GUIDAGE

Há mais de vinte anos, antes da independência da Guiné

O "inferno" de Guidage

Os militares portugueses viveram sobre a síndome de Bien-Dien-Phu há mais de 20 anos, em Guidage, na Guiné-Bissau, num cerco de mais de um mês, que causou cerca de 100 mortos.

O "inferno" de Guidage como lhe chamaram militares portugueses, é aqui, pela primeira vez, contado pelos dois lados: o português e o do PAIGC. Um exclusivo Público-Lusa.

Texto: Francisco de Vasconcelos

Foi uma das maiores operações de guerra da Guiné: em movimentação castrense no terreno de combate (mais de 1 300 combatentes), em número de mortos (cerca de 100) e na capacidade táctica da guerrilha. Pela primeira vez, o PAIGC conseguiu tornar efectivo impedindo os reabastecimentos e evacuações - um cerco prolongado a um aquartelamento. Por um triz, a tomada do quartel não aconteceu. A resistência da tropa portuguesa é hoje enaltecida pelo combatente IN (designação para inimigo). A agência Lusa, recolheu pela primeira vez, depoimentos dos dois lados: o português e do PAIGC.

Numa operação que se prolongou por mais de um mês - poderá ter envolvido, no total, cerca de 1 300 homens -, o quartel de Guidage, situado junto à fronteira com o Senegal. aguentou-se, no entanto, com um valor que é hoje reconhecido por guineenses e portugueses.

O PAIGC envolveu na operação de Guidage cerca de 700 homens, ou seja, quase um quinto das suas forças no Norte (cerca de 3 500 a 4 000 homens) e "seguramente mais de metade" das suas tropas operacionais (de intervenção), disse à Lusa Manuel dos Santos ("Manecas"), seu antigo responsável militar.