ANSALDO

A história de um “glorioso maluco das máquinas voadoras” que ia deitando a perder 93 toneladas de ouro

Ansaldo pôs Salazar e Franco à beira de um ataque de nervos

António Melo

Salazar temeu seriamente uma invasão do exército alemão em 1942 e represálias quando, um ano mais tarde, negociou a cedência de bases nos Açores aos ingleses. Mas não imaginou que o conflito pudesse surgir com o seu amigo “Paco” Franco, Mas foi o que esteve para acontecer em Março de 1943, quando dois heróis nacionalistas da guerra civil desviaram um avião para Lisboa e pediram asilo às autoridades portuguesas. O “caudillo” queria a “cabeça” dos tenentes-coronéis Ansaldo e Alemán. Ameaçou mandar uma força buscá-los se Portugal não os entregasse.

Salazar, igual a si mesmo, foi dizendo que “sim, mas amanhã”. Ansaldo e Alemán acabaram no Funchal, até que o “caudillo” acalmasse - anos depois.

Juan António Ansaldo * entrou na história com o seu desgraçado voo de 20 de Julho de 1936, que alterou profundamente o destino dos acontecimentos da guerra civil de Espanha. Os seus dons de piloto destemido e experiente levaram a que o general Mola, responsável pelo levantamento contra o Governo republicano, o escolhesse para uma missão ultraconfidencial. Ir buscar ao Estoril, onde estava exilado, o general Sanjurjo, que os sublevados tinham escolhido para chefe.

Vindo de Burgos, Ansaldo aterrou clandestinamente num aeroporto perto de Torres Vedras, onde o esperavam alguns correligionários e o ajudante de campo do Presidente da República, marechal Carmona. Este deu-lhe a saber que o Governo, oficialmente, ia ignorar tudo sobre a missão, pelo que a descolagem tinha de se fazer em aeródromo particular. Havia um na Quinta da Marinha, acrescentou.

Depois de um dia recheado de peripécias, que envolveram Salazar, através do capitão Agostinho Lourenço, chefe da PVDE (polícia política), e Carvalho, o ajudante de campo de Carmona, a aventura terminou em tragédia. Ao levantar voo do aeródromo improvisado, chocou com um muro. O general morreu, Ansaldo salvou-se milagrosamente. Franco, a segunda escolha para “caudillo”, foi o beneficiado deste golpe do destino.

Ansaldo recuperou do acidente, com algumas mazelas irreversíveis que tinham dissuadido qualquer outro a meter-se naquelas caranguejolas voadoras. Mas não Juan António, que, meio surdo e com a coluna fragilizada, combateu na guerra civil do lado dos vencedores. Cheio de louvores, foi promovido a tenente-coronel e colocado como adido militar em Paris e, depois, em Londres.

è neste posto que o vamos encontrar sete anos mais tarde, aborrecido de morte com a monotonia da vida que leva, em flagrante contraste com a dos seus camaradas de armas ingleses, russos, norte-americanos, alemães e mesmo franceses. Eles estão empenhados numa guerra a sério - a mais mortífera da história mundial -, enquanto ele se deprime do quartel para os salões sociais e vice-versa.

“Que ostia, hombre! No pasa nada” - deve ter dito inúmeras vezes, desiludido com o rumo que os negócios políticos tomavam no seu país. Franco nunca fora o seu general. Seguira-o por fidelidade à monarquia, que Franco se comprometera a reabilitar quando as forças nacionalistas saíssem vitoriosas. Sete anos passados, porém, a reinstalação no trono do herdeiro legítimo, D. Juan, conde de Barcelona, era constantemente adiada.

Em resumo, Ansaldo entrou em rota de colisão com o “caudillo”. Em Março de 1943, Franco quis “baixar-lhe a grimpa”, impondo-lhe um castigo mais ou menos simbólico. Antes tivesse sido um castigo a sério. Ansaldo reagiu como se tivesse sido atacado na sua honra pessoal e familiar. Pela linhagem considerava-se um “grande de Espanha” e, enquanto militar, um dos heróis da guerra civil.

É certo que do lado de lá dos Pirinéus a Europa estava a ferro e fogo. Mas isso não era facto que levasse Juan António à prudência. Pelo contrário. Ele irritava-se por o obrigarem a ficar à margem daquele conflito, ao fim ao cabo a continuação da sua guerra nacionalista. Mas, atenção, também aqui as suas preferências entravam em oposição com as do “caudillo”.

A sua aristocracia aproximava-o mais da Inglaterra e da França, onde fizera amizades pessoais, do que do fascismo nacional-sindicalista representado por figuras plebeias e arrivistas. Acresce o respeito fanático pela Igreja Católica, que em Espanha se confundira de tal modo com o trono que as duas instituições se confundiam nos seus membros e cerimónias. Essa fidelidade à Cruz afastava-o profundamente do paganismo nazi e o germanofilismo das altas figuras do franquismo, que ele tinha por oportunistas, só contribuía para o afastar ainda mais de Franco e da sua “corte”.

A ruptura ocorreu no dia 12 de Março de 1943. Franco mandara o ministro da Aeronáutica instaurar-lhe um processo disciplinar administrativo, por recusa a aceitação de ordens. O estratagema era afastá-lo de Madrid, provavelmente para uma missão ultrasecreta, ou, em todo o caso, evitar que ele tivesse dela conhecimento. Franco, a insistência de Salazar, preparava-se para ir buscar o ouro que estava na Suíça.

Ansaldo só viu a insídia e revoltou-se. Não esteve com meias medidas. No dia 12 de Março de 1943, pegou no avião e rumou a Lisboa. Um outro piloto da mesma verve temperamental, Manuel Alemán, decidiu, no instante mesmo, acompanhá-lo.

E aí vieram os dois cruzando os ares e a criar o maior incidente político entre Franco e Salazar. Franco fez do incidente um caso pessoal e queria Ansaldo de volta, para lhe impor o devido “correctivo”. Salazar não queria melindrar o “caudillo”, mas a verdade é que entregar o fidalgo Ansaldo, de velha cepa navarrenha, nas mãos do verdugo galego lhe ia criar problemas internos. Carmona, o Presidente da República, tinha o aviador sob a sua protecção.

O pior é que na sua estouvadice - foi a esse nível que Salazar quis colocar o caso - ia pondo em risco uma operação financeira de alto risco.

O Ouro Nazi

Nunca a Ansaldo ocorreu a hipótese de que a perseguição pessoal que lhe movia o seu ditador, pudesse ser utilizada numa operação de dissimulação. Talvez Franco tivesse contra ele uma profunda má vontade, mas a verdade é que naquele momento ele precisava de uma equipa de pilotos com provas dadas e total devotamento à Espanha una.

Há indícios que deixam crer que a ordem de marcha para uma base discreta de província era uma maneira de manter total confidencialidade sobre a operação “ouro nazi” e não exclusivamente a cobarde humilhação que Ansaldo ressentiu.

Nesse ano de 1943, os ditadores ibéricos haviam tomado a decisão de trazer para os cofres dos seus bancos o ouro nazi depositado na Suíça. Depois das derrotas da Werchmacht em Estalinegrado e Al Alamein (África do Norte), a guerra tomara uma viragem que punha o III Reich em desvantagem.

Aquele momento aconselhava medidas de prudência, como sublinhava Salazar. Um e outro sabiam, mesmo se oficialmente o negavam, que uma das primeiras coisas que os alemães faziam quando ocupavam um país era saquear-lhe as reservas de ouro. Ora as reservas desses saques tinham-se esgotado, e isso também eles sabiam.

A fome pode ser má conselheira, pensava Salazar. A Suíça estava mesmo ao lado da Alemanha e nadava em ouro. Ela centralizava os pagamentos em ouro das compras feitas pelo III Reich aos países neutrais. Efectuado o pagamento, os credores deixavam o ouro em depósito no Banco Nacional Suíço (BNS), pois não era tempo de andar com ele de um lado para o outro.

Salazar Correu o Risco

Ponderados os riscos, Salazar entendeu, porém, que valia a pena pagar o necessário para ter o ouro junto de si. Até porque, a 5 de Janeiro desse ano de 1943, os aliados, sublinhando a viragem no conflito, haviam advertido solenemente os países neutrais de que não reconheciam a posse de bens obtidos por esbulho nos países ocupados pela Alemanha.

Salazar deve ter insistido junto de Franco para que retirasse o ouro do BNS e o trouxesse para Espanha. Salazar queria aproveitar a boleia e trazer a sua parte para as caves do Banco de Portugal. É que a Espanha tinha lá apenas 34 toneladas, enquanto os depósitos de Portugal ultrapassavam as 90 toneladas.

Juan António, provavelmente, e o seu irmão José Ansaldo, seguramente, deviam fazer parte da missão aérea de transporte do ouro. Foi J. M. Irujo, no “El País” (23/2/97), quem ocasionalmente permitiu estabelecer uma relação entre a aventurosa fuga aérea de Ansaldo e a viagem do ouro.

O transporte fez-se em três levas, em comboio rodoviário, no Verão e Outono de 1943. Em princípio o plano de operações previa o recurso ao transporte aéreo, e para esse fim escolheram-se duas equipagens e os respectivos aparelhos. Estes, escreve Irujo na sua pormenorizada reportagem, eram Douglas DC-2, que deviam ser pilotados, respectivamente, por José Ansaldo e Fernando Rein Loring.

Serrano Suñer, fervoroso germanófilo e ainda ministro dos Assuntos Exteriores, devia obter autorização de sobrevoo da Suíça à Espanha. Era uma operação diplomática assaz complexa, pois, devido à ocupação, para atravessar a França era necessária a autorização dos países ocupantes, isto é, a Alemanha e a Itália.

“A 18 de Fevereiro, o ministro de Franco enviou novos telegramas aos três embaixadores (naqueles países), informando-os das equipagens, que conduziriam os parelhos” - diz Irujo. Por essa altura, Juan António Ansaldo ferve de indignação contra o que considera serem afrontas gratuitas à sua honra. Está disposto a fazer um gesto de “penache” para resgatar o orgulho ferido.

Fá-lo, como se disse, no dia 12 de Março de 1943. Por coincidência ou não, o minucioso plano de transporte aéreo do ouro é abandonado e, em sua substituição, monta-se um plano alternativo rodoviário.

Foi este homem que pôs Salazar e Franco à beira de um ataque de nervos, como o Público hoje revela, através da correspondência de Salazar. Com efeito, o “dossier Ansaldo” foi centralizado por Salazar e todas as informações, viessem da PVDE, do Ministério dos Negócios Estrangeiros ou de qualquer outra fonte, eram imediatamente encaminhadas para S. Bento.

O estilo de Salazar numa missiva ao conde de Jordana *

Uma cartinha explicativa mas atrasada

O interesse pessoal de Salazar pelo caso Ansaldo - figura central da fuga - transparece na carta que envia ao conde Jordana, seu velho conhecido, que Franco fizera recentemente ministro dos Assuntos Exteriores, em substituição de Serrano Suñer. Tem o cuidado de assinalar que se trata de uma missiva “particular”.

Não se sabe o que mais admirar nesta prosa de Salazar, se o estilo, se o cinismo político. Ele mandou recolher pareceres sobre o caso, favorecendo uma interpretação política da fuga, o que anulava a obrigatoriedade absoluta de aplicar o estabelecido na convenção de 1867, em vigor, ou seja, a imediata extradição. Mas, na carta “particular” a Jordana, é precisamente a argumentação contrária que utiliza.

Já iam passados 20 dias sobre os acontecimentos quando Salazar decide enviar a carta. Deixa claro que foi intencional o seu atraso em comunicar com o Governo espanhol: “na confusão do momento”, não lhe pareceu oportuno fazê-lo, até porque, acrescenta, o assunto não lhe parecia urgente, pois no seu entendimento “o móbil da fuga nada tinha a ver com questões ou ideias políticas”.

Não duvida da legitimidade por parte do Governo espanhol, de ver no acto de Ansaldo e Alemán um crime de deserção e reclamar a sua extradição, mas seria esse o melhor caminho? A interrogação de Salazar: “Sendo apresentado oficialmente o pedido, como é direito do Governo de Espanha, vamos nós eternizar-nos (...) em discussões jurídicas e diplomáticas que não afectariam em nenhum caso a boa amizade entre os dois países, mas poriam em relevo, em todo o caso uma diferença de sistemas numa questão de ordem moral?”.

Ressalvada assim a impossibilidade de os dois governos se desentenderem por ocorrência tão mínima(?!), fica a possibilidade de um escândalo internacional se o assunto fosse publicitado. Salazar, numa esquiva florentina, diz até onde está disposto a ir para não ceder à exigência de Franco.

(A entrega à justiça espanhola) está no caso presente perfeitamente estabelecida”., mas é prudente ter em conta “a reacção instrumental que poderia vir-nos de além-Atlântico”. Mesmo sendo caso que essas atitudes nunca poderiam afectar a Espanha nem Portugal, é de ter em conta que podem “afectar os laços morais que nos ligam às nações americanas (...) em virtude de que nestas é muito viva a preocupação (...) pelo chamado direito de asilo”.

Com isto, insiste o ditador português, não pretende pressionar o seu amigo Franco, pelo contrário, mas...”Eu não desejo, sr. ministro, tentar influenciar a sua decisão, mas não queria deixar de, antes que a tome em definitivo, levar o seu alto superior as razões que também os meus me apresentam para decidir”.

Jordana soube ler a carta e não chegou a haver pedido de extradição. Ansaldo e Alemán foram para o Funchal.

Perfil

Um don de Espanha

Se Cervantes tivesse conhecido Juan António, o seu “D. Quixote” ter-se-ia chamado “D. Ansaldo”. O piloto aviador Ansaldo terá mesmo existido? Não é possível. Mas foi.

Descendente de família fidalga de Navarra, na qual, a acreditar nas linhagens que se cruzavam todos os grandes de Espanha que confluíram no casamento de Fernando e Isabel (séc. XV), Juan António, terceiro filho dos Ansaldo, nasceu em 1916, mas espiritualmente conservou-se eternamente no século do ouro dos Filipes - o de setecentos.

Houve a Revolução Francesa em 1789. Napoleão invadiu a Espanha na primeira década de oitocentos e submeteu-a `coroa de um subalterno. Em 1819, fez-se, em Cádis, a Constituição liberal mais avançada da Europa. Na Primavera de 1936, a Frente Popular ganhava as eleições e a Espanha arcaica parecia definitivamente ultrapassada.

Quem assim pensou, nunca conheceu Juan António Ansaldo e figuras como ele. É gente que tem por divisa o orgulho dos godos e por código de honra a lealdade para com a linhagem. Ajoelhar-se, só perante o trono e, só com a certeza de que o rei os manda de imediato levantar-se e cobrir-se.

A aviação entrara nas artes militares no decorrer da I Guerra Mundial. Inevitavelmente, os Ansaldo tornaram-se aviadores. Exímios, como era timbre de um Ansaldo em qualquer arte - militar, obviamente.

Mola, o general que em Burgos, de 17 para 18 de Julho de 1936, iniciou o levantamento insurreccional contra a república espanhola, escolheu-o para levar a cabo a missão mais delicada naquele momento. Ir buscar o militar mais prestigiado entre os seus, que anos antes se auto-exilara no Estoril - o general Sanjurjo.

Devia ter sido apenas mais uma aventura. Mas o general quis trazer as fardas de gala e, por excesso de peso, o aeroplano não descolou. Chocou contra um muro e o general morreu.

Confirmando que “ao menino e ao borracho põe Deus a mão por baixo”, o querubim Juan António salvou-se milagrosamente. Foi levado para o hospital para observações, pois ninguém acreditava que estivesse vivo. Deram-lhe um sedativo, mas nem um dia lá esteve. Fugiu. Foi para o aeroporto à espera de encontrar uma cara conhecida e, três dias depois, estava em Burgosa a justificar o fracasso da missão ao general Mola. Só então recolheu ao leito, mas um mês depois já andava a voar.

Um espírito rebelde como este desagradava profundamente ao “caudillo” e séquito de oportunistas que a ele se colou na tomada do poder. Franco tentou distraí-lo, fazendo-o adido militar nas embaixadas de Londres e Paris. Debalde. Juan António tinha a raça dos grandes e era indomável. Em Março de 1943, em plena viragem no teatro de guerra, Franco consegue metê-lo na ordem. Só consegue irritá-lo - mais. Pega num avião e zarpa para Lisboa. Salazar conseguiu onde o seu inflamado colega ditador falhara. O melhor meio para domar um “puro-sangue” é cansá-lo, não espicaçá-lo. Quando o deixou seguir para Paris, em 1947, Ansaldo ainda “espingardeava”, mas só com os seus.

Cronologia de uma fuga

1943

12 e Março

Ansaldo aterra em Lisboa, a bordo de um aparelho da força aérea espanhola. Com ele vem Manuel Alemán. Dá conta da sua intenção de se “acolher à fidalga hospitalidade da ‘nação portuguesa’ por algum tempo”. Justificam o acto por “perseguições sofridas” e “abusos do poder”.

13 de Março

Franco solicita a extradição de dois militares, que acusa de deserção e roubo de avião.

14 de Março

Salazar manda reforçar a vigilância da PVDE sobre os aviadores e não responde ao pedido de extradição.

27 de Março

Ansaldo e Alemán fazem uma exposição a Salazar, queixando-se dos “15 dias de incomunicabilidade em dois pequenos quartos e vigiados em permanência”.

1 de Abril

Salazar pede ao Ministério dos Negócios Estrangeiros que lhe envie a legislação sobre acordos de extradição com a Espanha e um parecer sobre o caso. O parecer “aconselha a recusa da entrega” dos aviadores ao Governo espanhol e a concessão de asilo.

2 de Abril

Salazar escreve uma longa carta “particular” ao conde de Jordana, considerando que o “móbil da fuga nada tinha a ver com questões ou ideias políticas” e propondo que se deixe arrefecer o caso até cair no esquecimento.

3 de Abril

É enviado a Salazar um atestado médico, assinado pelo prof. Almeida Lima, sobre o estado de saúde de Ansaldo, considerado deficiente.

9 de Abril

Relatório da PVDE dizendo “ter sido excedido o prazo de prisão preventiva previsto na Convenção Luso-Espanhola”. Sugere “que seria talvez conveniente (...) fixar a residência aos oficiais (espanhóis) e propõe “a cidade da Figueira da Foz”.

Maio

Salazar determina a ida de Ansaldo para o Funchal e marca a partida para 8 de Junho.

1 de Junho

Ansaldo pede a Salazar que conceda o visto de permanência à mulher, o que é satisfeito.

1944

8 de Junho

Ansaldo corresponde-se com realistas espanhóis antifranquistas, julgando, erradamente, já não estar sobre vigilância policial.

7 de Setembro

Relatório da PVDE para Salazar: “(...) o tenente-coronel Ansaldo parece envolvido numa conspiração para um futuro movimento revolucionário em Espanha, de carácter monárquico (...). Parece que o actual ministro das Relações Exteriores, Léquirica, está também envolvido no assunto (...) Rogo a V. Exª se digne de informar-se de interessa proceder às suas capturas ou deixá-los seguir o destino (...).

Salazar responde: “Tratemos de evitar a fuga”.

1945

Outubro

O navio-escola espanhol Sebastián Elcano aporta no Funchal e Manuel Alemán decide regressar a Espanha, entregando-se voluntariamente aos seus antigos camaradas. Ansaldo visita o navio, mas não aceita o regresso enquanto Franco não tiver restabelecido o rei no trono.

1947

25 de Junho

Ansaldo e a família seguem para Paris, concluindo-se o seu exílio português.