[PEGN] Criatividade na economia

Data de postagem: 12/03/2012 22:51:57

Conversa de Empreendedor / Edição 268 - Maio/2011

Criatividade na economia

Os artigos mais cobiçados pelo mercado atualmente estão relacionados a fatores muitas vezes intangíveis, como a imaginação. sai na frente quem se arrisca a criar negócios em áreas pouco exploradas

Laura Pansarella*

  arquivo pessoal

O americano Andy Warhol foi inovador em muitos aspectos. Costumava se apresentar como um business artist e popularizou o culto à arte numa época em que o tema ficava restrito a um circuito elitizado. “Ganhar dinheiro é uma arte, trabalhar é uma arte e fazer bons negócios é a maior de todas as artes”, já dizia o pai da pop art.

Descobrir como fazer bons negócios em áreas pouco exploradas é mesmo um dom. E um dos mais valorizados nos dias de hoje. Esse capital intelectual é a mola propulsora da chamada economia criativa — expressão cunhada pelo jornalista inglês John Howkins, especialista em negócios. Indústrias criativas são aquelas que utilizam o talento individual e a criatividade como insumo para suas produções. É o caso de áreas como design, games, eventos culturais, web, música e cinema, entre outras. Quando comercializados, esses conteúdos geram renda e empregos. Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, a “cadeia criativa” já representa quase 17% do PIB do estado fluminense. É um número impressionante, que pode aumentar ainda mais: a criatividade é um recurso inesgotável.

Revista PEGN

Há ótimos exemplos do bom emprego dessa nova visão estratégica. Na Inglaterra, o ex-primeiro ministro Tony Blair tratou a economia criativa como prioridade para alavancar o crescimento do país. Uma de suas providências foi montar uma força-tarefa para promover setores esquecidos da economia, como publicidade e arquitetura. A estética, aliás, é uma vertente propícia para a inovação. Em 1992, as melhorias de infraestrutura em Barcelona — que incluíram a criação de uma aldeia olímpica — renderam à cidade o reconhecimento por seu valor cultural. No Brasil, país anfitrião da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, a demanda por bens e serviços culturais só deve aumentar. Turistas querem entrar em contato com a identidade nacional.

INOVAÇÃO NO PIB > Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, a “cadeia criativa” já representa quase 17% do PIB do estado fluminense. O número deve aumentar ainda mais: a criatividade é um recurso inesgotável

Como se preparar para abrir um bom negócio? Primeiramente, dando atenção ao design e à tradição cultural do país. A empresa de Luiz Eduardo Indio da Costa, um dos mais prestigiados arquitetos brasileiros, costuma prestar consultoria para indústrias como a GE e a Melhoramentos — as duas companhias estão atentas para o fato de que um design diferenciado atrai mais clientes. Em segundo lugar, vale lembrar que os negócios criativos bem-sucedidos geralmente associam três talentos: criatividade, tecnologia e gestão. Ou seja, os esforços dos criadores devem ser acompanhados por administração profissional e pela expertise em tecnologia, fundamental para aumentar a produção.

ONGs e entidades voltadas ao empreendedorismo, como a Endeavor e o Sebrae, promovem capacitações gratuitas para qualquer pessoa interessada em profissionalizar a gestão de um negócio. E incubadoras como o Rio Criativo e o Porto Digital selecionam alguns empreendimentos para dar suporte. Em relação aos fomentos governamentais, uma boa notícia: a ministra Ana de Hollanda criou a secretaria de Economia Criativa, dentro do Ministério da Cultura. Em breve devem surgir os primeiros incentivos públicos. Mas não precisamos esperar sentados. Já dá para fazer a nossa parte!

*Laura Pansarella é gestora de cultura empreendedora do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getulio Vargas (FGVcenn) e pesquisadora do tema economia criativa.

e-mail: laura.pansarella@fgv.br

link: http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI231205-17162,00-CRIATIVIDADE+NA+ECONOMIA.html