Falta de escolaridade marca "nova pobreza"
Data de postagem: 13/12/2010 14:40:14
> Folha de São Paulo, 12/12/2010 - São Paulo SP
Falta de escolaridade marca "nova pobreza"
Classe E acha menos chance de emprego
DE SÃO PAULO
Com a economia mais sofisticada, inclusive em termos tecnológicos, consolida-se no Brasil o conceito de "nova pobreza", diz Haroldo Torres, diretor da consultoria Plano CDE. De acordo com o economista e demógrafo, fazem parte desse grupo pessoas de baixa escolaridade -geralmente da classe E, mas que também podem estar na classe D- que enfrentam cada vez mais dificuldade para encontrar um emprego formal. "Com o desenvolvimento da economia, que inclui avanços tecnológicos, tem aumentado a exigência dos empregadores", diz Torres. "Hoje,
para uma vaga de operador de trator ou de caixa de supermercado, as empresas têm exigido ensino médio", afirma.
PROGRAMAS SOCIAIS - Torres ressalta ainda que a "nova pobreza" é cada vez mais dependente de programas sociais para sobreviver. Ele destaca, no entanto, que essas iniciativas não têm por meta promover a ascensão entre classes: são programas para que a situação das pessoas atendidas não piore. "O que muitos programas sociais fazem é incentivar a mobilidade das novas gerações, exigindo, por
exemplo, que os filhos das famílias estejam na escola." Sérgio Mendonça, economista do Dieese, diz que é difícil que pessoas dos grupos mais pobres -especialmente da classe E- sejam amplamente inseridas em programas de qualificação profissional, mesmo que sejam gratuitos. "A barreira educacional é realmente um desafio. Imagine a dificuldade de fazer com que uma pessoa de 50 anos, analfabeta, aprenda informática. É mais factível que a mobilidade de classe no Brasil continue sendo de uma geração para outra", afirma Mendonça. (CM)