ARÁBIA SAUDITA

ARÁBIA SAUDITA, REINO DA

Dados históricos: poderosos reinos como o mineano, o e sabá, o himiarita floresceram desde o século XV a.C.; no centro-norte desenvolveu-se a civilização ismaelita (descendentes de Ismael, filho de Abraão), nómadas do deserto; no Hedjaz fundaram-se Meca e Medina e, na Arábia Petréia, o reino dos nabateus, dos Laguímidas e dos Garrânidas (século IV), os últimos convertidos ao cristianismo. os povos dividem-se em tribos, geralmente inimigas e politeístas. Uma série de factores, como a língua, o comércio (cujo centro era Meca) e a acção de ideias difundidas por judeus e cristãos (monoteístas), permitiu a Maomé, no século VII, idealizar a unidade religiosa, pregando a unidade política das tribos. No século VI, Meca tornou-se uma próspera república de mercadores, que preferiam o separatismo tribal e temiam a pregação de Maomé, obrigando-o a expatriar para medina (622). Em Medina (pimeira capital da arábia), o profeta organizou a comunidade islâmica, vencendo a resistência dos comerciantes de meca em 630. Em 632 Maomé morreu; todo o Hedjaz era islâmico, embora ainda sem forma de estado árabe, o que passou a configurar sob o califado ortodoxo dos primeiros califas: Abu-Bekr, Omar, Otman e ali, os quais tornaram a arábia famosa e o centro da história do Islão. Durante a dinastia dos Omíadas, a capital mudou para damasco; na dinastia dos Abássidas, para Bagdade e, sob os Fatímidas para o Cairo. A Arábia tornara-se simplesmente província do Império, concorrendo para o renascimento das antigas rivalidades tribais, dando origem ao aparecimento de seitas heterodoxas como a dos xiitas, caridjitas, sunitas, entre outras. O imane (guia da comunidade) assumiu destaque maior para o árabe do que o califa distante. meca e Medina perderam todo o antigo prestígio, não tendo mais deferência especial, tanto assim que Abdula Ibn Zubair, candidato ao califado, foi vencido pelos omíadas e, em represália, sitia as duas cidades e incendeia a Caaba (680-82) e também na revolta liderada por xiitas em 759, não recebeu importância alguma, nem mesmo pelos próprios califas (o último a cumprir a peregrinação a Meca foi Harum Al Rashid - (786-809). Suleiman ocupou Meca em 930; a influência dos fatímidas aumentara, o poder do califa diminuíra e a dinastia Abássida entrou em declínio. Entre os séculos XI-XII surgiram dinastias pequenas. Saladino, governante alúbida foi reconhecido por meca, sucedido pelos rasulidas (1229-1454), derrubados pelos mamelucos, que se aproveitaram de divergências políticas ocorridas em M eca; por sua vez, foram substituídos pela dinastia Tairida (1446-151). com selim (1517) iniciou-se a dominação otomana. Durante o século XVI o litoral da Arábia foi disputado por mercadores portugueses (conquistaram Omã em 1508) e holandeses; ambos foram expulsos por comerciantes ingleses (século XVII) da Companhia das Índias Orientais. No século XVIII o movimento uhabita restaurou um governo islâmico, independente da Turquia; derrotado (1811-18) por egípcios enviados pelo governo turco. A Arábia tornou-se o centro das novas dipsutas europeias a partir do século XIX, com o intenso comércio florescente com as Índias e a abertura do canal do Suez. A Grã-Bretanha, que já transformara em seu protectorado várias partes da península, passou então, desde o fim do século e o início do outro, a explorar e incentivar o nacionalismo árabe dos potentados locais; pretendendo dessa forma diminuir a influência que os alemães exerciam sobre o Império otomano. Em 1915 os britãnicos firmaram com Husain, xerife de Meca, uma aliança militar contra os turcos, prometendo-lhes em troca, um grande reinado, tendo por base a Arábia; no ano seguinte ele foi reconhecido rei do Hedjaz e logo se fez proclamar rei dos árabes. Em 1922 foram criadas duas zonas neitras, a primeira entre a Arábia saudita e o Iraque com 7 000 km 2; a segunda entre a Arábia saudita e o Kuwait, com 5 750 km 2; os países interessados têm direitos iguais sobre as áreas e os beduínos nómadas tem acesso livre a ambas. Em 1925, Abdel Aziz Ibn Saud, emir do Nedjd, da seita puritana dos uahabis, vence Husain e no ano seguinte passa a ser rei do hedjaz e Nedjd, que depois da anexação, em 1932, de hasa e do asir, passa a constituir o reino da Arábia saudita; porém a supremacia da seita uahabi sobre os lugares santos provoca violenta reacção no mundo islâmico. O Iémen torna-se independente também. a fixação da fronteira tornou-se um problema durante toda a década de 30. Durante a II Guerra Mundial, a Arábia saudita declarou-se neutra; em 1945 concordou em declarar guerra à Alemanha, num acto puramente formal que lhe valeu o ingresso na ONU; entrou também para a Liga Àrabe; o modo de vida religioso e conservador da nação, impedia a completa integração com os Estados árabes que adquiriram hábitos ocidentais. a descoberta do petróleo, e a consequente elevação do padrão económico da maioria da população, repercutiu de forma negativa, pois a inexperiência levou a uma má administração dos recursos financeiros e à corrupção. Em 1953, com a morte de Ibn Saud, o seu filho mais velho, saud, sucede-lhe, enquanto o irmão Faissal é declarado herdeiro presuntivo. Saud era simples, puritano, conservador e Faissal, um homem habituado à vida urbana, um reformista. Em Março de 1958, todos os poderes executivos foram transferidos para Faissal que foi forçado a demitir-se em 1960, sendo o cargo de Primeiro-ministro assumido pelo próprio rei Saud. Em 1962 a Arábia ajuda as tropas reais do Iémen, depois de revolucionários seguidores de Nasser deporem o Imã. Em 1963 Faissal foi novamente indicado Primeiro-ministro, interrompem-se as relações com o Egipto. Em 1964, Saud é deposto pelo Conselho de Ministros e Assembleia Consultiva, Faissal é proclamado rei da Arábia saudita e introduz grandes modificações; a escravidão é abolida; as relações com o Egipto restabelecem-se. Durante a Guerra dos Seis Dias com Israel, tropas sauditas são enviadas à Jordânia, mas não chegam a combater (1967-68); a ajuda aos monarquistas do Iémen é suspensa, em troca da retirada das tropas egípcias, e logo reactivada para compensar o apoio dado aos republicanos pela ex-URSS, Síria e Iémen (ex-do Sul). Uma denúncia de tentativa de golpe resulta em centenas de prisões em 1969; no ano seguinte as relações com o Iémen reiniciam-se, juntamente com a ajuda económica da Arábia saudita, que em 1973 participa, ao lado dos países árabes, da Guerra do Yom Kippur contra Israel, enviando tropas para a frente síria a 14 de Outubro de 1973; três dias depois, numa reunião, no Kuwait, dos países árabes exportadores de petróleo, a Arábia Saudita comunga a decisão de reduzir a produção petrolífera em 5 % ao mês, enquanto Israel não se retirar dos territórios árabes que ocupa desde 1967. Em 1975, com a morte do rei Faissal, assume o governo Khaled Ibn Abdulaziz; é assinado com o Iraque um acrodo sobre a divisão da zona neutra situada na fronteira entre os dois países. Em 1977, a Arábia Saudita compra dos EUA caças-bombardeiros F-15; e em 1979 rompe relações diplomáticas com o Egipto, devido à assinatura dos acordos de princípio entre os presidentes do Egipto, de Israel e dos EUA; rebeldes invadem a mesquita de Meca pedindo o fim da monarquia e o estabelecimento de uma República islâmica. A Arábia saudita propõe um plano de paz para o Médio Oriente em 1981, aceite pelos países árabes e a OLP, porém rejeitado por Israel. O rei Khaled morre em 1982, é sucedido pelo princípe Fahd. No final do ano de 984 o rei Fahd anunciou que pretende introduzir, progressivamente, um sistema democrático, com a criação de uma Assembleia Constituinte, para substituir as leis orgânicas de 1926 por uma Constituição com bases islâmicas. Os conflitos Irão-Iraque, que quase obrigam a Arábia saudita a envolver-se em 1984, foram a razão para os projectos de defesa de 1985: em Abril é inaugurada a Cidade Militar Rei Khaled, a apenas 120 km da fronteira com o Irão, onde sen encontram um total de 70 mil homens das três armas; em Fevereiro foi contratado com a Boeing um programa de comando central da aviação militar e mecanismos de defesa antiaérea; e , finalmente, a compra de 46 novos caça-bombardeiros Mirage 2000, da França. Em 1986 surgem denúncias de que a Arábia saudita estaria vendendo armas americanas para o Irão, em Outubro de 1986, o ministro do petróleo é substituído por outro, por causa da diminuição da renda interna, provocada pela queda no preço do petróleo entre 1980 e 1985. Os bombardeamentos a navios e minas colocadas no Golfo pérsico, como resultado do conflito Irão-Iraque, levaram a Arábia saudita (que apoia o Iraque) a ajudar os EUA a desarmar as minas na costa do Kuwait em Junho de 1987. Pela primeira vez, foi previsto um deficit orçamental para o ano de 1987. Os americanos descobrem, no início de 1988, que a Arábia saudita comprava em segredo, havia dois anos, mísseis de médio alcance à China. Os israelitas ameaçaram atacar a base desses míseis; os sauditas e os chineses concordaram em assinar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear. A 26 de Abril de 1988, a Arábia saudita rompe relações diplomáticas com o Irão. No início de 1989 o governo emitiu títulos do tesouro no valor de 6,7 biliões de dólares para cobrir o déficit orçamental. Duarnte o ano de 1990, com a invasão do Kuwait pelo Iraque, a Arábia Saudita passou por grandes dificuldades. O emir do Kuwait refugiou-se em taif com a sua comitiva governamental e ao mesmo tempo cerca de 350 mil kuwaitianos invadiram o lado oriental do país. O rei Fahd pede auxílio a várias nações ocidentais e árabes para que enviassem armamentos e militares para auxiliar na defesa do seu país. No final do ano, os EUA tinham cerca de 440 000 soldados na região, a França 5 500, o reino Unido 25 000 e mais de 25 países entre Síria, Egipto, Bangladesh e Marrocos. A acção militar americana no território ficou condicionada a consulta prévia ao rei. Com gastos de cerca de 6,75 biliões , a Arábia Saudita iniciou um programa para a compra de armas dos EUA e em 1991 novos pedidos chegaram a 14, 25 biliões de dólares. Além dessas medidas, o rei decidiu construir uma nova cidade militar em Jizan (fronteira com o Iémen). A 17 de Stembro de 1990 a Arábia saudita restabelece relações diplomáticas com a ex-URSS, após 52 anos de interrupção, devido ao reconhecimento do esforço soviético pela paz mundial. Em Novembro o Conselho de Cooperaçãodo Golfo (Arábia saudita, Bahrein, Kuwait, Omã, Catar e Emirados Àrabes Unidos) decide ceder um empréstimo de 4 biliões de dólares para a reconstrução económica soviética.