Para entender totalmente o desenvolvimento do sentimento teológico entre os gregos,é necessário registrar Anaxágoras, o grande pai de todas as teologiasanti-panteísticas. O que os homens estão dizendo, hoje em dia, contra opanteísmo, foi dito com igual força por Anaxágoras e as partes mais vulneráveisda sua teologia são ainda defendidas pelos doutores da igreja como formadefendidas por esse velho grego. Ele não era um metafísico, mas um homem queacreditava nos seus sentidos e nunca tinha feito inquirições suficientes nanatureza da razão para ser acometido por questões que tornaram perplexos Zeno eParmênides. Porque ele deveria duvidar da realidade ou do mundo visível? Nãoestava tudo diante dos seus olhos? E por que ele deveria supor qualquer relaçãoescondida entre a mente e a matéria? Não era a mente o princípio ativo e amatéria, a realidade passiva? Por que algum elemento material seria o primeiroser e não a mente que estivesse regulando seu poder sob a matéria? Deus é mentee a matéria é alguma coisa arranjada por ele. Que teologia pode ser maissimples? No caminho de Anaxágoras não há questões de co-existência de ummaterial finito e um infinito imaterial. Não concerne a ele, especulações aosatributos do tempo e do espaço. Porque deve um ser infinito diferir de umfinito, exceto pelo fato de ser maior e por que, de outro modo, deve uma menteinfinita ser diferente de uma mente finita? Deus fez o mundo como o homem fezuma máquina. Ele deu leis a isso e deixou as operações às leis, interferindoapenas quando necessita reparo. Na sua habitação, nas fronteiras do universo,ele contemplou o artefato e foi apresentado a ele como um homem é apresentadoaos objetos que ele percebe pelos seus sentidos. Comparado com outros filósofosda escola Jônica, Aristóteles disse: “o filósofo de Clazomenae é como um homemsóbrio. Sócrates no entanto, não o estimava tanto assim. “Tendo um tempo, umdia” diz o filósofo, “leia um livro de Anaxágoras, que disse que a mente divinafoi a causa de todas as coisas e desenhou todas as coisas em seus própriosníveis e classes, eu fui arrebatado de prazer. Eu percebi que nada é mais certodo que esse princípio de que a mente é a causa de todas as coisas.” Sócratesconseguiu os livros de Anaxágoras e começou a lê-los avidamente, mas ele parouquando viu suas esperanças desapontadas. “ O autor”, diz ele, “não faz uso damente divina, mas coloca que a ordem e a beleza que permeiam o mundo são feitospor essa mente divina, o ar, o vento e outros agentes da natureza.”
Aristóteles,também, em um estudo foi menos encorajador a respeito de Anaxágoras e corrigiusuas próprias visões, ficando próximo de Parmênides. Em tempos que vieramdepois, a teologia de Anaxágoras desenvolveu-se nas escolas de Demócrito eEpicuro, que dispensaram a hipótese de mundo fazedor ou deixaram-na descansarna sua casa distante, repousando no silêncio em dignidade e poupando o mundo dasua interferência.