FORMAÇÃO DOS ESTADOS CONTEMPORÂNEOS

FORMAÇÃO DOS ESTADOS CONTEMPORÂNEOS

A revolução republicana de 1848, em França, provocou uma série de reacções em toda a Europa central. A primeira delas foi o levantamento em Viena (1313), que forçou à renúncia de Metternich, levou o imperador a outorgar uma Constituição para a Áustria, estabelecendo um sistema eleitoral liberal e determinando a abolição das estruturas feudais ainda vigentes no país. mas a expansão do entusiasmo nacionalista teria outros efeitos, muito profundos, na Hungria,

Alemanha e Itália.

Hungria - Os territórios húngaros ocupados, aproveitando a efervescência revolucionária, proclamaram a sua independência (23/3) e estabeleceram um governo democrático (11/4), em Setembro, o poder foi tomado por Lajlos Kossuth, mas em Dezembro o país foi invadido por forças austríacas, e a 13/8/1849 os húngaros capitularam em Villagos; o descontentamento existente, entretanto, fez com que, em 1867, fosse assinado o Ausgleich, acordo que estabeleceu uma monarquia dual, tornando autónomas as duas partes do império e dando ao Chefe da Casa de Habsburgo a coroa da Áustria e da Hungria; esse acordo deu aos húngaros Parlamento e ministérios próprios e durou até 1918.

Alemanha - O movimento revolucionário de 1848, espalhando-se pelos Estados alemães, que juntamente com a Áustria, formavam a Confederação germânica, veio ao encontro das aspirações populares de liberalização e unificação. Em Março, agitações populares forçaram a adopção de reformas em Wurtemberg, Hesse-Dormstadt e Nassau; em Maio, foi inaugurado o Parlamento de Frankfurt, destinado a redigir uma Constituição para a Alemanha, mas que esbarrou em divergências entre republicanos e monárquicos e dispersou-se sem ter apresentado resultados.

O papel unificador da Alemanha estaria reservado a Otto von Bismarck (1815-1898), presidente do Conselho de Ministros da Prússia desde 23/9/1862. Com a guerra austro-prussiana, de 1866, em torno da posse de Schleswig-Holstein, ele conseguiu a dissolução da Confederação germânica e pode organizar a Confederação Alemã do Norte, cujo presidente hereditário seria o rei da Prússia.

Em 1870, tomando como pretexto as divergências franco-germânicas sobre a sucessão do trono espanhol, declarou guerra á França, como um meio de despertar um sentimento nacionalista unificador nos Estados Alemães do sul. Pelo tratado de Frankfurt, que pôs fim á guerra franco-prussiana, a Alemanha anexou a maior parte dos territórios franceses da Alsácia-Lorena. A grande explosão de entusiasmo patriótico que se seguiu á vitória permitiu a Bismarck anexar os Estados meridionais e coroar imperador da Alemanha Guilherme I da Prússia, em Versalhes (18/7/1871).

Itália - Em 1848, a Itália ainda não era um país unificado, mas um amontoado de pequenos Estados: o reinado da Sardenha, ao norte, os Estados Pontifícios, ao centro, e o reino das Duas Sicílias ao sul, eram independentes; as repúblicas de Veneza e Lombardia estavam ocupadas pelos austríacos; a Toscana, Parma e Modena eram governadas por dependentes dos Habsburgos. O fervor revolucionário de 1848 provocou diversas lutas pela independência: uma revolução separatista na Sicília (12-27/1), motins em Milão (23/1) e pressões para que fossem outorgadas constituições (o Estado Fundamental), Carlos Alberto da Sardenha, institui uma forma de governo parlamentar). Essas primeiras rebeliões, se não tiveram resultado imediato, deram força aos adeptos do Risorgimento (a ressurreição do glorioso espírito italiano da Antiguidade e da renascença), que se organizaram em torno de dois líderes: o radical Giuseppe Mazzini (1805-1872), que queria proclamar a república, e o moderado Camilo di Cavour (1810-1861), primeiro-ministro da Sardenha desde 1852, que advogava a monarquia constitucional.

1ª Etapa - Expulsão dos austríacos: para atrair a simpatia da Inglaterra e da França, Cavour aliou-se a elas na guerra da Crimeia (1854); em 1858, obteve o apoio de Napoleão III à causa italiana, em troca da promessa da cessão à França da Sabóia e de Nice, na guerra austro-italiana de 1859, a Sardenha anexou a Toscana, Lombardia, Parma e Modena, e obteve a adesão dos Estados Pontifícios (à excepção de Roma), mas com a retirada do apoio francês, não pode libertar Veneza.

2ª Etapa - Conquista das Duas Sicílias: entre maio e Novembro de 1860, os “camisas vermelhas” de Giuseppe Garibaldi (1807-1882) libertaram a Sicília e Nápoles, governadas por Francisco II, da Casa de Bourbon; Garibaldi que queria proclamar uma república independente, foi persuadido por Cavour a aderir à unificação; o Parlamento italiano foi aberto a 18/2/1861 e Vitorio Emanuel, da Sardenha, foi coroado rei da Itália a 17/3.

3ª Etapa - Últimas anexações: em recompensa pela participação da Itália na guerra de 1866, como aliada da Prússia, esta forçou a Áustria a conceder liberdade a Veneza; em 1870, durante a guerra franco-prussiana, ao ser interrompido o auxílio militar que Napoleão III dava ao papa, Roma foi ocupada, em Julho de 1871 tornou-se a capital do reino, apesar da Lei das Garantias pontifícias, que criava o Estado Vaticano, Pio XI excomungou Vitorio Emanuel II (2/11) e optou por um “encaramento voluntário”, que persistiria até á assinatura em 1929, do acordo de Latrão.