A trindade atanasiana
É uma grande questão entre os teólogos saber se os padres anteriores aos nicenes foram arianos ou atanasianos. A própria resposta seria que foram ambos. O mesmo escritor mantem ambas as opiniões sem aparente consciência de contradição. Mas a questão real era se eles eram monarquistas como Irineu e mantinham a unidade divina ou se, como como os filósofos e os teólogos filósofos eles introduziram a multiplicidade na cabeça de Deus. Noctus, Beryllus , Sabellius e Paulo de Samosata forma tão estritamente monarquistas que incorreram em heresia. Com eles, o Logos era simplesmente a eterna razão de Deus e a razão tornou-se encarnada em Jesus Cristo. Mas isso envolvia a negação da existência do Logos exceto como um atributo ou modo da divindade. A trindade era simplesmente Deus em três manifestações – Deus como Pai, como Filho e como Espírito Santo. Isso assegurava a perfeita igualdade como assegurava a completa identidade do Pai e do Filho.
Mas isso parecia ser uma negação da trindade e da doutrina, tanto que esses homens estavam sendo condenados pela maioria, que era, como eles se chamavam, a Igreja Católica. Isso era condenado também por Arius, um homem que tinha um pouco da filosofia da sua época e de seu país. Ele era um teólogo prático, anti-especulativo e do sendo comum, sem a remota presença do elemento panteísta, o verdadeiro discípulo de Anaxágoras que tinha ainda aparecido na igreja, aquele que Aristóteles teria dito: um homem soberbo. Ele distinguia categoricamente uma vez entre a substância de Deus e a da sua criação, bem como entre a substância do Pai e do Filho. Ele jogou fora de uma vez todas as teorias alexandrinas da criação eterna e da geração eterna. “Se”, ele arguia, “o Filho é gerado, a geração é um ato e isso implica um começo da existência.” Havia um tempo quando o Filho não estava, ele como outras coisas criadas é criado do nada e, assim, sua substância é diferente da de Deus.
A controvérsia ariana foi tomada com tal veemência e a história é usualmente escrita com tal prejuízo que é difícil para os estudantes de hoje em dia, penetrarem nos fatos para saber o real significado. Arius realmente queria defender a trindade. De acordo com Sócrates, o historiador Alexandre, bispo de Alexandria, em discurso ao seu clero, insistiu tão fortemente na unidade que parecia vergar na heresia de Sabellius. Arius chegou na borda do outro extremo e, virtualmente, fez do Logos um segundo e inferior Deus. A trindade, então, findou em três Deuses. Alexandre arguiu pela unidade divina, pela eternidade do Logos e sua identidade com o Pai. Seu argumento era de que Deus não poderia nunca estar sem sua razão. Embora o Filho seja gerado, não há aí um intervalo entre ele e o Pai. Essa geração ultrapassava o entendimento dos evangelistas e, quem sabe, também dos anjos. Arius disse: “Havia um tempo em que o Filho não estava.” Mas isso, Alexandre respondeu, “envolvia a existência do tempo.” Agora, o tempo foi criado pelo Logos. Ele veio à existência com o mundo, então o tempo suposto eu existia, deve ter existido entre ele, que estava colocando o efeito antes da causa. Se o tempo estava antes do Logos, ele não poderia ser o primeiro nascimento de toda criatura. O Pai deve ter sido sempre Pai e o Filho entre aquele que é o Pai deve ter existido sempre. “O esforço de Alexandre” diz Dorner, “foi o de estabelecer a mais próxima possível conexão entre a hispóstase do Filho e sua essência divina eterna. Para colocar esse pensamento, ele decididamente pôs a dualidade em Deus e se nós podemos julgar entre as imagens empregadas por ele, ele diz que o Logos do Pai foi objetivado no Filho. Suas imagens em si mesmas, nos advertiram para concluir que ele colocava o Pai como tendo razão e poder, não nele mesmo, mas no Filho e, consequentemente, o Filho foi o Pai em si mesmo numa determinada forma ou uma determinação ou atributo constituindo parte do conceito total de Pai. O Conselho de Alexandria, concorria na doutrina de Alexandre, adotando a ideia neo-platônica do tempo em reconciliação na Filiação de Cristo com sua eternidade.”
Os padres alexandrinos queriam estabelecer a unidade de Deus e, ao mesmo tempo, preservar a distinta existência do Filho. A tendência da filosofia de Platão era a de considerar todos os seres, divinos e humanos, espirituais e materiais, como de alguma forma sendo um ser, que, no senso humano, é a multiplicidade, a qual é uma de um modo transcendental. Os platônicos cristãos consideravam o mundo como um ato da criação e limitado à emanação das pessoas da trindade, compreendendo-se neles a identidade e a diferença do um e, ainda, mais do que um, o que os filósofos viam em todas as coisas. Os discípulos de Arius eram sempre poucos. O corpo numeroso estava sempre nos assim chamados semi-arianos que objetavam que a linguagem não escrita introduzida pelos arianos e suas frases filosóficas não eram achadas nas escrituras, que foi adotada pelos atanasianos. Esse grupo moderado ou de meio termo reconheceu que não havia diferença real entre arianos e atanasianos. A diferença foi criada por definir que as escrituras não definiam. Os hereges deixaram o caminho filosofando. Os maniqueus chamavam Cristo de uma “consubstanciação de parte de Deus.” Os sabelianos que faziam da trindade, três modos de Deus, por necessidade, fizeram esses modos consubstanciação. A palavra foi rejeitada pelo Conselho de Antioquia que condenou Paulo de Samosata, mas quando o Conselho de Nicéia quis condenar os arianos, eles tiveram que adotar o termo herege e declarar o Filho como sendo consubstanciado com o Pai. Se o Logos foi considerado como distinto de Deus, o Pai, subordinado, heterogêneo da substância parecia seguir como uma consequência necessária, mas os padres de Nicéia queriam reter ambos, distinção e consubstancialidade. A individualidade tinha sido designada pela hipóstase dos filósofos, mas para isso, havia algumas objeções, como, uma vez que a hipóstase foi equivalente ao ser ou substância e, nesse sentido, veio do arianismo. Isso tinha também o significado de um caráter assumido num jogo, mas isso veio do sabellianismo. Hipóstase veio a ser traduzida como pessoa, sendo que os atanasianos evitavam ambas as heresias ao aceitar que é uma contradição, tanto em palavras quanto em pensamentos, que a divindade é essencialmente um e, ainda assim, três e essa é uma confissão de que nem a unidade nem a pluralidade expressam Deus adequadamente. Como os padres alexandrinos diziam ele está acima da substancialidade e, apesar disso, acima da pessoalidade.
Atanásio combinou a unidade dos monarquistas com a multiplicidade daqueles que faziam de Deus uma trindade de indivíduos. Sua tendência era claramente a unidade na multiplicidade, ele fez uma interrupção entre Deus e a criação, porque a criatura caiu no pecado, que é um estado de depravação do ser verdadeiro; mas a criatura era para ser realizada. Foi pela palavra que o homem foi criado em primeiro lugar e é pela palavra que ele foi restaurado à sua filiação. Para fazer isso, a palavra não deve participar meramente da substância de Deus como alguma coisa alienígena, mas deve ser muito bem comunicada à substância divina. Se não propriamente o Filho de Deus, ele não poderia fazer filhos de Deus. O Filho concede a si mesmo a eles, habita neles e os faz um com ele, como ele é um com Deus. Um panteísmo parcial mora na raiz da trindade atanasiana; Deus tornando-se homem em Cristo, o que, por Cristo, deve fazer os homens serem divinos.
Livre tradução do livro Pantheism and Christianity de John Hunt, 1884 . Capitulo VI . a igreja . A trindade atanasiana