06-António Dias Charrua

António Charrua (1925-2008)

Foto é de Gerard Castello-Lopes, Évora, 2000

António Dias Charrua, nasceu em Lisboa a 6 de Maio de 1925, mas foi em Évora que viveu, e onde morreu a 21 de Agosto de 2008. Sempre se considerou um alentejano. Em 2000 Évora atribui- lhe a Medalha de Mérito Municipal (Classe Ouro).

Frequentou a Escola Superior de Belas Artes em Arquitectura mas foi à pintura, tapeçaria, gravura, escultura e cerâmica que dedicou que dedicou a sua vida integrando -se nas tendências expressionistas e abstractas onde no entanto se sente uma forte ligação ao real, aos camponeses do Alentejo como se manifestou em “Terra trabalhada” obra exposta na 2ª Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian em 1961.

Expôs pela primeira vez aos 28 anos de idade na cidade do Porto, tendo desde então exposto sua obra a nível nacional e internacional. Em 1953 participa na VII Exposição Geral de Artes Plásticas, na Sociedade Nacional de Belas Artes em Lisboa. Esteve ligado a várias associações e grupos como aos "artistas resistentes" e aos Independentes. Foi sócio da Cooperativa dos Gravadores Portugueses, GRAVURA. Em 1959 foi um dos 50 Independentes na SNBA. A Fundação Calouste Gulbenkian, onde está representado, galardoa-o em 1960.

Nos anos conturbados de 60, do século passado, as suas obras assumiram um grande carácter político, ao abordar temas que o regime de Salazar impedia através da sua maquina repressiva. Representavam cenas políticas como a guerra colonial portuguesa e outras como a guerra do Vietname.

António Charrua foi autor de numerosos cartões para tapeçaria (ao todo dezassete). Adepto do gesto expressionista, muitas vezes abstracto, o artista tem também uma numerosa produção artística influenciada pela Pop Arte. Começou a colaborar com a Manufactura de Tapeçarias de Portalegre em 1965.

Para além da Fundação Calouste Gulbenkian, António Charrua tem as suas obras representadas no Museu Nacional Soares dos Reis no Porto e no Museu de Helsínquia.

Nas décadas de 70 e 80, Charrua decidiu deixar de expor em Portugal. A Suíça torna-se o país eleito pelo pintor, onde expõe assiduamente. Determinante na internacionalização da sua obra foi a representação nas famosas Colecções Hurschler e Lafranca, que o levarão a participar em mostras de importantes Museus da Europa e E.U.A..

“Na transição da década de oitenta para a de noventa, revela-se em Charrua uma inquieta busca de sentido para a humanidade, num período difícil que começou com novos desafios, uma Europa pós-queda do Muro de Berlim, o início das Guerras no Golfo, na Bósnia, na Tchetchénia, enchendo de notícias dramáticas os telejornais. A percepção da incomunicabilidade entre os seres faz-se sentir com agudeza na sua pintura e os títulos que lhes atribui colocam a comunicação (ou a falta dela), a agressão, a guerra no centro das suas preocupações. As últimas décadas de produção, porventura as mais desconhecidas, atingem um dramatismo e uma sobriedade ímpares. Acentua-se um sentido de espaço e duração, regista-se, mais do que a forma, um movimento. Surgem as grandes extensões de água, os reflexos, a chuva, o vento. A passagem do tempo e do homem nele inscrito, em trânsito. Nos últimos anos de actividade, Charrua pouco pinta. «Penso», dirá em entrevista.” Ana Ruivo

As obras do pintor são apreciadas a nível internacional, mas a nível nacional este artista não é ainda reconhecido pelo grande público.

António Charrua tem agora na Fundação Gulbenkian/ Centro de Arte Moderna uma grande exposição sobre toda a sua obra:

X de Charrua

Antológica

Curadoria: Ana Ruivo e Leonor Nazaré CAM - Piso 1 18 de Junho a 26 de Outubro de 2015

Segundo António Charrua:

" (…) o gesto é para mim decorrente da emergência da própria força do acaso que deverá ser assumida, embora nem sempre ele faça lei. Encontro-o tão exacto e irrepetível quanto a própria vida... Como quando encontramos alguém no decorrer da existência. Há sempre uma timidez, uma supressão no humano. Nunca dizemos suficientemente as coisas essenciais às pessoas importantes, como por exemplo isto: amo-te."

“ (…) A minha obra vejo-a como uma pesquisa numa zona marcada pelo gesto expressionista, mas determinada por um certo desejo de equilíbrio, uma certa contenção Contrariamente ao que se possa supor, não se trata de começar no real, ou naquilo a que se chama natureza. Tudo se passa no plano da tela, e, recusada a ilusão, as coisas situam-se na continuidade do sentido estético, que o mesmo é dizer na própria obra de arte. Suponho que toda a pintura dita moderna apela a uma nova construção do espaço que tem a ver mais com o que se sabe do com o que se vê. Mas o real também está presente, na sua indeterminada, fascinante e misteriosa dimensão".

( adaptação)

Le petit avec on ciel (1975)

Paisagem Possível

160x250 cm

Sem título, 1972, óleo sobre tela, 161 x 130 cm

Sem Título

Tapeçaria

Tapeçaria

Arco-Iris

Atol I

Atol II

Bandeiras

Bandeiras como Paisagem

Contrastes I

Cosmos I

Cosmos II

Entre o Céu e o Mar II

Espelho Reflexo

Nuvem Rosa

Paisagem com Tiras

Paisagem Possível

Quedas de Água

Reflexo I

SOL

Uma Janela

Voo Nocturno