Sócrates ansiou estabelecer uma fundação moral da verdade. Ele achou-a na razãoabsoluta. Pela mesma razão, Platão achou uma base para a verdade do nossoconhecimento da realidade do ser. Ela vem, não pelos sentidos, mas pelointercurso da nossa razão com o divino. Não pode haver ciência derivada dapercepção dos sentidos. Eles não podem captar o que isso é. Eles não vão nuncaalém do fenomenal. Todos os intercursos dos sentidos vão com o aparente. Mas amente tem reminiscências do seu conhecimento primeiro. Através agora da prisãodo corpo, ela tem sua morada no seio do Eterno. Ela lembra da verdade quesoubemos quando estivemos face a face com a existência real. A verdade pertenceà mente. Pensamentos são verdades. Para limitar a realidade da existência aoUm, Parmênides delegou ao muitos e Heráclito delegou tanto ao Um quanto aomuitos (…). Mas Platão viu no Um o pensador e no muitos, seus pensamentos. Equem poderia fazer separação entre a mente e seus pensamentos? Ambos são um.Ambos são realidades e além do mais, nós colocamos existência real tanto no Umquanto no muitos. Objetos dos sentidos possuem uma existência, tanto é queparticipam nas ideias. Então, homem, casa, mesa existem, mas apenas porquehomem, casa, mesa são existências reais. Nossas concepções se tornampercepções. O múltiplo tem, então, uma existência dupla. Uma, nas nossas ideiase outra no fenomenal. A última é o mundo dos sentidos – o que os homens chamamde material e o que o vulgar supõe seja a realidade. Mas a sua existência éapenas emprestada. É uma sombra – uma cópia do que é real; as realidades são asideias, os arquétipos. O múltiplo, então, é, uma vez, a semelhança do ser.
Masessas ideias são idênticas a Deus ou distintas de Deus? Platão responde, àsvezes, que elas são idênticas e, outras vezes, que elas são distintas de Deus.Isso repousa na raiz da teologia de Platão e leva a uma incerteza quanto a seDeus é um ser que é meramente abstrato no seu sistema ou uma divindadecriativa. Num caso, as ideias são do ser de Deus; em outro, das ideias. Masonde está o mundo fenomenal? As ideias criaram o fenomenal ou ele é eterno?Quando Deus fez o mundo, ele o fez de um padrão ideal, mas de onde ele imprimiua ideia? Aqui Platão coloca a eternidade com o que é não-existência,(...) Essasombria semelhança do ser existiu. Foi como a ideia tomou forma e corpo edepois se revelou um nada. Ela tem a capacidade de receber qualquer variedadede formas, mesmo indeterminadas, sem-forma e invisíveis. Ela recebe e preservao ser, apenas como forma ideal. O universo visível é o resultado das ideias comoesse substrato da não-existência. A mente universal é Deus. Ele é a maior dasnossas ideias e a busca de todo pensamento e conhecimento. Ele é “o bom”. Nessaideia suprema, todas as ideias tem os seus níveis e o seu centro. Entre o mesmoexaltado além da divisão, além do percebedor e do percebido, além do sujeito edo objeto, do ideal e do real, são todos um.
Retornandoà fé socrática na capacidade da mente de saber a verdade e aplicando isso ànatureza da essência, Platão, na verdade, retornou ao nível da Escola Eleáticae, seguindo seu método, ele chegou à realidade absoluta do mesmo modo queXenophanes, Parmênides e Zeno tinham feito antes dele. O Deus da razão tinhasido absoluto. Deus deve ser isso e Platão retrocedeu ao inamovível da deidadedos eleáticos. Deus é isso, mas é alguma coisa a mais, mesmo se parecerinconsistente com isso. Ele é movível, ele é inteligente, ele é mente, o rei domundo, o pai do universo, Deus, que de acordo com a razão deve ser inteiramentediferente do homem, deve ter, ao mesmo tempo, atributos correspondentes aos doshomens.