Anselmo
Roscelino foi condenado pelo Concílio de Soissons em 1093 e foi enviado à França. Acredita-se que ele tenha chegado à Inglaterra, no tempo da influência dos normandos. Na época de sua chegada veio também seu grande oponente, Santo Anselmo. Roscelino veio como fugitivo, evitando sua terra natal para salvar sua vida – Anselmo para pôr em sua cabeça a mitra de Arcebispo de Cantuária. Anselmo era por natureza o melhor filósofo; mas a inclinação da sua mente foi questionado pela necessidade de ser um bispo ortodoxo. Ele era um metafísico profundo, ensaiando grandemente as mais exaltadas questões, mas ele se recolheu antes das conclusões a que a sua filosofia poderia levá-lo. Ele fez da razão uma serva da fé, mas quando a razão perguntava qual o limite da fé, Anselmo verificava a inquirição. A crença deveria estar de acordo com a razão e a razão com a crença. Apenas sob essa condição é possível a filosofia na igreja. Mas a filosofia de Anselmo era a filosofia de Erígena apenas restringida pelos dogmas da igreja, onde quer que esses dogmas parecessem em oposição à ela. Em seu “Diálogo com a verdade”, diz M. Rousselot, “ele busca o abismo metafísico; no qual a verdade, em si mesma, leva de volta tudo à unidade. Essa unidade é, para ele, realidade. A verdade é o que é, e tudo o que é, é bom. Então o bem e a verdade são idênticos e a forma apenas uma e a mesma coisa, onde quer que se siga, é o ponto ontológico da visão, o mal não é, é apenas uma negação. Ele existe apenas nos atos do homem e na consequência da liberdade humana. A verdade ou o que é verdadeiro é ser, então os seres ou os indivíduos são partes do ser, como verdades particulares são partes da verdade.”
O argumento ontológico para o ser de Deus, como descrito por Anselmo, pode apenas ser entendido por sua conexão com a sua filosofia. “É impossível”, ele diz, “pensar que Deus não existe, porque Deus é, quando definido, como um ser com o qual não se pode encontrar nada superior. Agora, eu posso conceber um ser cuja existência é impossível de ser desacreditada; e esse ser é evidentemente superior a um cuja não-existência eu sou capaz de imaginar. No entanto, se nós admitirmos a possibilidade de supor que Deus não existe, deve haver um ser superior a Deus – o que é dizer, um ser superior ao qual ninguém pode conceber um maior, o que é um absurdo.” Não pode haver uma questão sobre a conclusão desse argumento. Isso é uma demonstração absoluta do ser de Deus. Mas que Deus? O Deus da ontologia; Aquele de Parmênides – ser infinito. Platão, como nós temos visto, salvou sua teologia de ser puramente dialética de Deus, através da adição da “mente” e do “Demiurgo”. Anselmo, através da adição da fé da igreja católica.
(Livre tradução do livro Pantheism and Christianity de John Hunt, 1884 . Capítulo VIII . Escolástica . Anselmo)