IDADE DA REVOLTA

A INDEPENDÊNCIA AMERICANA

A Guerra da Independência americana durou de 1775 a 1783. Quando terminou, treze antigas colónias britânicas formaram os Estados Unidos da América. Foram elas: Connecticut, Delaware, Geórgia, Massachusetts, Marilândia, Carolina do Norte, New Hampshire, Nova Jérsia, Nova Ior­que, Pensilvânia, Rhode Island, Carolina do Sul e Virgínia.

As colónias já eram responsáveis pela legislação local mas o Par-lamento britânico continuava a controlar os assuntos financeiros, muito em especial o comércio. As colónias eram obrigadas a servirem-se dos seus próprios navios ou dos navios ingleses, e a comerciar prin­cipalmente com a Grã- Bretanha e as suas colónias.

Depois da Guerra dos Sete Anos, que deu aos Ingleses as posses-sões francesas na América do Norte, os Britânicos concluíram que era necessário manter aí um exército permanente e lançaram impostos sobre as colónias, para o suportarem. Os colonos objectaram contra os im­postos, por não terem representação no Parlamento. Os Britânicos tentaram impor taxas sobre os jornais, o chá, papel, chumbo e tinta. mas tiveram de as retirar a todas excepto a do chá, quando os colonos se recusaram a comprar produtos britânicos, como forma de protesto.

Em 16 de Dezembro de 1773, um grupo de colonos disfarçados de índios abordou os navios britânicos que se encontravam no porto de Boston e lançou ao mar as suas cargas de chá. A este episódio, o Parlamento britânico replicou com os "Actos Intoleráveis", que incluíam o fecho do porto de Boston.

O Primeiro Congresso Continental, em Filadélfia, em Setembro de 1774, protestou contra os "Actos" e as colónias decidiram não comprar mais produtos ingleses. As tropas britânicas foram enviadas de Boston para Concord, ali perto, para destruírem um esconderijo de armas dos colonos. Logo a seguir à madrugada de 19 de Abril de 1775, em Lexington, na estrada para Concord, as tropas enfrentaram colonos armados. Alguém disparou "o tiro que se ouviu no mundo" e começou a guerra. Os Britânicos retiraram de Concord para Boston, e em Junho venceram a batalha de Bunker Hill, perto de Boston, apesar das pesadas perdas.

O Segundo Congresso Continental reuniu-se em Maio de 1775, e em 4 de Julho de 1776 emitiu a Declaração de Independência, em grande parte escrita por Thomas Jefferson.

Em 1777 os Britânicos conseguiram uma importante vitória em Br­andywine Creek, na Pensilvânia, mas algumas semanas mais tarde outro exército britânico sob o comando do general John Burgoyne, foi forçado a render-se em Saratoga, Nova Iorque. A França entrou na guerra do lado americano, seguida depois pela Espanha. O fim surgiu quando os Ingleses comandados por Cornwallis se renderam ao comandante-em-chefe americano, George Washington, em Yorktown, Virgínia, no dia 19 de Ou­tubro de 1871. O Tratado de Paris (3 de Setembro de 1783) reconheceu formalmente a independência dos Estados Unidos. Washington foi eleito seu primeiro presidente em 1789.

A REVOLUÇÃO FRANCESA

A Revolução Francesa, que rebentou em 1789, não só transformou o governo de França como também abalou toda a Europa e levou a algumas mudanças nas ideias do governo.

As causas: Em 1789 a França encontrava-se mergulhada em dívidas por causa de dispendiosas guerras e era mal governada por uma élite da nobreza, que vivia no luxo, enquanto muitos pobres morriam de fome. Na iminência de uma bancarrota total, Luís XVI decidiu convocar os Es­tados Gerais, um parlamento nacional que não se reunia desde 1614. Era composto pelos "três" estados: trezentos nobres, trezentos clérigos e seiscentos comuns. Cada "estado" tinha direito a um voto, o que quer dizer que a nobreza e o clero tinham a maioria. Assim, os "co­muns" formaram uma Assembleia Constituinte, destinada a conseguir uma nova Constituição para a França.

A violência das massas: Luís planeou dissolver a Assembleia, o que provocou a fúria da população de Paris, que assaltou a fortaleza-prisão da Bastilha em 14 de Julho de 1789. Luís foi obrigado a ceder e a Assembleia pôs em pratica muitas reformas.

A República: Luís conspirou com os seus aliados da Áustria e da Prússia, e em Junho de 1791 tentou fugir do país. Foi capturado e le­vado de volta para Paris. Seguiu-se uma guerra com a Áustria e a Prússia, em Abril de 1792. Em Agosto, a população de Paris atacou o rei no Palácio das Tulherias, massacrando os guardas e aprisionando-o. A vitória francesa contra os Prussianos na batalha de Valmy encorajou os revolucionários. Reuniu-se uma nova assembleia, a Convenção Nacional, que declarou abolida a monarquia e instaurou a república a 21 de Setembro.

Morte e terror: Dentro da Convenção o poder passou para um grupo político, os Girondinos, que mandou julgar e executar Luís, por traição. Durante 1793, um grupo ainda mais extremista, os Jacobinos, apo­derou-se do poder. Os Girondinos foram executados e uma Junta de Se­gurança Pública governou o país, encabeçada por Maximiliano de Robespierre. Sob a sua influência todos os suspeitos de oposição ao novo regime eram executados, num banho de sangue conhecido por "Período do Terror". Em Julho de 1794 o próprio Robespierre foi acusado e guilho-tinado, e o Terror desapareceu gradualmente. Em 1795 foi eleita uma nova assembleia de duas câmaras, e a ordem voltou lentamente a França.

OS "DIREITOS DO HOMEM"

Os escritos do inglês Thomas Paine tiveram uma grande influência na Revolução Francesa e na Americana. Nascido em Norfolk, em 1737, filho de um quacre inglês, Paine encontrou-se com o estadista americano Benjamim Franklin em Londres e a conselho deste emigrou para as colónias americanas. Aí começou a publicar panfletos e artigos de apoio à independência colonial, tendo servido no exército colonial durante a Guerra da Independência americana.

Paine regressou à Inglaterra em 1787, onde, em 1791 e 1792, publicou os Direitos do Homem, apoiando o republicanismo e os ideais da Revolução que crescia em França. Acusado de traição, Paine escapou-se para França, onde foi recebido como um herói e eleito para a Convenção Nacional. No entanto criticou o derramamento de sangue provocado pelos revolucionários e foi preso. Aí escreveu a Idade da Razão, um ponto de vista sobre a religião onde sustentava que o universo era uma máquina e Deus fora o seu criador. Paine foi libertado depois do Período do Terror, em 1794, e regressou aos Estados Unidos em 1802, onde passou o resto dos seus anos pobre, doente e negligenciado. Morreu em 1809.

AS GUERRAS DE COLIGAÇÃO

Formaram-se duas coligações para combater a França durante e imediatamente após a Revolução Francesa.

A Primeira Coligação lutou de 1792 a 1799 e era formada pela Áustria, Grã-Bretanha, Países Baixos, Piemonte, Prússia e Espanha. A França enfraquecida pela Revolução era considerada como uma presa fácil, mas os êxitos militares franceses forçaram a Prússia, a Áustria e a Espanha a fazerem a paz; os Países Baixos foram conquistados.

A Segunda Coligação formou-se em 1799 e compunha-se da Grã-Bretanha (a única que continuara a lutar), Áustria, Rússia, Portugal, Ná­poles e Império Otomano. Depois das derrotas iniciais os Franceses conseguiram uma série de vitórias e em 1802 já todos os países tinham de novo feito a paz.

TOISSANT L'OUVERTURE

As notícias sobre a Revolução Francesa levaram, em 1791, a uma rebelião na colónia francesa do Haiti, nas Índias Ocidentais. A re­volta foi dos escravos negros, que tinham sido maltratados e que foram liderados por Pierre Dominique Toussaint-Bréda (1743-1803), conhecido por "L'Ouverture" (o Aberturas) por conseguir sempre encontrar abertas entre as linhas inimigas.

A rebelião terminou quando os Franceses aboliram a escravatura em 1793. Toussaint mudou de barricada e apoiou a França. Depois de um período de guerra civil apoderou-se do poder em 1801 e autoproclamou­-se governador. Em 1802, o novo governante da França, Bonaparte, recuperou o domínio do Haiti e reintroduziu a escravatura. Toussaint foi levado para França, onde morreu no cativeiro. Em 1804 os Haitianos conseguiram finalmente a independência.

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

O termo "Revolução Industrial" foi concebido nos anos de 1830 pelos historiadores franceses, para descreverem as mudanças de um mundo onde a agricultura era a ocupação mais importante, para um outro dominado por fábricas e máquinas.

A Revolução Industrial, que começou nos anos de 1700, desenvolveu-se primeiro na Grã-Bretanha porque era um país unificado e livre de guerras, o que significava em geral um povo próspero, com dinheiro para comprar produtos manufacturados.

A invenção que iniciou a Revolução foi a do tear mecânico, feita por John Kay em 1733. Os tecelões podiam produzir mais tecidos, mais rapidamente, e com maiores larguras. As máquinas rápidas só surgiram trinta anos depois.

As novas máquinas eram demasiado grandes para serem propulsionadas à mão, pelo que as fábricas foram construídas ao lado de rios, onde as rodas das pás podiam fornecer a energia necessária. No princípio dos anos de 1800 quase todos os tecidos eram feitos em fábricas depois de terem sido um processo caseiro ao longo de milhares de anos.

As primeiras máquinas a vapor construídas no fim dos anos de 1600 para a bombagem de água eram insuficientes. James Watt, um engenheiro escocês, desenhou em 1769 o primeiro motor a vapor satisfatório e, em 1775, com Matthew Boulton, formou uma companhia para os fabricar. Esta nova fonte de energia acelerou a produção, o que também queria dizer que as fábricas eram agora localizadas junto de minas de carvão, a fonte combustível para os motores a vapor, sem no entanto deixarem de necessitar dos rios como fonte de agua e via de transporte.

Nos princípios dos anos de 1800 os engenheiros fizeram experiências com máquinas a vapor móveis, que podiam substituir os cavalos. A primeira máquina prática foi a Puffing Billy, construída em Tynneside, no Norte da Inglaterra, em 1813. Transportava carvão de uma mina até ao rio, para ser embarcado. O primeiro comboio de passageiros foi construído na Grã-Bretanha em 1825 e dez anos depois já havia comboios em operação na América do Norte e na Europa continental. A Revolução Industrial mudou o país. As novas máquinas eram insta ladas em grandes fábricas, à volta das quais surgiam cidades, porque eram necessárias casas para os trabalhadores. Antes da Revolução, a maior parte dos trabalhadores comia do que cultivava. Nas novas cidades, viviam amontoados e sem jardins, dependendo dos seus salários para tudo.

A COMPRA DA LOUISIANA

Em 1763 a França cedeu à Espanha uma grande zona de território no coração da América do Norte, entre o rio Mississipi e as Montanhas Rochosas,um território conhecido por Louisiana,mas em 1800 os Franceses, então numa posição forte, obrigaram a Espanha a devolvê-lo.

O governante de França, Napoleão Bonaparte, então primeiro­-cônsul, planeou a criação de um novo império francês na Améri ca do Norte, mas ante a ameaça de guerra com a Inglaterra achou que não te­ria recursos para desenvolver ou defender a Louisiana, também ameaçada pelos Estados Unidos. Em Abril de 1803 ofereceu todo aquele território aos Estados Unidos, por quinze milhões de dólares. O presidente Thomas Jefferson aceitou imediatamente, apesar da Constituição americana não prever este modo de aquisição de territórios. Jefferson afirmou mais tarde que "esticara a Constituição até a sentir estalar". De um só golpe duplicou a superfície dos Estados Unidos. O dinheiro para a compra foi emprestado por banqueiros ingleses e holandeses.

AS GUERRAS NAPOLEÓNICAS

A seguir às guerras da Primeira e Segunda Coligações contra a França, durante e logo após a Revolução Francesa, formou-se uma Terceira Coligação em 1804. A ideia desta coligação era tentar deter as crescentes ambições do governante francês, Napoleão Bonaparte, que em Maio de 1804 recebera o título de imperador. As acções de Napoleão provocaram uma nova entrada da Grã-Bretanha na guerra, logo seguida pela Áustria, Nápoles, Rússia e Suécia. A Espanha era aliada da França.

A guerra no mar: Napoleão organizou uma enorme frota para atacar a Inglaterra, mas em Outubro de 1805 uma esquadra britânica comandada por Horácio Nelson destruiu uma força combinada franco-espanhola em Trafalgar, acabando com a ameaça francesa.

Europa Central:Napoleão lançou os seus exércitos num ataque à Áustria, que derrotou na Batalha de Austerlitz em Dezembro de 1805. No ano seguinte invadiu a Prússia e derrotou-a na batalha de Jena e Au­erstadt. Em 1807 derrotou os Russos na batalha de Friedlândia. Em 1808 os Austríacos voltaram à luta mas foram de novo derrotados e obrigados a fazer a paz.

A Península: Em 1808 Napoleão atacou a Espanha e Portugal e no­meou o seu irmão José como rei de Espanha. Os Espanhóis pediram ajuda aos Ingleses. As tropas britânicas desembarcaram em Portugal e avançaram para Espanha. Napoleão forçou-as a uma retirada para a Corunha, no Norte de Espanha. Arthur Welesley, mais tarde duque de Wellington, tomou então o comando dos Britânicos na Guerra Peninsular. Numa série de batalhas, Welesley desgastou os Franceses e obrigou Napoleão a man-

ter um enorme exército em Espanha. Em 1814 os Britânicos atravessaram a fronteira francesa e alcançaram uma importante vitória em Toulose, a 10 de Abril.

Rússia: Napoleão estava decidido a esmagar a Rússia, que invadiu com seiscentos mil homens em Junho de 1812. Tomou Moscovo, a que os Russos tinham pegado fogo,mas encontrou-se com falta de abastecimentos e em pleno Inverno russo. Teve de retirar, perdendo a grande maioria dos seus soldados. A Áustria, Prússia e outros estados alemães reco­meçaram a guerra, e em Outubro de 1813 uma força combinada de russos, prussianos e austríacos derrotou Napoleão em Lípsia. Este abdicou em Abril de 1814 e foi exilado para a ilha de Elba.

Os Cem Dias: Em Março de 1815 Napoleão escapou-se de Elba e re-gressou a França. O rei francês, Luís XVIII, fugiu e Napoleão viu-se de novo no poder. Reuniu-se apressadamente um exército aliado, sob o co-mando de Wellington e do marechal prussiano Gebhard von Blucher, que derrotou Napoleão na Bélgica, em Waterloo, em Junho. Napoleão exilado para Santa Helena, no Atlântico Sul onde morreu em 1821.

A ASCENSÃO DOS ZULUS

No princípio dos anos de 1800, os Zulus um povo banto da África do Sul, eram uma tribo pequena e pouco importante incluída nos Nguni. Cerca do ano de 1810 um zulu chamado Chaka começou a organizar a vi­zinha tribo dos Mthethwa e a treinar impis (exércitos guerreiros). Os seus soldados eram extremamente disciplinados, eram capazes de viajar sessenta e quatro quilómetros por dia e combatiam com assegais (azag­aias).

Em 1818 Chaka formara um império unificando outras tribos dos Nguni e comandava mais de uma dúzia de impis. Chamou Zulus ao seu povo e expulsou todas as outras tribos negras do seu território, que forma-va a parte nordeste do Natal.

Chaka foi assassinado em 1828 mas o império que construíra sobreviveu-lhe, até ser anexado pelos Britânicos em 1887.

A INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA DO SUL

Entre si, Portugal e a Espanha conquistaram toda a América do Sul, com a excepção das Guianas, e governaram as suas colónias durante quase trezentos anos. O afastamento da Europa levou muitos colonos a desejarem a independência completa. A oportunidade surgiu quando Na­poleão conquistou temporariamente a Espanha o que deixou os colonos mais ou menos entregues a si próprios.

As guerras de independência começaram na região do rio da Prata, em 1806. O mais notável, José de Sam Martin, libertou o Chile em 1818,

com a ajuda de Bernardo O'Higgins. A seguir, em 1821, San Martin in-vadiu o Peru. A região então conhecida por Charcas foi libertada por Simão Bolívar e passou a chamar-se Bolívia. Bolívar já ajudara a li­bertar a Venezuela, em 1811,. O Paraguai e o Uruguai já haviam pro­clamado a independência em 1811, enquanto a Colômbia e o Equador fo­ram libertados por San Martin e Bolívar em 1822. Os Mexicanos começa­ram as suas campanhas pela independência em 1808 e conseguiram-na em 1821.

O Brasil forneceu um refúgio à família real portuguesa durante as Guerras Peninsulares. Em 1822, enfrentando exigências portuguesas de fazer de novo do Brasil um estado subordinado, os Brasileiros proclamaram a sua independência, com D.Pedro, filho do rei português, como seu primeiro imperador.

COMUNICAÇÕES

O segundo quartel os século XIX viu uma revolução nas comunicações. Até essa época as viagens faziam-se a cavalo ou em carruagens puxadas a cavalos, por estradas irregulares e lentas,e a única maneira prática de comunicar a longas distâncias era pelo semáforo óptico.

O telégrafo eléctrico desenvolveu-se nos anos de 1830, obra de inventores americanos e britânicos. O de maior êxito foi o de Samuel Morse (1791-1872) que em 1840 patenteou o seu invento e o código que continua a ter o seu nome. O telégrafo espalhou-se rapidamente nos dez anos seguintes.

Os caminhos-de-ferro desenvolveram-se depressa depois do primeiro serviço de passageiros só a vapor, o Liverpool and Manchester Railway, no Norte de Inglaterra, em 1830. Poucos meses depois foi seguido pelos South Carolina Railroad, nos Estados Unidos da América. Dentro de quin ze anos havia comboios em serviço na Áustria, Canadá, França,Alemanha, Itália, Polónia, Espanha,Suíça e Rússia.

Os motores a vapor deram um grande impulso à navegação, e no fim dos anos de 1830 entraram em serviço os primeiros navios a vapor para a travessia do Atlântico.

A GRANDE JORNADA

Em 1806, durante as guerras napoleónicas, a Grã-Bretanha conquistou aos holandeses a colónia do Cabo, na extremidade sul da África. Muitos dos colonos holandeses, denominados boeres, ressentiram-se do domínio britânicoe queixaram-se de inadequadas compensações pela abo­lição da escravatura em 1833. De 1835 a 1837, dez mil bóeres deslocaram-se para norte para novos territórioa, instalando-se no Natal e no que viriam a ser as Repúblicas Bóeres Independentes do Esatdo Livre de Orange e do Traansval.

Os Britânicos anexaram o Natal em 1843, pelo que os bóeres, que aí se encontravam, se mudaram para o Estado Livre de Orange e para o Traansval.

O ÁLAMO

Nos anos de 1700 o Texas fazia parte do Império Espanhol e depois de 1821 ficvou sob o governo do novo estado independente do México. A guerra entre os colonos americanos e os Mexicanos iniciou-se em 1830 e transformou-se numa revolta total em 1836, quando os Texanos procla-maram uma república independente.

Por altura da proclamação, um exército mexicano de cinco mil ho-mens conduzido por António de Santana atacou a cidade de Santo António. Os cento e cinquenta texanso que constituíam a guarnição retira-ram para o Álamo, uma antiga missão utilizada como fortaleza. Aguentaram durante onze dias enquanto os Mexicanos assaltavam o forte, matan do todos excepto seis homens. Santana mandou matar estes seis sobreviventes, pelo que apenas duas mulheres e duas crianças sobreviveram ao cerco. O tempo ganho pelos Texanos permitiu que se concentrasse a principal força texana, que poucas semanas depois, sob o comando do general Sam Houston, derrotou os Mexicanos em San Jacinto, capturando Santana e forçando o México a reconhecer a sua independência. O Texas juntou-se aos Estados Unidos em 1845.

A FOME NA IRLANDA

Nos primeiros anos de 1800 o Governo britânico introduziu uma sé-rie de Leis dos Cereais que proibiam a importação dos cereais ou mantinham os seus preços muito elevados. Isto destinava-se a proteger os agricultores britânicos da concorrência estrangeira, mas fez com que o preço do pão ficasse demasiado alto para que os pobres o pudessem com-prar. Em 1839, em Manchester, formou-se uma Liga Antileis dos Cereais, liderada por John Bright, um moleiro, e Richard Cobden, um estampador de tecidos.

Por causa dasLeis dos Cereais, cerca de quatro milhões de pessoas viviam quase inteiramente das batatas que cultivavam. Em 1845, uma praga arruinou cerca de três quartos das plantações de batata. Em 1846 seguiu-se uma praga ainda pior e as medidas de alívio encetadas pelo Governo britânico foram demasiado pequenas e chegaram tarde de mais.

Calcula-se que tenham morrido de fome cerca de um milhão de irlandeses, apesar da cultura da batata ter recuperado em 1847. Iniciou-se uma emigração em grande escala para a América e em 1861 cerca de dois milhões de irlandeses haviam abandonado o seu país, com grandes ressentimentos contra a Inglaterra. Os efeitos da fome foram importantes para o anulamento das Leis dos Cereais, em 1846.

"O MANIFESTO COMUNISTA"

O moderno comunismo deve as suas origens ao trabalho de dois filósofos alemães, Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895). Depois de ver suprimido o seu jornal Colónia, e ter mais tarde sido expulso da Alemanha, Marx viveu no exílio em Londres dos artigos que publicava no New York Tribune e do dinheiro que lhe dava Engels, um industrial.

Em 1848 os dois homens publicaram O Manifesto Comunista, no qual incitavam à revolução os operários contra as classes dominantes e que terminava com as palavras:"Os proletários não têm nada a perder com ela além das suas cadeias. Têm em troca, um mundo a ganhar. Proletários de todo o mundo, univos!"

Marx continuou a desenvolver as suas teorias económicas e revo­lucionárias em O Capital, uma obra em três volumes (1867-1895), em parte editada por Engels depois da sua morte.

O ANO DAS REVOLUÇÕES

O ano de 1848 é conhecido por "Ano das Revoluções" porque a agitação se espalhou por toda a Europa. Faltas de alimentos, recessões comerciais e sentimentos nacionalistas foram os principais causas de descontetamento.

O movimento iniciou-se em França, em Fevereiro, uma revolta de ci dadãos expulsou o rei Luís Filipe e instaurou a Segunda República. Em Março, uma revolta na Áustria, contra o chanceler, princípe Von Metternich, um administrador conservador e autocrático, forçou-o a fugir. O imperador austríaco, Fernando I, abdicou a favor do seu sobrinho Francisco José, mais democrático.

Os Húngaros, então sob o domínio austríco, conseguiram uma nova Constituição, que lhes foi retirada no ano seguinte. Motins na Alemanha e manifestações na Grã-Bretanha tiveram efeitos pouco duradouros, mas os Dinamarqueses obtiveram uma nova Constituição e alguns povos balcânicos conseguiram concessões de curta duração dos seus governantes turcos.