Kant
A filosofia transcendental, que é meramente outro nome para o idealismo alemão, tem o seu início com Kant. Ele, no entanto, deixou apenas as fundações: seus sucessores erigiram a superestrutura. Kant, como Locke, foi um reformador em filosofia, considerando a si mesmo não mais do que um ser com nossos modos de conhecer o ser. Tão longe ele foi instrumental na restauração da filosofia do ser e da essência, também ele foi apenas um contribuinte involuntário disto. O idealismo nas mãos de Hume tinha encontrado o mesmo destino que o materialismo tinha encontrado nas mãos dos idealistas. Hume retornou à dúvida absoluta. Nós temos ideias, mas não sabemos nada mais. Não temos o direito de identificar pensamento com realidade.
O cartesianismo, como interpretado por Leibnitz, e sistematizado pelo Lobo Cristão, foi a filosofia ortodoxa da Alemanha. Ele cresceu num dogmatismo extravagante, que não foi mais razoável na presença do cepticismo da França e da Inglaterra. Kant colocou-se como crítico da filosofia que ele poderia dizer que veio tanto do dogmatismo e desse cepticismo. Ele testou os poderes do intelecto e se esforçou por fixar os limites da razão. Ele tentou abarcar um balanço entre o materialista e o idealista, mantendo com o primeiro a necessidade da experiência para dar validade às nossas cognições intelectuais; e com o segundo o intelecto como a base do nosso conhecimento, e isto, contém, a priori, as condições nas quais nós sabemos qualquer coisa por experiência. Uma crítica da razão naturalmente deixa uma crítica às conclusões da razão, ou ao menos, a inclui. Proeminente entre estes foram as provas do ser de Deus, nas filosofias cartesianas e leibnitzianas, o “ontológico” e o “cosmológico” e peculiarmente na filosofia original de Locke, o “fisioteológico”: Para o primeiro, Kant objetou que, embora nós tenhamos a ideia do ser Todo perfeito, a existência desse Ser não é formado por nossas ideias, não mais do que a existência de um triângulo é formada pela definição de um triângulo. No segundo ele objetou que do contingente ou do condicionado com o que sabemos, do necessário ou do incondicionado além da experiência, nós não podemos fazer nenhuma inferência válida. A última, ele mostrou ser imperfeita, vindo do projeto nós não podemos argumentar a existência de qualquer ser, a não ser um projetista. O argumento prova que há um fazedor de mundos, mas não um Criador, um fazedor, mas não um fazedor de matéria.
A ideia de Deus, como reconhecida por Descartes, como nascida dentro da mente humana, tem sido elaborada por um processo de dialética numa demonstração da existência de Deus. Kant, objetou, em conclusão, e admitiu o fato da existência da ideia, e enquanto admitia isto, empreendeu determinar quão longe e, de que maneira, nossas razões concernindo a isto são justificadas. Objetando aos argumentos idealistas como demonstrações teoréticas, ele se opôs aos idealistas. De novo, estabelecendo sua validade prática, ele se opôs aos cépticos. Sua linha, no entanto, não foi o electicismo nem a realística, mas encontrar exatamente a verdade no idealismo e no realismo.
A ideia de Deus está na mente, mas sua existência não é verificada pela experiência, porque transcende a experiência. Por outro lado, a ideia do mundo externo é derivada dos sentidos. Nós temos a experiência ou o conhecimento empírico da sua existência. Praticamente ele existe; mas como nós não temos nenhuma cognição de nada externo, por e em si mesmo, com a mente acompanhando a cognição, tanto quanto em razão pura sua existência não pode ser demonstrada. No mundo externo nós temos o fenômeno. Além disto, nós não podemos demonstrar nada. Verdadeiro com seu princípio de investigador crítico, Kant desejou parar aqui como se tivesse conseguido alcançar a mais alta possibilidade do conhecimento humano. Além disto, ele não é um idealista e apenas foi longe como um fundador do transcendentalismo. Na primeira edição do seu “Crítica da Razão Pura” ele tirou uma conjectura de que, quem sabe, o fenômeno da realidade foi tão só o que contemplamos nela; que a mente pensante e a coisa pensada são, quem sabe, uma e a mesma substância.
Nessa conjectura Fichte começou a doutrina do I-hood. Kant desconsiderou a doutrina de Fichte e protestou dizendo que não era responsável pelo desenvolvimento do seu discípulo ardente. Ele admitiu essa passagem em todas as suas subsequentes edições do “Crítica”.
A dualidade primitiva, então, do sujeito e do objeto foi deixada intocada por Kant. Uma é mantida como sendo o complemento da outra, e ambas foram reconectadas necessariamente para fazer o conhecimento possível – sujeito como a forma do princípio das nossas representações e objeto como o princípio da matéria dessas representações. Uma sendo necessária para a outra, isto não poderia ser provado tanto quanto eles não são um ser real. Alguma coisa real na sua natureza interna deve existir, mas o que é esse substrato do fenômeno, o que esse ser é, unindo sujeito e objeto, não foi deixado indefinido por Kant, mas foi declarado além do nosso conhecimento.
Livre tradução do livro Panteísmo e Cristandade . John Hunt . 1884 . Capítulo XIII . Transcendentalismo . Kant