A escola eleática tentou terminar o dualismo entre o permanente e a mudança,dando realidade à mudança. Mas o fenomenal continua como dado pela experiênciados sentidos. Ainda há o Um e o muitos. A unidade da razão e multiplicidade dosenso. Heráclito reconcilia os dois e mostra como ambos existem num perfeitomonismo, o um no muitos e o muitos no um; sendo verdade nem o um nem o muitos,mas a união – o fluxo e o refluxo – o que está por vir. A doutrina de Heráclitogeralmente é dita como obscura. Cudworth chama-o de um “filósofo confuso” eSócrates, com ironia gentil, diz do seu livro concernente à natureza que o queele entendeu dele é excelente e o que ele não tem dúvida que não entendeu, éigualmente bom. Trazendo-o como vindo depois de Parmênides e colocando-o com osmesmos problemas da Escola Eleática, nós podemos perguntar a ele a questão: “Oque é o universo?” “É ser ou não-ser?” e as respostas: “Não é nenhum dos dois,porque é ambos.” Tudo é e tudo não é; enquanto vem no ser, ainda, em seguida,cessa de ser. Da mesma onda, nós descendemos e logo não é a mesma onda. Nóssomos e, ao mesmo tempo, não somos. Nós não podemos descender duas vezes namesma onda, porque ela está sempre espalhando e coletando ela mesma de novo ouainda, ao mesmo tempo, ela está fluindo para nós e fluindo de nós. A realidadedo ser não é um regaço eterno, mas sim, uma mudança sem cessar. Heráclito nãodesfez-se dos sentidos, como os eleáticos, ele os trouxe para as buscas doconhecimento, levando-nos a experimentar os canais da inteligência universal etornando-nos participantes da razão comum. Nós chegamos na verdade, emproporção do que nós participamos da razão. O que quer que seja particular comooposto do que é falso. “Inalando através do fôlego universal, que é a razãouniversal, nós nos tornamos cônscios. No dormir nós estamos inconscientes, masdespertos, nós nos tornamos de novo, inteligentes, enquanto que no dormir,quando os órgãos dos sentidos estão fechados, a mente é levada de todos as assuas simpatias com o que a circunda, a razão universal e a única conexão é ofôlego, como seja, uma raiz. Por essa separação a mente perde o poder derecoleção. Contudo, ao despertar, a mente recoloca sua memória através dossentidos como se resume sua inteligência. Como combustível quando levado juntoao fogo, é alterado e se torna inflamável, mas sendo removido de novo, seextingue assim como a porção do todo que viaja pelo nosso corpo, torna-se maisirracional quando separado dele, mas na restauração dessa conexão, através demuitos poros e enseadas, torna-se de novo similar ao todo.”
Essadoutrina como foi anunciada aqui, pode ser contrastada como o eleatismo queacha certeza apenas na razão pura, enquanto Heráclito encontra os sentidos paraserem meios de comunicação entre a mente e a razão universal; ainda depois docontraste, a doutrina da unidade no ser é a mesma. Com um, a realidade épermanente, com o outro, está por vir. Em ambos os casos, o Um é o todo.Heráclito foi originalmente da escola iônica mas alguns dizem-no discípulo deXenophanes. Aristóteles diz que ele botou fogo no primeiro princípio do mesmomodo que Tales jogou água e Anaximenes, ar. “O universo” diz Heráclito, “semprefoi, é e sempre será um fogo vivo, inalterável e, ao mesmo tempo, em conjuntocom o poder do pensamento e do conhecimento.” A relação entre fogo e o que setornará, nós não sabemos e podemos apenas conjecturar. Esteve Heráclito naPérsia? Foi ele um operário do fogo? Ele aprendeu de Ormuzd, a fonte da luz – otodo do elemento que abarca todas as coisas num fluxo? E chamou ele, como ospersas, com uma indiferencial diferença, o símbolo do primeiro princípio dacriação e de novo, o princípio ele mesmo? Por esse fogo, Heráclito ilustra aeterna transformação e a transposição do que vem a ser. Ele faz o substrato domovimento, a origem e a energia da existência. Na luta da luz e da escuridão, ouniverso desperta. “Luta” ele diz “que é a parente de todas as coisas” “ O umseparando ele mesmo dele mesmo, uni-se a ele mesmo e de novo.” Em outro lugar,ele diz: Unir o todo e o não-todo, o complementar e o não-complementar, oharmonioso e o discordante e então, nós teremos o um vindo do todo e o todovindo do um.”