REVOLUÇÃO RUSSA

REVOLUÇÃO RUSSA

(1917-1920)

Antecedentes - No início do século XX, a Rússia era governada por um monarca absolutista e ainda se encontrava em regime semifeudal; a sua economia, com o afluxo de capital estrangeiro, passou da manufactura para a grande indústria de equipamentos modernos sem que a estrutura do país estivesse preparada para isso; o perfil social era caracterizado por desigualdade e imobilidade; o país era também palco de contínuas agitações políticas e a liderança intelectual mostrava-se receptiva às ideias revolucionárias vindas do ocidente. O Domingo Sangrento (22/1/1905), em que foram massacrados mais de mil operários que faziam uma manifestação pacífica em São Petersburgo, provocou uma primeira tentativa de levante que, embora fracassado, evidenciou a decadência do regime e intensificou a efervescência revolucionária.

Revolução de Fevereiro - Aproveitando a crise da I Guerra Mundial, um movimento organizado pelos sovietes - conselhos de operários, camponeses e soldados - forçou o czar Nicolau II a abdicar e criou um governo provisório chefiado pelo menchevique (socialista moderado) Aleksandr Fiodorovitch Kerenski; mas esse governo protelou as reformas e os mencheviques achavam prematura a participação operária no poder, exigida pela oposição bolchevique (socialistas radicais) cuja tentativa de tomar o poder fracassara (16/7/1917); Kerenski proclamou a República (14/9) e dos bolcheviques; cujo líder, Vladimir Ilitch Ulianov (que adoptara o pseudónimo de Lenine), voltara do exílio na Suíça (Abril); mas as suas atitudes só agravaram o desgaste do Governo Provisório.

Revolução de Outubro - Organizando-se em milícias populares, proletários e soldados prepararam a insurreição, que eclodiu em Outubro; no dia 24, Lenine e Trostki (pseudónimo de Liev Davidovitch Bronstein) anunciaram a queda de Kerenski e a tomada do poder pelo Soviete dos Deputados Operários e Soldados de Petrogrado e pelo Comité Revolucionário; a Assembleia dos Sovietes elegeu Lenine novo chefe de governo (26/10) e um Conselho de comissários do Povo foi instituído para funcionar como executivo; o controle das fábricas foi entregue ao operariado, a iniciativa privada foi proibida e as propriedades da Igreja e dos contra-revolucionários foram confiscadas.

Fase de consolidação - A ala dos socialistas revolucionários, oposta aos bolcheviques, recusou-se a aceitar a capitulação russa na guerra (Paz de Brest-Litovsk - Março de 1918) e passou a manifestar-se através de actos terroristas: o assassinato do embaixador alemão Mirbach (6/7), um atentado contra Lenine (30/8) e diversos tumultos em Moscovo. Desde Dezembro de 1917, diversos focos insurreccionais dos “russos brancos” (a direita contra-revolucionária) opunham-se á revolução bolchevique: os cossacos de Dom, do general Kornilov, no Cáucaso, as tropas do general Skoropadsky, na Ucrânia; as do general Iudenitch, no Báltico; e as do almirante Koltchak, em Omsk; na sua campanha foi auxiliado pelos ingleses e franceses aliados do antigo regime, que desembarcaram tropas em território russo e mandaram armas e equipamentos e dinheiro. Pressionados de todos os lados desencadearam o terror, executando em massa os seus adversários, o czar Nicolau II, a czarina Alexandra e os seus cinco filhos foram assassinados (17/7/1918); no fim de 1919, o Exército Vermelho, reorganizado por Trostki derrotou as últimas tropas brancas; em 1920, os aliados retiraram-se do território russo, calcula-se que, entre 1917-20, 6 milhões de pessoas tenham morrido vítimas de massacras, fome e epidemias; mais de 1,5 milhões de pessoas abandonaram a Rússia nesse período.