Johannes Tauler
A sucessão mística foi continuada em Colônia por Johannes Tauler, um monge da Ordem Dominicana. Tauler era um dos grandes favoritos dos reformadores alemães. Lutero e Melâncton sempre falam dele. Seus sermões e discursos religiosos eram devotados primordialmente aos pontos mais caros de todos os místicos – Deus em seu ser; nossa origem nele e dele, e nosso retorno a ele de novo. Suas palavras tem o clamor que era condenado como especulação, mas isto é exigido por ele, assim como por Ruysbroek, que a união com Deus do qual ele fala menos em termos religiosos e morais do que como Um mesmo em essência; ainda que Eckart tenha sido um grande especulador; “rareando um sistema que, como o domo da Catedral da cidade em que ele vivia, uma torre como um gigante, ou como um Titã assaltando o Céu”, Tauler era mais um homem de sentimento, expressando os mais profundos sentimentos de uma alma em superabundância. Pode existir verdade nessa distinção, mas há também um clamor, por outro lado, de que a diferença é menos nas doutrinas do que no caráter mental dos homens, que compartilhavam as mesmas doutrinas em diferentes formas. “Divinamente os homens”, diz Tauler, “são chamados como Deus, para vidas em Deus, formas, ordenações e trabalhos nele, em todos os seus trabalhos; e semeados, como se diz, usar ele mesmo neles.” Aqui temos a imanência de Deus no homem. A vida humana é a vida de Deus, porque Deus vive no homem Ele existe na alma humana, porque ele usa a si mesmo lá. Isto, no entanto, é dito apenas do divino, e deve ser entendido com esta limitação. Outras passagens ilustram as vantagens da aniquilação de si mesmo na qual Deus se torna tudo. “O nada criado” diz Tauler, “aprofunda-se no não-criado, no incompreensível, no não-dito. Incluído nisto, é verdade o que é dito no Salmo, ‘Profundo chama profundo’, porque a profundidade não-criada chama a profundidade do criado e essas duas profundidades se tornam inteiramente uma. Há o espírito criado perdido em si mesmo no Espírito de Deus – sim, é lançado no seio do mar da Cabeça de Deus” “Deus”, ele diz de novo, “é um espírito e nosso espírito não criado deve ser unido e perdido no não-criado, até quando ele não existia em Deus antes da criação. Todo momento no qual a alma reentra em Deus, uma completa restauração toma lugar. Se isto for feito mil vezes num dia, há uma verdadeira regeneração em cada vez. Como o salmista dissera, “Nesse dia é criado então”.
Isto é quando a maior parte do espírito está inserida e dissolvida na maior parte da natureza divina; e então é renovada e transformada. Deus então põe ele mesmo no nosso espirito, como os raios do sol em sua luz material irradiam o ar com o brilho do sol, assim também nenhum olho pode dizer a diferença entre o brilho do sol e do ar. Se a união do sol e do ar não pode ser distinguida, menos ainda a união divina do espírito não-criado. Nosso espírito é recebido e espalhado em clamor no abismo da sua busca. Então o espírito transcende em si mesmo e todos os seus poderes e é aprofundada mais e mais na escuridão divina, como uma águia no sol.” “Deixemos o homem simplesmente juntar a si mesmo a Deus; não perguntemos nada, não desejemos nada, amemos e isto significa apenas Deus – sim, apenas um Deus desconhecido. Deixemos ele amar tudo em seus pensamentos e cuidados e seus pecados, também, assim como também sua Vontade desconhecida. Alguém pode perguntar o que permanece depois que o homem se perde em Deus? Eu respondo nada, mas uma fatal aniquilação de si mesmo; uma absoluta ignorância de toda referência, em si mesma, pessoalmente; de todo o desígnio dele mesmo, com sua vontade e coração, em proposição ou em uso. Para ele, esse em si mesmo, aprofundamento nele – sim, e se torna absolutamente nada – ele poderia fazer tudo isto alegremente. Oh, querida criança! No âmago de toda essa eminência e perigos, aprofunda-se num grau de nada e deixemos a torre com a qual tudo isto sinaliza – sim, deixemos todos os demônios no inferno da tempestade contra ele. Deixemos o Céu e a Terra e todas as suas criaturas; e ele irá maravilhosamente servir. Aprofundado apenas no nada, a melhor parte virá.”
Tauler fala desse grau da alma na qual ela é inseparável da essência divina e na qual o homem está em graça como Deus está em natureza. Ele cita Proclo, como dizendo, “que enquanto o homem for importunado por imagens que estão encima e ao redor dele, ele não pode possivelmente retornar à essa experiência e essência.” “Se”, ele diz, “souber por experiência o que é verdadeiramente esse grau é, com um olho intelectual apenas. Mas como vem mais próximos, esses olhos intelectuais se tornam olhos intelectuais na forma certa, até que o intelecto é deixado de lado e, se torna um com o Um – o que é, unido, a si mesmo, com a Unidade. Essa Unidade, Proclo chama de “a calma, silenciosa, cochilando incompreensivelmente na escuridão divina.” Pensando nisto, amando o Senhor, o homem que deve entender tudo, tão próximo e tão longe, nós temos que estar atrás, o que pode nos cobrir de vergonha. Por isso, Nosso Senhor Jesus Cristo testifica, quando diz, “o reinado de Deus está entre nós, “- o que é, esse reinado nascido no mais alto grau de tudo, aparte de todos os poderes da mente e que a mente pode acompanhar. Nesse grau eterno, o Pai Celeste dá seu único Filho, uma centena de vezes mais rápida do que num instante, de acordo com nossa apreensão, mesmo numa nova luz de eternidade, na glória e no brilho imutável dele mesmo. Ele, que experimentaria o maior de si mesmo, dentro dele, vai além e todo o trabalho para fora e para dentro, poderes e imaginação – de onde tudo comete para fora, o aprofundamento vem e dissolve ele mesmo nesse grau. Então vem o poder do Pai e chama o homem, através do seu Filho único e o Filho nasce do Pai, e retorna ao Pai, e um tal homem nasce com o Filho, com o Pai e volta com o Filho, no Pai de novo e se torna um com ambos.”
Dr. Ulmann diz que Tauler, no que diz respeito à sua doutrina, permanecia, aparentemente, nos limites estabelecidos pela igreja; e pensava que a oposição eclesiástica contra ele, era menos pelo que ele ensinava, mas por causa do seu pietismo e do seu zelo contra os pecados do clero.
Livre tradução do livro Pantheism and Christianity de John Hunt . 1884 . Capítulo X . Místicos . Johannes Tauler