desenvolvimento da ópera e das oratórias. A primeira ópera foi Dafne, do compositor italiano Jacopo Peri (1561-1633) produzida em 1594 e agora perdida. O veneziano Claudio Monteverdi (1567-1643) e o seu aluno Francesco Cavalli (1602-1667) foram os principais impulsionadores desta nova forma arte. As oratórias, uma forma de ópera com temas sagrados e sem representação no palco ou cenários, desenvolveu-se, simultaneamente, para exibição em dias santos.

A GUERRA CIVIL INGLESA

A Guerra Civil Inglesa, que durou de 1642 a 1646, teve origem em disputas entre o rei Carlos I e o Parlamento, entre altos dignatários da Igreja e os Puritanos, sobre diversas questões. A ideia de Carlos de que o divino direito dos reis o colocava acima das leis aborreceu o Parlamento, que a desafiou, e que ele dissolveu três vezes. O rei fa­vorecia os bispos, enquanto outros, especialmente os Escoceses, queriam cerimónias religiosas mais puritanas. Desesperadamente necessitado de dinheiro para o exército, lançou impostos que provocaram grandes resistências. O Parlamento organizou um exército e rebentou a guerra civil.

Carlos obteve inicialmente muitas vitórias, mas em 1644 os par­lamentares, denominados "Cabeças Redondas" por causa do cabelo cor-tado muito curto, começaram a obter vantagem sobre os realistas, co­nhecidos por "Cavaleiros" por causa da sua superioridade na cavala-ria. Duas derrotas finais em 1645 levaram Carlos a render-se aos Esco-ceses, que o entregaram aos seus inimigos. Em 1649, foi julgado por

traição, condenado e decapitado. A partir daí o controlo passou mais para as mãos do Exército, comandado por Oliver Cromwell, do que para o Parlamento.

AURANGZEB

O reino do imperador mongol Aurangzeb, que durou de 1685 a 1705, dá-nos um bom exemplo de como a força que constrói um império pode também contribuir para o destruir.

Aurangzeb era inteligente, eficiente e impiedoso, além de ser devotado muçulmano. Começou o seu reinado prendendo o velho e doente pai, xá Jahan, e matando os irmãos, seus rivais para o trono. Uma sé­rie de conquistas permitiu-lhe estender o Império Mogol cobrindo quase toda a Índia e Paquistão dos nossos tempos, e até parte do Afeganistão. No entanto nunca submeteu inteiramente os maratas do Decão, a parte peninsular da Índia, e quando chegou a hora da morte a sua autoridade era já desafiada quase em todo o lado.

O fanatismo religioso de Aurangzeb levou-o a perseguir a popula­ção hindu, em vez de continuar uma política de conciliação, tal como fizera o seu avô Ácbaro. Foi isso, mais do que qualquer outra coisa, o que apressou à fragmentação do império logo após a sua mortecom oitenta e oito anos.

AS COMPANHIAS DAS ÍNDIAS ORIENTAIS

Nos anos de 1600 e 1700, o comércio com as Índias Orientais, uma designação utilizada para a Índia e para as ilhas do Sudeste da Ásia,oferecia esplêndidas oportunidades de lucro, que, apesar de tudo, fora deixado para os empreendimentos privados, em vez de para os governos. Em oito países formaram-se companhias das Índias Orientais, das quais três, inglesa, francesa e holandesa, foram importantes. A inglesa foi fundada por Isabel I em 1600; a holandesa em 1602, com um capital de mais de meio milhão de libras.

A companhia holandesa ganhou o controlo da maior parte das ilhas mais tarde conhecidas por Índias Orientais Holandesas, e que agora formam a Indonésia. As companhias inglesa e francesa eram rivais pelo poder no continente indiano, e os Franceses acabaram por tentar expul sar os seus concorrentes. A acçãoo falhou e foi a companhia inglesa quem ficou a governar a maior parte da Índia. Nos anos de 1800 os negócios desta companhia passaram para as mãos do Governo britânico.

O MONARCA ABSOLUTO

Luís XIV de França governou durante muito mais tempo do que qual-quer outro monarca europeu - setenta e dois anos - e deteve mais poderdo que qualquer dos outros soberanos seus contemporâneos. Tornou-se rei com apenas cinco anos de idade, em 1643, e começou a governar so­zinho quando tinha vinte e quatro.

Luís foi um exemplo típico do conceito de absolutismo: governar sem limitações impostas por constituição ou legislatura. Resumiu uma vez essa posição com as palavras: "O Estado sou eu." Tinha um pequeno conselho de ministros, que faziam o que ele desejava.

A magnificência com que o rei viveu no seu novo palácio de Versalhes mereceu-lhe o nome de o Grande.

No entanto, outro dos seus títulos, o de "Rei Sol", de um papel que desempenhou num balet na corte, era mais apropriado por causa da sua posição como centro do universo político da França.

O governo de Luís nem sempre foi inteligente; lutou em quatro guerras, que lhe deram poucas vantagens e um grande custo em vidas e dinheiro. Perseguiu os Huguenotes até que quatrocentos mil deles, entre os quais os melhores artesãos de França, fugiram do país. Quando morreu em 1715, tendo sobrevivido ao filho mais velho e até ao neto, deixou um país agitado e empobrecido.

PESTE E FOGO

Durante os anos de 1660, Londres foi atingida por duas calamida-des. A primeira foi uma epidemia de peste bubónica, a última e a pior de uma série que se iniciara nos anos de 1300. A Grande Peste, como foi chamada, começou nos fins de 1664 a assolou a cidade durante mais de um ano, matando mais de setenta e cinco mil pessoas e levando mui-tas outras a fugir do país.

Mal a doença acabara de desaparecer quando rebentou um incêndio numa padaria perto da ponte de Londres. Muitas das casas londrinas eram construídas em madeira e o fogo expandiu-se. Londres ardeu desde o dia 2 de Setembro ao dia 9 do mesmo mês de 1666, destruindo a maior parte da cidade, incluindo treze mil casas, a Catedral de S.Paulo, oitenta e quatro igrejas, mercados, e até navios que se encontravam no Tamisa. Foi detido com a destruição de edifícios, de modo a conseguirem-se faixas de segurança que o fogo não ultrapassasse.

PEDRO, O GRANDE

Pedro I (1672-1725), conhecido por o Grande, foi feito czar da Rússia juntamente com o seu meio-irmão, débil mental, Ivan V, em 1682. Sofia, a irmã de Ivan, governou como regente e Pedro viveu afastado da corte, mas em 1689 apoderou-se do poder e enviou Sofia para um conven-to, permitindo a Ivan que vivesse em paz até morrer, em 1696.

Militar entusiasta, obteve êxitos em várias guerras. Conquistou aos Turcos o porto de Azofe, no mar Negro, em 1696. Na Grande Guerra do Norte (1700-1721), apoderou-se de territórios que deram à Rússia o acesso ao mar Báltico.

O maior êxito de Pedro foi a modernização da Rússia. Viajou pela Europa Ocidental em 1696-1697 para estudar o modo de vida dos outros povos e regressou a casa para dar início a muitas reformas. A sua corte seguiu as tendências ocidentais e os Russos receberem ordens para se vestirem de um modo mais ocidental. Pedro reorganizou o exército, fundou uma Marinha, desenvolveu o comércio, indústria e os serviços públicos, além de construir canais e estradas.

ISAAC NEWTON

Isaac Newton, um professor da Universidade de Cambridge, fez mais do que qualquer outro para o avanço dos conhecimentos científicos do século XVII. Os princípios por ele anunciados viriam a ser a base da Física durante séculos.

Em 1665-67, numa explosão de brilhante inspiração, Newton reali-zou três grandes descobertas. a primeira foi a teoria da gravitação, a de que todos os corpos se atraem uns aos outros com uma força pro-porcional ao seu tamanho. Daqui surgiram as três leis do movimento, em relação aos corpos em movimento ou em repouso, o efeito da aceleração e a igualdade da acção e da reacção. Estes princípios são os fundamentos da teoria dinâmica clássica. A segunda descoberta de Newton foi a de que a luz branca é composta por raios de luz colorida e a terceira foi um novo ramo de Matemática, o Cálculo. Newton ainda não tinha vinte e seis anos quando descobriu tudo isto e não publicou as suas descobertas durante muitos anos, até que o astrónomo Edmund Halley o persuadiu a fazê-lo, em 1687. Newton foi governador da Casa da Moeda em 1699 e foi armado cavaleiro pela rainha Ana em 1705.

UM GOVERNADOR OBSTINADO

Peter Stuyvesant, o último governador holandês da cidade norte-americana de Nova Amesterdão, era obstinado e ditatorial. Empregado pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, fez de Nova Amesterdão uma grande cidade mas não partilhou o poder com ninguém.

Durante as guerras entre a Holanda e a Inglaterra nos anos de 1660, Stuyvesant ordenou aos seus cidadãos para resistirem a um ataque inglês, ma ninguém lhe quis obedecer. Capitulou em Setembro de 1664, sim disparar um tiro.

Os Ingleses mudaram depois o nome da cidade para Nova Iorque do nome de Jaime, duque de Iorque.

A LIGA DE AUGSBURGO

A Liga de Augsburgo foi uma coligação de príncipes europeus con-tra Luís XIV de França, que reclamava parte do Palatinado, um dos Estados alemães. Os principais membros da Liga eram o sacro imperador romano Leopoldo I, os reis da Suécia e da Espanha, e os eleitores da Baviera, Palatinado e Saxónia. Secretamente, o papa Inocente XI prometeu-lhes o seu apoio. Os Países Baixos apoiavam a Liga, e quando Gui­lherme de Orange se tornou rei de Inglaterra, em 1689, este país tam­bém se lhe juntou.

A guerra da Liga de Augsburgo durou de 1689 a 1697. O Tratado de Ryswick restaurou os territórios conquistados, excepto algumas partes da Alsácia e Estrasburgo, que continuaram franceses.

AS BRUXAS DE SALÉM

A superstição e a credulidade levaram, na América do Norte, aos últimos julgamentos por bruxaria na pequena povoação de Salém, Massa-chusetts, em 1692. O medo da bruxaria começou quando uma escrava negra chamada Tituba contou algumas histórias vudus (religião tradicional da África Ocidental) a amigas, que, por esse facto, tiveram pesadelos. Um médico que foi chamado para as examinar declarou que deviam de estar embruxadas.

Os julgamentos de Tituba e de outros foram efectuados ante o juiz Samuel Sewall. Cotton Mather, um pregador colonial que acreditava em bruxaria, encarregou-se da acusação. O medo da bruxaria durou cerca de um ano, durante o qual dezanove pessoas, na sua maior parte mulheres, foram declaradas culpadas e executadas. Um dos homens morreu de acordo com o bárbaro costume medieval de ser comprimido por pesos até morrer.

Foram presas cerca de cento e cinquenta outras pessoas. mais tarde o juiz Sewall confessou que pensava que as sua sentenças haviam sido um erro.

A SUCESSÃO ESPANHOLA

Havia muito que se concluíra que o enfermo e louco Carlos II de Espanha, produto de séculos de casamentos interfamílias, nunca viria a ter um filho. Em 1700, a sua morte provocou uma crise, quando os governantes da Europa alinharam atrás de três candidatos ao trono, em luta pelo poder, todos eles relacionados com Carlos pela linha feminina.

O próprio Carlos favorecera Filipe de Anju, neto de Luís XIV de França, mas os governantes da Áustria, Países Baixos e Inglaterra favoreciam o arquiduque Carlos da Áustria, filho do sacro imperador ro­mano, Leopoldo I. Um terceiro candidato era o neto de Leopoldo, o princípe eleitor José Fernando da Baviera. A principal preocupação da Áustria e dos seus aliados era evitar que a França ganhasse demasiado poder na Europa.

A luta começou em 1702, com a facção austríaca, conhecida por Grande Aliança, de um lado, e a França, Colónia, Mântua e Sabóia do outro. As campanhas que seguiram distinguiram-se pelas brilhantes tácticas do general inglês John Churchill, duque de Marlborough, e do seu colega príncipe da Sabóia, Eugénio, que comandava os exércitos austríacos. os principais combates tiveram lugar na Baviera, Itália e nas fronteiras da França com a Flandres. A Aliança obteve vitórias em Blenheim, Ramillies, Turim, Oudenarde e Malplaquet. A luta espalhou-se também na América do Norte, onde é conhecida pela designação de Guerra da Rainha Ana, enquanto os Ingleses conquistavam Gibraltar (em 1704) e Minorca (em 1709).

O Tratado de Utreque acabou com a guerra em 1713. Filipe foi re­conhecido como rei de Espanha, desde que a Espanha e a França não se viessem a unificar; a Inglaterra ganhou a Nova Escócia e a Terra Nova à França e Gibraltar e Minorca à Espanha. O Tratado de Rastatt e Ba­den, em 1714,entregou os Países Baixos espanhóis (a moderna Bélgica) à _ustria, depois de estabelecida a fronteira holandesa.

O ACTO DA UNIÃO

Quando Jaime VI da Escócia se tornou rei de Inglaterra como Jaime I, em 1603, unificou os dois reinos sob um só monarca, mas os governos mantiveram-se independentes. Em 1701, o Parlamento inglês publicou o Acto de Legação, para garantir que os futuros soberanos seriam protes-tantes. Como Guilherme e Maria, bem como Ana, irmã de Maria, não tinham filhos, a linha de sucessão passava por Sofia, princesa de Hanover e neta de Jaime I.

Porém, o Acto não mencionava a Escócia, e, assim, em 1707, foi publicado o Acto da União pelos parlamentos dos dois países, unindo formalmente a Inglaterra e a Escócia sob o nome de Grã-Bretanha, com um Parlamento mas com sistemas legais e Igrejas separadas. Sofia e os seus descendentes governariam o novo reino unificado.

Sofia de Hanover morreu alguns meses antes de Ana, e o seu filho Jorge subiu ao trono como Jorge I. Os Stuarts, católicos-romanos de­scen dentes do exilado Jaime I, foram especificamente excluídos. O filho de Jaime II, Jaime, o Velho Pretendente, desembarcou na Escócia, em 1708 e, em 1715, em vãs tentativas para recuperar o trono para os Stuarts.

JOHANN SEBASTIAN BACH

Os Bach eram uma família alemã que durante um período de duzentos anos produziu mais de quarenta músicos. O maior de todos foi o compositor Johann Sebastian Bach (1685-1750), que foi organista da corte em Weimar, director musical em Kothen e chantre desde 1723 até à sua morte, na Igreja de S.Tomás em Lípsia.

Bach era conhecido na Alemanha como o maior organista e improvisador dos seus dias. No entanto existe agora quem considere o seu segundo filho, Carl Philip Emmanuel, foi melhor compositor.

"O METEORO SUECO"

No fim do século XVII a Suécia tinha o domínio do mar Báltico, e três dos seus rivais, a Dinamarca, a Polónia e a Rússia, formaram uma aliança para lho tirar. Em 1700 lançaram três ataques simultâneos às possessões suecas, mas o rei sueco então com dezoito anos surpreende-os contra atacando com uma velocidade e habilidade que lhe valeu o cognome de o Meteoro Sueco.

Em poucos meses forçou os Dinamarqueses a fazerem a paz e infligiu uma esmagadora derrota à Rússia. Uma campanha de seis anos obrigou o rei polaco a abdicar a favor de um aliado de Carlos XII da Suécia, Estanislau Leszczynski. Carlos cometeu então o erro de invadir a Rús­sia. Tal como Napoleão e Hitler em séculos posteriores, foi vencido pelas dimensões do país e pelos duros Invernos.

Uma derrota militar em Poltava, na Ucrânia, às mãos de Pedro, o Grande, terminou com a campanha. depois de cinco anos de exílio Carlos voltou à Suécia para continuar a guerra, e morreu em combate em 1718. A Paz de Nistade (1721) devolveu à Suécia algumas das possessões que esta perdera durante a guerra, e confirmou a Rússia como poder domi­nante dentro da Europa.

A SUCESSÃO AUSTRÍACA

A Guerra da Sucessão austríaca (1740-1748) foi causada pela morte do último descendente masculino da família Habsburgo, o sacro imperador romano Carlos VI, em 1740. deixou as vastas possessões austríacas para a filha, Maria Teresa, a quem os principais governantes europeus haviam prometido apoio. No entanto surgiram imediatamente três outros governantes que se candidataram ao trono: Carlos Alberto, eleitor da Baviera, Filipe V, rei de Espanha, e Augusto III, rei da Polónia e eleitor da Saxónia. Rebentou a guerra quando rei da Prússia, Frederico II, o Grande, ocupou a Silésia, a mais rica província austríaca. Em breve era apoiado pela Baviera, França, Polónia, Sardenha, Saxónia e Espanha, enquanto Maria Teresa era apoiada pela Hungria, Inglaterra e Países Baixos.

Em 1742, Carlos Alberto da Baviera foi eleito imperador, como Carlos VII. Pouco depois, Maria Teresa entregou grande parte da Silésia à Prússia, que se retirou da guerra. No ano seguinte um exército inglês e de Hanover derrotou os Franceses em Dettingen.

Carlos VII morreu em 1745 e o marido de Maria Teresa, Francisco Estevão de Lorena, foi eleito imperador como Francisco I. Esse acto garantiu a posição de Maria Teresa na Europa, mas a guerra arrastou-se até 1748 quando o tratado de Aix-la-Chapelle restaurou todas as terras conquistadas com excepção da Silésia, que continuou nas mãos dos Prus-sianos, que assim consolidaram o o seu poder.

JEAN-JACQUES ROSSEAU

Jean-Jacques Rosseau (1712-1778) foi um dos mais versáteis e in-fluentes franceses de meados do século XVIII.

Rosseau nasceu em Genebra, na Suíça, de pais huguenotes (protestantes), trabalhou num escritório de advogado, foi gravador, criado e professor de música. Em várias fases da sua vida ganhou o sustento como copista de pautas de música, além de escrever óperas e artigos sobre música.

No entanto foi por intermédio do seu pensamento político que Ro­sseau exerceu a maior influência. N'O Contrato Social (1762) e em vá­rios romances exigiu reformas nos campos da educação e da política. As suas obras inspiraram muitos dos dirigentes da Revolução Francesa.

Rosseau foi também um pioneiro do movimento romântico, no qual os escritores, artistas e músicos davam mais ênfase às emoções do que à razão. Os seus pontos de vista influenciaram escritores como William Wordsworth, William Blake e Johann von Goethe. A sua autobiografia, Confissões, foi publicada já depois da sua morte.

A SUCESSÃO POLACA

A morte, em 1733, de Augusto II, eleitor da Saxónia e rei da Po­lónia, mergulhou a Europa noutra guerra de sucessão. Os Polacos escolheram Estanislau Leszczynski, que fora rei de 1704 a 1709, com o apoio de Carlos XII da Suécia. A Rússia e a Áustria forçaram-nos a aceitar o filho de Augusto, Augusto III.

No entanto o rei de França, Luís XV, casara com a filha de Esta­nislau e portanto apoiou o sogro. A França. apoiada pela Espanha e pela Sardenha, lutou durante um ano com a Áustria e a Rússia, que venceram, pelo que Augusto III subiu ao trono.

"OS QUARENTA E CINCO"

Os Stuarts exilados continuaram a reclamar o trono inglês mesmo depois da sua abortada tentativa de revolta, em 1715. Os seus apoian-tes, na maioria católicos-romanos, ficaram conhecidos por Jacobitas, do nome latino para Jaime, Jacobus. O exilado Jaime II morreu em 1701, deixando a pretensão ao trono para o seu filho Jaime, conhecido por, O Velho Pretendente, que não conseguiu obter o apoio dos Franceses.

Em 1745, o filho de Jaime, Carlos Eduardo, o Jovem Pretendente, desembarcou na Escócia com um punhado de seguidores. Organizou rapidamente um exército de clãs das Terras Altas e entrou em Edimburgo com dois mil homens. Derrotando uma força inglesa em Prestopans, Carlos marchou para a Inglaterra, sem receber o apoio que esperava vir a ter.

As forças dos Stuarts foram esmagadas na Escócia, em Abril de 1746, em Culloden, por um exército comandado pelo duque de Cumberland.

Carlos fugiu para França, onde passou o resto da sua vida, tendo morrido em 1788.

A GUERRA DOS SETE ANOS

A guerra dos Sete Anos, de 1756 a 1763, foi uma luta de poder entre dois blocos europeus: a Áustria, França, Rússia e Suécia de um lado, Inglaterra, Hanover e Prússia do outro. A Inglaterra e a França também lutavam por territórios na Índia e na América do Norte.

A guerra começou quando Frederico, O Grande, da Prússia, atacou a Saxónia e a Boémia e foi por sua vez atacado pela Áustria e seus Aliados. A certa altura Frederico parecia estar perdido, mas algumas brilhantes vitórias em Rossbach e Leuthen, em 1757, salvaram-no da destruição. A Inglaterra e Hanover foram em sua ajuda. Em 1762, Pedro III subiu ao trono da Rússia e preferiu negociar a paz. Seguiu-se a Áus­tria, em 1763.

Na América do Norte, os Ingleses conseguiram o controlo do Canadá, com a batalha de Quebeque, em 1759.

Na Índia, os soldados da Companhia Inglesa das Índias Orientais, comandados por um dos seus funcionários, Robert Clive, conquistaram uma série de vitórias que garantiram a supremacia britânica.

A Paz de Paris, assinada em 1763 pela Inglaterra, França (e pela Espanha, sua aliada), deram à Inglaterra o Canadá, o território francês a leste do rio Mississipi, e Minorca, no Mediterrâneo. Na Índia, a França entregou a maioria dos seus territórios à Inglaterra. O Tratado de Hubertsburgo, assinado entre a Prússia e a Áustria no mesmo ano, confirmou a posse da Silésia por parte da Prússia.

A DESCONHECIDA TERRA DO SUL

Apesar de Willem Jansz, em 1606 e Abel Tasman em 1642 terem feito algumas descobertas na Austrália, os exploradores ainda procuravam uma Terra Australis Incognita (terra desconhecida do Sul), tão grande como os continentes do hemisfério norte. As navegações do navegador inglês James Cook refutaram a existência da Terra Australis mas serviram para a execução de um mais correcto mapa do Pacífico e para a localização de muitas das suas ilhas.

Cook foi enviado para os mares do sul em 1768, para fazer obser-vações sobre os movimentos de Vénus a partir do Taiti. A seguir nave-gou para leste, para a Nova Zelândia e assinalou correctamente as suas costas pela primeira vez. Antes de regressar a casa decidiu dar uma vista de olhos à costa oriental da Nova Holanda, tal como a Austrália era então conhecida. Encontrou a costa em Abril de 1770 e desembarcou numa baía onde descobriu tantas plantas que a baptizou de Botany Bay. Viu também um estranho animal" que andava apenas em cima de duas per-

nas, dando grandes saltos". Até aí nunca nenhum europeu avistara um

canguru.

Cook faria ainda duas viagens de exploração, em 1772-1775 e em 1776-1779, antes de ser morto no Havai.

VOLTAIRE

Voltaire era o pseudónimo do escritor, filósofo e historiador francês François Marie Arouet (1694-1778), cujas opiniões tiveram um importante papel nos acontecimentos que originaram a Revolução Fran­cesa.

Preso duas vezes por ter escrito sátiras sobre a corte real fran cesa, Voltaire refugiou-se durante algum tempo em Inglaterra. Ficou impressionado pela liberdade de pensamento existente no país e quando regressou escreveu um livro aconselhando os Franceses a copiarem o estilo de vida inglês. A tempestade que se levantou obrigou Voltaire a sair de Paris e ir viver para a Lorena. Acabou por se instalar na Suíça, onde continuou a sua campanha pela tolerância religiosa e pelo respeito pelos direitos do homem, particularmente em França.

Voltaire regressou a Paris em 1778, depois de uma ausência de vinte e oito anos, e foi recebido como um herói,morrendo pouco depois.