03 - Março 2021

Fotografias de Adriano Bastos

O Alentejano

"Homenagem aos Mestres Cantores do Alentejo"

Pintura de Espiga Pinto, sobre madeira, datada de 1965. 130x40cm

Col. Centro de Arte Moderna da

Fundação Calouste Gulbenkian

O Alentejo lembra-me sempre

Um imenso relógio de sol

Onde o homem faz de ponteiro do tempo

Miguel Torga

Quarta-feira, 31 de Março de 2021

Celeiro da Cultura

A rua

"Passamos e não vemos, que tudo é pressa, frenesim, medos e desespero. A rua é triste. Tantos olhos, outros tantos cegos. Quem atenta no senhor idoso vestido de luto, na mulher trombuda, no rapaz com livros debaixo do braço, na garota que telefona olhando a vitrina, nos dois a conversar encostados à porta, na fila para o autocarro, nos que saem do café e hesitam para que lado ir? Quem atenta neles?

Também eu passo, olho e não vejo, esquecido dos outros, mal lembrado de quem sou, perguntando-me que faço aqui, que razão me trouxe e se é vida uma inutilidade assim, a pressa que leva a nenhures, a indiferença que nos isola."

José Rentes de Carvalho

Segunda-feira, 29 de Março de 2021

Feiras, Festas e Romarias

Feira de Antiguidades e Velharias em Estremoz,

a maior do Alentejo uma tradição secular

ESTREMOZ

Sábado de manhã dia de produtos da terra, visita Estremoz

Fotos de Luis Batalha

Domingo, 28 de Março de 2021

Concerto de Domingo à tarde

William Michael Harnett,

"The Old Violin," 1886, oil on canvas, National Gallery of Art, Washington

HAUSER - Benedictus (by Karl Jenkins)

https://youtu.be/eGbHnJCDMyE

MUDANÇA DE HORA – 28 de Março de 2021

Photo in Conexão Paris

MUDANÇA DE HORA – 28 de Março de 2021

Sábado, 27 de Março de 2021

Celeiro da Cultura

Teatro, Música, Poesia e Pintura

27 de Março — DIA MUNDIAL DO TEATRO

27 de Março — DIA MUNDIAL DO TEATRO

.

“Os actores têm muita sorte. Podem escolher se vão aparecer numa tragédia ou numa comédia, se vão sofrer ou divertir-se, rir ou derramar lágrimas. Mas na vida real é diferente. A maioria dos homens e mulheres é forçada a desempenhar papéis para os quais não tem qualificações.(...) O mundo é um palco, mas os papéis foram mal distribuídos.”

— OSCAR WILDE (Dublin, 16 de Outubro de 1854 — Paris, 30 de Novembro de 1900), escritor, poeta e dramaturgo irlandês, in “Lord Arthur Sabille's crimes” (1907). in A Vida Breve

Photo in www.cm-palmela.pt

Música

Joseph Haydn - Piano Concerto in D major, H.XVIII:11 - II. Un poco adagio

https://youtu.be/u-VMZQIgEOs

Poesia

Allegro

.

Toco Haydn depois de um dia sombrio

e sinto um calor simples nas mãos

.

Há um querer nas teclas. Brandos martelos batem.

O som é verde, tranquilo e animado.

.

O som afirma que a liberdade existe

e que alguém não paga a César os impostos.

.

Enfio as mãos nas minhas algibeiras de Haydn

imito alguém a olhar o mundo calmamente.

.

Iço a bandeira de Haydn — quer dizer:

Nós cá não nos rendemos. Mas queremos paz.

.

A música é uma casa de vidro no declive

por onde pedras voam, pedras rolam.

.

E as pedras atravessam as vidraças

mas cada vidro vai ficando intacto.

Tomas Tranströmer (15 de Abril de 1931 — 26 de Março de 2015), Prémio Nobel da Literatura em 2011

Tradução de Vasco Graça Moura

"We visited the Nobel Prize laureate Tomas Tranströmer in his home in Stockholm a few weeks before he passed away, in March 2015. This video with Tranströmer playing the piano to an earlier reading of his poem 'Allegro', became his last public appearance. When we visited him, the poet offered to play a piece of music for the camera. In this video we hear the voice of Tomas Tranströmer reading ‘Allegro’, one of his most famous poems related to music. The poet played the piano ever since his adolescence, around the same time as he began writing poetry. Music plays an essential role in all his poetry. Tranströmer received the Nobel Prize in 2011 “… because, through his condensed, translucent images, he gives us fresh access to reality”. Tranströmer’s work is closely connected to Nature, and this imagery runs through his poems like gaudy colours. His style is described as “original and sharply contoured metaphors, nature mysticism, musicality, strictness of form and natural diction.”

The poem ‘Allegro' is from the collection 'Den halvfärdiga himlen' (‘The Half-Finished Heaven’), written in 1962:

in Louisiana Channel

Tomas Tranströmer Interview: "The Music Says Freedom Exists"

https://youtu.be/ApiaFYq3wZc

Pintura

Balthus

Katia reading, 1974

Jean Hélion

The Big Daily Read,1950

Quinta-feira, 25 de Março de 2021

O Livro da Semana

O Tecido do Outono

de

António Alçada Baptista

Photo in Blogue do Centro Nacional de Cultura-SAPO

"Tenho consciência de duas coisas. Primeiro, a escrita não é o mais importante.

Muitos escritores dizem: «A escrita é a minha razão de viver».

Eu digo: «Viver é a minha razão de escrever».

A vida interessa-me muito mais que a escrita.

Segundo, em cada geração vão três, quatro escritores para a História da Literatura."

in

Entrevista com Anabela Mota Ribeiro DNa do Diário de Notícias, em 1999

Photo in Wook

"Não é possível contar esta história sem que, uma vez por outra, coisas como a solidão e a morte aflorem às linhas da escrita, mas vou fazer o possível para escrever tudo isso sem solenidade. É que, a certa altura, a vida é outra e o próprio passado não é bem aquilo que a gente viveu, porque, em cada tempo, há uma forma de olhar, e aquilo que vivemos não está no mundo, está na maneira como olhámos para ele.

É no Outono que a gente é capaz de reparar que a vida não é banal não obstante o nosso quotidiano ter sido uma banalidade atroz. Acredito que é possível descobrir pedaços de luz no meio de tudo isso. São coisas destas que me levam à convicção de que a vida para que fomos feitos não é, de modo nenhum, aquela que andámos a viver."

Quarta-feira, 24 de Março de 2021

Momento musical

"o suporte da música pode ser a relação

entre um homem e uma mulher, a pauta

dos seus gestos tocando-se, ou dos seus

olhares encontrando-se, ou das suas

vogais adivinhando-se abertas e recíprocas,

ou dos seus obscuros sinais de entendimento,

crescendo como trepadeiras entre eles.

o suporte da música pode ser uma apetência

dos seus ouvidos e do olfacto, de tudo o que se

ramifica entre os timbres, os perfumes,

mas é também um ritmo interior, uma parcela

do cosmos, e eles sabem-no, perpassando

por uns frágeis momentos, concentrado

num ponto minúsculo, intensamente luminoso,

que a música, desvendando-se, desdobra,

entre conhecimento e cúmplice harmonia."

Vasco Graça Moura, in "Antologia dos Sessenta Anos"

Fotografia in bisnaguinhasevenboys.wordpress.com

Júlio Pereira - "Vira Velho"

https://youtu.be/-hljhUGyUIE

Kepa Junkera "Bok-Espok"

https://youtu.be/tHcLXVJXFjg

Segunda-feira, 22 de Março de 2021

Alentejo-GASTRONOMIA

Receitas Culinárias Alentejo

Bolo barranquenho

"Bolo barranquenho2 ovos grandes 250 gr de açúcar

1,25 dl azeite 1,5 dl de leite 300 gr de farinha 1 colher (chá) de fermento Raspas de uma laranja Batem-se as claras em castelo e as gemas com o açúcar. Adiciona-se ás gemas batidas, o leite, o azeite, a farinha e o fermento. Por fim juntam-se a este preparado, as claras , sem bater. Vai ao forno, em forma untada com manteiga e polvilhada com farinha."

Receitas de Maria Rosário Pires

Photo in https://receitasnarede.com/content/img//316x316/pao-lo-natal.jpg

Domingo, 21 de Março de 2021

Concerto de Domingo à tarde

Música Tradicional alentejana

Taberna em Cuba - Baixo Alentejo

https://youtu.be/GBhgE3EMQy4

Sexta-feira, 19 de Março de 2021

DIA DO PAI

19 de Março

O Pai

Terra de semente inculta e bravia,

terra onde não há esteiros ou caminhos,

sob o sol minha vida se alonga e estremece.

Pai, nada podem teus olhos doces,

como nada puderam as estrelas

que me abrasam os olhos e as faces.

Escureceu-me a vista o mal de amor

e na doce fonte do meu sonho

outra fonte tremida se reflecte.

Depois... Pergunta a Deus porque me deram

o que me deram e porque depois

conheci a solidão do céu e da terra.

Olha, minha juventude foi um puro

botão que ficou por rebentar e perde

a sua doçura de seiva e de sangue.

O sol que cai e cai eternamente

cansou-se de a beijar... E o outono.

Pai, nada podem teus olhos doces.

Escutarei de noite as tuas palavras:

... menino, meu menino...

E na noite imensa

com as feridas de ambos seguirei.

Pablo Neruda

in "Crepusculário"

Tradução de Rui Lage

Nasceu-te um filho. Não conhecerás,

jamais, a extrema solidão da vida.

Se a não chegaste a conhecer, se a vida

ta não mostrou - já não conhecerás

a dor terrível de a saber escondida

até no puro amor. E esquecerás,

se alguma vez adivinhaste a paz

traiçoeira de estar só, a pressentida,

leve e distante imagem que ilumina

uma paisagem mais distante ainda.

Já nenhum astro te será fatal.

E quando a Sorte julgue que domina,

ou mesmo a Morte, se a alegria finda

- ri-te de ambas, que um filho é imortal.

Jorge de Sena Jorge de Sena, "Visão Perpétua", Moraes, 1982.

“Pai é aquele que protege com amor, ensina o caminho.

Compartilha histórias. Aconselha com sabedoria”

in Biblioteca Municipal de Beja-José Saramago

il. Eva Eriksson

" Meu Pai sempre dizia: não levante a sua voz melhore os seus argumentos."

DesmondTuttu

"Não há amor que mais facilmente perdoe, e mais benignamente interprete e

dissimule defeitos, que o amor de pai."

Sermões-Padre António Vieira

"Pai, Dizem-me que Ainda Te Chamo

Pai, dizem-me que ainda te chamo, às vezes, durante

o sono - a ausência não te apaga como a bruma

sossega, ao entardecer, o gume das esquinas. Há nos

meus sonhos um território suspenso de toda a dor,

um país de verão aonde não chegam as guinadas

da morte e todas as conchas da praia trazem pérola. Aí

nos encontramos, para dizermos um ao outro aquilo

que pensámos ter, afinal, a vida toda para dizer; aí te

chamo, quando a luz me cega na lâmina do mar, com

lábios que se movem como serpentes, mas sem nenhum

ruído que envenene as palavras: pai, pai. Contam-me

depois que é deste lado da noite que me ouvem gritar

e que por isso me libertam bruscamente do cativeiro

escuro desse sonho. Não sabem

que o pesadelo é a vida onde já não posso dizer o teu

nome - porque a memória é uma fogueira dentro

das mãos e tu onde estás também não me respondes."

Maria do Rosário Pedreira, in 'Nenhum Nome Depois'

PHOTOGRAPHIES OF CHING YANG TUNG

Quarta-feira, 17 de Março de 2021

Alentejo no coração...

Alencanto - Açorda de Coentros e Alhos

https://youtu.be/OUpcUC-_Fz8

Tais Quais - Moda da Passarada

https://youtu.be/GBtxHW2oDJs

Segunda-feira, 15 de Março de 2021

Tempos de Reflexão

Fotografia de Natércia Santos

"O corpo deve encontrar-se não só na atividade, mas também no repouso, libertar-se da pressão do imediato, do peso das solicitações, abrindo-se em certos instantes sem porquê, como o místico dizia que florescem as rosas. Encontraremos então, finalmente, tempo para contemplar, para deliciar-nos com a audição e o sabor, para sentir o perfume daquilo que passa, para tocar, ou quase tocar, aquilo que permanece."

José Tolentino Mendonça

"Todos os dias devíamos ouvir um pouco de música, ler uma boa poesia, ver um quadro bonito e, se possível, dizer algumas palavras sensatas."

Johann Goethe

"Escutamos com os nossos ouvidos os rumores do mundo externo, seja o ruído, as vozes, a música que nos consola. Contudo, quando falamos da escuta desinteressada do outro, sentimos que há um outro nível de audição que precisamos de aprender. Não há apenas uma escuta com os ouvidos, mas também um escutar com o coração, que mais não é que uma escuta profunda, onde todos os sentidos nos são úteis."

José Tolentino Mendonça

LAMBIASE WALTER-CAVA DE TIRRENI(SA)1925-Napoli,1924_ "RIPOSO"

"The clock is ticking, the hours are going by. The past increases, the future recedes. Possibilities decreasing, regrets mounting.”

William Michael Harnett, "The Old Violin," 1886, oil on canvas, National Gallery of Art, Washington,

Photo in Giulia Baragliu

Domingo, 14 de Março de 2021

Concerto de Domingo à tarde

A andorinha da primavera - Madredeus

https://youtu.be/m0jOgx4CafE

Sábado, 13 de Março de 2021

Encontro com os nossos escritores

Soeiro Pereira Gomes

Fotografia da CMde Vila Franca de Xira

"Um dos nomes maiores do neorealismo português"

"Esteiros"

Fotografia in O Castendo

"A história de cinco meninos que trabalhavam em vez de ir à escola, é a obra prima de Soeiro Pereira Gomes. A miséria retratada em "Esteiros" é mais do que ficção: é a realidade de um país pobre, sem esperança, onde mais de metade da população é analfabeta.

Da janela do quarto, Soeiro Pereira Gomes observava a luta trágica dos operários para sobreviver. Entre os homens, havia crianças em idade de aprender as primeiras letras. Recolhiam o barro dos estreitos canais do rio Tejo, os esteiros, para dele fazerem telhas e tijolos. Trabalhavam a troco de um salário miserável, que os condenava à mendicidade, a uma vida sem saída da pobreza. O autor via tudo da janela da sua casa, em Alhandra, e refletia sobre a injustiça de uma sociedade opressora e exploradora, organizada em favor dos mais fortes. Em vez de calar, prefere denunciar com palavras e outros atos de resistência ao regime de Salazar.

Publicado em 1941, “Esteiros”, tem personagens inspiradas na realidade: Gaitinhas, Guedelhas, Gineto, Maquineta e Sagui, são “os filhos dos homens que nunca foram meninos”, dedicatória do autor a abrir o romance. A obra, uma das mais emblemáticas do movimento neorrealista português, é escrita numa linguagem acessível mas cuidada, com frases simples, privilegiando o discurso direto para dar voz aos oprimidos. A 1.ª edição tem capa e ilustrações de Álvaro Cunhal, o histórico fundador do PCP, o partido comunista português ao qual o escritor aderira em 1937.

Soeiro Pereira Gomes passa a infância no Douro, estuda em Coimbra, trabalha um ano em Angola e, finalmente, fixa residência na vila de Alhandra, onde decorre a ação deste seu primeiro romance. Antes, em 1931, escrevera o conto “O Capataz” mas a censura impede a publicação. Ele próprio é, de certa forma, um operário; trabalha nos escritórios de uma fábrica de cimento e conhece bem as condições desumanas praticadas naquela unidade fabril.

Por essa altura colabora em jornais e revistas, desenvolve atividades culturais, cria bibliotecas, ensina ginástica aos filhos dos operários e empenha-se na construção de uma piscina pública. Depois de liderar o movimento grevista da fábrica Cimento Tejo de Alhandra, é obrigado a passar à clandestinidade e afastar-se para sempre da sua mulher, entretanto presa pela PIDE para o obrigar a entregar-se.

O romancista militante, apanhado pela morte aos 40 anos, deixa uma obra breve mas marcante: dois romances (“Engrenagem” e “Esteiros”), um livro de contos (“Contos Vermelhos”), crónicas e contos avulsos que foram sendo publicados. A produção literária é todavia suficiente para fazer de Soeiro Pereira Gomes (1909-19499) um dos nomes maiores do neorealismo português."

In Ensina.RTP.PT

Sexta-feira, 12 de Março de 2021

O Livro da semana

de

José Rentes de Carvalho

"De ascendência transmontana, nasceu em 1930 em Vila Nova de Gaia, onde viveu até 1945. Frequentou no Porto o liceu Alexandre Herculano, e mais tarde os liceus de Viana do Castelo e Vila Real. Fez o serviço militar em Lisboa, onde simultaneamente frequentou os cursos de Românicas e Direito. Obrigado por razões políticas a abandonar Portugal, viveu no Rio de Janeiro, em São Paulo, Nova Iorque e Paris. Em 1956 passou a viver em Amesterdão, na Holanda, para onde foi como assessor do adido comercial da embaixada do Brasil. Licenciou-se na Universidade de Amesterdão com uma tese sobre O Povo na Obra de Raul Brandão. Nessa universidade foi docente de Literatura Portuguesa de 1964 a 1988. Desde então dedica-se principalmente à continuação da sua obra literária. A sua bibliografia inclui um vasto número de colaborações em revistas, publicações culturais e jornais portugueses, brasileiros, belgas e holandeses.

Descoberto tardiamente em Portugal, José Rentes de Carvalho retrata o nosso país com a intensidade de quem o conhece como ninguém e com a acutilância de quem o observa à distância."

in http://www.cm-matosinhos.pt/pages/242?news_id=2939

Quinta-feira, 11 de Março de 2021

Tempo de Reflexão

"ELOGIO DA PESQUISA SÉRIA.

A preservação da memória do passado é uma arma poderosa e insubstituível da Democracia do presente. Registo a propósito, a partir das minhas leituras matinais, esta assertivíssima constatação: «As ameaças à memória, a destruição acelerada dos sinais físicos da História (considera-se apenas o património monumental e mesmo assim mal), a pseudomodernidade que reduz tudo o que “existe” ao que está acessível a um motor de busca, são uma praga dos nossos dias. Não é um resultado de qualquer evolução tecnológica inevitável, é um processo social e cultural que vai a par com a ascensão da nova ignorância, o predomínio da superficialidade, a crise da atenção, a adolescente obsessão do “já” e a substituição da conversação pela emissão de uma forma de apitos que dizem “estou aqui”...». Palavras oportunas do historiador José Pacheco Pereira no artigo «Para que é preciso guardar esse papel ? Está tudo na Internet. Não. Não está e não é a mesma coisa», saído no Público de hoje (20-I). Sim, a recolecção dos testemunhos, desde as migalhas factuais às fotografias e postais emarelecidos, aos recortes de jornal, às notas diarísticas ou aos fragmentos micro-artísticos, tudo é fonte imperiosa de uma História a sério, que não se compagina com a praga dessa santa ignorância que tende a estabelecer-se sob pretexto da inevitabilidade do progresso tecnológico."

Vitor Serrão

Quarta-feira, 10 de Março de 2021

Celeiro da Cultura

Transumância

"Falamos de nós próprios e vivemos nos outros, para os outros, eles a condicionar-nos os actos, o pensamento, o modo, as intenções, impondo usos, aguardando gestos.

Digo-me livre, e minto, fingindo que não vejo as grilhetas que me ferem, os laços de seda que apertam como fios de aço. Vou por onde outros querem que vá, deles a escolha, meu o cansaço da jornada, o desatino de ignorar a meta, se é que de facto, como eles juram, se encontra uma ao fim de tantas léguas.

A minha suspeita é de que não há meta, nem propósito, só caminho, e o que julgamos vida talvez seja apenas a transumância de um colossal rebanho, a busca fútil de um destino imaginado."

José Rentes de Carvalho

Terça-feira, 9 de Março de 2021

Borba Inspiradora

Memórias de Francisco Pardal

"Deste nosso pregoeiro, contava-se que só bebia copos de três tostões. No seu aspecto de pobre de Job, veio a falecer de repente num inverno de frio rigoroso, mas com nove tostões no bolso, ao que se dizia, com ar de graça que, ainda chegava para três copos de três. Todas as povoações têm as suas figuras públicas que, ficam referenciadas na história dos povos.

São assim estas personagens que, dão vida e servem de exemplo às sociedades, compostas pelos mais diversos critérios, mas que devem ser aceites e acolhidas como figuras que existem para servir e merecem, que ao serem recordadas, nos fazem sentir o que representam para os nossos dias, a saudade das pessoas daqueles tempos.Merecem a nossa estima..."

......... (Leia o resto da crónica em 05-Borba -Inspiradora)

https://sites.google.com/site/amigosterrasborba/1-borba/borba-em-escrita/memorias-de-francisco-pardal

(Fotografia de José Galhanas)

Segunda-feira, 8 de Março de 2021

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Photography in Giulia Baragliu

DIA INTERNACIONAL DA MULHER 8 de Março MULHER A mulher não é só casa mulher-loiça, mulher-cama ela é também mulher-asa, mulher-força, mulher-chama E é preciso dizer dessa antiga condição a mulher soube trazer a cabeça e o coração Trouxe a fábrica ao seu lar e ordenado à cozinha e impôs a trabalhar a razão que sempre tinha Trabalho não só de parto mas também de construção para um filho crescer farto para um filho crescer são A posse vai-se acabar no tempo da liberdade o que importa é saber estar juntos em pé de igualdade Desde que as coisas se tornem naquilo que a gente quer é igual dizer meu homem ou dizer minha mulher ARY DOS SANTOS

Quadro a oléo de Carlos Bacalhau-artista plástico natural de Borba

MULHER DO ALENTEJO (décimas)

1

Cedo aprendes a sofrer...

Trabalhando sol a sol

És acusada de mole

Mas não é fácil viver

Sob um calor de arder

Sempre pronta para gracejo

A disfarçar o desejo

De ser feliz e cantar

Levando o dia a ceifar

A Mulher do Alentejo

2

Debruçada sobre o chão

A mondar ou a sachar

Cedo aprendes a lavrar

A ceifar até mais não

Sem sentires a exaustão

O trigo é tua paixão

Pois dele há-de nascer pão

Com teu dolente cantar

Cantas para disfarçar

Leva mais longe a razão

3

Companheira alentejana

Lutadora incansável

Cara e sorriso amável

Queremos a tua gana

E tua lei espartana

Hás-de cumprir teu desejo

De honrar o Alentejo

Ainda um tempo a sofrer

Uma lágrima a correr

Nas canseiras em sobejo

4

Em todo o lado eu te vejo

A azeitona apanhar

Que bom azeite vai dar

E ouço o teu solfejo

Oh mulher do Alentejo

Vencerá tua razão

Tu que lutas com paixão

Como Catarina és mãe

Tens a coragem de quem

Constrói direitos e pão

.

NB: - Décimas, com mote

«A Mulher do Alentejo / leva mais longe a razão / nas canseiras em sobejo / constrói direitos e pão.»

de JORGE MARQUES.

Domingo, 7 de Março de 2021

Concerto de Domingo à tarde

Verdes são os campos, José Afonso

https://youtu.be/WgZTWZligHE

Sábado, 6 de Março de 2021

Visite o Alentejo

Rosalina Carmona-montes velhos, aljustrel, fevereiro, 2014

Rosalina Carmona-Junto à vila de Redondo. Março 2013

José Coelho-Litoral Alentejano

Luis Leitão-Alqueva

Sérgio Espanhol-Terras de montado Alentejo

Mário Rosa-Alentejo

in Nosso Querido Alentejo-Messejana

In Viver Portugal Tours

Sexta-feira, 5 de Março de 2021

Alentejo-Cante Alentejano

Cante Alentejano

Padre José Alcobia (Pias-Ferreira do Zêzere 28/11/1914/ Beja 2/2/2003)

TRATADO DO CANTE

- Figuras do Cante:Padre José Alcobia (Pias-Ferreira do Zêzere 28/11/1914/ Beja 2/2/2003)

"Seria injusto não falar neste Congresso de um homem que, apesar de não ser alentejano, pois ele é natural de Ferreira do Zêzere, abraçou com alma e coração o cante alentejano, enriquecendo e elevando ao mais alto ponto, conseguindo levá-lo além fronteira num tempo muito difícil. Estou a falar do senhor padre José Alcobia. Pároco no concelho de Ferreira desde 1944, função que tem exercido ininterruptamente, estendendo a sua acção por todas as freguesias do concelho. Criou o Colégio Nuno Álvares, o Sport Clube Ferreirense, um bairro para trabalhadores rurais com mais de quatro filhos denominado Nossa Senhora da Conceição. Como músico descobre a riqueza grandiosa do cante alentejano cujas melodias fazem vibrar o nosso povo e cria o Grupo Coral “Os Trabalhadores de Ferreira do Alentejo”. Produziu programas para a antiga Emissora Nacional, Rádio Renascença, Televisão, gravou discos e cassetes e conseguiu em 1972 levar este Grupo a Zagreb, Jugoslávia onde obteve um êxito extraordinário.

Em 1976 foi criado em Figueira de Cavaleiros o Grupo Coral “Os Rurais” fundado por um grupo de amigos onde me incluo e exerço o cargo de responsável. Convidámos o Padre José Alcobia para nos ajudar que, de braços abertos e com todo o seu saber e entusiasmo, contribuiu decisivamente para elevar o Grupo ao nível que hoje tem. Com ele conseguimos muitas actuações de norte a sul do País, gravámos dois LP’s, duas cassetes áudio e tivemos o ponto mais alto em 1976 em Zagreb na Jugoslávia, no Festival Internacional daquele país. Aí estavam presentes 77 grupos representativos de vários países e o Grupo Coral “Os Rurais de Figueira de Cavaleiros” foi considerado um dos melhores grupos de vozes que por ali passou, tendo a honra de ter sido convidado para fazer do encerramento do Festival com mais três grupos de outros países.

Foi com grande emoção que sentimos milhares de pessoas em silêncio apreciarem o cante alentejano e ver a bandeira portuguesa a subir pelo mastro ao canto do nosso hino.

O Padre Alcobia criou ainda o Grupo “Cantares Alentejanos do Batalhão nº. 3 da GNR”, conseguindo ainda a renovação do Grupo Coral “Alma Alentejana de Peroguarda”, por quem Giacometti se apaixonou levando-o a pedir que ali fosse sepultado ao som do cântico ao Menino de Peroguarda. Ele ainda hoje dirige estes grupos, apesar da sua idade. Obrigado Padre Alcobia por tudo o que fez pela Terra alentejana. Era bom que muitos padres Alcobias aparecessem para bem do nosso cante alentejano e da nossa cultura. Bem haja!"

Comunicação de Luís Franganito – Grupo Coral e Etnográfico “Os Rurais de Figueira de Cavaleiros, no Congresso do Cante Alentejano, realizado em Beja, em 1997.

in: "Que modas? que modos?". Ed. FaiAlentejo. 2005"

In José F.Pereira

Quinta-feira, 4 de Março de 2021

O Livro da Semana

"António dos olhos tristes"

de

Eduardo Olímpio

https://www.google.com/url?sa=i&url=http%3A%2F%2Fvoarforadaasa.blogspot.com%2F2018%2F04%2

Fos-meus-filhos-eduardo-olimpio.html&psig=AOvVaw3XQ8CjlXVIEk-iu0J5sOHx&ust=161488683841

1000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwo

TCMiL0brwlO8CFQAAAAAdAAAAABAJ

Photo in voar fora da asa - blogger

https://img.wook.pt/images/antonio-dos-olhos-tristes-eduardo-olimpio/MXw1ODU5Nnw4ODY2M3wxMzgzNTIzMjAwMDAw/250x

Photo in Wook

"Quando Mestre Manuel Regedor acabou de ler esta parte do folhetim que há um ror de tempo vinha aparecendo no jornal, os homens ficaram com um brilho tão forte nos olhos que pareciam capazes de alevantar dez arrobas de peso com as mãos.

António dos olhos Triste pediu a Mestre Manuel: - Dê-me esse pedaço de jornal, Mestre Manuel Regedor. Dê-me que eu agradeço-lhe muito. Mestre Manuel começou a cortar a parte do rodapé que trazia o folhetim e foi dizendo a António dos Olhos Tristes:

- Mas pra que diacho queres tu o jornal se não sabes ler nem escrever, não me dizes?

António dos Olhos Tristes agarrou no pedaço de folhetim e quase que a falar só para ele foi dizendo enquanto o enrolava na algibeira: - Isto que aqui está é tão certo que eu só de olhar prós riscos que aqui estão sou capaz de o tornar a dizer, letra por letra, sem me enganar: quando os homens escrevem e dizem as coisas tal e qual como elas são a gente só tem de olhar ou escutar pra ser capaz de os entender. E começou, enquanto se alevantava do banco: - Pensa que o mundo está cheio de homens que lutam para que um rio de lodo não se atravesse entre a vida e o sonho.

Depois saiu."

Quarta-feira, 3 de Março de 2021

Borba-Mezinhas da Avó

"A alegria evita mil males e prolonga a vida."

William Shakespeare

Fotografia de coZinha cOm alMa - Blogspot

Saiba como o consumo regular de espargos

pode trazer benefícios à sua saúde

Vegetal é rico em ácido fólico, aliado na prevenção e cura do câncer

Foto: Stock Photos, Divulgação

Pouco calórico e rico em fibras, ele é um ótimo acompanhamento nas refeições de quem

quer controlar o peso.

O espargo é uma planta muito utilizada na culinária mundial e é considerada uma flor da família dos

lírios. Segundo o nutrólogo Maximo Asinelli, ele é rico em vitamina A, B, C, cálcio, ferro, sais

minerais e potássio.

— O espargo é considerado uma das melhores fontes de ácido fólico, conhecido por ajudar a

prevenir câncer, doenças do coração, do fígado e até da espinha — explica.

O Instituto Nacional do Câncer aponta que o ácido fólico presente nesse vegetal age diretamente

no DNA e na síntese de substâncias essenciais ao organismo e a sua deficiência tem sido

relacionada ao aparecimento de câncer.

— Esta vitamina é importante desde a prevenção até o tratamento da doença, já que inibe o

desenvolvimento do tumor. O ácido fólico é sintetizado por bactérias do intestino e ficam

estocadas no corpo humano — esclarece.

Além disso, o espargo é um ótimo acompanhamento para pratos principais e é indicado para

quem está de dieta e quer controlar a ingestão de gorduras.

— O espargo também possui baixa quantidade de calorias e não tem colesterol, nem gorduras

— revela, salientando que a planta é uma fonte abundante de fibras, com cerca de 3,6 gramas

do nutriente por xícara do vegetal.

De acordo com Alexander Bonetti, da San Marco Alimentos, apesar de ter melhores resultados

ao ser plantado em terrenos arenosos, o aspargo é cultivado em diferentes vários países e

possui diferentes variedades.

— O espargo inglês não possui o talo muito grosso, já o italiano possui a cor violeta e os

cultivados na Holanda, Alemanha e Bélgica são brancos, pois se desenvolvem em locais

escuros e não possuem clorofila — explica, ressaltando que, independente da variedade

que se opta por consumir, tem-se acesso aos mesmo nutrientes.

Bonetti diz ainda que, além de trazer benefícios para o organismo, o espargo dá um

sabor especial às refeições. A planta pode ser consumida como ingrediente de pratos

incrementados, ser servido frio com vinagrete, cozido com manteiga e ainda consumido

em forma de conserva.

in https://www.google.pt/?gws_rd=ssl#q=beneficios+no+consumo+de+espargos

Terça-feira, 2 de Março de 2021

"Respigando...Alentejo"

(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)

Tabernas do Alentejo

Fotografia de Filipe José Galhanas

"São lugares ancestrais de conhecimento e cultura. Rituais sociais, onde o vinho desinibe e fomenta longas conversas entre as mais variadas culturas. Ali, entre aqueles odores agridoces, entre um copo e outro, fez-se o menino homem. Ali, enxuga-se a alma e esquecem-se por momentos os dissabores da vida.

Fotografia de Adriano Bastos

As tabernas são lugares sagrados, também elas compostas por mandamentos, onde o sangue de Cristo é tomado por todos religiosamente. Onde os sermões são dados pela sabedoria dos anos, de passados atribulados e duros, no uso, quase sempre, das palavras certas para o momento.

Fala-se do Ti António que morreu do coração, do Ti João que morreu de cancro, mas, ali, não se ouve falar que alguém tenha morrido por causas do vinho, pois o vinho é um elixir, um antídoto para todos os males. Diz-se que até mata o bicho.

É um espaço onde não existe stress. Entre uma rodela de linguiça e uma lasca de presunto também o colesterol é esquecido.

Fotografia de Adriano Bastos

Por fim, quando as pernas não obedecem e o andar torna-se desequilibrado, culpa-se sempre o último copo. Mas existe sempre um amigo pronto a levar-nos a casa. As tabernas são escolas de vida, de saberes populares, onde o cante marca o compasso."

José Bravo Rosa

Segunda-feira, 1 de Março de 2021

Alentejo-GASTRONOMIA

Receitas Culinárias Alentejo

Açorda de bacalhau à alentejana

Açorda de bacalhau à alentejana.

3 postas de bacalhau demolhado.

250 gr de pão duro.

2 dentes de alho.

3 ovos.

Coentros ou poejos, ou ambos.

1,5 l de água.

75 ml de azeite.

Sal.

Leve as postas de bacalhau e os ovos,a cozer na água. Numa tigela grande, coloque os alhos, os coentros, um pouco de sal e pise tudo. Acrescente o azeite. Quando o bacalhau e os ovos estiverem cozidos,retirei-os da água.

Verta a água na taça e junte o pão,cortado em fatias pequenas. Coloque uma posta de bacalhau e um ovo em cada prato e sobre este, ponha o pão e o caldo da açorda.

Acompanhe com azeitonas e rábano cortado ás rodelas finas.

Receitas de

Maria Rosario Pires

Photo In Sapo Lifestyle

Quinta-feira, 25 de Fevereiro de 2021

Celeiro da Cultura

CECÍLIA MEIRELES

A arte de ser feliz

Fotografia de Adriano Bastos

Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia

ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.

Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto.

Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando

com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma

espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para

as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos

magros e meu coração ficava completamente feliz.

Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes

encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que

pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.

Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.

Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Ás vezes, um

galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar,

cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.

Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de

cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem

diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a

olhar, para poder vê-las assim.

Motivo

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

— não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

— mais nada.

Photo in InfoEscola

ATÉ QUANDO TERÁS, MINHA ALMA, ESTA DOÇURA

Fotografia de Adriano Bastos

Até quando terás, minha alma, esta doçura,

este dom de sofrer, este poder de amar,

a força de estar sempre – insegura – segura

como a flecha que segue a trajetória obscura,

fiel ao seu movimento, exata em seu lugar...

Terça-feira, 23 de Fevereiro de 2021

Em Alentejo-GASTRONOMIA

Receitas Culinárias Alentejo

Pezinho de borrego de coentrada.

"Pezinho de borrego de coentrada.

12 pezinhos de borrego

3 ou 4 dentes de alho

1 cebola grande

3 batatas

Coentros

1 dl de azeite

Sal

Louro

Os pezinhos de borrego,vão ao forno num tacho, temperados com sal,louro,os dentes de alho picados,a cebola ás rodelas e o azeite. Deixam-se refogar um pouco. Depois junta-se-lhe água suficiente para que os pezinhos cozam. Depois de cozidos,juntam-se as batatas aos quadrados e deixam-se cozer. No fim da cozedura,juntam-se os coentros picados. Servem-se com pão torrado."

Receitas de

Maria Rosario Pires

Segunda-feira, 22 de Fevereiro de 2021

O Livro de Semana

Os Comeres dos Ganhões

de

Aníbal Falcato Alves

"No tempo da fome, que foi o tempo do fascismo no Alentejo, a açorda era o alimento quase exclusivo dos trabalhadores alentejanos durante os meses de Inverno. No Verão, a açorda era substituída pelo gaspacho.

Claro que as açoradas comidas pelos trabalhadores não tinham os requintes do bacalhau, da pescada ou de qualquer outro acompanhamento. Mesmo o azeite não era empregado na devida quantidade.

À açorda assim comida, sem qualquer acompanhamento, chamava-se “açorda pelada”. Às outras, aquelas bem temperadas, só os senhores tinham acesso. Havia agrários que comiam o bacalhau nas suas açordas e, num gesto magnânimo, mandavam guardar as barbatanas para serem cozidas na água da açorda da malta. Devido a esta benemerência, de vez em quando, os trabalhadores lá a comiam com um gostinho a bacalhau."

Domingo, 21 de Fevereiro de 2021

Concerto de Domingo à tarde

Mudar de Vida - Carlos Paredes

https://youtu.be/A00BFvl6ywE

Sábado, 20 de Fevereiro de 2021

Visite o Alentejo

Pavia

Photography of Câmara Municipal de Mora

"Diz um antigo prolóquio regional que não se deve estar em Mora nem uma hora, em Cabeção nem um serão e em Pavia nem um dia. Com isto, ao que parece, se quis dizer que das três vilas Pavia seria a melhor. Pavia é uma freguesia do Concelho de Mora, com 185,28 km² de área e 932 habitantes (censos de 2011). Foi sede de Concelho entre 1287 e o início do século XIX. A freguesia de Pavia é atualmente composta por duas povoações, Pavia e Malarranha. Malarranha situa-se a cerca de 5 km de Pavia, onde se pode visitar a Igreja de Nossa Senhora de Fátima.

No século XVI foi construído o edifício dos Paços do Concelho, onde atualmente se situa a Junta de Freguesia.

O povoamento de Pavia remonta à pré-história tal como demonstram as diversas antas presentes na zona, estando mesmo os restos de uma delas no centro da vila. Hoje transformados em capela dedicada a São Dinis, como forma de homenagem por ter sido este a dar o primeiro foral a Pavia a 25 de fevereiro de 1516. Os inúmeros registos megalíticos presentes na zona provam a antiguidade da vila. Diz-se que as origens históricas deste agregado populacional, o mais antigo do Concelho de Mora, se ficaram a dever a uma colónia de imigrantes italianos chefiada por um certo Roberto, provenientes de uma região italiana denominada de Pavia, fixados a instâncias de D. Afonso III ou de D. Dinis.

A reforma administrativa da vila deu-se a 6 de novembro de 1836, integrando em Pavia os extintos Concelhos de Águias, Cabeção e Mora. Esta situação manteve-se até 17 de abril de 1838, altura em que a sede de Concelho passa a ser Mora.

Esta é uma vila tipicamente alentejana que se encontra já bastante afastada do Ribatejo. Está rodeada de paisagens a perder de vista onde se podem avistar pequenos pontos brancos dispersos entre sobreiros e azinheiras que são nada mais, nada menos, que os típicos montes alentejanos.

Manuel Ribeiro de Pavia.

Fernando Namora

in Visão-Sapo

Nesta vila viveram duas ilustres personalidades: Fernando Namora e Manuel Ribeiro de Pavia. Fernando Namora para além da profissão de médico que exerceu nesta terra, também escreveu sobre estas gentes e sobre as lindas paisagens que espreitam a vila de Pavia e deixou algumas das suas telas que retratam essas mesmas paisagens. Manuel Ribeiro, que posteriormente adotou o nome da vila ficando Manuel Ribeiro de Pavia, foi outro grande homem. Pintor de excelência que deixou um museu com vários originais, que são visitados por inúmeras pessoas, na Casa Museu Manuel Ribeiro de Pavia. Dois nomes sonantes que deixaram bem presente a marca das suas obras na vila e no Concelho.

Datas Festivas

Feira Anual de Pavia

Parque de Feiras de Pavia - 1º Fim de semana de Junho

Festas em Honra do Santíssimo Sacramento

Pavia – 1º fim de semana de Setembro

São Martinho

11 de Novembro

Concurso de Pintura Rápida “Pintar Pavia”

Bienal – data volante

Festas em Honra de Nossa Senhora de Fátima

Localidade de Malarranha – 3º fim de semana de agosto"

In Alentejo Sempre

Quarta-feira, 17 de Fevereiro de 2021

"Respigando...Alentejo"

(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)

"Há outro episódio da história do Alentejo fascinante que é as populações negras que foram levadas para o vale do Sado, para os arrozais, e que se misturaram de tal forma que hoje é impossível distingui-las, a não ser por um ou outro traço físico, e que culturalmente tornaram-se 100% alentejanos.Esse é um fenómeno mais recente e mais conhecido.

importância entre nós, até porque não ficaram só algumas das comunidades mais antigas que aqui existiam - sabemos que os judeus precederam os cristãos em Mértola e Beja, é um facto devidamente estudado e reconhecido -, mas por outro lado, quando se deu a expulsão em Espanha, muitas dessas famílias acolheram-se no Alentejo e conseguiram, mais ou menos discretamente, sobreviver entre nós. Isso, aliás, chegou aos nossos dias. "

No Islão do Alentejo, José António Falcão,19.08.19, in DN

Na realidade, fixaram-se não apenas no vale do Sado mas noutros sítios do Alentejo.

Historiadores como Jorge Fonseca têm estudado com pormenor esta realidade e hoje podemos detetá-la não apenas na sobrevivência de determinados dados genéticos mas até nas raízes da religiosidade. Por exemplo, o culto de Santa Efigénia ou de São Benedito de Palermo mostram bem como é que estas comunidades tinham força, poder económico, religioso e social. Na verdade elas fundiram-se, depois, neste grande caldeirão que é a nossa comunidade alentejana atual, mas alguma semiologia sua chegou até aos nossos dias. Por outro lado, há traços interessantes que nos remetem para o judaísmo, que teve uma

in José António Falcão,entrevistado»»no-islao-do-alentejo,DN, 19 de agosto de 2019

Segunda-feira, 15 de Fevereiro, 2021

O Livro da Semana

de

Carlos de Oliveira

Photography of Escritas.org

"Trabalho Poético"

Insónia

"Penso que sonho. Se é dia, a luz não chega para alumiar o caminho pedregoso; se é noite, as estrelas derramam uma claridade desabitual.

Caminhamos e parece tudo morto: o tempo, ou se cansou já desta caminhada e adormeceu, ou morreu também. Esqueci a fisionomia da paisagem e apenas vejo um trémulo ondular de deserto, a silhueta carnuda e torcida dos cactos, as pedras ásperas da estrada.

Chove? Qualquer coisa como isso. E caminhando sempre, há em redor de nós a terra cheia de silêncio.

Será da própria condição das coisas serem silenciosas agora?"

Photo of Livraria Olisipo

Quinta-feira, 11 de Fevereiro de 2021

Alentejo-Cante Alentejano

Cante Alentejano

"ACERCA DO ENCANTO DA MÚSICA POPULAR ALENTEJANA E DA BELEZA

DA SUA POESIA. DILEMAS SOBRE A ORIGEM DO CANTO ALENTEJANO"

"Concluindo este assunto sobre as origens do canto popular alentejano, problema que continua à espera de uma resposta convincente, não ajuda nada, segundo me parece, fixarmo-nos sobre opiniões que porventura se desejem tornar como definitivas e sem discussão, como por exemplo é o caso de se pretender, como ponto assente, estar na sua origem o canto gregoriano. É que, e aqui é que o problema se complica, antes do cantochão cá ter chegado já cá estava o canto popular onde muito provavelmente o povo foi influenciado pelo modo de cantar que de África passou o estreito e se acomodou neste interior alheio às influências que ao longo da história sofreu toda a costa algarvia. Não estou de acordo, por exemplo, com a opinião do Padre Marvão, grande admirador do canto do Baixo Alentejo, quando para ele, o que conta na génese do cantar do nosso povo é o canto gregoriano. Mas com ele concordo com a sua curiosa asserção, nesse trabalho que eu consultei, que flagrantemente contradiz a sua hipótese: "A nossa música alentejana não foi ensinada por ninguém, é espontânea; nasce do coração e da intuição dos alentejanos, com uma aptidão excepcional para o canto que tem as dimensões dos sagrados momentos da vida..."Henriques Pinheiro:8/11/1997

Fotografia de Filipe José Galhanas

Segunda-feira, 08 de Fevereiro de 2021

Em Alentejo-GASTRONOMIA

Receitas Culinárias Alentejo

"FARÓFIAS

Ingredientes: 5 dl de leite 2 paus de canela 1 limão (casca) 8 claras 8 colheres de sopa de açúcar 5 dl de leite creme (pode ser de pacote) Canela em pó para polvilhar Paus de canela para decorar Preparação: Leve ao lume o leite,a canela e a casca de limão,até ferver. À parte,bata as claras

em castelo e junte o açúcar,batendo mais um pouco. Verta colheradas das claras no

leite e vá cozendo,de ambos os lados. Retire as farófias com uma escumadeira e disponha-as em taças. Reserve no frigorífico. Prepare o leite creme e deixe arrefecer um pouco. Verta sobre as farófias e volte a reservar no frigorífico,até ao momento de servir. Sirva

bem fresco com canela em pó e decorado com paus de canela."

Receitas de

Maria Rosario Pires

Sexta-feira, 5 de Fevereiro de 2020

"Alentejo Terra de Artistas"

A pintura é neta da natureza...

Rembrandt

Rogério Ribeiro

Estremoz

Ilustração (1956) de Rogério Ribeiro para o livro “Histórias do Zaire

de Alexandre Cabral editado pela Orion.

"A INFÂNCIA ALENTEJANA

Diz-nos a sua filha e biógrafa Ana Isabel Ribeiro (2):

"Rogério Ribeiro nasce em Estremoz, em 1930, na antiga Rua das Freiras. Filho de Rosil da Silva Ribeiro e de Celeste dos Anjos Chouriço Ribeiro.

O seu pai, funcionário público, foi o 16° filho de Narciso Ribeiro que, com 12 anos, chega a Estremoz vindo de Cardigos (distrito de Castelo Branco) e que, começando a trabalhar como marçano, chegou a Presidente da Câmara. Promoveu, na vila, a construção do lavadouro público, de esgotos, abriu uma avenida para a estação de camínhos-de-ferro e, de acordo com a memória de alguns, durante as vagas de fome no Alentejo, inventou trabalho para os camponeses que, diariamente, enchiam as brancas escadarias de mármore do município. A sua avó paterna, Amália Ribeiro, era oriunda de uma família de Borba. Dotada de um imenso pragmatismo, encarando com enorme lucidez os sobressaltos e alguns enganos da vida, orientou 13 dos 16 filhos que teve, já que três faleceram ainda menores.

A sua mãe casou aos 18 anos, vinha de uma família de nove irmãos, onde todos trabalhavam.

O pai, João de Deus Chouriço, vendia lotaria, sendo também contínuo e guarda da Sociedade

Recreativa "Os Artistas", onde se reuniam os agrários e a burguesia da vila. Magra e altiva,

senhora da sua condição, a sua avó materna, Teresa de Jesus Chouriço, ocupava-se dos filhos,

fazia a limpeza da Sociedade e preparava as ceias para os Jogadores que aí permaneciam noite fora.

Rogério Ribeiro, vive a sua primeira infância por terras do Alentejo "sem memórias maiores do

que amplas cozinhas, quartos caiados, ruas de terra batida ladeadas por casas rentes ao chão,

brincadeiras de rua (sem recordar o rosto ou o nome dos companheiros), fins de tarde tenros

mastigando conversas de adultos". Cerca de uma década depois já se encontra em Lisboa,

cidade onde passa a residir.

TAPEÇARIA

A Rainha Surpreendida pelo Mensageiro

Cartão para Tapeçaria de Portalegre (119x200 cm). Briga

Tapeçaria, "Amanhecer" (Rogério Ribeiro, 1997).

Óleo

O Cão Voador (1990)

Rogério Ribeiro.

Óleo sobre Tela (27x36 cm).

Colecção particular.

Família (1951).

Óleo sobre cartão.

Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.

Rogério Ribeiro.

Óleo sobre tela (99x99 cm).

Colecção particular.

Um Quadro Azul (1993-1994).

SERIGRAFIAS

Serigrafia.

Só quando a terra for nossa, meu amor, teremos Pátria.

Serigrafia.

Figuras (1986).

Ao Fim de Alguns Dias Voltaram a Chamá-la

A Bicicleta Deslizou Suavemente como se Nenhum Peso Levasse

Trabalhadores! Operários e Camponeses

Estendia a Mão Larga e Espessa aos Recém-Vindos

Olhou ainda o Ceú e Fez-se de Novo à Chuva

Serigrafia de Rogério Ribeiro que serviu como ilustração

para o romance de Manuel Tiago "Até Amanhã, Camaradas".

O Vento Soprou Mais Forte

O Voador

Coroação Da Primavera

DESENHOS

Abandono (1992).

Desenho sobre papel (49 x 63 cm).

Colecção particular.

Azulejos

"Azulejos para Santiago".

Painel para o Arquivo Histórico Municipal de Usuqui

Pormenor do revestimento azulejar do átrio Norte

da estação de metro dos Anjos - Lisboa (1982).

Intervenção plástica de Rogério Ribeiro.

Fotografia dex Roberto Santandreu.

Pormenor do revestimento azulejar da estação de metro da Avenida - Lisboa.

Intervenção plástica de Rogério Ribeiro.

Fotografia de J. J. Amarante.

Blimunda, painel de azulejos a partir de pintura de ROGÉRIO RIBEIRO (1930-2008).

Está na fachada da casa lisboeta de Pilar e José Saramago.

Quinta-feira, 4 de Fevereiro de 2020

Encontro com os nossos escritores

«Um livro é como um jardim que se carrega no bolso.»

Provérbio Árabe

Fernando Namora

"No seu romance Domingo à tarde (Prémio José Lins do Rego) Fernando Namora conta em uma

história densa; o tratamento que dá às personagens deixa transparecer uma sensibilidade

incomum; as abordagens que faz sobre a miséria humana, miséria essa que o cerca no seu

dia-a-dia no hospital, no qual exerce sua profissão de médico. E Domingo à tarde o escritor

demonstra saber lidar com os sentimentos mais íntimos das personagens que povoam o hospital,

ambiente impregnado de dor, de angústia, de esperança e de desesperança. Namora demonstra ter um profundo conhecimento da alma humana, e faz com que o leitor se torne cúmplice das suas

personagens. Nesse romance (Domingo à tarde) o escritor desperta no leitor um forte sentimento

de compaixão e solidariedade pelos seus infortúnios, sentimentos esses que se mesclam com um

traço de culpa, como se quem o lê também seja responsável por todo o caos social que passa a

permear a sua narrativa. " in Pedro Luso de Carvalho Blog Panorama

Quarta-feira, 3 de Fevereiro de 2021

Em Alentejo-GASTRONOMIA

Receitas Culinárias Alentejo

Caldo de bacalhau (Serpa)

Photography in Net

Caldo de bacalhau (Serpa) "1 posta de bacalhau por pessoa 1 cebola 4 dentes de alho 1 tomate médio 1 ovo por pessoa Ervas aromáticas a gosto (salsa ou coentros ou poejos) 2 dl de azeite 3 batatas médias Fazer um refogado no azeite,com a cebola,os alhos,o tomate e as ervas aromáticas,

tudo picado. Pôr um pouco de água e colocar as batatas ás rodelas grossas.

Quando as batatas estiverem meio cozidas, deitar o bacalhau e os ovos abertos. Deixar apurar e servir, com pão alentejano."

Receitas de

Maria Rosario Pires

Segunda-feira, 1 de Fevereiro de 2021

Livro da Semana

José Saramago

Texto do Livro "Levantado do chão"

Fotografia in Levantado-do-Chao.jpg

“Então chegou a república. Ganhavam os homens doze ou treze vinténs, e as mulheres menos de metade, como de costume. Comiam ambos o mesmo pão de bagaço, os mesmos farrapos de couve, os mesmos talos. A república veio despachada de Lisboa, andou de terra em terra pelo telégrafo, se o havia, recomendou-se pela imprensa, se a sabiam ler, pelo passar de boca em boca, que sempre foi o mais fácil. O trono caíra, o altar dizia que por ora não era este reino o seu mundo, o latifúndio percebeu tudo e deixou-se estar, e um litro de azeite custava mais de dois mil réis, dez vezes a jorna de um homem.

Viva a república, Viva. Patrão, quanto é o jornal agora, Deixa ver, o que os outros pagarem, pago eu também, fala com o feitor, Então quanto é o jornal, Mais um vintém, Não chega para a minha necessidade, Se não quiseres, mais fica, não falta quem queira, Ai minha santa mãe, que um homem vai rebentar de tanta fome, e os filhos, que dou eu aos filhos, Põe-nos a trabalhar, E se não há trabalho, Não faças tantos, Mulher, manda os filhos à lenha e as filhas ao rabisco da palha, e vem-te deitar, Sou a escrava do senhor, faça-se em mim a sua vontade, e feita está, homem, eis-me grávida, pejada, prenhe, vou ter um filho, vais ser pai, não tive sinais, Não faz mal, onde não comem sete, não comem oito.

Viva a república, Viva. Por todas as herdades corria um vento mau de insurreição, um rosnar de lobo acuado e faminto que grande dano lhe causaria se viesse a transformar-se em exercício de dentes. Havia pois que dar um exemplo, uma lição.

Já lá vai adiante o esquadrão da guarda, amorosa filha desta república, ainda os cavalos tremem e a espuma fica pelo ar em flocos repartida, e agora passa-se à segunda fase do plano da batalha, é ir por montes e montados em rusga e caça aos trabalhadores que andam incitando os outros à rebelião e à greve, deixando os trabalhadores agrícolas parados e o gado sem pastores, e assim foram presos trinta e três deles, com os principais instigadores, que deram entrada nas prisões militares. Assim os levaram, como a récua de burros albardados de açoites, pancadas e dichotes vários, filhos da puta, vê lá onde é que vais dar com os cornos, viva a guarda da república, viva a república da guarda."

Domingo, 31 de Janeiro de 2021

Concerto de Domingo à tarde

ALENTEJO - VIVER E MORRER CONTIGO

https://youtu.be/p1i6LNtJXqs

Quinta-feira, 28 de Janeiro de 2021

Em Alentejo

"Alentejo Terra de Escritores"

Vidigueira

Fialho de Almeida

Photo in http://wwwpoetanarquista.blogspot.com/

Vida pessoal e formação

Fialho de Almeida nasceu em Vila de Frades, Vidigueira, no dia 7 de Maio de 1857, filho de um mestre-escola.[1]

Realizou os estudos secundários num colégio de Lisboa, entre 1866 e 1871; empregou-se numa farmácia, e formou-se em Medicina, entre 1878 e 1885. Em 1893 voltou à sua terra natal, onde desposou uma senhora abastada, que faleceu logo no ano seguinte e da qual não teve descendência.[1]

Fialho de Almeida faleceu a 4 de Março de 1911, na localidade de Cuba[1], onde foi sepultado.[2]

Nunca exerceu medicina, tendo-se dedicado ao jornalismo e à literatura.[1] Tornou-se lavrador em Cuba, mas continuou a publicar artigos para jornais, e a escrever vários contos e crónicas.[1]

Entre as suas obras mais notáveis, encontram-se os cadernos periódicos Os Gatos, redigidos entre 1889 e 1894, que seguiram a mesma linha crítica d' As Farpas, de Ramalho Ortigão.[1]

A sua carreira literária foi pautada por um estilo muito irregular, baseado no naturalismo; inspirou-se, principalmente, nas sensações reais, mórbidas e grosseiras, com temas repartidos entre os cenários urbanos e campestres.[1]

O seu estilo adoptou, nos finais do Século XIX, um espírito mais decadente, em concordância com os ideais em voga nessa época.[1]

Fialho de Almeida colaborou em diversas publicações periódicas, nomeadamente nos jornais humorísticos Pontos nos ii (1885-1891)[3]e A Comédia Portuguesa (fundado em 1888)[4], e também nas revistas: Renascença [5] (1878-1879?), A Mulher [6] (1879), O Pantheon (1880-1881),[7] Ribaltas e Gambiarras (1881),[8] Branco e Negro (1896-1898),[9] Brasil-Portugal (1899-1914),[10] Serões (1901-1911).[11] e, postumamente, na Revista de turismo [12]iniciada em 1916

Fialho de Almeida por António Carneiro.

in Wikipédia

Domingo, 24 de Janeiro de 2021

Concerto de Domingo à tarde

Se fores um dia a Serpa

https://youtu.be/i2XZi2dw8Ec

trigo roxo velhas muralhas

https://youtu.be/VUcXy30xOEw

Serpa do Alentejo

https://youtu.be/eZKZCnBMi9U

Sábado, 23 de Janeiro de 2021

Em Alentejo-GASTRONOMIA

Receitas Culinárias Alentejo

Bolo de café

maxresdefault.jpg

"Bolo de café (Alentejo)

4 ovos

2 chávenas de chá de açúcar amarelo

Meia chávena de chá de azeite

2 colheres de sopa de café solúvel

1 colher de chá de canela

2 chávenas de chá de farinha

1 colher de chá de fermento em pó.

Bater os ovos com o açúcar,até obter um creme fofo. Juntar o azeite e bater mais um pouco. Adicionar o café e a canela e bater mais dois minutos. Por fim,adicionar a farinha e o fermento em pó. Levar ao forno,em forma untada com margarina e polvilhada com farinha, durante quarenta minutos,a 180 graus.

" Receitas de

Maria Rosario Pires

Sexta-feira, 22 de Janeiro de 2021

19 de Janeiro de 1923

Aniversário de nascimento de Eugénio de Andrade

(19 de Janeiro de 1923)

Quanto a mim, gosto das palavras que sabem a terra, a água, aos frutos de fogo do verão, aos

barcos no vento; gosto das palavras lisas como seixos, rugosas como o pão de centeio.

Palavras que cheiram a feno e a poeira, a barro e a limão, a resina e a sol.

Foi com essas palavras que fiz os poemas. Palavras rumorosas de sangue, colhidas no espaço luminosos da infância, quando o tempo era cheio, redondo, cintilante. As palavras necessárias

para conservar ainda os olhos abertos ao mar, ao céu, às dunas, sem vergonha, como se os merecesse, e a inocência pudesse de quando em quando habitar os meus dias. As palavras são a nossa salvação.

Eugénio de Andrade

Tudo me prende à terra onde me dei:

o rio subitamente adolescente,

a luz tropeçando nas esquinas,

as areias onde ardi impaciente.

Tudo me prende do mesmo triste amor

que há em saber que a vida pouco dura,

e nela ponho a esperança e o calor

de uns dedos com restos de ternura.

Dizem que há outros céus e outras luas

e outros olhos densos de alegria,

mas eu sou destas casas, destas ruas,

deste amor a escorrer melancolia.

Photo in gens-isibraiega.blogspot.pt

Os navios existem, e existe o teu rosto

encostado ao rosto dos navios.

Sem nenhum destino flutuam nas cidades,

partem no vento, regressam nos rios.

Na areia branca, onde o tempo começa,

uma criança passa de costas para o mar.

Anoitece. Não há dúvida, anoitece.

É preciso partir, é preciso ficar.

Os hospitais cobrem-se de cinza.

Ondas de sombra quebram nas esquinas.

Amo-te... E entram pela janela

as primeiras luzes das colinas.

As palavras que te envio são interditas

até, meu amor, pelo halo das searas;

se alguma regressasse, nem já reconhecia

o teu nome nas suas curvas claras.

Dói-me esta água, este ar que se respira,

dói-me esta solidão de pedra escura,

estas mãos nocturnas onde aperto

os meus dias quebrados na cintura.

E a noite cresce apaixonadamente.

Nas suas margens nuas, desoladas,

cada homem tem apenas para dar

um horizonte de cidades bombardeadas.

Eugénio de Andrade

Quinta-feira, 21 de Janeiro de 2021

O livro da semana

de

Agustina Bessa-Luís

1000 × 1467

"As cidades não são pátrias. É na província que se encontra o carácter e a mística duma

nação, e os grandes escritores deixam-se amarrar ao espírito das terras nulas e

sensatas a que extraem um brilho que a pedra polida da capital não tem."

Agustina Bessa-Luís

"A viagem de comboio tinha um cunho espirituoso. Sempre se encontravam pessoas raras, porque a província preservava o indivíduo e conservava o seu dialecto e os seus costumes. Eram recoveiras, caixeiros-viajantes, gente do negócio e do contrabando, estudantes em férias ou que as tinham terminado, padres e professores; e um sem-número de passageiros precavidos com um farnel de pombos estufados em vinho do Porto e cavacas de Resende. Comida de gente regalada e antiga como havia na província profunda."

Terça-feira, 19 de Janeiro de 2021

Celeiro da Cultura

Photography of Ching Yang Tung

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José Gomes Ferreira

Photography of Ching Yang Tung

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Chove!

Chove...

Mas isso que importa!,

se estou aqui abrigado nesta porta

a ouvir na chuva que cai do céu

uma melodia de silêncio

que ninguém mais ouve

senão eu?

Chove...

Mas é do destino

de quem ama

ouvir um violino

até na lama.

Photography of Ching Yang Tung

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Extrai todos os dias

Extrai do todos-os-dias

O hoje de todo-o-sempre

Até ao fim do mundo

Quando o sol gelar

A última eternidade.

Embala amanhã nos braços dos outros

A criança esquecida

Que foi agora atropelada

Por mil automóveis

Em todas as ruas do mundo.

Procura nas lágrimas recentes

Os olhos de hão-de chorá-las

Daqui a dez mil anos.

E se queres a glória

De ser ignorado

Pelo egoísmo do futuro

Ouve, poeta do desdém novo:

Canta os mortos das barricadas

E a volúpia das dores do tempo.

(Mas pede às rosas

que continuem a repetir-se

até o fim das pedras…

Domingo, 17 de Janeiro de 2021

Concerto de Domingo à tarde

Meu Alentejo - Dulce Pontes

Cesária Évora

&

Bonga, Mariza, Dulce Pontes, Marisa Monte - sodade

https://youtu.be/wrJ816KzMLs

Sábado, 16 de Janeiro de 2021

Pintura Portuguesa

10 de Janeiro de 1926

Photo in https://en.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlio_Pomar

Júlio Pomar

"Júlio Artur da Silva Pomar[1] (Lisboa, 10 de janeiro de 1926) é um artista plástico/pintor português. Pertence à 3ª geração de pintores modernistas portugueses[2], sendo autor de uma obra multifacetada, centrada na pintura, desenho, cerâmica e gravura, com importantes desenvolvimentos nos domínios da tridimensão (escultura; assemblage) ou da escrita."

in Wikipédia

Photo in http://expresso.sapo.pt/

"Antes disso, vivia - e isto foi importante para mim - num quarto andar da Rua das Janelas Verdes, com o Tejo defronte - o Tejo como era na altura. O Tejo com movimento, com navios de carga, com fragatas, tudo. Passei do Tejo com movimento para as Avenidas Novas, que era uma coisa chata. Isso de ver o Tejo fez-me muita falta e talvez esteja na origem da minha mania de fazer bonecos. Essa falta de um espectáculo permanente talvez me tenha levado, por hipótese, a desenhar."

Júlio Pomar

O almoço do trolha, 1946-50, óleo sobre tela, 120 cm x 150 cm (in Wikipédia)

Photo in in http://wwwpoetanarquista.blogspot.com

Photo in https://www.wikiart.org/

"Como toda a gente, sou um bicho carregado de memória. Mas não tenho memória prática – não sei um único número de telefone, perco-me nas ruas, esqueço os detalhes das conversas ou das casas. Mesmo nos retratos que faço de cor: as coisas entram, são caldeadas e o que fica é mais um sentido, uma alusão a, do que uma soma de pormenores. W quando faço passar o modelo, o trabalho mais excitante começa no momento em que sinto a necessidade de apagar, ir desfazer a imagem registada no papel, para deixar agir um poder-elaborante, não directamente consciente."

Júlio Pomar em conversa com Helena Vaz Silva

Quinta-feira, 14 de Janeiro de 2021

Cante Alentejano

TRATADO DO CANTE

Fez dia (7/1/2021) 18 ANOS QUE MORREU VÍTOR PAQUETE (SENHOR ALENTEJO). É bom lembrar:

Uma memória viva do Alentejo

"Vitor Paquete, incansável embaixador de todas as nobres causas do Alentejo - com destaque para a defesa e divulgação do cante que, desde sempre, lhe mereceram um carinho muito especial (...), decidimos homenageá-lo neste Boletim como figura tutelar do 1º. Congresso do Cante Alentejano. Assim, recolhemos depoimentos - que iremos continuar a divulgar no nosso próximo número - de muitos Alentejanos (e não só) que tiveram o privilégio de com ele conviver e trabalhar. José Chitas, ex-Presidente da Câmara Municipal de Mora e Presidente da Assembleia Geral da Casa do Alentejo - em depoimento lido durante o Congresso do Alentejo que também homenageou o Autarca José Dias Sena e o artista multifacetado Anibal Falcato Alves, ambos já falecidos -define desta forma exemplar o cidadão Francisco Vitor Paquete, alentejano natural de Messejana Grande e paciente sofredor das horas amargas, dos caminhos difíceis e um dos mais relevantes colecionadores de pequenas alegrias, arduamente obtidas nalguns triunfos."in Tratado do Cante

DOMINGOS ANTÓNIO XAREPE (Ex-Presidente da Direcção da Casa do Alentejo)

in JoséF.Pereira/FB

"No Alentejo com Vitor Paquete"

"Como se estivesse à mesa do restaurante da Casa do Alentejo e na mão um livro de Manuel da Fonseca e por companhia muitos outros amigos, ... um só falava: Vitor Paquete.

Contava, como só ele sabia, Estórias e a História dum Povo, duma Cultura e duma Região.

O Paquete era a maior e mais completa Enciclopédia viva do Alentejo.

E, como a recordação de um amigo, como o foi Manuel da Fonseca, nos traz à memória o que disse e o que escreveu, não resistimos à tentação de transcrever um os seus poemas e endereçá-lo ao Paquete.

"No postigo do Monte

inquieto rosto acode

espreitando para longe

o descampado aberto

(Quem vem lá na distância,

que nem a seara mexe

Nem o pó se levanta

dos caminhos sem vento?...)"

Do Paquete, registámos o que sempre disse, quando por qualquer motivo saía à tardinha de Lisboa e se deslocava ao Alentejo.

"É maravilhoso e reconfortante ir para o Alentejo a esta hora, dá a sensação de que regressamos a casa depois de um dia de trabalho..."

E, para quem, como nós, sentimos a distância e a fronteira do Tejo, não podemos deixar de imaginar e sentir, quem lá no Monte, espreita ao postigo e inquieto, espera ver surgir, através das searas e do vento, o regresso de alguém que está ausente...

Nós, regressamos sempre, não é verdade, Vitor Paquete?”

Quarta-feira, 13 de Janeiro de 2021

O livro da semana

Wenceslau de Moraes

"O culto do chá"

"Para a alegria dos olhos, a simples preparaçäo do chá imprime um relevo delicioso á graciosidade innata na "musumé" (*) na attitude que lhe é mais habitual, de joelhos sobre a esteira, junto do seu brazeiro. A mimica é impressiva, unica; privilegio d'aquella figurinha meiga e ondulante e d'aquella buliçosa mäo, de finissimos contornos, da japoneza, que é, em summa, a Eva mais gentilmente pueril, mais captivantemente chimerica, mais feminina emfim, de todas as Evas d'este mundo. Parece certo que jamais o japonez, que ignora o beijo, haja poisado a bocca n'aquella mäo que exhibe esplendores de graça para servir-lhe o chá; o forasteiro, em intimidade serena, pode ensaiar o galanteio se phantasia o tenta; e entäo verá talvez, que a mäosita da "musumé", reconhecida ao afago, se conchega de encontro aos labios, se demora, como uma rola docil gulosa de carinhos."

.

— Wenceslau de Moraes, “O culto do chá", Kobe, Typographia do "Kobe Herald",

Terça-feira, 12 de Janeiro de 2021

Alentejo e os seus Artistas

Moura

Música de Luiz Piçarra

"Alentejo da minha alma"

Nasceu a 23JUN1918 em Pizões ( Moura )-- Faleceu em 23SET1999 em Lisboa.

Ficou conhecido por ser o autor do atual hino do Sport Lisboa e Benfica ! A 23ABR1964 no Pavilhão dos Desportos em Lisboa, fez-se um espetáculo de homenagem aos seus 25 anos de carreira.

Em 1987 foi lançado o livro " Luis Piçarra instantâneos da minha vida "

CANÇÔES -------- Granada, Avril au Portugal, Canção do Ribatejo, Caminho Errado, Anda Cá, Aninhas, Batalha, Guitarra da Mouraria, Morena da Raia, Santa Maria dos Mares, Ser Benfiquista e Meu Alentejo, foram os grandes êxitos deste cantor. Cantou no Brasil, Egito, Chipre,Líbano, Síria, Grécia, Turquia e Itália.

LUIS RAUL TANEIRO CAEIRO DE AGUILAR BARBOSA PIÇARRA VALTERAZZO Y RIBADANAYRA ( Luis Piçarra )

Luis Piçarra - Alentejo da minha alma

https://youtu.be/3eYbMvFARR8

Sexta-feira, 8 de Janeiro de 2021

Roteiro Cultural

Entre o Xisto e o Mármore, passeios no Alentejo

Região de Turismo de Évora

https://youtu.be/T1__Scr9c04

Quinta-feira, 7 de Janeiro de 2021

Celeiro de Cultura

Eduardo Olímpio (Alvalade do Sado, 24 de Janeiro de 1933), de seu nome completo Eduardo Olímpio Espada é um poeta e prosador português. Depois de um longo período de "experimentador de profissões" (sic), de onde se destacam as de caixeiro, livreiro, tradutor e editor, dedica-se à escrita a tempo inteiro, sendo autor de prosa e poesia.

in Wikipédia

AMIGA

Quem sorri assim fecha a janela

Que o Sol não é preciso

Na mesa há uma toalha de ternura

E no copo no talher o teu sorriso.

Pela casa dois pardais tentam voar

Voam penas/alegrias no corredor:

- Voem pardalitos, voem, voem

Que as paredes desta casa são de amor.

E um dia hei-de ir mercar ao teu balcão

(Nem seja somente em fantasia)

Um casaco de sol em jaquetão,

Já-que-tão me tocaste de harmonia.

Eduardo Olímpio

Balada para uma Ceifeira

Ceifeira do Alentejo

Há quanto tempo não vejo

Teu corpo ceifando o trigo.

Teu rosto moreno ao sol,

Minha eira, meu farol

Meu deserto e meu amigo.

Ceifeira do Vale do Sado

Diz esta sina este fado

Hás-de ser noiva em Agosto.

Que o pastor que ao longe canta

Transporta o sol na garganta

Para o trigo do teu rosto.

Ceifeira do Alentejo,

Tua voz dá cor ao brejo

Da charneca és a princesa.

Rosa brava junto à sebe,

Água fresca em minha sede,

És ganhã, mas tens nobreza.

Ceifeira da minha terra,

Vou pedir àquela serra

Que te alpendre junto aos céus.

Que as santas são destinadas

A acordar as madrugadas

Na mão direita de deus.

Ceifeira do Alentejo,

Ai, que saudades do trigo,

Que lembranças do poejo.

Saudades de quando eu era

mais alto que a primavera,

Tamanho do Alentejo.

In Para Alvalade, Com Amor

Quarta-feira, 6 Janeiro de 2021

"Respigando...Alentejo"

(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)

Fotografia de Filipe José Galhanas

Évora

Extraído de "As Pedras e o Tempo"

de

Fernando Lopes, 1961. Seu primeiro filme.

https://youtu.be/WQPyr-L8Xn8

Terça-feira, 5 de Janeiro de 2021

Em Borba- Mezinhas da Avó

"A alegria evita mil males e prolonga a vida."

William Shakespeare

Benefícios no consumo de MEDRONHO

Medronho tem mais benefícios para a saúde do que se pensa

Uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro (UA) quer ver o medronho nacional, aproveitado exclusivamente para a produção de aguardentes e licores, fora das garrafas e consumido fresco ou incluído noutros alimentos.

O Departamento de Química (DQ) da UA descobriu propriedades no fruto, como “a capacidade de evitar os radicais livres responsáveis por doenças como o cancro, de controlar os níveis de colesterol e de melhorar a saúde da pele e dos ossos”, revela o comunicado da academia.

Além das propriedades antioxidantes, a caracterização química detalhada do medronho realizada pelos investigadores destaca a presença de ácidos gordos insaturados, nomeadamente ómega 3 e 6, fitoesteróis e triterpenóides, compostos com importante actividade biológica. “Os ómegas 3 e 6 são ácidos gordos essenciais que têm de ser obtidos a partir da dieta uma vez que o nosso organismo não os sintetiza”, explica Sílvia Rocha. A investigadora no QOPNA, juntamente com os investigadores Armando Silvestre, do CICECO, e a aluna de Mestrado Daniela Fonseca, lembra que esses compostos “têm demonstrado um papel importante no controlo dos níveis de colesterol, na saúde da pele e dos ossos e uma relação inversa entre o consumo de ómega 3 e a perda de funções cognitivas”.

Desafiados pela Cooperativa Portuguesa de Medronho, os investigadores têm o objectivo de colocar o fruto na roda alimentar dos portugueses. O desenvolvimento de produtos naturais, saudáveis, de produção local e práticos, em conformidade com as actuais tendências do mercado alimentar e que contenham o ingrediente, que abunda de norte a sul do País, foi formalizado há um ano atrás.

O trabalho desenvolvido em colaboração entre as unidades de investigação Química Orgânica, Produtos Naturais e Agro-alimentares (QOPNA) do DQ e o Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (CICECO) da universidade, já resultou na incorporação da polpa do medronho em vários alimentos comuns, sejam biscoitos, iogurtes, barras energéticas ou bombons. O passo seguinte da equipa de químicos de Aveiro será o do eventual isolamento dos compostos do fruto que possam ser promotores de saúde humana e a sua adição a alimentos funcionais.

de Ana Catarina Monteiro

Domingo, 3 de Janeiro de 2021

Concerto de Domingo

Ode To Joy (Hino à alegria) - Beethoven

https://youtu.be/ahDls2JFzcQ

Sábado, 2 de Janeiro de 2021

Visite Borba

Fotografias de Adriano Bastos

Quinta-feira, 31 de Dezembro de 2020

Concerto de Fim de Ano e Começo de Novo Ano...

"A Música é uma revelação mais profunda que qualquer Filosofia."

Ludwig van Beethoven

Antonín Dvořák

- Sinfonía Nº 9 en Mi Menor, Op. 95,

"Del Nuevo Mundo" (IV. Allegro con fuoco), 1893

https://youtu.be/Owkb5snh_RU

Quarta-feira, 30 de Dezembro de 2020

Ao encontro dos nossos Escritores

Em 30 de Dezembro de 1989 ... foi há 28 anos !

MIGUEL TORGA, em COIMBRA, escrevia no seu ...

« DIÁRIO »...

" Um novo ano à vista, desta vez realmente promissor. Vamos a ver se ele é capaz

desatisfazer os compromissos do velho. O gráfico dos últimos acontecimentos é um

harmóniode espasmos. E só podemos desejar que sejam benéficas as consequências

do terramoto. Os sismos sociais, ao contrário dos outros, que desolam sempre, remoçam

habitualmente a paisagem humana."

MIGUEL TORGA

Photo in http://www.escritas.org/pt/

"(...)

"Eu tenho sobre a história uma ideia que está longe de ser a mais frequente. Penso que,

quem faz a história, não é o governo de uma nação. Sou eu, a vizinha do andar do lado e

o merceeiro que está estabelecido com loja na esquina da rua 4. É o par de namorados que passa de

lambreta ou o operário que vai para a oficina com a malinha do almoço. É o poeta, é o pensador,

é o cientista, é tudo toda a gente, a que sai e a que fica em casa, todos todos, excepto os que

compõem o governo. Esses só têm uma atitude permanente, que é a de atónitos

solucionarem, ou verdadeiramente ou falsamente, os problemas que lhes são impostos(...)"

António Gedeão

"Os amigos nunca são para as ocasiões. São para sempre. A ideia utilitária da amizade, como entreajuda, pronto-socorro mútuo, troca de favores, depósito de confiança, sociedade de desabafos, mete nojo. A amizade é puro prazer. Não se pode contaminar com favores e ajudas, leia-se dívidas. Pede-se, dá-se, recebe-se, esquece-se e não se fala mais nisso.

A decadência da amizade entre nós deve-se à instrumentalização que tem vindo a sofrer. Transformou-se numa espécie de maçonaria, uma central de cunhas, palavrinhas, cumplicidades e compadrios. É por isso que as amizades se fazem e desfazem como se fossem laços políticos ou comerciais. Se alguém «falta» ou «não corresponde», se não cumpre as obrigações contratuais, é logo condenado como «mau» amigo e sumariamente proscrito. Está tudo doido. Só uma miséria destas obriga a dizer o óbvio: os amigos são as pessoas de que nós gostamos e com quem estamos de vez em quando. Podemos nem sequer darmo-nos muito, ou bem, com elas. Ou gostar mais delas do que elas de nós. Não interessa. A amizade é um gosto egoísta, ou inevitabilidade, o caminho de um coração em roda-livre.

Os amigos têm de ser inúteis. Isto é, bastarem só por existir e, maravilhosamente, sobrarem-nos na alma só por quem e como são. O porquê, o onde e o quando não interessam. A amizade não tem ponto de partida, nem percurso, nem objectivo. É impossível lembrarmo-nos de como é que nos tornámos amigos de alguém ou pensarmos no futuro que vamos ter.

A glória da amizade é ser apenas presente. É por isso que dura para sempre; porque não contém expectativas nem planos nem ansiedade.”

Miguel Esteves Cardoso, in 'Explicações de Português

"Sempre amei por palavras muito mais

do que devia

são um perigo

as palavras

quando as soltamos já não há

regresso possível

ninguém pode não dizer o que já disse

apenas esquecer e o esquecimento acredita

é a mais lenta das feridas mortais

espalha-se insidiosamente pelo nosso corpo

e vai cortando a pele como se um barco

nos atravessasse de madrugada

e de repente acordamos um dia

desprevenidos e completamente

indefesos

um perigo

as palavras

mesmo agora

aparentemente tão tranquilas

neste claro momento em que as deixo em desalinho

sacudindo o pó dos velhos dias

sobre a cama em que te espero"

Alice Vieira

Segunda-feira, 28 de Dezembro de 2020

Entrevistas

Entrevista com ARMANDO SILVA (Antiquário) de Borba

em

1 de Novembro de 2013

No sentido de contribuir para a divulgação, promoção e preservação da identidade cultural, o Grupo de Amigos de Borba achou por bem começar por ouvir naturais deste concelho para nos falarem da sua Terra Natal e das suas riquezas e potencialidades.

Assim e dando sequência a esta iniciativa decidimos falar com Armando Manuel da Silva, natural de Borba onde nasceu há 67 anos e que decidiu criar condições para se manter na terra que o viu nascer, manter as suas raízes e com quem vamos falar a seguir.

J.A. Gostaríamos que nos falasse dos seus antecedentes das fases das sua vida mais recente e o que perspetiva para o futuro?

A.S. Nasci na freguesia da Orada, estudei em Borba, comecei por trabalhar aos 19 anos numa empresa Mármores do Condado, por sinal uma grande empresa, onde me mantive até ao seu encerramento. Aos 29 anos e por escolha dos munícipes de Borba fui eleito o primeiro Presidente da Junta da Matriz, no pós 25 de Abril onde me mantive durante dois mandatos. Mais tarde fui também eleito Vereador da Câmara de Borba entre 1990 e 1996 com o pelouro das Obras. Quando saí, por paixão e por necessidade de empregar minha mulher comecei a dedicar-me ao ramo das Antiguidades.

J.A. Há quanto tempo se dedica a esta atividade?

A.S. Desde 1996 a tempo inteiro com a esposa começando a visitar principalmente montes alentejanos e adquirindo peças antigas especialmente de decoração.

J.A. No período que se verificou mais crescimento e que deu realmente a Borba o nome de "Terra de Antiguidades", quantas casas chegaram a funcionar aqui neste Concelho?

A.S. Atingiram o número de 14 em pleno funcionamento na Rua de S. Bartolomeu. Hoje, e devido à crise que se instalou no país só restam 3, há cerca de 8/9 anos e com dificuldades.

J.A. Porque se dedicou a esta atividade? Foi por razões de ordem económica, ocupação de tempos livres, lazer ou por paixão e defesa das nossas tradições?

A.S. Foi mesmo por paixão e obviamente por necessidade de colocar a minha mulher que estava sem emprego como atrás refiro. Foi também com o objetivo de dar nome a Borba concretamente trazer cá turistas e ser um local de visitas.

J.A. Quais os principais clientes? São naturais de Borba, do resto do país ou estrangeiros e pessoas com poder económico, por apetência ou por paixão?

A.S. No início eram nacionais com poder económico, da classe média, média/alta, chegando a haver muita afluência de estrangeiros, até porque na altura ainda não havia a A6(Auto-Estrada) e toda a gente tinha que passar por dentro do Concelho o que deu grande nome a Borba. Com o aparecimento da crise naturalmente este negócio foi-se esmoronando e hoje está mesmo numa fase critica.

J.A. Quais são no seu entender as prioridades a ser assumidas para defesa da imagem do Concelho e que por inerência proporcione maior desenvolvimento e reconhecimento nacional?

A.S. Penso que a melhor divulgação e promoção desta Cidade deveria ser através da colocação de Outdoors em todas as entradas do Concelho com destaque da Gastronomia, o bom Azeite, os bons Enchidos, tipo caseiro.Festa da Vinha e do Vinho, Ameixa Rainha Cláudia, Feira do Queijo, Feira das Ervas e de uma das maiores riquezas que é o Mármore através do CEVALOR- Centro de Estudos e Valorização Tecnologica de Rochas Ornamentais.

Borba, 1 de Novembro de 2013

Domingo, 27 de Dezembro de 2020

Concerto de Domingo

Torelli: Trumpet Concerto in D Major,

complete (Roger 188). Voices of Music & Dominic Favia 4K UHD

https://youtu.be/cIHzxgJAC-I

Sábado, 26 de Dezembro de 2020

Ao Encontro com os nossos Escritores

Manuel António Pina

Photo in pina.jpg

(Sabugal, 18 de Novembro de 1943 — Porto, 19 de Outubro de 2012),

jornalista e escritor

TEORIA DAS CORDAS

Não era isso que eu queria dizer,

queria dizer que na alma

(tu é que falaste da alma),

no fundo da alma e no fundo

da ideia de alma, há talvez

alguma vibrante música física

que só a Matemática ouve,

a mesma música simétrica que dançam

o quarto, o silêncio

a memória, a minha voz acordada,

a tua mão que deixou tombar o livro

sobre a cama, o teu sonho, a coisa sonhada;

e que o sentido que tudo isto possa ter

é ser assim e não diferentemente,

um vazio no vazio, vagamente ciente

de si, não haver resposta

nem segredo.

Manuel António Pina

NA BIBLIOTECA

.

O que não pode ser dito

guarda um silêncio

feito de primeiras palavras

diante do poema, que chega sempre demasiadamente tarde,

.

quando já a incerteza

e o medo se consomem

em metros alexandrinos.

Na biblioteca, em cada livro,

.

em cada página sobre si

recolhida, às horas mortas em que

a casa se recolheu também

virada para o lado de dentro,

.

as palavras dormem talvez,

sílaba a sílaba,

o sono cego que dormiram as coisas

antes da chegada dos deuses.

.

Aí, onde não alcançam nem o poeta

nem a leitura,

o poema está só.

"E, incapaz de suportar sozinho a vida, canta."

Manuel António Pina

Sexta-feira, 25 de Dezembro de 2020

Natal no Alentejo

ELVAS

Cantadores de Elvas cantam ao menino

https://youtu.be/6ajBqTnm4W8

Quinta-feira, 24 de Dezembro de 2020

Votos de Feliz Quadra Natalícia

Christmas Oratorio

J.S. Bach

Christmas Oratorio, BWV 248 / Chorus: "Jauchzet, frohlocket" (Ton Koopman)

https://youtu.be/B3HLVzNO5mM

Quarta-feira, 23 de Dezembro de 2020

Video da Semana

Vidigueira Alentejo Portugal (HD)

de Carlos Pais

https://youtu.be/B3jfiLjPJRg

VIDIGUEIRA, localizada no distrito de Beja, é uma vila calma e pacata inserida na típica planície alentejana, numa zona de pomares, hortas e vinhos reconhecidos. As descobertas arqueológicas feitas no século passado referem registos de ocupação humana desde a pré-história, apesar desta povoação só se encontrar documentada a partir do Sec. XIII. O nome de Vidigueira está ligado à figura histórica de Vasco da Gama, a quem foi concedido o título de Conde de Vidigueira. Também foi aqui que estiveram sepultados os seus restos mortais durante vários séculos, até à sua trasladação para Lisboa. Do património arquitectónico destacam-se a Igreja da Misericórdia, no centro da vila, a Torre do Relógio com um sino com a Cruz de Cristo e onde se encontram gravadas as armas dos Gama, datado de 1520, e ainda a Torre de Menagem que é o que resta hoje em dia do Castelo. O desenvolvimento desta vila deve-se sobretudo à qualidade do vinho ali produzido, já famoso desde o Sec. XV.*carlospais*2012

Segunda-feira, 21 de Dezembro de 2020

Natal 2020

Adoração do Menino de Gerard Van Honthorst

Natividade ou Adoração dos Pastores atribuído a Marçal de Matos

Século XVI-1580

AS JANEIRAS

Desenho de Frederico Jorge

Em Alentejo-GASTRONOMIA

Receitas Culinárias Alentejo

Sericaia

Ingredientes:

5 Dl de leite

1 Casca de limão

1 Pau de canela

60 G de farinha

½ Colher (de café) de sal

6 Ovos

200 G de açúcar

1 Colher (de sopa) de canela em pó

Manteiga q.b.

Preparação:

Ferva o leite com a casca de limão e o pau de canela

e deixe arrefecer. Em seguida, dissolva a farinha

com o sal nesse leite, depois de completamente frio.

Bata as gemas com o açúcar até obter um

creme fofo e esbranquiçado e adicione ao leite.

Deve ficar tudo homogéneo e sem grumos.

Ponha este preparado a cozer em lume médio,

mexendo sempre até se ver o fundo do tacho.

Retire do calor e deixe arrefecer. Depois, bata

as claras em castelo bem firme e junte cuidadosamente

ao preparado anterior (como se faz para o soufflé).

Unte com manteiga um prato de barro, louça ou

estanho, que suporte temperaturas elevadas.

Com uma colher grande deite o doce no prato

em colheradas desencontradas, isto é, fazendo

escama. Polvilhe a superfície com a canela

passada por um passador e leve a Sericaia a

cozer em forno bem quente, cerca de

220º C, até abrir fendas. Sirva frio.

Conheça as Receitas Culinárias do nosso

Alentejo, as quais constituem património secular que urge preservar e outras mais

receitas do nosso Alentejo pode ver em:

https://sites.google.com/site/amigosterrasborba/1-alentejo-1/4-gastronomia/rereceitas-de-culinaria-do-alentejo-1

Sábado, 19 de Dezembro de 2020

"Respigando...Alentejo"

(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)

Os nossos melhores AGRADECIMENTOS ao contributo de Filipe Rosado

e à perspectiva de um imenso espólio de documentos a estudar e divulgar...

Fotografia de Adriano Bastos

Estremoz

Sexta-feira, 18 de Dezembro de 2020

Alentejo-GASTRONOMIA

Receitas Culinárias Alentejo

AZEVIAS

Ingredientes:

  • Para a massa:

  • 500 g de farinha ;

  • 3 a 4 colheres de gordura (mistura de banha e de manteiga ou margarina) ;

  • 1 cálice de aguardente ;

  • sal

  • Para o recheio de grão:

  • 1 kg de grão ;

  • 750 g de açúcar ;

  • 2 limões ;

  • 1 colher de sobremesa de canela em pó ;

  • 3 gemas

Confecção:

Coze-se o grão com uma pitada de sal, pela-se e passa-se por uma peneira fina.

Leva-se o açúcar ao lume com 2 dl de água e deixa-se ferver durante 1 ou 2 minutos. Junta-se o puré de grão, a canela e a raspa da casca dos limões. Deixa-se ferver o preparado, mexendo até se ver o fundo do tacho. Retira-se juntam-se as gemas e leva-se o preparado novamente ao lume para coser as gemas. Deixa-se ficar assim de um dia para o outro.

Peneira-se a farinha para uma tigela e faz-se uma cova no meio onde se deitam as gorduras quentes. Mistura-se. Junta-se a aguardente e depois vai-se amassando juntando pinguinhos de água morna temperada com sal. Sova-se bem a massa e deixa-se repousar em ambiente temperado.

Estende-se a massa com o rolo, muito fina, e recheia-se com um pouco do doce preparado. Cortam-se as azevias em meia lua (como os rissóis), ou em triângulo ou em rectângulo (como os pasteis de carne) e fritam-se em azeite ou óleo bem quentes. Polvilham-se com açúcar ou açúcar e canela.

Variantes:

Azevias de Batata.

Substitui-se o grão por igual porção de batata cozida e reduzida a puré. Pode utilizar-se batata comum, mas a batata doce é a mais vulgarmente utilizada.

Azevias de amêndoa

Fazem-se como as azevias de grão, nas seguintes proporções:

    • 750 g de puré de grão preparado como se disse ;

    • 750 g de açúcar ;

    • 250 g de amêndoas peladas e raladas ;

    • raspa da casca de 2 limões ;

    • 1 colher de chá de canela e 7 gemas

Em qualquer das receitas transcritas a raspa da casca de limão pode ser substituída por igual porção de raspa de casca de laranja.

fonte: Editorial Verbo in Roteiro Gastronómico de Portugal

Quinta-feira, 17 de Dezembro de 2020

Visite Alentejo

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Vista Aérea do Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa (Crato)

Fonte: © A Terceira Dimensão

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Simplesmente.. Alentejo!

Foto: © Luís Reininho Photography

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Ermida de Nossa Senhora da Visitação.. (Montemor-o-Novo)

Foto: © Nuno Photography

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Barragem do Enxoé (Concelho de Serpa)

Foto: © Bruno Palma Fotografia

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Olival em Terras Alentejanas (Castelo de Vide)

Fonte: © Quinta das Lavandas

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Castelo de Monsaraz..

Foto: © Carlos Quintas Photography

Terça-feira, 15 de Dezembro de 2020

O "Cante ao Menino"

Cante ao menino-Vila Verde de Ficalho recolha M Giacometti

O "Cante ao Menino" - Cuba (Baixo Alentejo)

"O "Cante ao Menino", na Igreja Matriz de Cuba, foi organizado pelo Grupo Coral e Etnográfico " Cubenses Amigos do Cante", coordenado por Augusto Duarte, e teve a participação do grupo coral misto "Os Rurais", de Figueira de Cavaleiros (Baixo Alentejo) e do Grupo Coral "Os Arraianos" de Vila Verde de Ficalho. O evento foi criado nos finais de 1980 e depende do trabalho voluntário de homens e mulheres que dignificam o Cante com a voz e a vontade em preservar uma prática das famílias de trabalhadores rurais na noite de Natal, que conquistou o espaço público e a Igreja Matriz. Excerto das gravações realizadas no dia 19 de Dezembro de 2015, no âmbito do projecto pós-doc "A cultura expressiva na fronteira luso-espanhola: continuidade histórica e processos de transformação socioculturais, agentes e repertórios na construção de identidades", INET-md, FCSH-UNL, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). https://culturaexpressiva.wordpress.c.."

In Dulce Simões

Cantigas Tradicionais de Natividade

Barrancos (Baixo Alentejo)

https://youtu.be/cIq7YkTC3ng

Sexta-feira, 11 de Dezembro de 2020

Encontro com os nossos Escritores

José Rentes de Carvalho

Derrapagens da alma

Com a idade vai acontecendo menos, mas continua a ser ratoeira em que caio com ingenuidade de criança: pedem-me conselho, perguntam-me o que penso disto e daquilo, juntam um agradável sorriso, e eu cego para o perigo da mola, só vejo o pedaço de queijo, quando dou por mim é tarde, está o coração perto da boca a debitar a resposta.

Sinceridade que ao interlocutor nada interessa, nem é seu desejo ver apontadas as falhas, as deficiências, a soberba que o faz descarrilar.

Desculpe quem isto por acaso lê. Não deixe que o meu azedume faça contágio, nem me imagine com fúrias e a bater o pé, arrenegado com o semelhante. Nada disso. Ainda há instantes, o sol a nascer, quedei-me à janela a olhar o monte fronteiro, recordando os meus sonhos de criança, a alegria que me dava imaginar os mundos que de certeza havia para lá do cume.

Tudo são horas, derrapagens da alma, variações de humor

"Paixão "É um amor estranho, irreal, um amor de muitas incógnitas, de extremos que de facto se tocam, seduções que nenhum deles experimentara. É muito, é quase tudo, o que devia afastá-los, mas a força que os atrai desconhece as leis da natureza e da sociedade, leva-os a procurar-se, a desejar-se com a febre da loucura, esquecendo leis e limites, ambos certos de que só a dádiva total vale o risco; que no verdadeiro amor, na paixão, não pode haver direitos nem deveres, concessões, favores ou diferenças. Que a paixão, a verdadeira, a única que vale a pena sentir, é o reino da igualdade."

Fotografia de Adriano Bastos

Alex Venezia (American,1993) Haunting 2018

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Quinta-feira, 10 de Dezembro de 2020

Visite Alentejo

Vila Viçosa

Património Religioso

Igreja Matriz de Vila Viçosa

Igreja da Misericórdia

Igreja de N. Sra. da Lapa

Igreja de Nossa Senhora da Graça

Quarta-feira, 9 de Dezembro de 2020

Tempo de leitura

De todos os instrumentos do homem, o mais impressionante é, sem dúvida, o livro. Os outros

são extensões de seu corpo. O microscópio, o telescópio, são extensões de sua visão; o

telefone é a extensão da voz; então, temos o arado e a espada, as extensões do braço. Mas

o livro é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação.

Jorge Luis Borges

O Egoísmo Pessoal Tapa Todos os Horizontes

O mal e o remédio estão em nós. A mesma espécie humana que agora nos indigna, indignou-se antes e indignar-se-á amanhã. Agora vivemos um tempo em que o egoísmo pessoal tapa todos os horizontes. Perdeu-se o sentido da solidariedade, o sentido cívico, que não deve confundir-se nunca com a caridade. É um tempo escuro, mas chegará, certamente, outra geração mais autêntica. Talvez o homem não tenha remédio, não tenhamos progredido muito em bondade em milhares e milhares de anos sobre a Terra. Talvez estejamos a percorrer um longo e interminável caminho que nos leva ao ser humano. Talvez, não sei onde nem quando, cheguemos a ser aquilo que temos de ser. Quando metade do mundo morre de fome e a outra metade não faz nada... alguma coisa não funciona. Talvez um dia!

José Saramago, in 'La Verdade (1994)'

Sábado, 5 de Dezembro de 2020

Em Alentejo-Pintura

"Alentejo Terra de Artistas"

Manuel Ribeiro de Pavia

Pavia

"Pintor e Ilustrador Português.Manuel Ribeiro de Pavia

1907- 1957

"Todo o verdadeiro artista é um transformador de energias, e como tal a obra de arte nunca poderá ser um acto gratuito. A sua melhor, a mais espinhosa tarefa é reintegrar o homem na dignidade humana. Em arte só o real é verdadeiro-aquilo que se pode verificar pelo comportamento emotivo do homem. Daí sucede, por vezes, que numa arte distanciada do público os primeiros contactos sejam sempre dolorosos e decepcionantes.

"O Alentejo, região mais martirizada durante o meio século da ditadura salazarista, foi o protagonista dos seus trabalhos, principalmente desenhos e aguarelas. A beleza das suas ceifeiras e mondadeiras não impedia a violência com que denunciava a injustiça social. Participou em quase todas as Exposições Gerais de Artes Plásticas.

"Manuel de Pavia

morreu no dia em que completava 50 anos. O poeta Eugénio de Andrade, um dos seus amigos, no seu livro OsImagem2 Afluentes do Silêncio, diz sobre Ribeiro de Pavia: Esta morte, assim sem mais nem menos, que um amigo me comunica, entala-se-me na garganta. Morreu o Manuel Ribeiro de Pavia. Levou-o uma pneumonia que o foi encontrar depauperado por uma vida quase de miséria.

"Manuel Ribeiro de Pavia particularmente famoso pelas ilustrações concebidas para obras de escritores neo-realistas, amigos, foi talvez o mais brilhante artista plástico do movimento. Porém, quem não se submetesse aos ditames do regime tinha dificuldade em sobreviver.

Necessàriamente que o homem comum, entregue aos azares dos seus recursos individuais, não pode ter uma visão excepcional do mundo. Todo o artista deve (e tem) de ser um criador activo, isto é, um colaborador actuante e interessado no conjunto das funções sociais. O que pretende expressar deverá ir além da sua vida afectiva ou intelectual e comparticipar da aventura quotidiana, numa familiaridade constante com os restantes individuos. Uma obra de arte resulta sempre bela e universal, na medida em que foi possível ao artista comunicar ao mundo exterior qualquer parcela da sua profunda emoção das realidades humanas."

Manuel Ribeiro de Pavia

Na segunda, realizada em 1947, algumas das suas obras expostas foram apreendidas pela polícia política. O regime salazarista não dava tréguas aos seus opositores. Para se lutar contra a ditadura ou se era rico ou se morria de fome. Manuel Ribeiro de Pavia era antifascista e pobre. " In Sóarte

Passava fome! Tinha uma única camisa! Não pagava o quarto há imenso tempo! E nós a falarmos-lhe de poesia…» Assim é: passava realmente fome. Todos nós o sabíamos. E ele a falar-nos de pintura, de poesia, da dignificação da vida. É justamente nisto que residia a sua grandeza. Não falava da sua fome – de que, feitas bem as contas, veio a morrer. A fome não consta de nenhum epitáfio…"in Wikipédia

Manuel foi um dos valores sufocados pela hidra salazarista. A existência de homens honrados como Ribeiro de Pavia, homens para quem o ser vem primeiro do que o ter, eram, no entanto, sinais de esperança num futuro diferente." in Sóarte

"Manuel Ribeiro de Pavia nascido em Pavia (Mora), em 19 de Março de 1907,

foi talvez o expoente máximo da ilustração neo-realista portuguesa."

Helena Pato

Quinta-feira, 3 de Dezembro de 2020

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«Muitas são as localidades, vilas, cidades ou aldeias, que através dos tempos conseguem

manter uma especialização industrial ou artística, que é como que o fácies característico e

inconfundível que as torna conhecidas. Alcáçovas também possui a sua indústria própria,

especial, única, os chocalhos, através dos quais o seu nome se tem tornado conhecido…»

A produção de chocalhos constitui a principal indústria da povoação de Alcáçovas que os

fabrica desde o século XVIII, e cujo segredo se mantém na posse de algumas famílias

que o vêm transmitindo de geração em geração, levando-o consigo quando emigram. Deste

modo, é possível encontrar aqueles objectos de artesanato em Serpa, Estremoz e Portalegre.

Hoje, o fabrico destes objectos continua a processar-se exactamente do mesmo modo,

e as oficinas mantém o mesmo aspecto de há 200 anos. Mas, o seu número tem vindo

a diminuir drasticamente. Ainda há 40 anos havia dezasseis oficinas, das quais actualmente

apenas três funcionam."

In Meloteca.com

"O Alentejo conquistou o segundo selo da UNESCO!!

O Fabrico de Chocalhos conquistou o título de Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente!

Esta manifestação cultural tem no território alentejano a maior expressão a nível nacional, uma vez que abrange três municípios, ou seja Estremoz, Reguengos de Monsaraz e Viana do Alentejo, mais concretamente a freguesia de Alcáçovas.

A Arte Chocalheira, uma arte iniciada há mais de dois mil anos no Alentejo e agora Património Imaterial da Humanidade, ganha um novo espaço e visibilidade mundial, como símbolo identificador do Alentejo e identitário dos alentejanos!"

In Turismo do Alentejo

"Fabrico dos chocalhos é Património Imaterial da Humanidade há cinco anos

01 dez, 2020 - 12:48 • Rosário Silva

"Para celebrar este aniversário, o município de Viana do Alentejo preparou várias iniciativas a realizar ao longo do mês de dezembro, para “valorizar e promover a arte chocalheira e os seus mestres”.

O fabrico de chocalhos celebra o 5º aniversário como Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente pela UNESCO.Foto: Chocalhos Pardalinho

O fabrico de chocalhos celebra, nesta terça-feira, 1 de dezembro, o 5º aniversário como Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Para celebrar mais um aniversário, o município de Viana do Alentejo, no distrito de Évora, promove um conjunto de ações para a valorização deste património.

Assim, ao longo do mês que agora começa, vão decorrer algumas iniciativas com o objetivo “de valorizar e promover a arte chocalheira e os seus mestres, tendo em vista a transmissão de uma herança cultural e de uma tradição enraizada na freguesia de Alcáçovas”, refere uma nota do município alentejano, enviada à Renascença......

No dia 17 é lançado no facebook do município, o documentário “GPS – Arte Chocalheira de Alcáçovas”, da autoria do jornalista Luís Godinho, produzido por Luís de Matos e com imagem de Rui Fernandes, dedicado a esta manifestação cultural.

Para celebrar mais um aniversário, o município de Viana do Alentejo promove um conjunto de ações para a valorização deste património. Foto: Chocalhos Pardalinho

No âmbito destas comemorações, atendendo à importância desta manifestação cultural, está patente ao público, no Paço dos Henriques, em Alcáçovas, uma exposição permanente dedicada ao fabrico de chocalhos, constituindo-se a mostra como “um veículo de divulgação, conservação e valorização do Fabrico de Chocalhos e dos mestres chocalheiros”.....

O município do distrito de Évora sublinha “a importância do fabrico de chocalhos”, salientando que “não se esgota nestas iniciativas, elevando, aquém e além-fronteiras, o nome não só da freguesia de Alcáçovas, mas de um concelho empenhado em preservar as marcas da sua identidade”.

Coordenada pelo antropólogo Paulo Lima, a candidatura contou, recorde-se, com a colaboração de uma equipa da qual faziam parte, entre outros, a historiadora Ana Pagará, o fotografo Augusto Brázio e o realizador David Mira, tendo sido liderada pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo em colaboração com a Câmara Municipal de Viana do Alentejo e a Junta de Freguesia de Alcáçovas."

IN RR.SAPO.PT

Quarta-feira, 2 de Dezembro de 2020

Receitas Culinárias Alentejo

Em Alentejo-GASTRONOMIA

"Alentejo - Bolos do Fundo do Alguidar com torresmos"

‎Photo in ALENTEJANANDO

"Ingredientes:

500 g de açúcar de preferência amarelo

3 ovos

1 colher de chá de fermento em pó

raspa da casca de 1 ou 2 limões (conforme o tamanho)

125 g de torresmos picados na picadora

1 cálice de aguardente

1 kg de massa de pão

açúcar e canela para polvilhar

banha

Confecção:

Numa tigela batem-se os ovos com o açúcar, o fermento, a raspa da casca dos limões,

a aguardente e os torresmos . No fundo de um alguidar (daqui o nome deste bolo) encontra-se a massa de pão, à qual se junta o preparado anterior. Mistura-se tudo muito bem com as mãos e faz-se os bolos conforme tamanho desejado. Vão ao forno num tabuleiro untado com banha. Polvilham-se abundantemente com açúcar e canela e leva-se a cozer em forno bem quente.

O açúcar misturado com a canela, depois de cozido, forma um caramelo vidrado que transmite um sabor muito especial e característico a este bolo."

"Os torresmos são os resíduos (febras) que ficam quando se derretem as gorduras de porco para se obter a banha.Vendem-se no talho."

in https://desenvolturasedesacatos.blogspot.pt/

Visite Borba

Fonte Lágrimas

Igreja de Santo António

Igreja S.Bartolomeu

Paço junto Sovibor

Monumento à Água

Convento Servas

Igreja Senhor Aflitos - anexo ao Convento Servas

Igreja Senhora da Orada

Fonte das Servas

Fotografias de Joaquim Avó

Quinta-feira, 26 de Novembro de 2020

Poetas Populares Borba

António Júlio Prates (Xota)

João Ficalho,

Manuel João Geadas (O Coimbra)

Manuel Joaquim Serrachino (Nelo do Fado)

POETAS POPULARES DE BORBA

Borba: Apresentado livro “Poetas da Nossa Terra”

2012 02 28

Ver em:

http://www.cm-borba.pt/pt/conteudos/noticias/Livro+Poetas+da+nossa+Terra+apresentado+em+Borba.htm

O Centro de Cultura e Desporto da Freguesia Matriz e a Junta de Freguesia Matriz apresentaram,

este Domingo, no Palacete dos Melos em Borba, o livro “Poetas da Nossa Terra”, que

contou com a participação de doze poetas e foi apoiado pelo Município de Borba.

A edição conta com o prefácio de João Tavares, e os poemas de:

01 António Júlio Prates (Xota),

Sobre este POETA ver

http://altodapraca.blogspot.pt/2006/02/antnio-prates-apresenta-sesta-grande.html

02 António Passinhas,

03 Clemente Serol (O Sousa),

04 Eurico Faia,

05 Francisco Rijo,

06 João Ficalho,

[Sobre este POETA pode ver:

em Vítor Marceneiro - o Fadista Alentejano de Borba

http://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/227376.html

07 José Miranda (Zé Ninguém),

08 José Francisco Paulino,

09 Manuel João Geadas (O Coimbra),

sobre este POETA ver:

http://www.joraga.net/cantodasdecimas/pags/page_001.htm

10 Manuel Joaquim Serrachino (Nelo do Fado),

11 Maria da Conceição Compõete

12 Sebastião José Perdigão,

e breves biografias de cada um dos poetas.

O Centro de Cultura e Desporto da Freguesia Matriz foi criado em 1998 e tem desenvolvido a

sua actividade na divulgação e preservação dos jogos tradicionais e a poesia popular

alentejana, editando e apoiando diversos poetas do concelho a lançar as suas obras

em livro. Esta é mais uma edição que o Centro lança, ainda que de forma artesanal,

mas cuidada e carinhosa, perpetuando os trabalhos dos participantes.

Quarta-feira, 25 de Novembro de 2020

Michel Giacometti

Blogue "Amigosterrasborba" evoca a passagem dos 30 anos

sobre a morte do etnólogo francês Michel Giacometti

ocorrida em 24 de Novembro de 1990 em Faro

Adelino Gomes, que fez a última reportagem sobre o seu trabalho, Giacometti dizia que a

“primeira qualidade que um etnomusicólogo precisa de ter é o

amor ao trabalho e o amor sincero ao povo”.

"Michel Giacometti (n. Ajaccio, 1929 - Faro, 24/11/1990), etnomusicólogo, licenciou-se na área da etnografia na Sorbonne. Na Noruega já tinha tido contacto com os problemas desta disciplina, aproveita esse conhecimento para no seu regresso à Córsega, proceder à compilação de um infindável número de cantos, contos e lendas tradicionais pertencentes à literatura oral. Por motivos de saúde (Portugal devido ao clima fora-lhe aconselhado para o recuperar de uma tuberculose), vem para Portugal, no final dos anos 50, onde fica deslumbrado pelo nosso património etnográfico e musical, desenvolve uma impressionante obra de recolha, tendo sido pioneiro na gravação em centenas de fitas magnéticas e milhares de fitas de contos, lendas, adágios, música popular e tradicional, que esteve na origem dos diversos dissabores com a PIDE, que suspeitava da sua finalidade. Simultaneamente, realiza diversos programas radiofónicos para estações europeias a fim de divulgar a música tradicional portuguesa.

Funda os Arquivos Sonoros Portugueses; em 1960 e 1981 (com Fernando Lopes-Graça) edita a "Antologia da Música Regional Portuguesa" e "Cancioneiro Popular Português", respectivamente; entre 1970-1973, dirige "Povo que canta", série televisiva de Alfredo Tropa, além de impulsionar uma vasta e notável discografia.

Em 1990, quando morreu, preparava uma antologia de cantares alentejanos, uma cronologia crítica dos estudos musicais portugueses, e projectava um dicionário de música popular, entre outros trabalhos da Cultura Popular em Portugal.

Nota: Tive o privilégio de o conhecer pessoalmente, realço a sua cultura, o amor para com os desprotegidos e a sua enorme generosidade manifestada em várias vertentes, como, por exemplo, ter-me posto à disposição o seu espólio da sua Casa em Cascais; não aceitei, mas o gesto ficou registado em mim para sempre.

Também tive oportunidade de me inteirar da sua PAIXÃO pelo ALENTEJO, por isso não podia deixar de lhe fazer no Grupo PAIXÃO ALENTEJANA, a minha homenagem, aproveitando a iniciativa de Luis Ambitare, a quem agradeço.

Destaco que, por sua vontade, MICHEL GIACOMETTI quis ser sepultado em FERREIRA DO ALENTEJO - PEROGUARDA - onde se encontra guardado o seu espólio.

Que prova de AMOR pode haver maior do que a escolha da terra Alentejana para repouso eterno?!"

Rami Morais

ALENTEJO, ALENTEJO. Lembrando Giacometti

https://youtu.be-JJwES3_DkI

Terça-feira, 24 de Novembro de 2020

O Livro da Semana

"Angústia para o jantar"

de

Luís de Sttau Monteiro

"- Meu pai dizia-me que da janela da repartição onde trabalhava se via o mar...

- Que fazia teu pai?

- Que fazia meu pai? Não fazia nada, era oficial da marinha. Entrava na repartição às 10 e saía às 6...

Lá o que ele fazia não sei... Preenchia papelada ou sonhava com navios... sei lá... talvez olhasse para o mar através da janela... Quando chegava a casa lia o jornal, fazia as palavras cruzadas e ia para a cama. Era oficial da marinha, digo-te eu..."

Segunda-feira, 23 de Novembro de 2020

Receitas Culinárias Alentejo

Em Alentejo-GASTRONOMIA

Açorda de Alho

foto de sweetaboufood blogspot.com

Ingredientes:

1 dente de alho

Poejos

2 colheres de azeite

sal q.b.

água

1 ovo

Preparação:

Numa tigela coloca-se o alho, o sal, os poejos (depois de esmagados) e, de seguida deita-se a água a ferver (onde já se cozeu um ovo para cada pessoa), para finalizar parte-se o pão às fatias e coloca-se dentro da água, onde já se encontram todos os ingredientes.

Sábado, 21 de Novembro de 2020

Ao encontro com os nossos escritores

José Rentes de Carvalho

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Amizades da vida inteira

"Questão de sorte, genética, carácter ou acaso, há quem conheça amizades da vida inteira, daquelas que se tornam exemplares e por onde nunca perpassam arrelias, desconfianças ou traições. São essas amizades excepção, pois também por sorte, genética, carácter ou acaso, a maioria de nós vive à mercê das circunstâncias e de um dia-a-dia que pouco espaço deixa para sentimentos elevados, contentando-se com aparências ou, no melhor, refinando o fingimento.

Amizades de vida inteira nunca tive, e as poucas que mantenho obrigam-me por vezes a cansativas cabriolas dos sentimentos e do vocabulário, porque hoje em dia e como nunca antes, pouco é preciso para ferir susceptilidades e perturbar sentimentos, ou que nos acusem de traições, de facadas, de pormos em perigo a felicidade alheia, a paz do mundo, de atentarmos contra os direitos das minorias, de sermos indiferentes à igualdade de tudo e todos, mesmo à daqueles que exigem ser desiguais.

De modo que exprimir opinões que não alinhem com as dos que politica e socialmente se consideram ‘correctos’ é, por enquanto, mais de meio caminho andado para o insulto, a denúncia, o ostracismo, talvez para o calabouço num futuro que se anuncia próximo. E assim a cautela manda fechar a boca e fingir de sonso, não entrar em discussões sobre temas chamados ‘sensíveis’, fazer de surdo quando os ‘bons’ se assanham contra o que tão facilmente rotulam de fascismo e populismo, os tremores que lhes causam a escravatura, o aquecimento global, os motores a gasolina, o açúcar, a carne no talho e sabe Deus quantos outros males. Mas ainda nos cabe uma culpa maior – a nós, não a eles, que são puros nas acções, nos intuitos, e conhecem a verdade – a de não sabermos receber de braços abertos e com vivas os estranhos que sem bater à porta nos entram pela casa adentro, anunciando que estão no seu direito, e se não acreditamos no que dizem é ir perguntar à ONU.

Pudesse eu, de boa vontade regressaria ao tempo em que dos ideais aos filmes no cinema havia muito que era a preto e branco, o mau da fita tinha uma só cara, a única escolha era ser a favor ou contra. Infelizmente, essa simplicidade antiga desapareceu, há que estar em permanência atento às reviravoltas, pois as regras e os conceitos mudam do dia para a noite, a ortodoxia de ontem é anátema amanhã, não ajuda nem dá alívio saber que seis séculos atrás o Poeta avisava que em pouco se pode confiar, porque ‘todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades."

Terça-feira, 17 de Novembro de 2020

“O último cenário é encerrar.” A Casa do Alentejo luta pela sobrevivência

É mais um vítima colateral da covid-19. A histórica colectividade de Lisboa está a lutar pela sobrevivência, numa altura em que as quebras de facturação ascendem aos 84%. Sem mais tempo de moratória aos empréstimos e apoios a fundo perdido, a Casa do Alentejo teme não conseguir aguentar-se em 2021.

Olhando para as receitas da Casa do Alentejo nos primeiros dois meses de 2020, tudo faria crer que este seria um grande ano para esta colectividade quase centenária. Mas quando, no início de Março, os cancelamentos das reservas no restaurante alentejano — em muitos casos de agências de viagens que trariam grupos de turistas à cidade — começaram a chegar, logo se anteciparam meses difíceis. Depois da primeira vaga, o negócio não retomou. Por isso, a segunda está a ser devastadora. A Casa do Alentejo é mais uma vítima colateral da covid-19 e está a lutar para sobreviver em 2021.

“A duração desta pandemia ultrapassou todas as expectativas que tínhamos em Março, Abril”, diz João Proença, presidente da associação. Hoje, as salas do Palácio Alverca, na Rua das Portas de Santo Antão, estão despidas de gente. É ali, naquele velho palácio maneirista do século XVII, a sede desta associação desde 1932, altura em que o ainda Grémio Alentejano, fundado em 1923, para ali se mudou.

Ainda no início do século XX, os interiores do velho palácio foram transformados num dos primeiros casinos de Lisboa. Ganharam uma decoração faustosa e revivalista, numas salas neo-árabe, noutras neogóticas, pela mão dos mais conceituados artistas da época, como o pintor e ceramista Jorge Colaço. “O pátio árabe não tem nada a ver com o Alentejo. Tem a ver com o facto de quererem transmitir a ideia de exotismo e erotismo, as mil e uma noites”, repara Manuel Verdugo, vice-presidente da Casa do Alentejo. A associação acabaria por comprar o Palácio Alverca no início dos anos 80. Três décadas mais tarde, em 2011, chegou a classificação como Monumento de Interesse Público.

Por aquelas salas, adaptadas à restauração, mas também a espaço de exposição, de apresentações de livros e de tertúlias, passavam por dia cerca de 300 pessoas. “A casa tinha, de facto, uma procura muito grande”, diz o vice-presidente da associação.

Com o estado de emergência decretado em meados de Março, no início da situação pandémica no país, o restaurante, o bar e a actividade cultural da associação encerraram. A Casa do Alentejo depende da receita gerada pelo restaurante e pelo bar para “garantir a subsistência” e continuar a realizar as suas actividades culturais de dinamização do Alentejo — o seu principal propósito. Além disso, as verbas arrecadadas servem também para restaurar mobiliário, madeiras e ornamentos, pintar tectos, que ali estão desde o tempo em que o palácio acolheu um dos primeiros casinos de Lisboa, notam os dirigentes da Casa do Alentejo.

Em Maio, com o desconfinamento, reabriram na esperança de uma retoma da actividade. Mas esta ficou muito aquém dos meses pré-pandemia e a situação agravou-se a partir de Agosto, com o novo aumento dos casos de infecção.

Por ali, os turistas davam muito à casa, sobretudo pelos almoços e jantares combinados com as agências de viagens. “Às vezes fazíamos receitas na ordem dos três, quatro mil euros por dia. Hoje, não chegamos a fazer receitas de 800 euros”, nota Manuel Verdugo. Entre Março e Outubro, a quebra acumulada média foi de 84%, com um média mensal de receitas a rondar os 27 mil euros.

Os prejuízos estão a ascender a 18, 20 mil euros por mês, quando as despesas mensais se mantêm em cerca de 50 mil euros. Hoje, estão a servir, entre almoços e jantares, uma dezena de refeições. E nem a altura do Natal, época forte para a Casa do Alentejo com jantares de grupos e de empresas, ajudará a aliviar os encargos financeiros, notam os dirigentes da associação. “Vai chegar uma altura em que vamos ter de fazer opções: ou pagamos aos trabalhadores, aos fornecedores ou pagamos os impostos. Está cada vez mais complicado. Não há receitas. Não há milagres”, diz Manuel Verdugo.

Manter os postos de trabalho

​Neste momento, a Casa do Alentejo tem 32 empregados, mas foram já 44. Esses 12 foram dispensados na sequência da situação pandémica. O objectivo agora é “tentar preservar os postos de trabalho”, diz João Proença.

Nos primeiros meses, a associação recorreu ao layoff. “Quando reabrimos tivemos uma grande pressão por parte dos trabalhadores porque nos atrasámos no pagamento, enquanto esperávamos receber algum dinheiro do layoff. Depois em Junho entramos no apoio à retoma, o que nos vai obrigar a ter de pagar até Dezembro quase os 100% dos salários, tenhamos ou não tenhamos receita”, diz o presidente."

In Jornal o Público artigo de Cristiana Faria Moreira

(Fotografias da Internet)

Segunda-feira, 16 de Novembro de 2020

O Livro da Semana

Irene Lisboa

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370 × 200

Voltar Atrás Para Quê?

"As novelas autobiográficas Começa uma vida e Voltar atrás para quê? contam os episódios

fundadores da infância e da adolescência, nos quais radica este universo. À distância do tempo

e da memória, eles narram a história de uma rapariguinha crescendo entre mistérios que

rodeiam a sua origem, envolvendo-a na matriz disfórica de afetos desajustados: separada da

mãe cerca dos três anos, vive com o pai e uma madrinha na quinta desta, estigmatizada por

uma bastardia que o crescimento vem agudizar, não só pelas suas sequelas no imaginário

da protagonista, mas pelas consequências práticas sobre a sua vida, vendo-se desprovida

de bens materiais e sobretudo simbólicos (nunca reconhecida pelo pai e espoliada dos seus

direitos por ação de gente ambiciosa e sem escrúpulos). Sendo uma história pessoal, um "caso",

ela é também exemplar de um certo tempo português do começo do século XX, caracterizado

pela decadência dos terratenentes e da burguesia promovida pelo dinheiro à custa do sacrifício

dos mais fracos. Estas narrativas, de técnica fragmentária como todos os livros intimistas da

autora, são exemplares do modo de representar uma consciência dilacerada que, mesmo por

ser absolutamente moderno, é um dos fatores da estranheza e do fascínio que Irene Lisboa

vem causando em quem a lê."

Paula Morão

"Ai, mas a vida fugia-lhe. Com que dor, sim, com que dor a via fugir-lhe.

A vida não é nada. É uma coisa que passa, apenas. Uma pescadinha de rabo na boca… o seu princípio e o seu fim juntam-se, procuram-se. O rabo está ou volta aos dentes da cabeça, mete-se na boca da infância.

Inocentes, afinal, o princípio e o fim da vida. Sem poderes. Mas tão ligados… Até parece que o fim se alimenta do princípio, que a infância se lhe sobrepõe, o ilumina, o traz sujeito. O resto da vida, oh! o resto da vida some-se, sumiu-se."

Sexta-feira, 13 de Novembro de 2020

Celeiro da Cultura

Fotografia de Adriano Bastos

Quando vieres,

encontrarás tudo como quando partiste.

A mãe bordará a um canto da sala,

apenas os cabelos mais brancos,

e o olhar mais cansado.

O pai fumará o cigarro depois do jantar e lerá o jornal.

Quando vieres,

só não encontrarás aquela menina de saias curtas

e cabelos entrançados que deixaste um dia.

Mas os meus filhos brincarão nos teus joelhos

como se te tivessem sempre conhecido.

Nenhum de nós dirá nada,

mas a mãe largará o bordado,

o pai largará o jornal,

as crianças os brinquedos

e abriremos para ti os nossos corações.

Pois quando vieres,

não és só tu que vens.

É todo um mundo novo que despontará lá fora.

Quando vieres.

de Maria Eugénia Cunhal, in "Silêncio de Vidro"

"Cada novo amigo que ganhamos no decorrer da vida aperfeiçoa-nos e enriquece-nos, não tanto pelo que nos dá, mas pelo que nos revela de nós mesmos. "

Miguel de Unamuno

CONFIDENCIAL

Não me perguntes,

Porque nada sei...

Da vida,

Nem do amor,

Nem de Deus,

Nem da morte.

Vivo,

Amo,

Acredito sem crer,

E morro, antecipadamente

Ressuscitando.

O resto são palavras

Que decorei

De tanto as ouvir.

E a palavra

É o orgulho do silêncio envergonhado.

Num tempo de ponteiros, agendado,

Sem nada perguntar,

Vê, sem tempo, o que vês

Acontecer.

E na minha mudez

Aprende a adivinhar

O que de mim não possas entender.

Diário VXI

Miguel Torga

"É fazendo que se aprende a fazer aquilo que

se deve aprender a fazer."

Aristóteles

"A poesia não está nos versos, por vezes ela está no coração. E é tamanha. A ponto de não

caber nas palavras."

Jorge Amado

Quinta-feira, 12 de Novembro de 2020

Em Alentejo-GASTRONOMIA

Receitas Culinárias Alentejo

Pão de Ló Alentejano

"Pão de Ló Alentejano

Ingredientes:

12 ovos

450 gr de açúcar

250 gr de farinha com fermento

Margarina para untar a forma

Preparação:

Ligue o forno a 150º e unte a forma de buraco com manteiga e polvilhada de farinha.

Separe as gemas das claras e bata as gemas com o açúcar durante pelo menos 15

minutos.Bata as claras em castelo bem firme e aos poucos junte as gemas

alternadas com a farinha envolvendo delicadamente.

Verta na forma e leve ao forno, suba a temperatura para 180º e deixe por mais ou

menos 40 min.Retire do forno e deixe arrefecer um pouco antes de desenformar."

in Amareleja Terra DoSol Amareleja

Terça-feira, 10 de Novembro de 2020

O Livro da Semana

Sinais de Fogo

de

Jorge de Sena

Fotografia de Eduardo Gageiro

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Quanto de ti, amor, me possuiu no abraço

em que de penetrar-te me senti perdido

no ter-te para sempre-

Quanto de ter-te me possui em tudo

o que eu deseje ou veja não pensando em ti

no abraço a que me entrego-

Quanto de entrega é como um rosto aberto,

sem olhos e sem boca, só expressão dorida

de quem é como a morte-

Quanto de morte recebi de ti,

na pura perda de possuir-te em vão

de amor nos traiu-

Quanta traição existe em possuir-te a gente

sem conhecer que o corpo não conhece

mais que o sentir-se noutro-

Quanto sentir-te e me sentires não foi

senão o encontro eterno que nenhuma imagem

jamais separará-

Quanto de separados viveremos noutros

esse momento que nos mata para

quem não nos seja e só-

Quanto de solidão é este estar-se em tudo

como na ausência indestrutível que

nos faz ser um no outro-

Quanto de ser-se ou se não ser o outro

é para sempre a única certeza

que nos confina em vida-

Quanto de vida consumimos pura

no horror e na miséria de, possuindo, sermos

a terra que outros pisam-

Oh meu amor, de ti, por ti, e para ti,

recebo gratamente como se recebe

não a morte ou a vida, mas a descoberta

de nada haver onde um de nós não esteja.

Domingo, 8 de Novembro de 2020

Concerto de Domingo

A nossa Música...outras sonoridades

"Nao quero que vás á monda"(tradicional Alentejo)* - Ronda dos Quatro Caminhos

*Orquestra Sinfónica de Cordoba

Coros-Rancho de Cantares de Aldeia Nova de S.Bento

solo-Duarte Macias

alto-Joao Carrilho

https://youtu.be/zYHrUtiG7yU

Sexta-feira, 6 de Novembro de 2020

Sugestão de Passeio

Évora- Catedral de Évora-Portugal

A Sé de Évora é a maior catedral medieval de Portugal.

A Basílica Sé de Nossa Senhora da Assunção, mais conhecida por Catedral de Évora,

ou simplesmente Sé de Évora.

https://youtu.be/ktDHQZ-mxVw

Quinta-feira, 5 de Novembro de 2020

Recordar

João Rita

Recordamos este nosso Amigo, cujo contributo para a Cultura Borbense ficará para

sempre marcado pela autenticidade do seu canto, seu longo amor ao fado e à sua divulgação, bem

como pelo partilhar a felicidade cantando o que lhe provinha da alma, do seu profundo sentir.

Fado

https://youtu.be/lVglzC38sbo

João Rita fado, Filho e Neto

https://youtu.be/wt3ruGjxcxo

Terça-feira, 3 de Novembro de 2020

Livro da Semana

Bica Escaldada

de

Alice Vieira

"Entro numa livraria como quem entra num santuário, onde o direito de asilo nos é sempre garantido. Nas cidades que não conheço. É sempre o primeiro lugar que procuro e nunca resisto a entrar quando ela se atravessa no meu caminho. As livrarias fazem parte da minha família. São amigas de infância. É nelas que marco encontros com amigos, é passando a mão pelas capas dos seus livros que desfaço neuras e procuro energias. Claro que há as minhas livrarias de eleição, aquelas a que, por qualquer motivo, me habituei como ao café da manhã ou o jornal comprado no quiosque de sempre: durante anos e anos a Quadrante foi a minha segunda casa, uma espécie de baby-sitter para os meus filhos pequenos, que lá deixava rodeados de livros e vigiados pelaNini, uma cadela com quem partilhavam festas e lambidelas nos chupa-chupas – até que um dia a Quadrante fechou e, até hoje, nada lá conseguiu vingar. Já foi casa de pronto-a-vestir, já foi loja de móveis, já foi galeria de arte, neste momento alberga a redacção de uma revista de saúde a quem, evidentemente, desejo muita sorte e que consiga vencer a maldição. E há ainda as livrarias mágicas, aquelas sem as quais os lugares, para mim, perdiam muito da sua razão de ser: ir ao Porto sem ter tempo para entrar na Lello, não vale a pena; ir a Londres sem horas disponíveis para a Waterstone, é um desperdício.

E depois há aquelas velhíssimas lojas, que são livrarias, mas também vendem revistas de bordados e croché, calendários e postais ilustrados, e muitos livros de edição de autor que acumulam pó porque já ali estão há que anos, com um cheiro a papel que se esfarela nos dedos e nos traz à lembrança os livros de histórias lidos na infância, com meninos «órfãos» que se perdiam nas florestas."

Segunda-feira, 2 de Novembro de 2020

Em Alentejo-GASTRONOMIA

Receitas Culinárias Alentejo

PASTEIS DE MASSA TENRA

PASTEIS DE MASSA TENRA.

"Foram muitos os pedidos da receita dos meus pasteis de massa tenra que ontem aqui mostrei.

Ei-la:

MASSA para uma dúzia de pasteis.

2 chávenas de chá de farinha sem fermento;

1 dl de água moderadamente aquecida e com a quantidade de sal, a gosto, já dissolvido;

2 colheres de sopa de azeite;

1 colher de sopa de margarina derretida;

1 colher de sopa de banha de porco derretida.

Num alguidar comece por misturar, à mão, a farinha com as gorduras.

Vá juntando a água, aos poucos, até a massa ficar elástica com a consistência desejada. Pode não necessitar de usar toda a água.

Faça uma “bola” com a massa, envolva-a num pano humedecido e conserve-a a repousar durante cerca de uma hora em ambiente morno.

Depois é só fazer os pasteis, fritá-los em óleo e pô-los a escorrer sobre papel absorvente

RECHEIOS - sobras de carnes (vaca, porco, frango…), ao sabor da imaginação de cada um e das possibilidades do momento.

Uma possibilidade:

Guise demoradamente 125 g carne de vaca com alho, cebola e piripiri (facultativo).

Pique a carne no “1-2-3”. Misture o picado com o molho, o suficiente a fim de lhe dar a consistência desejada para moldar os pasteis.

Se se desejar, aromatize com salsa muito finamente picada.

Se necessário, leve ao lume com uns “borrifos de farinha.

Outra possibilidade

Coza bem 2 coxas de frango (a carne do peito é muito seca) em água temperada de sal, e desfie-as.

Num tacho com azeite, aloure 2 ou 3 dentes de alho picados, meia cebola igualmente picada, uma folha de louro e piripiri (facultativo).

Junte um pacotinho de polpa de tomate, tempere de sal e deixe apurar bem. Vigie para que não seque demasiado. Se necessário, “borrife” com água.

Junte por fim, a carne muitíssimo bem desfiada, deixe tomar gosto e, ao mesmo tempo, ir secando o suficiente para que tenha a consistência própria para rechear e moldar os pasteis."

António Galopim de Carvalho

Quarta-feira, 28 de Outubro de 2020

Livro da Semana

"Gente da Terceira Classe"

de

José Rodrigues Miguéis

José Rodrigues Miguéis morreu passam esta terça-feira 40 anos.

Um dos grandes da nossa literatura.

"… E o Silvestre, pobre amigo, lá vai, metódico e pausado, com o seu perfil imperial romano, sonhando com o futuro-que-passou, sem perceber que só tem porvir quem tem presente, e ele nunca o teve: porque o futuro do homem está no que ele hoje semeia ou cria, no que dele cresce e frutifica, e não no que se acumula, repousa e fossiliza."

"A serenidade é a maior virtude da inteligência."

José Rodrigues Miguéis

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Photography In Portal da Literatura

Recordamos um dos grandes da nossa literatura

na entrevista dada em 1957 a Igrejas Caeiro

in "A Vida Breve" Antena -2

Click em;

https://www.rtp.pt/play/p1299/e501520/a-ronda-da-noite

Segunda-feira, 26 de Outubro de 2020

Em Alentejo-GASTRONOMIA

Receitas Culinárias Alentejo

Popias

POPIAS ALENTEJANAS

500g de farinha

150g de açúcar

65g banha

1dl de azeite

65g de margarina

5 colheres de chá de canela

Vinho branco q.b mais ou menos 1dl

Junte todos os ingredientes vá amassando e juntando o vinho branco morno até formar uma massa que possa fazer rolinhos. Molde em argolas e leve ao forno médio num tabuleiro untado com manteiga até dourarem

Nota:pode forrar o tabuleiro com papel vegetal

Segunda-feira, 19 de Outubro de 2020

Em Borba- 06-Entrevistas

pode ler

Entrevista com artista Carlos Bacalhau

Comecei cedo a trabalhar na Câmara Municipal de Borba, onde desenvolvi diversas actividades, das quais destaco a fundação da Oficina da Criança, nos anos de 1982/83;

"Desde miúdo sempre me dediquei à arte, designadamente na pintura em tela e mais tarde em cerâmica, xisto, mármore;"

Os materiais que são utilizados

na construção do Presépio são

variados, tais como: papel,

plástico, madeira, resina, cola,

jornais, enfim tudo o que possa ser reciclado;

"J.A. Chegou a frequentar alguma escola de arte?

C.B. Não nunca tive essa possibilidade. Tudo o que fiz foi por inspiração própria, como Autodidata e até talvez influenciado pelo que fui lendo;"

\

Entrevista

com o borbense João Clérigo

"Começo por dizer que tive e vivi uma infância feliz, fruto da

inconsciência própria da idade. Não tinha a ideia que havia futuro.

O futuro para mim, como para a maioria da rapaziada era o agora.

Ir tomar banho aos tanques das hortas, armar aos pássaros,

comer amoras nos silvados, jogar à bola na rua, ao peão, ao

couca, ao hoquei em patins (sem patins nem "steak"), mas um

qualquer pau, alugar bicicletas ao quarto e à meia hora no

"Pão Mole", jogar aos matraquilhos, etc, etc...."

"Só por volta dos dezasseis anos percebi que a infância e a

juventude tinham um fim, tendo então despertado para a

necessidade que tinha de estudar e por essa via adquirir

a minha independência.

Essa consciência levou-me, aos 18 anos(idade mínima

exigida no ensino noturno) a inscrever-me no Colégio do

Sr.Mota, em Estremoz. Foram 3 anos de muito trabalho,

dedicação e esforço, mas consegui completar o 5º. ano do

Liceu que mais tarde me haviam de abrir as portas do futuro."

Domingo, 18 de Outubro de 2020

Concerto de Domingo

Edvard Grieg - Piano Concerto II. Adagio | Arthur Rubinstein (2/3)

https://youtu.be/J2yWx6EMJjI

Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020

Livro da Semana

Cadernos do subterrâneo

de

Fiódor Dostoievski

"(...) Nas recordações de qualquer homem há certas coisas que ele não revela a toda a gente, apenas aos amigos. Há outras que nem aos amigos ele revelará,

apenas a si mesmo e só secretamente. E, finalmente, há outras que o homem até a si mesmo tem medo de revelar, e qualquer homem decente acumula bastantes recordações dessas. Ou seja, quanto mais decente for, tantas mais recordações dessas tem.

Pelo menos, eu, pessoalmente, só há pouco ousei recordar certas aventuras do meu passado, a que até então me esquivara com uma espécie de inquietação.

Ora, neste momento, quando não só estou a recordá-las mas ainda por cima me atrevo a anotá-las, queria experimentar:é possível, ou não, ser-se absolutamente sincero pelo menos consigo mesmo e não ter medo de toda a verdade? (...)"

Fiódor Dostoiévski, Cadernos do Subterrâneo

Quinta-feira, 15 de Outubro de 2020

Os nossos Escritores

15 de Outubro

Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa-Luís

nasceu a 15 de Outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante

"É bem certo que o melhor governante é aquele que sabe acertar o passo

pelo menor dos cidadãos."

Agustina Bessa-Luís

"Escrever uma página inspirada não acontece todos os dias. Às vezes movemos o pensamento pelos atribulados caminhos do doméstico, que corrompem a subtileza e a graça; outras vezes pomos na cabeça o nosso gorro sábio, e resulta uma enfadonha tabuada de sentimentos"

Agustina Bessa-Luís

Photo in WOOK.PT

GetResource

Segunda-feira, 12 de Outubro de 2020

"Respigando...Borba"

(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)

BORBA vista em 1927

em

GUIA DE PORTUGAL - Biblioteca Nacional de Lisboa

de

RAUL PROENÇA

"Borba está numa das zonas de refrigério e num dos pequenos oásis do Alentejo desolado

e tórrido, podendo ser também citada como uma das terras mais pitorescas do país.

A proximidade das célebres pedreiras de Montes Claros (p. 115) deu-lhe, mais ainda que a Estremoz, um alvo esplendor de mármores, que só encontra rival em certas cidadezinhas da Toscana. Não há, por assim dizer, cunhal de parede, moldura de porta ou de janela, degrau ou poial de escada, letreiro de rua e ate lareira da mais humilde casa que não seja de mármore.

O mármore esplende nas soleiras, nos alisares, nas chaminés e nas ermidas. Isto contribui, com o caiado das paredes, a limpeza dos pavimentos, o arrumo dos interiores, todos os pormenores da meticulosidade e do arranjo domésticos, para dar a impressão de asseio e de conforto que a vila suscita. É, pois, uma consolação percorrer Borba, deparando a cada passo recantos pitorescos, galerias de arcos, pátios, ferros de sacada, chaminés recortadas como minaretes, turbantes, espigueiros, barretes de clérigo, agulheiros, dados, capitéis românicos ‑ algumas rentes ao beiral, como em tantas outras terras do Alentejo. Só Loulé, no Algarve, põe êste luxo nas suas chaminés.

Nas varandas- escreve o Sr. Vergílio Correia ‑

as pinhas de ferro e os peitoris acogulham-se, recortam-se, arqueiam-se segundo as regras dum género de trabalho que se encontra disseminado entre o Tejo e o Guadiana, desde Elvas a Portalegre e de Avis até Évora e Montemor-o-Novo.

Trabalho do séc. XVIII, cheio de leveza e de recortes, muito diverso da sóbria firmeza de ferraria do séc. VVII."

Fotografias de Adriano Bastos

Domingo, 11 de Outubro de 2020

Concerto de Domingo

Ricardo Ribeiro - Fadinho Alentejano

https://youtu.be/Ns5zdIfoeJI

Celina da Piedade - Pêra Verde

https://youtu.be/9fnVyqTMXfQ

Sexta-feira, 9 de Outubro de 2020

Celeiro da Cultura

CECÍLIA MEIRELES

Motivo

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

— não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

— mais nada.

Photo in InfoEscola

Quarta-feira, 7 de Outubro de 2020

Livro da Semana

Aldeia Nova

de

Manuel da Fonseca

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"Rui enchia o peito de ar, lavava-se no sol. Mas já ia correndo rua abaixo. Uma grande vontade de correr. Onde estaria o Tóino e os outros? Ah! diria a avó que não queria voltar mais àquela casa! E diria também ao Estroina. Talvez lhe dessem razão… Deixassem-no andar, assim à sua vontade. Deixassem-no correr. Correr era bom. O bibe abria-se para os lados como asas. Deitava a cabeça para trás; o chão fugia-lhe debaixo dos pés. Nem via as casas, só o céu por cima dele. Entontecia, sentia-se livre como um pássaro. Se a mãe estivesse, não sereia nada daquilo a sua vida, não. A mãe deixava-o ser livre como um pássaro. Diria tudo isso ao avô: «Avô, desde que a mãezinha partiu, sinto-me preso como um pássaro numa gaiola!» Mas o avô não compreenderia as suas palavras. Nem a avó, nem o Estróina, ninguém!... O melhor era ir correndo, correndo sempre, correndo até tombar de cansado."

Terça-feira, 6 de Outubro de 2020

Em Alentejo-GASTRONOMIA

Receitas Culinárias Alentejo

Como consumir o Cação

Por Adriana

Ingredientes

1 kg de cação em postas

3 dentes de alho socados em 1 xícara (chá) de suco de limão e sal a gosto

1 xícara (chá) de óleo de soja

1 xícara (chá) de coentro

1 xícara (chá) cebolinha picada

1 cebola grande, cortada em rodelas

2 tomates também cortado em rodelas

2 pimentões, 1 verde e outro vermelho

1 xícara (chá) de leite de coco

½ xícara (chá) de azeite de oliva

½ xícara (chá) de óleo de dendê

Modo de preparo

Primeiro, despeje o óleo numa panela em fogo baixo.

O alho com suco de limão e sal vai servir para dar o primeiro tempero ao peixe,

por isso, molhe as postas com a mistura.

Coloque na panela com óleo, já pré aquecido, e vire o peixe aos poucos para não

grudar no fundo da panela, bem devagar para não desmanchar.

Adicione os outros temperos, a cebolinha, o coentro, a cebola, o pimentão e o tomate.

Tampe e aguarde cerca de 5 minutos ou até ferver.

Acrescente o azeite de oliva e o óleo de dendê (esse é o detalhe que vai dar um gosto

mais apurado à moqueca).

Por último, ponha o leite de coco e deixe ferver por mais 5 minutos ou até cozinhar

os temperos.

Rendimento: 2 porções

Tempo de preparo: 45 minutos

Dificuldade: Fácil

Fonte: Comida e Receitas - http://www.comidaereceitas.com.br/peixes/moqueca-de-cacao.html#ixzz3k3ao4BVP

Sábado, 26 de Setembro de 2020

Viagem pela nossa Gastronomia

Receitas de Culinária do Alentejo

Cozido de Grão com vagens

Ingredientes:

250 g de grão;

500 g de vagens (feijão verde);

250 g de batatas;

1 fatia de abóbora menina;

300 g de carne de borrego para cozer;

100 g de toucinho;

1 chouriço de carne (linguiça);

1 farinheira;

200 g de pão caseiro (duro);

sal;

hortelã.

Preparação:

"Põe-se o grão de molho em água e sal durante 12 horas. Passado esse tempo, coze-se. Numa panela com água suficiente põe-se a carne de borrego, o toucinho, o chouriço, a farinheira, e leva-se ao lume a cozer. Depois de as carnes estarem cozidas, retiram-se da água. Arranjam-se e lavam-se as vagens, as batatas e a abóbora cortada aos bocados.

Deitam-se na água em que se cozeram as carnes aos bocadinhos. Dispõem-se no centro de uma travessa o grão, as vagens, as batatas e a abóbora. Á volta colocam-se as carnes cortadas. Cortam-se fatias de pão duro e dispõem-se numa terrina. Espalham-se por cima alguns ramilhos de hortelã. Deita-se o caldo a ferver sobre as fatias de pão. Acompanha-se com as carnes, o grão, as vagens, as batatas e a abóbora."

in Ser Alentejano.blogspot

Sexta-feira, 25 de Setembro de 2020

"Respigando...Borba"

(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)

"As respigadoras" de Jean-François Millet

Em Borba com o Prof. José Hermano Saraiva

A Alma e a Gente - Ressurreição das Aldeias (Borba)

03 Fev 2008

Prof. José Hermano Saraiva

O concelho de Borba não é um concelho grande, tem 142 quilómetros quadrados, a

população não é muita, tem 8500 habitantes, mas trata-se de um dos concelhos mais

ricos doAlto Alentejo. As duas grandes riquezas da região são o Vinho e o

Mármore. Só que agora surge uma terceira riqueza, o Turismo, com a ressurreição

duma aldeia típica alentejana (S. Gregório) agora transformada em aldeia turística

(um projecto exemplar).

A Alma e a Gente - Ressurreição das Aldeias (Borba) - 03 Fev 2008

https://youtu.be/3TRJ3MwEbOk

Alentejo- Aldeia de São Gregório- Borba

https://youtu.be/SUGhVNm9J3g

Quarta-feira, 16 de Setembro de 2020

"Respigando...Alentejo"

(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)

Fotografia de Filipe Jose Galhanas

"Dedicação"

https://youtu.be/yuknsUFNXlM

Segunda-feira, 14 de Setembro de 2020

Borba

ARTESANATO

Mestre Catarino

"...Desde miúdo e para me entreter sempre fiz peças em artesanato em madeira,

cortiça e papel, principalmente depois de reformado..."

"...Fiz e ainda faço tarros, cochos, cornas para azeitonas, cadeiras, mochos em tamanho

normal e em miniaturas bem como de alfaias agrícolas. Fiz ainda uma réplica da Igreja da

Senhora da Orada que vai ser oferecida à junta de freguesia da Orada..."

Tendo como objectivo principal contribuir para a preservação, promoção e divulgação da nossa identidade cultural, este grupo de Borbenses e amigos de Borba, na sequência de diversas entrevistas que vimos publicando no nosso Blogue, decidimos desta vez falar com um Borbense que sempre continuou ligado às suas raízes que nos vai contar a história da sua vida que,como verão se reveste de forte empenho e persistência na luta por uma vida melhor, tanto para si como para quem o rodeia.

Falamos então com:

João Vitorino Bispo Catarino

J.A. Conte-nos então o inicio da sua juventude

J.C. Como filho de gente pobre comecei a guardar gado aos 7 anos, o que fiz até aos 15 anos

J.A. Como se depreende seria um pouco monótona esta actividade como preenchia o tempo?

J.C. Neste período também aprendi a ordenhar ovelhas, fazer queijos e ser pastor, como ajuda, até aos meus 15 anos.

J.A. A que mais se dedicou após esta idade?

J.C. Quando completei os 15 anos passei de ajuda a moral, responsável pelo rebanho, como ganadeiro,até aos 18 anos

J.A. Quando atingiu essa idade, nessa altura a maioridade, que mais fez?

J.C. Deixei a vida de ganadeiro fui trabalhar para o campo, lavrar com bois, parelhas de mulas, aprendi a ceifar e gadanhar até aos 20 anos.

J.A. Os ordenados certamente seriam baixos!!

J.C. Sim éramos muito mal pagos e então decidi deixar o trabalho do campo e fui trabalhar para as pedreiras, até aos 26 anos, quando me casei

J.A. Já casado e certamente com mais responsabilidades procurou melhores condições de trabalho?

J.C. Voltei a ser ganadeiro por mais 6 anos que tive de deixar pois o meu filho mais velho teve que ir para a escola e eu para lhe dar apoio fui dar serventia nas obras de construção civil. Acontece que o meu mestre que viu que tinha vocação para esta actividade mandou-me fazer uma parede e que por ter gostado do meu trabalho ao fim de 17 meses considerou-me mestre e passados 3 anos construí a casa onde ainda hoje habito, claro que muito mais melhorada

J.A. Passou portanto a dedicar-se à construção civil?

J.C. Até ao "25 de Abril" além desta função dediquei-me também ao trabalho do campo, queijaria, ceifa, gadanha, colheita de grão e até mesmo como servente

J.A. Que mudanças trouxe o "25 de Abril" à sua vida?

J.C. Fui eleito delegado sindical pelo sindicato agrícola junto das cooperativas e de trabalhadores por conta de outrem, especialmente das cooperativas onde me mantive até 1986.

J.A. Que mais fez após este ano?

J.C. Neste ano fui admitido na Câmara Municipal de Borba como operador de fogo, não nos quadros da Câmara, apenas a contrato. Com a minha experiência dediquei-me à rede de esgotos, ao alcatroamento e orientar grupos de homens até ao ano de 2002

J.A. Despertou-nos a atenção sempre que o víamos com stands em feiras e festas com peças de artesanato. Como surgiu essa paixão?

J.C. Desde miúdo e para me entreter sempre fiz peças em artesanato em madeira, cortiça e papel, principalmente depois de reformado.

J.A. Como homem dos 7 ofícios a que mais se dedicou?

J.C. Como atrás refiro com a experiência adquirida fui muito solicitado para tratar de árvores, hortas, limpar oliveiras, poda de vinhas e com o que sabia ensinar também aos mais novos.

Ainda e a pedido da Câmara Municipal de Borba foi pioneiro da primeira "Feira de Ervas" que se fez na freguesia da Orada, iniciativa que trouxe muita gente a Borba e que se tornou quase como uma referência.

J.A. Quais as peças que mais gosta de fazer como artesão?

J.C. Fiz e ainda faço tarros, cochos, cornas para azeitonas, cadeiras, mochos em tamanho normal e em miniaturas bem como de alfaias agrícolas. Fiz ainda uma réplica da Igreja da Senhora da Orada que vai ser oferecida à junta de freguesia da Orada.

J.A. De âmbito social a que mais se dedicou?

J.C. Fiz parte da Assembleia Municipal de Borba como membro da junta de freguesia, fiz parte dos órgãos sociais da cooperativa de consumo, sócio dos bombeiro voluntários, sócio da liga de amigos de Estremoz, sócio da casa de cultura da Orada, formou o Rancho Folclórico "Cravos e Rosas da Orada" que deixou por motivos profissionais e que deixou ao José Martins que lhe deu continuidade.

Apesar da vida não me ter sorrido sempre mantive um espírito alegre, rodeado de muitos amigos sempre cheio de esperança que tudo isto havia de mudar para melhor.

Fotografias de Adriano Bastos

Alentejo- Artesanato de Borba

https://youtu.be/WLDM8PXpBuI

Quarta-feira, 9 de Setembro de 2020

Livro da Semana

Páscoa Feliz

de

José Rodrigues Miguéis

"O seu aparecimento em Lisboa foi saudado efusivamente pelos amigos que o tinham visto partir com desgosto das tertúlias dos cafés. José Gomes Ferreira anotou o facto como um acontecimento jubiloso, nesta passagem do seu livro A Memória das Palavras – ou o Gosto de Falar de Mim: «Pouco mais ou menos por essa ocasião aconteceu o reencontro, para mim desvanecedor, com a personalidade poderosa de José Rodrigues Miguéis, que exercia, então, como nas gerações subsequentes, um fascínio dominador, sobre tudo e todos, exultante dum conjunto de virtudes raras num escritor que, a par da inventiva psicológica, da luminosidade do pensamento, da influência mágica da palavra, moldável a qualquer capricho de expressão pedagógica, política ou polémica, amava contar histórias- histórias com um toque de sensualidade de lucidez doentia que o acanhado meio e o puritanismo de olhos baixos do idioma reprimia a custo. No momento em que voltámos a abraçar-nos (desde a adolescência que a nossa vida tem sido um abraço de reencontro pegado!), José Rodrigues Miguéis preparava a edição da Páscoa Feliz…» "

Mário Neves

Quinta-feira, 3 de Setembro de 2020

O Livro da Semana

O Medo

500x

Al Berto

"cada dia que passa escrevo menos, e o pouco que escrevo exige todo o tempo disponível, requer paixão e partilha.

está frio de quebrar ossos.

às vezes queria ser pastor, homem transumante, ir e regressar com o sol e as chuvas, ir e regressar eternamente com o ciclo das estações.

hoje fiz trinta e seis anos. acabaram-se algumas coisas na minha vida, sinto isto, apesar de ainda não perceber claramente o quê. estou certo que a juventude não recomeça nunca, nem terá início hoje. habituo-me à grande desolação dos dias

diz o horóscopo que os capricórnios têm uma velhice feliz. a velhice, dizia Céline, é um sobejo da vida.

escasseia o tempo na tentativa de vislumbrar algum sossego.

escrever, passar a vida a escrever, para quê?"

Sábado, 29 de Agosto de 2020

Na Mochila para férias...

CERROMAIOR

de

Manuel da Fonseca

Edições Editorial

Caminho,SA

2011

À sua Santiago, Manuel da Fonseca apenas retirou a proximidade do mar.

Assim, Cerromaior retrata-nos uma cidade cercada pelo campo e a realidade alentejana dos anos trinta e quarenta.

São focadas todas as classes sociais: a família de latifundiários que dominam toda a cidade (os primos de Adriano, a figura central do romance); o herói Adriano, filho da burguesia local mas com problemas financeiros; o proletariado rural, objecto da exploração económica; o Doninha, figura típica de Cerromaior dominada pela loucura; a Guarda Nacional Republicana, aliada dos poderosos.

A trama de Cerromaior gira em torno de Adriano, dividido entre as suas origens e a consciência que toma da verdade da sua terra, e que acaba por tomar a defesa dos mais desprotegidos.

Literariamente, este romance descreve um círculo, sendo a cena inicial em que encontramos Adriano na prisão local o termo da trama.

Este romance foi adaptado ao cinema por Luís Filipe Rocha em 1980.Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Cerromaior é o nome do primeiro romance de Manuel da Fonseca, publicado em 1943.

Cerromaior é o nome da (pequena) cidade onde decorre a acção do romance. Se bem que sendo uma cidade imaginária são notórias as semelhanças com a terra natal de Manuel da Fonseca, Santiago do Cacém. Aliás, o facto é referido pelo próprio logo no prefácio da obra «Cercado de cerros, que vão de roda em anfiteatro com o lugar do palco largamente aberto sobre a planície e o mar, o cerro de Santiago é de todos o mais alto. Daí o título: Cerromaior. Vila que me propus tratar...»

Segunda-feira, 10 de agosto de 2020

O Livro da Semana

Aldeia Nova

de

Manuel da Fonseca

"Rui enchia o peito de ar, lavava-se no sol. Mas já ia correndo rua abaixo. Uma grande vontade de correr. Onde estaria o Tóino e os outros? Ah! diria a avó que não queria voltar mais àquela casa! E diria também ao Estroina. Talvez lhe dessem razão… Deixassem-no andar, assim à sua vontade. Deixassem-no correr. Correr era bom. O bibe abria-se para os lados como asas. Deitava a cabeça para trás; o chão fugia-lhe debaixo dos pés. Nem via as casas, só o céu por cima dele. Entontecia, sentia-se livre como um pássaro. Se a mãe estivesse, não sereia nada daquilo a sua vida, não. A mãe deixava-o ser livre como um pássaro. Diria tudo isso ao avô: «Avô, desde que a mãezinha partiu, sinto-me preso como um pássaro numa gaiola!» Mas o avô não compreenderia as suas palavras. Nem a avó, nem o Estróina, ninguém!... O melhor era ir correndo, correndo sempre, correndo até tombar de cansado."

Sábado, 8 de Agosto de 2020

Borba e os seus escritores

ASPECTOS E CANÇÕES DA APANHA DA AZEITONA EM BORBA

de Fernando Castelo Branco

Publicações Lisboa 1958

Separata da Revista (Ocidente) - Vol.55LV - Liosboa 1958

Museu de Etnografia e História

JUNTA DISTRITAL DO PORTO

D. Fernando Luis de Sousa Coutinho Castelo-Branco e Menezes, 3º Marquês de Borba

Nascido: 10 de Jul de 1835

Falecido: 9 de Fev de 1928 (com a idade de 92)

D. Fernando Castelo Branco (Pombeiro)

Segundo todas as fontes, eram donatários de Belas nessa altura, os condes de Pombeiro, mais tarde marqueses de Borba. Foi da, sugestão de Fernando Castelo Branco (Pombeiro) e Eduardo Quintela de Mendonça (Farrobo) que o Sporting em 1906 adoptou do seu escudo para o emblema do clube o leão rompante de prata armado em preto sobre campo verde.

Criada em 21 de Agosto de 2012, a Associação dos Amigos de Borba

Associação de Borbenses Defensores do Património Ambiental e Cultural

Adira através do email

Para comentários e colaboração utilizar:

Photo in Marco+do+Correio+III.jpg

amigosborba2012@gmail.com

Visitas desde 14/11/2012

O Alentejano

"Homenagem aos Mestres Cantores do Alentejo"

Pintura de Espiga Pinto, sobre madeira, datada de 1965. 130x40cm

Col. Centro de Arte Moderna da

Fundação Calouste Gulbenkian

"Se há marca que enobrece o semelhante, é essa intangibilidade que o Alentejano conserva e que deve em grande parte ao enquadramento. O meio defendeu-o duma promiscuidade que o atingiria no cerne. Manteve-o Vertical e Sozinho, para que pudesse ver com nitidez o tamanho da sua sombra no chão. Modelou-o de forma a que nenhuma força por mais hostil, fosse capaz de lhe roubar a coragem, de lhe perverter o instinto, de lhe enfraquecer a razão... (...) É preciso ter uma grande dignidade humana, uma certeza em si muito profunda, para usar uma casaca de pele de ovelha com o garbo dum embaixador. Foi a terra Alentejana que fez o homem Alentejano, e eu quero-lhe por isso. Porque o não degradou proibindo-o de falar com alguém de chapéu na mão."

Miguel Torga In "Portugal" 1950

Fotografia de Adriano Bastos

O Alentejo lembra-me sempre

Um imenso relógio de sol

Onde o homem faz de ponteiro do tempo

Miguel Torga

Visitas desde 14/11/2012

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