AFEGANISTÃO

AFEGANISTÃO, REPÚBLICA DO

Dados históricos:durante 200 anos (séculos XVI e XVII), o Afeganistão esteve dividido, a região S do Hindu Kush era dominada por mongóis e os safáridas da Pérsia (actual Irão) controlavam o herat e o Seistão; no fim do século XVIII o país conseguiu unificar-se. Ahmed Khan Abdali tornou-se rei dos afegãos, fundando a dinastia Durrani (1747), os seus sucessores foram derrotados pelos irmãos Barakzai. O mais poderosos dos três irmãos foi Dost Mohamed, que fundou a Dinastia Barakzai em 1826. Ingleses e hindus invadiram o Afeganistão, dez anos depois, temendo a influência russa, deflagrando a guerra que só terminou em 1842 com a retirada das tropas estrangeiras. Dost Mohamed reassumiu o poder e o seu filho e sucessor, Shae Ali Khan, também guerreou com os ingleses (1878-81), e as condições de paz foram negociadas com o seu filho Yarkub Khan. O neto de Dost, Abdurrahman Khan, foi reconhecido pelos ingleses como emir de Cabul (1880), estabelecendo um governo forte e centralizador; foi sucedido pelo seu filho Habibullah Khan, que procurou modernizar o país. Em 1907, o Afeganistão através de um acordo anglo-russo, garante a sua independência, porém sobre a influência britânica. cerca de vinte anos depois, transforma-se em reino e o monarca Amanullah tenta modernizar o país; contudo a acção de elementos ultraconservadores obriga-o a renunciar. O seu sucessor prossegue com as reformas até ser assassinado e assim, em 1933, Mohamed Zahir Shah sobe ao trono. Em 1964-65, a nova Constituição permite a realização das primeiras eleições parlamentares. O reinante é derrubado em 1973 pelo general Sardar Mohamed Daud, que se torna Chefe de Estado e do governo ao proclamar a República. No ano seguinte é assinado com a ex-URSS um acordo para a expansão da cooperação técnica e económica. Tornam-se tensas as relações entre o Afeganistão e o seu vizinho, o Paquistão, em 1975, quando é acusado de apoiar actividades subversivas de terroristas do Baluchistão. Nova Constituição é aprovada em 1977. Em 1978, sardar M. Daud é deposto e um Conselho Nacional Revolucionário, sob a presidência de Nur Mohamed Taraki, passa a dirigir a nação; no final desse ano, é assiando um acordo de cooperação militar com a ex-URSS. Em 1979, têm início vários conflitos entre rebeldes muçulmanos e tropas do governo. A guerra civil, com consequências desastrosas para todo o país, cresce assustadoramente. Em Setembro de 1979, o Primeiro-ministro Hafizullah Amin encabeça um golpe e manda executar Norteur Mohamed Taraki; em Dezembro o Afeganistão é invadido por tropas soviéticas que depõeam e executam o Primeiro-ministro; Babrak Kamal assume a presidência. Em 1981, , Sultan Ali Kishtmand, designado Primeiro-ministro, estabelece contactos com representante so Afeganistão, paquistão e Irão, enquanto a ex-URSS prossegue com os seus ataques aos redutos guerrilheiros muçulmanos. Norteo ano seguinte, grupos de resistência muçulmana formam a União Islãmica dos Combatentes do Afeganistão e os ataques terroristas intensificam-se, principalmente contra a capital. A guerra prossegue indefinida com avanços, recuos, tréguas e divergências entre os próprios líderes de grupos rebeldes, com consequências terríveis para a economia nacional, com a sua sociedade essencialmente tribal. Em 1986 o presidente Brabak é afastado da Secretaria geral do partido democrático Popular e substituído pelo general Mohamed Najibulah, que também é afastado da presidência em Novembro, juntamente com os seus partidários. No ano seguinte é a vez dos oficiais serem afastados. Em 1987, Najibulah decreta um cessar-fogo e inicia uma série de negociações, porém os delegados encarregados de promover a reconciliação nacional são sumariamente assassinados pelos guerrilheiros, que chegam a fazer incursões até mesmo dentro do território russo. A 14 de Abril de 1988 é assinado um acordo de Genebra para pôr fim à intervenção soviética no Afeganistão. A saída dos soviéticos não terminou com os combates rebeldes; ao contrário, pareceram intensificar-se, bem como as acções terroristas. Em 21 de Julho de 1988, numa viagem a Moscovo, Najibulah apresentou um plano para repartir o poder com a guerrilha muçulmana e uma emenda constitucional para o reconhecimento do islamismo como religião oficial do Estado; aproveitando-se da sua ausência os guerrilheiros implantaram um governo provisório nas dez províncias do Norte que ocupam e que representam cerca de metade da população afegã; a Conferência do Norte, realizada em agosto na província de baglã, deixou claro o rompimento com os combatentes interioranos e lançou as bases para um ataque que resultou na tomada de Kunduz, na rota da retirada das tropas soviéticas (que haviam conseguido escoar cerca de 50 mil soldados no território afegão); três dias depois, o reduto foi retomado por tropas governamentais; no entanto, é bem visível o avanço da resistência islâmica. a 29 de Outubro de 1988, najibulah pediu à ONU a convocação de uma conferência internacional para definir o estatuto neutro do Afeganistão, enquanto a ex-URSS anunciava a suspensão temporária do processo de retirada das tropas. No final do ano, o vice-chanceler e embaixador russo no Afeganistão manteve um encontro em Roma com o ex-rei Zahir Shah (destronado em 1973) para estudar a possibilidade da implantação de um governo de transição, o que resultou na garantia da retirada dos soviéticos do Afeganistão até 15 de Fevereiro de 1989. Enqunto as lutas internas se intensificaram, as tropas soviéticas, as representações diplomáticas e as organizações internacionais, retiravam-se rapidamente. Em Janeiro de 1989, a ex-URSS montou uma ponte aérea para enviar 3 500 toneladas de trigo, para tentar impedir uma epidemia de fomena capital. os últimos soldados soviéticos cruzaram oficialmente a fronteira com o seu país a 15 de Fevereiro de 1989; apenas um contigente de aproximadamente 500 homens ficou para proteger o aeroporto de Cabul (alvo de foguetes lançados por guerrilheiros muçulmanos em Julho). O ano de 1990 decorreu com violência permanente entre as tropas do presidente Mohamed Najibulah e os guerrilheiros Mujahidin, apoiados pelos EUA. No final do ano, numa tentativa de acabar com a guerra civil, que durava há doze anos, a ex-URSS e os EUA entraram em acordo para uma tentativa de realizar eleições presidenciais em 1991.