Capítulo X - Místicos
Místicos
Pela denominação principal de místicos, nós devemos classificar muitos nomes que têm sido dispostos desse modo. Toda religião é mais ou menos mística, isto quer dizer, uma intuição interior, um divino sentimento na alma. Os brâmanes, os budistas, os alexandrinos, judeus, pagãos e cristãos todos foram místicos. Em alguns, esse espírito foi tão largamente desenvolvido que eles foram chamados preeminentemente místicos. Foi desse modo com Plotinus e São Dionísio; seu sucessor, Maximus e seus discípulos medievais. Todo grande movimento religioso tem sido conectado direta ou indiretamente com alguns místicos ou algumas manifestações incomuns do espírito místico.
Os mais importantes dos místicos modernos que têm sido chamados de panteístas, foram os da Alemanha. Dr. Ullmann traça sua origem nas sociedades dos beghards, beguines e do Sopro do Espírito Livre. Se isso estiver correto, e não parece existir nenhuma razão para duvidar disso, nós temos todas as ligações da sucessão estabelecidas desde Dionísio e os primeiros místicos através de John Scotus Erigena na Reforma. “A base das suas doutrinas (os beghards) diz Dr. Ullmann, “foi o panteísmo místico, como foi encontrado principalmente entre os do Sopro do Espírito Livre.”
Visto que, embora no todo da Idade Média, não foi o principal objeto de interesse a natureza, mas mais predominantemente o homem, a contemplação foi diretamente menos ao ser divino no universo geral e, sim, quase que exclusivamente a Deus na humanidade, o primeiro aduziu meramente como uma consequência ou suplemento do último. A grande questão era Deus na mente ou a consciência do homem. Portanto, o panteísmo desses grupos não era materialista, mas idealista. As criaturas, como eles supunham, são, em si mesmas, uma pura nulidade. Deus sozinho é o verdadeiro ser; a real substância de todas as coisas. Deus, no entanto, é principalmente presente onde há mente e consequentemente no homem. Na alma humana há uma não criada e eterna coisa, nomeadamente, o intelecto; que é, o divino princípio no homem, com o qual em semelhança, ele é um com Deus. Ainda, no extremo puramente de sua existência, ele é Deus em si mesmo, e isso pode ser dito, que tudo que pertence à natureza divina, pertence em semelhança e, num modo perfeito, a um homem bom e correto. Tal homem trabalha como trabalha Deus. Com Deus ele criou os Céus e a Terra, e com Deus ele criara a palavra eterna; e Deus sem ele, não pode fazer nada. Tal homem era Cristo. Em Cristo, como um ser tanto de natureza divina, como de natureza humana, não havia nada peculiar ou singular. Ao contrário, o que as Escrituras afirmam dele é semelhante e perfeitamente verdadeiro de qualquer homem correto e bom. As mesmas coisas divinas que o Pai deu ao Filho, ele deu também a nós; para o homem bom ele é o único criado do Filho de Deus, aquele que o Pai tem criado de toda eternidade. O homem torna-se como Cristo quando faz tudo conforme todos os respeitos à vontade de Deus, quando prevê todas as coisas e, renunciando a todos os desejos, vontades e aspirações humanas, ele tão completamente margeia a si mesmo nele, e dá a si mesmo elevado a ele, o ser divino, como totalmente transformado e transubstanciado em Deus, como o pão no sacramento do corpo de Cristo. Para o homem que, unido a Deus, ou para falar mais propriamente, que coletou novamente sua unidade primordial, todas as diferenças e contrariedades da vida foram embora. Em qualquer coisa que ele faça, embora outros possam ver pecado e maldade, ele está feliz e é bom. A propriedade essencial da natureza divina exclui todas as diferenças. Deus não é bom nem mal. Chamá-lo de bom, seria o mesmo que chamar branco de preto. Sua glória é igualmente revelada em todas as coisas; sim, até nas coisas más, dignas da culpa ou penalidade. Portanto, se isso for da sua vontade, nós iremos pecar, qualquer que seja o pecado, nós não devemos querer desejar cometê-lo e estar sensível disso é o único verdadeiro arrependimento. Mas a vontade de Deus é manifesta pela disposição que o homem sente a partir de uma ação particular. Por isso, embora ele possa ter cometido mil pecados mortais, ainda supondo que tenha se livrado deles, ele deve não querer cometê-los. Nem, falando estritamente, Deus tem prazer em atos externos. Nenhum ato é bom ou do bem; e nesse tal ato nenhuma influência é exercida por Deus; mas tudo depende da união da mente com ele. Sendo esse o caso, o homem não deve desejar ou orar por alguma coisa, salvo o que Deus ordenar. Quem quer que ore a Deus por uma graça particular, ora por uma coisa errada, de um modo errado; ele ora por uma coisa contrária à natureza de Deus. Por essa razão, um homem deve bem considerar, qual desejo ele quer receber de Deus porque nesse caso ele é seu inferior como um servo ou escravo; e Deus, dando essa coisa, seria alguma coisa fora dele. Mas isso não deve acontecer na vida eterna; lá nós reinaremos junto com ele. Deus é verdadeiramente glorificado, apenas naqueles que não se apegam à propriedade; honra ou benefícios; piedade ou sacralidade; recompensa, ou o reino dos Céus; mas naqueles que têm renunciado totalmente a todas essas coisas.”
Isso diz respeito à doutrina dos beghards e tem a desvantagem de vir de inimigos, pelos quais tem sido exagerado e, quem sabe, vindo com o sentido pervertido. A prova final disso é a bula do Papa João XXII, pela qual os beghards foram condenados. Dr. Ulmann tem usado os termos com os quais as proposições descritas por eles foram colocadas admitindo sua correção geral, ainda que considerando o fato de que existe diferença entre uma doutrina em si mesmo e a representação dela por um inimigo. Mas, mesmo tendo extravagâncias nos ensinamentos dos beghards ou apenas tendo essas extravagâncias nas representações papais, isso não nos diz muito respeito.
Nós podemos ver nesses assuntos gerais o reaparecimento de doutrinas que nós encontramos já, travestidas em linguagem mais moderada e numa forma mais interessante. Ruysbroek, ele mesmo um místico, deu a descrição dos beghards, que correspondia geralmente com a bula papal. Ele os dividia em quatro classes, descrevendo uma peculiar forma de heresia para cada uma, enquanto acusa todas do erro fundamental de fazer Deus uma unidade da natureza e não de graça. O homem bom, ele admitia é unido a Deus, não, no entanto, em virtude da sua essência, mas pelo processo de recriação e regeneração. A primeira classe ele chama de hereges contra o Divino Espírito Santo, porque eles clamam uma perfeita identidade com o Absoluto, que repousa nele mesmo e sem ato ou operação. Eles dizem que eles mesmos são de divina essência, acima das pessoas da cabeça de Deus e nesse estado absoluto de repouso, se eles estão, eles não existem; visto que como a cabeça de Deus, em si mesmo, não age, o Divino Espírito Santo sendo o único poder operativo nele. A segunda classe são os hereges contra o Pai, porque eles se colocam simplesmente e diretamente com uma equidade com Deus; contemplando e diretamente com uma a divindade, e sendo o eu como inteiramente um com a divindade, e sendo eles mesmos pela natureza de Deus, eles vieram à existência por sua própria vontade livre. “Se não quisesse” um deles diz, “nem eu, nem nenhuma criatura nunca teria existido. Deus sabe minhas vontades e não pode fazer nada comigo; Céu e Terra sob minha cabeça. A glória dada a Deus é também paga a mim, porque eu sou por natureza, essencialmente Deus. Não há pessoas em Deus. Mas apenas um Deus existe e com ele eu sou o mesmo que ele é.“ A terceira classe eram os hereges contra Cristo, porque eles dizem que, em respeito da sua divindade, eles foram criados do Pai e, em respeito às suas humanidades, foram criados no tempo. O que Cristo era, eles foram; e quando ele foi elevado acima, eles foram elevados com ele. A quarta classe eram os hereges contra a igreja, porque eles recusavam não só todas as suas ordenanças, mas colocavam a si mesmos acima do conhecimento, contemplação e amor. Eles recusavam tanto o finito quanto o infinito; a vida presente e a eterna. Eles se colocavam acima entre si mesmos, mantendo que estavam acima de todas as coisas, acima de Deus e a cabeça de Deus, nem ação nem nada, nem o bem, nem o mal, bem-aventurança, nem perdição têm qualquer existência. Eles consideravam a si mesmos tão perdidos como começaram com o “Nada Absoluto” que eles acreditavam Deus ser. Dr. Ulmann, embora longe de simpatizar com os beghards, considera até a descrição de Ruysbroek como sendo parte apócrifa.
Livre Tradução do livro Pantheism and Christianity de John Hunt, 1884 – Capítulo X - Místicos
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