9. Orígenes

Orígenes

Orígenes foi discípulo de Clemente e veio com o seu mestre no desenvolvimento do neoplatonismo cristão. A Trindade com Orígenes é um processo eterno em Deus. No seu tempo, pela primeira vez foi colocada a questão da filiação eterna de Cristo; onde não havia maravilhas, porque era uma doutrina puramente alexandrina. Tertuliano fez da geração do Filho um ato divino, por isso, introduzindo a multiplicidade em Deus. Orígenes fez disso um ato eternamente completo e, ainda assim, eternamente em continuação. “O Filho não foi gerado uma vez para sempre, mas é continuamente gerado por Deus no hoje eterno.” O Pai é a Mônada, absolutamente indivisível e infinitamente exaltado acima de tudo o que é dividido ou multiplicado. Ele não é verdade, nem sabedoria, nem espírito, nem razão, mas infinitamente maior do que todas essas coisas. Ele não é ser, nem substância, mas é maior e é exaltado acima de todo ser e de toda substância. Ele é originalmente inefável e incompreensível o Um, o Absoluto. Toda verdade, bondade e poder são derivados dele, mas nenhum atributo pode descrevê-lo adequadamente. Nós não podemos atribuir a ele vontade ou sabedoria sem também descrevê-lo com imperfeição. A Mônada super-essencial está acima de todas as qualidades. O Filho é ser, energia, alma. Orígenes queria fazer do Filho uma igualdade com o Pai, mas sua filosofia implica em que ele seja inferior ao Pai, tocando na cabeça de Deus. O Filho está relacionado ao mundo múltiplo. Ele não pode ser diretamente alçado em Deus, o Pai por causa da unidade e da imutabilidade do Pai. Como diria Aristóteles, o Pai é inamovível e o Filho movível; apenas o Filho não está fora de Deus, mas em Deus; e é em Deus que ele pôde ser o meio pelo qual o mundo em volta de Deus foi transformado em divino, porque não podemos conceber o mundo existente independentemente da unidade. Necessariamente conectado com a geração eterna do Filho é a eterna geração do mundo, porque o Filho, em seu ideal, é a eterna unidade. Ele é o princípio do mundo, que conecta junto o universo dos indivíduos em todas as suas divergências um com o outro. Ele é a substância permeável do mundo, seu coração e sua razão, presente em todo homem e no mundo todo. O Filho é a verdade, a vida, a ressurreição de todas as criaturas; o Um que está na base da multiplicidade, tendo objetivamente diferentes modos de existência para diferentes seres, sem, no entanto, deixar de ser um Logos. A raça humana consiste nessas almas que pelo pecado caiu da união com o Filho. Ele não poderia esquecê-los e, para restaurá-los, ele se tornou encarnado. Sua alma e a nossa pré-existiam em conjunto e como o Logos veio pelo homem Jesus e uniu-se a ele em si mesmo, permitiu ao Logos possuir nossas almas e restaurá-las para si mesmo e para Deus. Orígenes rivaliza com Philo Judaeus com as suas subjetivas interpretações das sagradas escrituras. O “começo” no evangelho de São João, veio pelo “Supremo Ser”. Desse modo, a palavra foi, no começo, significado, era em Deus, o Pai. “Cristo é também o começo, sendo a sabedoria de Deus e o começo dos seus caminhos.” No primeiro verso do Gênese, o começo é o Senhor Jesus Cristo. “ No começo, que é a palavra ou razão, Deus fez o céu e a terra. Deus é , em todos os aspectos, um e indivisível, mas Cristo, o Logos, é tão procedente do Pai quanto da mente.”

O Filho participa em tudo com o Pai e, nesse sentido, há uma comunhão de substância; mas o Filho é outro ser, uma individualidade distinta. Ele é Deus, mas não o Deus, um segundo Deus e inferior, como uma cópia do original. Na primeira unidade divina, com a pluralidade, o Filho é o primeiro termo, o Espírito Santo, o segundo, estando depois do mundo criado. Tempo virá em que todos os seres irão possuir o conhecimento de Deus na mesma medida perfeita com que o Filho possui e poderão ser filhos de Deus da mesma maneira na qual o Único-começo sozinho, é agora, sendo deificados através da participação na Divindade do Pai, como Deus em tudo e tudo.

Livre tradução do livro Pantheism and Christianity de John Hunt, 1884 . capítulo VI . a igreja . Orígenes