Noticias do Alentejo

Quinta-feira, 2 de Dezembro de 2020

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«Muitas são as localidades, vilas, cidades ou aldeias, que através dos tempos conseguem

manter uma especialização industrial ou artística, que é como que o fácies característico e

inconfundível que as torna conhecidas. Alcáçovas também possui a sua indústria própria,

especial, única, os chocalhos, através dos quais o seu nome se tem tornado conhecido…»

A produção de chocalhos constitui a principal indústria da povoação de Alcáçovas que os

fabrica desde o século XVIII, e cujo segredo se mantém na posse de algumas famílias

que o vêm transmitindo de geração em geração, levando-o consigo quando emigram. Deste

modo, é possível encontrar aqueles objectos de artesanato em Serpa, Estremoz e Portalegre.

Hoje, o fabrico destes objectos continua a processar-se exactamente do mesmo modo,

e as oficinas mantém o mesmo aspecto de há 200 anos. Mas, o seu número tem vindo

a diminuir drasticamente. Ainda há 40 anos havia dezasseis oficinas, das quais actualmente

apenas três funcionam."

In Meloteca.com

"O Alentejo conquistou o segundo selo da UNESCO!!

O Fabrico de Chocalhos conquistou o título de Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente!

Esta manifestação cultural tem no território alentejano a maior expressão a nível nacional, uma vez que abrange três municípios, ou seja Estremoz, Reguengos de Monsaraz e Viana do Alentejo, mais concretamente a freguesia de Alcáçovas.

A Arte Chocalheira, uma arte iniciada há mais de dois mil anos no Alentejo e agora Património Imaterial da Humanidade, ganha um novo espaço e visibilidade mundial, como símbolo identificador do Alentejo e identitário dos alentejanos!"

In Turismo do Alentejo

"Fabrico dos chocalhos é Património Imaterial da Humanidade há cinco anos

01 dez, 2020 - 12:48 • Rosário Silva

"Para celebrar este aniversário, o município de Viana do Alentejo preparou várias iniciativas a realizar ao longo do mês de dezembro, para “valorizar e promover a arte chocalheira e os seus mestres”.

O fabrico de chocalhos celebra o 5º aniversário como Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente pela UNESCO.Foto: Chocalhos Pardalinho

O fabrico de chocalhos celebra, nesta terça-feira, 1 de dezembro, o 5º aniversário como Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Para celebrar mais um aniversário, o município de Viana do Alentejo, no distrito de Évora, promove um conjunto de ações para a valorização deste património.

Assim, ao longo do mês que agora começa, vão decorrer algumas iniciativas com o objetivo “de valorizar e promover a arte chocalheira e os seus mestres, tendo em vista a transmissão de uma herança cultural e de uma tradição enraizada na freguesia de Alcáçovas”, refere uma nota do município alentejano, enviada à Renascença......

No dia 17 é lançado no facebook do município, o documentário “GPS – Arte Chocalheira de Alcáçovas”, da autoria do jornalista Luís Godinho, produzido por Luís de Matos e com imagem de Rui Fernandes, dedicado a esta manifestação cultural.

Para celebrar mais um aniversário, o município de Viana do Alentejo promove um conjunto de ações para a valorização deste património. Foto: Chocalhos Pardalinho

No âmbito destas comemorações, atendendo à importância desta manifestação cultural, está patente ao público, no Paço dos Henriques, em Alcáçovas, uma exposição permanente dedicada ao fabrico de chocalhos, constituindo-se a mostra como “um veículo de divulgação, conservação e valorização do Fabrico de Chocalhos e dos mestres chocalheiros”.....

O município do distrito de Évora sublinha “a importância do fabrico de chocalhos”, salientando que “não se esgota nestas iniciativas, elevando, aquém e além-fronteiras, o nome não só da freguesia de Alcáçovas, mas de um concelho empenhado em preservar as marcas da sua identidade”.

Coordenada pelo antropólogo Paulo Lima, a candidatura contou, recorde-se, com a colaboração de uma equipa da qual faziam parte, entre outros, a historiadora Ana Pagará, o fotografo Augusto Brázio e o realizador David Mira, tendo sido liderada pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo em colaboração com a Câmara Municipal de Viana do Alentejo e a Junta de Freguesia de Alcáçovas."

IN RR.SAPO.PT

Terça-feira, 17 de Novembro de 2020

“O último cenário é encerrar.” A Casa do Alentejo luta pela sobrevivência

É mais um vítima colateral da covid-19. A histórica colectividade de Lisboa está a lutar pela sobrevivência, numa altura em que as quebras de facturação ascendem aos 84%. Sem mais tempo de moratória aos empréstimos e apoios a fundo perdido, a Casa do Alentejo teme não conseguir aguentar-se em 2021.

Olhando para as receitas da Casa do Alentejo nos primeiros dois meses de 2020, tudo faria crer que este seria um grande ano para esta colectividade quase centenária. Mas quando, no início de Março, os cancelamentos das reservas no restaurante alentejano — em muitos casos de agências de viagens que trariam grupos de turistas à cidade — começaram a chegar, logo se anteciparam meses difíceis. Depois da primeira vaga, o negócio não retomou. Por isso, a segunda está a ser devastadora. A Casa do Alentejo é mais uma vítima colateral da covid-19 e está a lutar para sobreviver em 2021.

“A duração desta pandemia ultrapassou todas as expectativas que tínhamos em Março, Abril”, diz João Proença, presidente da associação. Hoje, as salas do Palácio Alverca, na Rua das Portas de Santo Antão, estão despidas de gente. É ali, naquele velho palácio maneirista do século XVII, a sede desta associação desde 1932, altura em que o ainda Grémio Alentejano, fundado em 1923, para ali se mudou.

Ainda no início do século XX, os interiores do velho palácio foram transformados num dos primeiros casinos de Lisboa. Ganharam uma decoração faustosa e revivalista, numas salas neo-árabe, noutras neogóticas, pela mão dos mais conceituados artistas da época, como o pintor e ceramista Jorge Colaço. “O pátio árabe não tem nada a ver com o Alentejo. Tem a ver com o facto de quererem transmitir a ideia de exotismo e erotismo, as mil e uma noites”, repara Manuel Verdugo, vice-presidente da Casa do Alentejo. A associação acabaria por comprar o Palácio Alverca no início dos anos 80. Três décadas mais tarde, em 2011, chegou a classificação como Monumento de Interesse Público.

Por aquelas salas, adaptadas à restauração, mas também a espaço de exposição, de apresentações de livros e de tertúlias, passavam por dia cerca de 300 pessoas. “A casa tinha, de facto, uma procura muito grande”, diz o vice-presidente da associação.

Com o estado de emergência decretado em meados de Março, no início da situação pandémica no país, o restaurante, o bar e a actividade cultural da associação encerraram. A Casa do Alentejo depende da receita gerada pelo restaurante e pelo bar para “garantir a subsistência” e continuar a realizar as suas actividades culturais de dinamização do Alentejo — o seu principal propósito. Além disso, as verbas arrecadadas servem também para restaurar mobiliário, madeiras e ornamentos, pintar tectos, que ali estão desde o tempo em que o palácio acolheu um dos primeiros casinos de Lisboa, notam os dirigentes da Casa do Alentejo.

Em Maio, com o desconfinamento, reabriram na esperança de uma retoma da actividade. Mas esta ficou muito aquém dos meses pré-pandemia e a situação agravou-se a partir de Agosto, com o novo aumento dos casos de infecção.

Por ali, os turistas davam muito à casa, sobretudo pelos almoços e jantares combinados com as agências de viagens. “Às vezes fazíamos receitas na ordem dos três, quatro mil euros por dia. Hoje, não chegamos a fazer receitas de 800 euros”, nota Manuel Verdugo. Entre Março e Outubro, a quebra acumulada média foi de 84%, com um média mensal de receitas a rondar os 27 mil euros.

Os prejuízos estão a ascender a 18, 20 mil euros por mês, quando as despesas mensais se mantêm em cerca de 50 mil euros. Hoje, estão a servir, entre almoços e jantares, uma dezena de refeições. E nem a altura do Natal, época forte para a Casa do Alentejo com jantares de grupos e de empresas, ajudará a aliviar os encargos financeiros, notam os dirigentes da associação. “Vai chegar uma altura em que vamos ter de fazer opções: ou pagamos aos trabalhadores, aos fornecedores ou pagamos os impostos. Está cada vez mais complicado. Não há receitas. Não há milagres”, diz Manuel Verdugo.

Manter os postos de trabalho

​Neste momento, a Casa do Alentejo tem 32 empregados, mas foram já 44. Esses 12 foram dispensados na sequência da situação pandémica. O objectivo agora é “tentar preservar os postos de trabalho”, diz João Proença.

Nos primeiros meses, a associação recorreu ao layoff. “Quando reabrimos tivemos uma grande pressão por parte dos trabalhadores porque nos atrasámos no pagamento, enquanto esperávamos receber algum dinheiro do layoff. Depois em Junho entramos no apoio à retoma, o que nos vai obrigar a ter de pagar até Dezembro quase os 100% dos salários, tenhamos ou não tenhamos receita”, diz o presidente."

In Jornal o Público artigo de Cristiana Faria Moreira

(Fotografias da Internet)