02 - Fevereiro 2021
Fotografia de Adriano Bastos
O Alentejano
"Homenagem aos Mestres Cantores do Alentejo"
Pintura de Espiga Pinto, sobre madeira, datada de 1965. 130x40cm
Col. Centro de Arte Moderna da
O Alentejo lembra-me sempre
Um imenso relógio de sol
Onde o homem faz de ponteiro do tempo
Miguel Torga
Sexta-feira, 5 de Março de 2021
Alentejo-Cante Alentejano
Cante Alentejano
Padre José Alcobia (Pias-Ferreira do Zêzere 28/11/1914/ Beja 2/2/2003)
TRATADO DO CANTE
- Figuras do Cante:Padre José Alcobia (Pias-Ferreira do Zêzere 28/11/1914/ Beja 2/2/2003)
"Seria injusto não falar neste Congresso de um homem que, apesar de não ser alentejano, pois ele é natural de Ferreira do Zêzere, abraçou com alma e coração o cante alentejano, enriquecendo e elevando ao mais alto ponto, conseguindo levá-lo além fronteira num tempo muito difícil. Estou a falar do senhor padre José Alcobia. Pároco no concelho de Ferreira desde 1944, função que tem exercido ininterruptamente, estendendo a sua acção por todas as freguesias do concelho. Criou o Colégio Nuno Álvares, o Sport Clube Ferreirense, um bairro para trabalhadores rurais com mais de quatro filhos denominado Nossa Senhora da Conceição. Como músico descobre a riqueza grandiosa do cante alentejano cujas melodias fazem vibrar o nosso povo e cria o Grupo Coral “Os Trabalhadores de Ferreira do Alentejo”. Produziu programas para a antiga Emissora Nacional, Rádio Renascença, Televisão, gravou discos e cassetes e conseguiu em 1972 levar este Grupo a Zagreb, Jugoslávia onde obteve um êxito extraordinário.
Em 1976 foi criado em Figueira de Cavaleiros o Grupo Coral “Os Rurais” fundado por um grupo de amigos onde me incluo e exerço o cargo de responsável. Convidámos o Padre José Alcobia para nos ajudar que, de braços abertos e com todo o seu saber e entusiasmo, contribuiu decisivamente para elevar o Grupo ao nível que hoje tem. Com ele conseguimos muitas actuações de norte a sul do País, gravámos dois LP’s, duas cassetes áudio e tivemos o ponto mais alto em 1976 em Zagreb na Jugoslávia, no Festival Internacional daquele país. Aí estavam presentes 77 grupos representativos de vários países e o Grupo Coral “Os Rurais de Figueira de Cavaleiros” foi considerado um dos melhores grupos de vozes que por ali passou, tendo a honra de ter sido convidado para fazer do encerramento do Festival com mais três grupos de outros países.
Foi com grande emoção que sentimos milhares de pessoas em silêncio apreciarem o cante alentejano e ver a bandeira portuguesa a subir pelo mastro ao canto do nosso hino.
O Padre Alcobia criou ainda o Grupo “Cantares Alentejanos do Batalhão nº. 3 da GNR”, conseguindo ainda a renovação do Grupo Coral “Alma Alentejana de Peroguarda”, por quem Giacometti se apaixonou levando-o a pedir que ali fosse sepultado ao som do cântico ao Menino de Peroguarda. Ele ainda hoje dirige estes grupos, apesar da sua idade. Obrigado Padre Alcobia por tudo o que fez pela Terra alentejana. Era bom que muitos padres Alcobias aparecessem para bem do nosso cante alentejano e da nossa cultura. Bem haja!"
Comunicação de Luís Franganito – Grupo Coral e Etnográfico “Os Rurais de Figueira de Cavaleiros, no Congresso do Cante Alentejano, realizado em Beja, em 1997.
in: "Que modas? que modos?". Ed. FaiAlentejo. 2005"
In José F.Pereira
Quinta-feira, 4 de Março de 2021
O Livro da Semana
"António dos olhos tristes"
de
Eduardo Olímpio
https://www.google.com/url?sa=i&url=http%3A%2F%2Fvoarforadaasa.blogspot.com%2F2018%2F04%2
Fos-meus-filhos-eduardo-olimpio.html&psig=AOvVaw3XQ8CjlXVIEk-iu0J5sOHx&ust=161488683841
1000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwo
TCMiL0brwlO8CFQAAAAAdAAAAABAJ
Photo in voar fora da asa - blogger
https://img.wook.pt/images/antonio-dos-olhos-tristes-eduardo-olimpio/MXw1ODU5Nnw4ODY2M3wxMzgzNTIzMjAwMDAw/250x
Photo in Wook
"Quando Mestre Manuel Regedor acabou de ler esta parte do folhetim que há um ror de tempo vinha aparecendo no jornal, os homens ficaram com um brilho tão forte nos olhos que pareciam capazes de alevantar dez arrobas de peso com as mãos.
António dos olhos Triste pediu a Mestre Manuel: - Dê-me esse pedaço de jornal, Mestre Manuel Regedor. Dê-me que eu agradeço-lhe muito. Mestre Manuel começou a cortar a parte do rodapé que trazia o folhetim e foi dizendo a António dos Olhos Tristes:
- Mas pra que diacho queres tu o jornal se não sabes ler nem escrever, não me dizes?
António dos Olhos Tristes agarrou no pedaço de folhetim e quase que a falar só para ele foi dizendo enquanto o enrolava na algibeira: - Isto que aqui está é tão certo que eu só de olhar prós riscos que aqui estão sou capaz de o tornar a dizer, letra por letra, sem me enganar: quando os homens escrevem e dizem as coisas tal e qual como elas são a gente só tem de olhar ou escutar pra ser capaz de os entender. E começou, enquanto se alevantava do banco: - Pensa que o mundo está cheio de homens que lutam para que um rio de lodo não se atravesse entre a vida e o sonho.
Depois saiu."
Quarta-feira, 3 de Março de 2021
Borba-Mezinhas da Avó
"A alegria evita mil males e prolonga a vida."
William Shakespeare
Fotografia de coZinha cOm alMa - Blogspot
Saiba como o consumo regular de espargos
pode trazer benefícios à sua saúde
Vegetal é rico em ácido fólico, aliado na prevenção e cura do câncer
Foto: Stock Photos, Divulgação
Pouco calórico e rico em fibras, ele é um ótimo acompanhamento nas refeições de quem
quer controlar o peso.
O espargo é uma planta muito utilizada na culinária mundial e é considerada uma flor da família dos
lírios. Segundo o nutrólogo Maximo Asinelli, ele é rico em vitamina A, B, C, cálcio, ferro, sais
minerais e potássio.
— O espargo é considerado uma das melhores fontes de ácido fólico, conhecido por ajudar a
prevenir câncer, doenças do coração, do fígado e até da espinha — explica.
O Instituto Nacional do Câncer aponta que o ácido fólico presente nesse vegetal age diretamente
no DNA e na síntese de substâncias essenciais ao organismo e a sua deficiência tem sido
relacionada ao aparecimento de câncer.
— Esta vitamina é importante desde a prevenção até o tratamento da doença, já que inibe o
desenvolvimento do tumor. O ácido fólico é sintetizado por bactérias do intestino e ficam
estocadas no corpo humano — esclarece.
Além disso, o espargo é um ótimo acompanhamento para pratos principais e é indicado para
quem está de dieta e quer controlar a ingestão de gorduras.
— O espargo também possui baixa quantidade de calorias e não tem colesterol, nem gorduras
— revela, salientando que a planta é uma fonte abundante de fibras, com cerca de 3,6 gramas
do nutriente por xícara do vegetal.
De acordo com Alexander Bonetti, da San Marco Alimentos, apesar de ter melhores resultados
ao ser plantado em terrenos arenosos, o aspargo é cultivado em diferentes vários países e
possui diferentes variedades.
— O espargo inglês não possui o talo muito grosso, já o italiano possui a cor violeta e os
cultivados na Holanda, Alemanha e Bélgica são brancos, pois se desenvolvem em locais
escuros e não possuem clorofila — explica, ressaltando que, independente da variedade
que se opta por consumir, tem-se acesso aos mesmo nutrientes.
Bonetti diz ainda que, além de trazer benefícios para o organismo, o espargo dá um
sabor especial às refeições. A planta pode ser consumida como ingrediente de pratos
incrementados, ser servido frio com vinagrete, cozido com manteiga e ainda consumido
em forma de conserva.
in https://www.google.pt/?gws_rd=ssl#q=beneficios+no+consumo+de+espargos
Terça-feira, 2 de Março de 2021
"Respigando...Alentejo"
(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)
Tabernas do Alentejo
Fotografia de Filipe José Galhanas
"São lugares ancestrais de conhecimento e cultura. Rituais sociais, onde o vinho desinibe e fomenta longas conversas entre as mais variadas culturas. Ali, entre aqueles odores agridoces, entre um copo e outro, fez-se o menino homem. Ali, enxuga-se a alma e esquecem-se por momentos os dissabores da vida.
Fotografia de Adriano Bastos
As tabernas são lugares sagrados, também elas compostas por mandamentos, onde o sangue de Cristo é tomado por todos religiosamente. Onde os sermões são dados pela sabedoria dos anos, de passados atribulados e duros, no uso, quase sempre, das palavras certas para o momento.
Fala-se do Ti António que morreu do coração, do Ti João que morreu de cancro, mas, ali, não se ouve falar que alguém tenha morrido por causas do vinho, pois o vinho é um elixir, um antídoto para todos os males. Diz-se que até mata o bicho.
É um espaço onde não existe stress. Entre uma rodela de linguiça e uma lasca de presunto também o colesterol é esquecido.
Fotografia de Adriano Bastos
Por fim, quando as pernas não obedecem e o andar torna-se desequilibrado, culpa-se sempre o último copo. Mas existe sempre um amigo pronto a levar-nos a casa. As tabernas são escolas de vida, de saberes populares, onde o cante marca o compasso."
José Bravo Rosa
Segunda-feira, 1 de Março de 2021
Alentejo-GASTRONOMIA
Receitas Culinárias Alentejo
Açorda de bacalhau à alentejana
Açorda de bacalhau à alentejana.
3 postas de bacalhau demolhado.
250 gr de pão duro.
2 dentes de alho.
3 ovos.
Coentros ou poejos, ou ambos.
1,5 l de água.
75 ml de azeite.
Sal.
Leve as postas de bacalhau e os ovos,a cozer na água. Numa tigela grande, coloque os alhos, os coentros, um pouco de sal e pise tudo. Acrescente o azeite. Quando o bacalhau e os ovos estiverem cozidos,retirei-os da água.
Verta a água na taça e junte o pão,cortado em fatias pequenas. Coloque uma posta de bacalhau e um ovo em cada prato e sobre este, ponha o pão e o caldo da açorda.
Acompanhe com azeitonas e rábano cortado ás rodelas finas.
Receitas de
Maria Rosario Pires
Photo In Sapo Lifestyle
Domingo, 28 de Fevereiro de 2021
Concerto de Domingo à tarde
The Gift - Primavera
https://youtu.be/C2z9sbWnzBw
Your Love - Dulce Pontes, Ennio Morricone • Once Upon a Time in the West
https://youtu.be/NDOYawXjW8U
António Zambujo & Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de São Bento
- trago alentejo na voz (letra)
https://youtu.be/Uz7q8XUxeZ0
Quinta-feira, 25 de Fevereiro de 2021
Celeiro da Cultura
CECÍLIA MEIRELES
A arte de ser feliz
Fotografia de Adriano Bastos
Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia
ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando
com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma
espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para
as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos
magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes
encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que
pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Ás vezes, um
galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar,
cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de
cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem
diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a
olhar, para poder vê-las assim.
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
ATÉ QUANDO TERÁS, MINHA ALMA, ESTA DOÇURA
Fotografia de Adriano Bastos
Até quando terás, minha alma, esta doçura,
este dom de sofrer, este poder de amar,
a força de estar sempre – insegura – segura
como a flecha que segue a trajetória obscura,
fiel ao seu movimento, exata em seu lugar...
Terça-feira, 23 de Fevereiro de 2021
Em Alentejo-GASTRONOMIA
Receitas Culinárias Alentejo
Pezinho de borrego de coentrada.
"Pezinho de borrego de coentrada.
12 pezinhos de borrego
3 ou 4 dentes de alho
1 cebola grande
3 batatas
Coentros
1 dl de azeite
Sal
Louro
Os pezinhos de borrego,vão ao forno num tacho, temperados com sal,louro,os dentes de alho picados,a cebola ás rodelas e o azeite. Deixam-se refogar um pouco. Depois junta-se-lhe água suficiente para que os pezinhos cozam. Depois de cozidos,juntam-se as batatas aos quadrados e deixam-se cozer. No fim da cozedura,juntam-se os coentros picados. Servem-se com pão torrado."
Receitas de
Maria Rosario Pires
Segunda-feira, 22 de Fevereiro de 2021
O Livro de Semana
Os Comeres dos Ganhões
de
Aníbal Falcato Alves
"No tempo da fome, que foi o tempo do fascismo no Alentejo, a açorda era o alimento quase exclusivo dos trabalhadores alentejanos durante os meses de Inverno. No Verão, a açorda era substituída pelo gaspacho.
Claro que as açoradas comidas pelos trabalhadores não tinham os requintes do bacalhau, da pescada ou de qualquer outro acompanhamento. Mesmo o azeite não era empregado na devida quantidade.
À açorda assim comida, sem qualquer acompanhamento, chamava-se “açorda pelada”. Às outras, aquelas bem temperadas, só os senhores tinham acesso. Havia agrários que comiam o bacalhau nas suas açordas e, num gesto magnânimo, mandavam guardar as barbatanas para serem cozidas na água da açorda da malta. Devido a esta benemerência, de vez em quando, os trabalhadores lá a comiam com um gostinho a bacalhau."
Domingo, 21 de Fevereiro de 2021
Concerto de Domingo à tarde
Mudar de Vida - Carlos Paredes
https://youtu.be/A00BFvl6ywE
Sábado, 20 de Fevereiro de 2021
Visite o Alentejo
Pavia
Photography of Câmara Municipal de Mora
"Diz um antigo prolóquio regional que não se deve estar em Mora nem uma hora, em Cabeção nem um serão e em Pavia nem um dia. Com isto, ao que parece, se quis dizer que das três vilas Pavia seria a melhor. Pavia é uma freguesia do Concelho de Mora, com 185,28 km² de área e 932 habitantes (censos de 2011). Foi sede de Concelho entre 1287 e o início do século XIX. A freguesia de Pavia é atualmente composta por duas povoações, Pavia e Malarranha. Malarranha situa-se a cerca de 5 km de Pavia, onde se pode visitar a Igreja de Nossa Senhora de Fátima.
No século XVI foi construído o edifício dos Paços do Concelho, onde atualmente se situa a Junta de Freguesia.
O povoamento de Pavia remonta à pré-história tal como demonstram as diversas antas presentes na zona, estando mesmo os restos de uma delas no centro da vila. Hoje transformados em capela dedicada a São Dinis, como forma de homenagem por ter sido este a dar o primeiro foral a Pavia a 25 de fevereiro de 1516. Os inúmeros registos megalíticos presentes na zona provam a antiguidade da vila. Diz-se que as origens históricas deste agregado populacional, o mais antigo do Concelho de Mora, se ficaram a dever a uma colónia de imigrantes italianos chefiada por um certo Roberto, provenientes de uma região italiana denominada de Pavia, fixados a instâncias de D. Afonso III ou de D. Dinis.
A reforma administrativa da vila deu-se a 6 de novembro de 1836, integrando em Pavia os extintos Concelhos de Águias, Cabeção e Mora. Esta situação manteve-se até 17 de abril de 1838, altura em que a sede de Concelho passa a ser Mora.
Esta é uma vila tipicamente alentejana que se encontra já bastante afastada do Ribatejo. Está rodeada de paisagens a perder de vista onde se podem avistar pequenos pontos brancos dispersos entre sobreiros e azinheiras que são nada mais, nada menos, que os típicos montes alentejanos.
Manuel Ribeiro de Pavia.
Fernando Namora
in Visão-Sapo
Nesta vila viveram duas ilustres personalidades: Fernando Namora e Manuel Ribeiro de Pavia. Fernando Namora para além da profissão de médico que exerceu nesta terra, também escreveu sobre estas gentes e sobre as lindas paisagens que espreitam a vila de Pavia e deixou algumas das suas telas que retratam essas mesmas paisagens. Manuel Ribeiro, que posteriormente adotou o nome da vila ficando Manuel Ribeiro de Pavia, foi outro grande homem. Pintor de excelência que deixou um museu com vários originais, que são visitados por inúmeras pessoas, na Casa Museu Manuel Ribeiro de Pavia. Dois nomes sonantes que deixaram bem presente a marca das suas obras na vila e no Concelho.
Datas Festivas
Feira Anual de Pavia
Parque de Feiras de Pavia - 1º Fim de semana de Junho
Festas em Honra do Santíssimo Sacramento
Pavia – 1º fim de semana de Setembro
São Martinho
11 de Novembro
Concurso de Pintura Rápida “Pintar Pavia”
Bienal – data volante
Festas em Honra de Nossa Senhora de Fátima
Localidade de Malarranha – 3º fim de semana de agosto"
In Alentejo Sempre
Quarta-feira, 17 de Fevereiro de 2021
"Respigando...Alentejo"
(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)
"Há outro episódio da história do Alentejo fascinante que é as populações negras que foram levadas para o vale do Sado, para os arrozais, e que se misturaram de tal forma que hoje é impossível distingui-las, a não ser por um ou outro traço físico, e que culturalmente tornaram-se 100% alentejanos.Esse é um fenómeno mais recente e mais conhecido.
importância entre nós, até porque não ficaram só algumas das comunidades mais antigas que aqui existiam - sabemos que os judeus precederam os cristãos em Mértola e Beja, é um facto devidamente estudado e reconhecido -, mas por outro lado, quando se deu a expulsão em Espanha, muitas dessas famílias acolheram-se no Alentejo e conseguiram, mais ou menos discretamente, sobreviver entre nós. Isso, aliás, chegou aos nossos dias. "
No Islão do Alentejo, José António Falcão,19.08.19, in DN
Na realidade, fixaram-se não apenas no vale do Sado mas noutros sítios do Alentejo.
Historiadores como Jorge Fonseca têm estudado com pormenor esta realidade e hoje podemos detetá-la não apenas na sobrevivência de determinados dados genéticos mas até nas raízes da religiosidade. Por exemplo, o culto de Santa Efigénia ou de São Benedito de Palermo mostram bem como é que estas comunidades tinham força, poder económico, religioso e social. Na verdade elas fundiram-se, depois, neste grande caldeirão que é a nossa comunidade alentejana atual, mas alguma semiologia sua chegou até aos nossos dias. Por outro lado, há traços interessantes que nos remetem para o judaísmo, que teve uma
in José António Falcão,entrevistado»»no-islao-do-alentejo,DN, 19 de agosto de 2019
Terça-feira, 16 de Fevereiro de 2021
Em Alentejo-GASTRONOMIA
Receitas Culinárias Alentejo
Borrachos (Natal e Carnaval)
Borrachos (Natal e Carnaval)
300 gr de farinha de trigo
125 gr de banha de porco
1 ovo
1/4 l de vinho branco
1/2 cálice de aguardente
1 colher de chá de canela
1 colher de chá de fermento em pó
Sumo de meia laranja
Óleo para fritar Açúcar e canela para polvilhar
Derrete-se a banha À parte, coloca-se numa tigela,a farinha, a canela e o fermento. Faz-se um buraco no centro e põe-se a banha a ferver. Mistura-se tudo com as mãos. Depois de bem misturado, adiciona-se a aguardente, o sumo de laranja e o ovo. Amassa-se bem,a té formar uma massa que não cole ás mãos. Numa bancada enfarinhada, estende-se a massa com a ajuda de um rolo. Corta-se a massa em círculos, com um buraco no meio. Frita-se em óleo e polvilha-se com açúcar e canela.
Receitas de
Maria Rosario Pires
Segunda-feira, 15 de Fevereiro, 2021
O Livro da Semana
de
Carlos de Oliveira
Photography of Escritas.org
"Trabalho Poético"
Insónia
"Penso que sonho. Se é dia, a luz não chega para alumiar o caminho pedregoso; se é noite, as estrelas derramam uma claridade desabitual.
Caminhamos e parece tudo morto: o tempo, ou se cansou já desta caminhada e adormeceu, ou morreu também. Esqueci a fisionomia da paisagem e apenas vejo um trémulo ondular de deserto, a silhueta carnuda e torcida dos cactos, as pedras ásperas da estrada.
Chove? Qualquer coisa como isso. E caminhando sempre, há em redor de nós a terra cheia de silêncio.
Será da própria condição das coisas serem silenciosas agora?"
Photo of Livraria Olisipo
Domingo, 14 de Fevereiro de 2021
Concerto de Domingo à tarde
Johnny Hallyday / Yvan Cassar - Gautier Capuçon -Hugues Borsarello-Nicolas Dautricourt-Lise Berthaud
https://youtu.be/fGB6dVP_y0Q
La Flor de la Canela - Juan Diego Flórez
https://youtu.be/4XrJ4Dwuop4
Sábado, 13 de Fevereiro de 2021
Tempo de leitura
Photography of Ching Yang Tung
′′ Sei por experiência própria que, na vida, só em contadíssimas ocasiões encontramos
alguém para quem possamos transmitir o nosso humor com precisão, alguém com
quem possamos nos comunicar perfeitamente. É quase um milagre ou uma sorte
inesperada encontrar essa pessoa. Com certeza muitos morrem sem nunca a terem
encontrado ′′
Haruki Murakami
"A vida já é curta, mas nós tornamo-la ainda mais curta, desperdiçando tempo."
Victor Hugo
Os sonhos são bússolas do coração.... Renovam a esperança quando o mundo
desaba sobre nós.
Voltaire
"Fica comigo. Daqui a nada é noite e as noites custam, a mim custam, sobretudo quando os
candeeiros da rua se acendem e as árvores e os prédios fronteiros logo diferentes, quase
ninguém na rua, um miúdo com um cão lá ao fundo, uma tristeza parada na tonalidade do
silêncio, estes móveis e estes retratos que não me ligam nenhuma, os teus passos na escada,
tu no passeio: nem vou à janela olhar, não quero olhar. Fica comigo só mais um bocadinho,
dez minutos, meia hora, sei lá, o tempo inteiro. Mesmo que não fales. Mesmo que leias a revista
do jornal. Mesmo que não me toques. Mesmo como se eu não existisse. Há alturas, imagina,
em que penso que não existo e depois vem a aflição, o medo, o meu pulso tão rápido, a voz
da minha mãe, do fundo da infância."
António Lobo Antunes
"Dormir com alguém é a intimidade maior. Não é fazer amor. Dormir, isso que é íntimo.
Um homem dorme nos braços de mulher e sua alma se transfere de vez.
Nunca mais ele encontra suas interioridades."
Mia Couto
ROTAÇÃO
.
É nos teus olhos que o mundo inteiro cabe,
mesmo quando as suas voltas me levam para longe de ti;
e se outras voltas me fazem ver nos teus
os meus olhos, não é porque o mundo parou, mas
porque esse breve olhar nos fez imaginar que
só nós é que o fazemos andar.
.
NUNO JÚDICE
Quinta-feira, 11 de Fevereiro de 2021
Alentejo-Cante Alentejano
Cante Alentejano
"ACERCA DO ENCANTO DA MÚSICA POPULAR ALENTEJANA E DA BELEZA
DA SUA POESIA. DILEMAS SOBRE A ORIGEM DO CANTO ALENTEJANO"
"Concluindo este assunto sobre as origens do canto popular alentejano, problema que continua à espera de uma resposta convincente, não ajuda nada, segundo me parece, fixarmo-nos sobre opiniões que porventura se desejem tornar como definitivas e sem discussão, como por exemplo é o caso de se pretender, como ponto assente, estar na sua origem o canto gregoriano. É que, e aqui é que o problema se complica, antes do cantochão cá ter chegado já cá estava o canto popular onde muito provavelmente o povo foi influenciado pelo modo de cantar que de África passou o estreito e se acomodou neste interior alheio às influências que ao longo da história sofreu toda a costa algarvia. Não estou de acordo, por exemplo, com a opinião do Padre Marvão, grande admirador do canto do Baixo Alentejo, quando para ele, o que conta na génese do cantar do nosso povo é o canto gregoriano. Mas com ele concordo com a sua curiosa asserção, nesse trabalho que eu consultei, que flagrantemente contradiz a sua hipótese: "A nossa música alentejana não foi ensinada por ninguém, é espontânea; nasce do coração e da intuição dos alentejanos, com uma aptidão excepcional para o canto que tem as dimensões dos sagrados momentos da vida..."Henriques Pinheiro:8/11/1997
Fotografia de Filipe José Galhanas
Terça-feira, 10 de Fevereiro de 2021
Borba Inspiradora
José António Russo da Silva escritor, natural de Borba, nasceu nesta cidade, outrora vila alentejana aos 21dias de Janeiro do ano de 1945. Bem cedo ruma para as terras de Almada, tal como milhares de alentejanos, em busca de melhores condições de trabalho e sobrevivência fixando-se em Vale de Milhaços.
Foi no Alentejo onde viveu sua infância e adolescência, que vivenciou algumas das situações que perpassam nos seus contos e livros já editados. Escritor discreto e ligado às suas raízes, tal como muitos jovens passou tempos dificeis na guerra colonial. Desta fase conturbada da vida da nossa juventude, tem transcrito para o papel suas memórias e vivências. Já tem diversos livros publicados, dedicando-se de forma regular à escrita,com contos, que a breve trecho irão ser publicados em livro.
Numa linguagem simples e descritiva, passam pelas suas crónicas personagens, ambientes da sua infância e adolescência. Tais ambientes marcadamente alentejanos em tempos de sofrimento, grande isolamento e de fome, são a sua matéria-prima para os seus livros. Retratos de quotidianos que em muitos de nós avivam nossas memórias, de idênticas vivências onde a afetividade, camaradagem andavam de mãos dadas com o trabalho, medo e o escasso lazer. Tempos marcadamente longos e difíceis, que, pela escrita de José Russo nos são relatados, constituindo registos para um melhor conhecimento da segunda metade do século XX nas aldeias e vilas alentejanas.
Adriano Bastos
CRÓNICAS do ZÉ RUSSO
- Borba de Rua em Rua… - Borba Pessoas e Ruas do século XX
- Borba – MEMÓRIAS do séc. XX - anos 50 / 80...
Zé Russo, o mecânico / escritor de Borba, autor já de diversos livros:
Zé Russo
O 'mecânico escritor' de Borba
propõe-se deliciar-nos com algumas crónicas regulares que estamos a divulgar AQUI , com muito prazer...
Esperamos que muitos BORBENSES gostem também e nos mandem as suas memórias...
Segunda-feira, 08 de Fevereiro de 2021
Em Alentejo-GASTRONOMIA
Receitas Culinárias Alentejo
"FARÓFIAS
Ingredientes: 5 dl de leite 2 paus de canela 1 limão (casca) 8 claras 8 colheres de sopa de açúcar 5 dl de leite creme (pode ser de pacote) Canela em pó para polvilhar Paus de canela para decorar Preparação: Leve ao lume o leite,a canela e a casca de limão,até ferver. À parte,bata as claras
em castelo e junte o açúcar,batendo mais um pouco. Verta colheradas das claras no
leite e vá cozendo,de ambos os lados. Retire as farófias com uma escumadeira e disponha-as em taças. Reserve no frigorífico. Prepare o leite creme e deixe arrefecer um pouco. Verta sobre as farófias e volte a reservar no frigorífico,até ao momento de servir. Sirva
bem fresco com canela em pó e decorado com paus de canela."
Receitas de
Maria Rosario Pires
Domingo, 07 de Fevereiro de 2021
Concerto de Domingo à tarde
Song to the moon / Dvorak "Rusalka"
by Gautier Capuçon / Concert de Paris Tour Eiffel 14th July 2019
https://youtu.be/nLEvXrCgDtY
Sexta-feira, 5 de Fevereiro de 2020
"Alentejo Terra de Artistas"
A pintura é neta da natureza...
Rembrandt
Rogério Ribeiro
Estremoz
Ilustração (1956) de Rogério Ribeiro para o livro “Histórias do Zaire “
de Alexandre Cabral editado pela Orion.
"A INFÂNCIA ALENTEJANA
Diz-nos a sua filha e biógrafa Ana Isabel Ribeiro (2):
"Rogério Ribeiro nasce em Estremoz, em 1930, na antiga Rua das Freiras. Filho de Rosil da Silva Ribeiro e de Celeste dos Anjos Chouriço Ribeiro.
O seu pai, funcionário público, foi o 16° filho de Narciso Ribeiro que, com 12 anos, chega a Estremoz vindo de Cardigos (distrito de Castelo Branco) e que, começando a trabalhar como marçano, chegou a Presidente da Câmara. Promoveu, na vila, a construção do lavadouro público, de esgotos, abriu uma avenida para a estação de camínhos-de-ferro e, de acordo com a memória de alguns, durante as vagas de fome no Alentejo, inventou trabalho para os camponeses que, diariamente, enchiam as brancas escadarias de mármore do município. A sua avó paterna, Amália Ribeiro, era oriunda de uma família de Borba. Dotada de um imenso pragmatismo, encarando com enorme lucidez os sobressaltos e alguns enganos da vida, orientou 13 dos 16 filhos que teve, já que três faleceram ainda menores.
A sua mãe casou aos 18 anos, vinha de uma família de nove irmãos, onde todos trabalhavam.
O pai, João de Deus Chouriço, vendia lotaria, sendo também contínuo e guarda da Sociedade
Recreativa "Os Artistas", onde se reuniam os agrários e a burguesia da vila. Magra e altiva,
senhora da sua condição, a sua avó materna, Teresa de Jesus Chouriço, ocupava-se dos filhos,
fazia a limpeza da Sociedade e preparava as ceias para os Jogadores que aí permaneciam noite fora.
Rogério Ribeiro, vive a sua primeira infância por terras do Alentejo "sem memórias maiores do
que amplas cozinhas, quartos caiados, ruas de terra batida ladeadas por casas rentes ao chão,
brincadeiras de rua (sem recordar o rosto ou o nome dos companheiros), fins de tarde tenros
mastigando conversas de adultos". Cerca de uma década depois já se encontra em Lisboa,
cidade onde passa a residir.
TAPEÇARIA
A Rainha Surpreendida pelo Mensageiro
Cartão para Tapeçaria de Portalegre (119x200 cm). Briga
Tapeçaria, "Amanhecer" (Rogério Ribeiro, 1997).
Óleo
O Cão Voador (1990)
Rogério Ribeiro.
Óleo sobre Tela (27x36 cm).
Colecção particular.
Família (1951).
Óleo sobre cartão.
Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
Rogério Ribeiro.
Óleo sobre tela (99x99 cm).
Colecção particular.
Um Quadro Azul (1993-1994).
SERIGRAFIAS
Serigrafia.
Só quando a terra for nossa, meu amor, teremos Pátria.
Serigrafia.
Figuras (1986).
Ao Fim de Alguns Dias Voltaram a Chamá-la
A Bicicleta Deslizou Suavemente como se Nenhum Peso Levasse
Trabalhadores! Operários e Camponeses
Estendia a Mão Larga e Espessa aos Recém-Vindos
Olhou ainda o Ceú e Fez-se de Novo à Chuva
Serigrafia de Rogério Ribeiro que serviu como ilustração
para o romance de Manuel Tiago "Até Amanhã, Camaradas".
O Vento Soprou Mais Forte
O Voador
Coroação Da Primavera
DESENHOS
Abandono (1992).
Desenho sobre papel (49 x 63 cm).
Colecção particular.
Azulejos
"Azulejos para Santiago".
Painel para o Arquivo Histórico Municipal de Usuqui
Pormenor do revestimento azulejar do átrio Norte
da estação de metro dos Anjos - Lisboa (1982).
Intervenção plástica de Rogério Ribeiro.
Fotografia dex Roberto Santandreu.
Pormenor do revestimento azulejar da estação de metro da Avenida - Lisboa.
Intervenção plástica de Rogério Ribeiro.
Fotografia de J. J. Amarante.
Blimunda, painel de azulejos a partir de pintura de ROGÉRIO RIBEIRO (1930-2008).
Está na fachada da casa lisboeta de Pilar e José Saramago.
Quinta-feira, 4 de Fevereiro de 2020
Encontro com os nossos escritores
«Um livro é como um jardim que se carrega no bolso.»
Provérbio Árabe
Fernando Namora
"No seu romance Domingo à tarde (Prémio José Lins do Rego) Fernando Namora conta em uma
história densa; o tratamento que dá às personagens deixa transparecer uma sensibilidade
incomum; as abordagens que faz sobre a miséria humana, miséria essa que o cerca no seu
dia-a-dia no hospital, no qual exerce sua profissão de médico. E Domingo à tarde o escritor
demonstra saber lidar com os sentimentos mais íntimos das personagens que povoam o hospital,
ambiente impregnado de dor, de angústia, de esperança e de desesperança. Namora demonstra ter um profundo conhecimento da alma humana, e faz com que o leitor se torne cúmplice das suas
personagens. Nesse romance (Domingo à tarde) o escritor desperta no leitor um forte sentimento
de compaixão e solidariedade pelos seus infortúnios, sentimentos esses que se mesclam com um
traço de culpa, como se quem o lê também seja responsável por todo o caos social que passa a
permear a sua narrativa. " in Pedro Luso de Carvalho Blog Panorama
Quarta-feira, 3 de Fevereiro de 2021
Em Alentejo-GASTRONOMIA
Receitas Culinárias Alentejo
Caldo de bacalhau (Serpa)
Photography in Net
Caldo de bacalhau (Serpa) "1 posta de bacalhau por pessoa 1 cebola 4 dentes de alho 1 tomate médio 1 ovo por pessoa Ervas aromáticas a gosto (salsa ou coentros ou poejos) 2 dl de azeite 3 batatas médias Fazer um refogado no azeite,com a cebola,os alhos,o tomate e as ervas aromáticas,
tudo picado. Pôr um pouco de água e colocar as batatas ás rodelas grossas.
Quando as batatas estiverem meio cozidas, deitar o bacalhau e os ovos abertos. Deixar apurar e servir, com pão alentejano."
Receitas de
Maria Rosario Pires
Segunda-feira, 1 de Fevereiro de 2021
Livro da Semana
José Saramago
Texto do Livro "Levantado do chão"
“Então chegou a república. Ganhavam os homens doze ou treze vinténs, e as mulheres menos de metade, como de costume. Comiam ambos o mesmo pão de bagaço, os mesmos farrapos de couve, os mesmos talos. A república veio despachada de Lisboa, andou de terra em terra pelo telégrafo, se o havia, recomendou-se pela imprensa, se a sabiam ler, pelo passar de boca em boca, que sempre foi o mais fácil. O trono caíra, o altar dizia que por ora não era este reino o seu mundo, o latifúndio percebeu tudo e deixou-se estar, e um litro de azeite custava mais de dois mil réis, dez vezes a jorna de um homem.
Viva a república, Viva. Patrão, quanto é o jornal agora, Deixa ver, o que os outros pagarem, pago eu também, fala com o feitor, Então quanto é o jornal, Mais um vintém, Não chega para a minha necessidade, Se não quiseres, mais fica, não falta quem queira, Ai minha santa mãe, que um homem vai rebentar de tanta fome, e os filhos, que dou eu aos filhos, Põe-nos a trabalhar, E se não há trabalho, Não faças tantos, Mulher, manda os filhos à lenha e as filhas ao rabisco da palha, e vem-te deitar, Sou a escrava do senhor, faça-se em mim a sua vontade, e feita está, homem, eis-me grávida, pejada, prenhe, vou ter um filho, vais ser pai, não tive sinais, Não faz mal, onde não comem sete, não comem oito.
Viva a república, Viva. Por todas as herdades corria um vento mau de insurreição, um rosnar de lobo acuado e faminto que grande dano lhe causaria se viesse a transformar-se em exercício de dentes. Havia pois que dar um exemplo, uma lição.
Já lá vai adiante o esquadrão da guarda, amorosa filha desta república, ainda os cavalos tremem e a espuma fica pelo ar em flocos repartida, e agora passa-se à segunda fase do plano da batalha, é ir por montes e montados em rusga e caça aos trabalhadores que andam incitando os outros à rebelião e à greve, deixando os trabalhadores agrícolas parados e o gado sem pastores, e assim foram presos trinta e três deles, com os principais instigadores, que deram entrada nas prisões militares. Assim os levaram, como a récua de burros albardados de açoites, pancadas e dichotes vários, filhos da puta, vê lá onde é que vais dar com os cornos, viva a guarda da república, viva a república da guarda."
Domingo, 31 de Janeiro de 2021
Concerto de Domingo à tarde
ALENTEJO - VIVER E MORRER CONTIGO
https://youtu.be/p1i6LNtJXqs
Quinta-feira, 28 de Janeiro de 2021
Em Alentejo
"Alentejo Terra de Escritores"
Vidigueira
Fialho de Almeida
Photo in http://wwwpoetanarquista.blogspot.com/
Vida pessoal e formação
Fialho de Almeida nasceu em Vila de Frades, Vidigueira, no dia 7 de Maio de 1857, filho de um mestre-escola.[1]
Realizou os estudos secundários num colégio de Lisboa, entre 1866 e 1871; empregou-se numa farmácia, e formou-se em Medicina, entre 1878 e 1885. Em 1893 voltou à sua terra natal, onde desposou uma senhora abastada, que faleceu logo no ano seguinte e da qual não teve descendência.[1]
Fialho de Almeida faleceu a 4 de Março de 1911, na localidade de Cuba[1], onde foi sepultado.[2]
Nunca exerceu medicina, tendo-se dedicado ao jornalismo e à literatura.[1] Tornou-se lavrador em Cuba, mas continuou a publicar artigos para jornais, e a escrever vários contos e crónicas.[1]
Entre as suas obras mais notáveis, encontram-se os cadernos periódicos Os Gatos, redigidos entre 1889 e 1894, que seguiram a mesma linha crítica d' As Farpas, de Ramalho Ortigão.[1]
A sua carreira literária foi pautada por um estilo muito irregular, baseado no naturalismo; inspirou-se, principalmente, nas sensações reais, mórbidas e grosseiras, com temas repartidos entre os cenários urbanos e campestres.[1]
O seu estilo adoptou, nos finais do Século XIX, um espírito mais decadente, em concordância com os ideais em voga nessa época.[1]
Fialho de Almeida colaborou em diversas publicações periódicas, nomeadamente nos jornais humorísticos Pontos nos ii (1885-1891)[3]e A Comédia Portuguesa (fundado em 1888)[4], e também nas revistas: Renascença [5] (1878-1879?), A Mulher [6] (1879), O Pantheon (1880-1881),[7] Ribaltas e Gambiarras (1881),[8] Branco e Negro (1896-1898),[9] Brasil-Portugal (1899-1914),[10] Serões (1901-1911).[11] e, postumamente, na Revista de turismo [12]iniciada em 1916
Fialho de Almeida por António Carneiro.
in Wikipédia
Terça-feira, 26 de Janeiro de 2021
Encontro com os nossos Escritores
Fotografia de Adriano Bastos
José Rabaça Gaspar
Lendas de Beja - O Touro e a Cobra e outras LENDAS...
LENDAS
A obra: Lendas de Beja – O Touro e a Cobra e outras Lendas…, de José Rabaça Gaspar, professor de Literatura na Escola Secundária D. Manuel I, em Beja, traduz-se num trabalho de investigação minucioso e preciso sobre muitas das lendas e estórias maravilhosas que marcam a identidade cultural das gentes de Beja.
Levando a cabo quase dez anos de recolha de lendas, a Lenda da Cobra e do Touro é, sem dúvida, a mais interessante e mais rica em conteúdo, sendo contada de múltiplas maneiras e com várias versões. Nesta(s) estória(s) existe quase sempre um predomínio do touro sobre a cobra, podendo representar, assim, uma vitória da força e astúcia do touro sobre a ruindade e ambição da cobra. O imaginário da cultura portuguesa, está carregado de evocações à cobra como animal quase humano capaz dos actos mais desprezíveis, pelo que esta lenda não poderia “fugir à regra”.
Seja como for, a verdade é que esta lenda ainda está viva, e com pormenores que se vão recombinando consoante as versões, e expressa a ideia de um mito de origem que organiza e marca a sua concepção do mundo envolvente.
Num tempo em que o conhecimento científico impera, todos os ensinamentos baseados na oralidade, os contos, os jogos, os cantares, as crenças e as lendas, passados de boca em boca, de geração em geração, parecem estar ameaçados de esquecimento e à deturpação dos seus significados.
Esta obra remete-nos para um conhecimento tradicional, assente na natureza e raiz popular de um povo, colocando-nos perante um conhecimento dos antigos, dos ditos “analfabetos”, que transportam consigo verdadeiras bibliotecas, sabedorias e segredos.
Ao transpor esta realidade para a escrita está-se a preservar um património vivo, rico, que merece ser conhecido por todos. Daí que trabalhos como o de José Rabaça Gaspar devam ser encorajados e dignificados, na medida em que a nossa cultura popular encerra ainda muitos mistérios e desafios que vale a pena serem descobertos.
Ana Machado
Antropóloga
in “Imenso Sul”, Nº 17, Janeiro de 1999, p. 46
Fotografia de Adriano Bastos
Domingo, 24 de Janeiro de 2021
Concerto de Domingo à tarde
Se fores um dia a Serpa
https://youtu.be/i2XZi2dw8Ec
trigo roxo velhas muralhas
https://youtu.be/VUcXy30xOEw
Serpa do Alentejo
https://youtu.be/eZKZCnBMi9U
Sábado, 23 de Janeiro de 2021
Em Alentejo-GASTRONOMIA
Receitas Culinárias Alentejo
Bolo de café
"Bolo de café (Alentejo)
4 ovos
2 chávenas de chá de açúcar amarelo
Meia chávena de chá de azeite
2 colheres de sopa de café solúvel
1 colher de chá de canela
2 chávenas de chá de farinha
1 colher de chá de fermento em pó.
Bater os ovos com o açúcar,até obter um creme fofo. Juntar o azeite e bater mais um pouco. Adicionar o café e a canela e bater mais dois minutos. Por fim,adicionar a farinha e o fermento em pó. Levar ao forno,em forma untada com margarina e polvilhada com farinha, durante quarenta minutos,a 180 graus.
" Receitas de
Maria Rosario Pires
Sexta-feira, 22 de Janeiro de 2021
19 de Janeiro de 1923
Aniversário de nascimento de Eugénio de Andrade
(19 de Janeiro de 1923)
Quanto a mim, gosto das palavras que sabem a terra, a água, aos frutos de fogo do verão, aos
barcos no vento; gosto das palavras lisas como seixos, rugosas como o pão de centeio.
Palavras que cheiram a feno e a poeira, a barro e a limão, a resina e a sol.
Foi com essas palavras que fiz os poemas. Palavras rumorosas de sangue, colhidas no espaço luminosos da infância, quando o tempo era cheio, redondo, cintilante. As palavras necessárias
para conservar ainda os olhos abertos ao mar, ao céu, às dunas, sem vergonha, como se os merecesse, e a inocência pudesse de quando em quando habitar os meus dias. As palavras são a nossa salvação.
Eugénio de Andrade
Tudo me prende à terra onde me dei:
o rio subitamente adolescente,
a luz tropeçando nas esquinas,
as areias onde ardi impaciente.
Tudo me prende do mesmo triste amor
que há em saber que a vida pouco dura,
e nela ponho a esperança e o calor
de uns dedos com restos de ternura.
Dizem que há outros céus e outras luas
e outros olhos densos de alegria,
mas eu sou destas casas, destas ruas,
deste amor a escorrer melancolia.
Photo in gens-isibraiega.blogspot.pt
Os navios existem, e existe o teu rosto
encostado ao rosto dos navios.
Sem nenhum destino flutuam nas cidades,
partem no vento, regressam nos rios.
Na areia branca, onde o tempo começa,
uma criança passa de costas para o mar.
Anoitece. Não há dúvida, anoitece.
É preciso partir, é preciso ficar.
Os hospitais cobrem-se de cinza.
Ondas de sombra quebram nas esquinas.
Amo-te... E entram pela janela
as primeiras luzes das colinas.
As palavras que te envio são interditas
até, meu amor, pelo halo das searas;
se alguma regressasse, nem já reconhecia
o teu nome nas suas curvas claras.
Dói-me esta água, este ar que se respira,
dói-me esta solidão de pedra escura,
estas mãos nocturnas onde aperto
os meus dias quebrados na cintura.
E a noite cresce apaixonadamente.
Nas suas margens nuas, desoladas,
cada homem tem apenas para dar
um horizonte de cidades bombardeadas.
Eugénio de Andrade
Quinta-feira, 21 de Janeiro de 2021
O livro da semana
de
Agustina Bessa-Luís
"As cidades não são pátrias. É na província que se encontra o carácter e a mística duma
nação, e os grandes escritores deixam-se amarrar ao espírito das terras nulas e
sensatas a que extraem um brilho que a pedra polida da capital não tem."
Agustina Bessa-Luís
"A viagem de comboio tinha um cunho espirituoso. Sempre se encontravam pessoas raras, porque a província preservava o indivíduo e conservava o seu dialecto e os seus costumes. Eram recoveiras, caixeiros-viajantes, gente do negócio e do contrabando, estudantes em férias ou que as tinham terminado, padres e professores; e um sem-número de passageiros precavidos com um farnel de pombos estufados em vinho do Porto e cavacas de Resende. Comida de gente regalada e antiga como havia na província profunda."
Terça-feira, 19 de Janeiro de 2021
Celeiro da Cultura
Photography of Ching Yang Tung
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José Gomes Ferreira
Photography of Ching Yang Tung
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Chove!
Chove...
Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir na chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?
Chove...
Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.
Photography of Ching Yang Tung
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Extrai todos os dias
Extrai do todos-os-dias
O hoje de todo-o-sempre
Até ao fim do mundo
Quando o sol gelar
A última eternidade.
Embala amanhã nos braços dos outros
A criança esquecida
Que foi agora atropelada
Por mil automóveis
Em todas as ruas do mundo.
Procura nas lágrimas recentes
Os olhos de hão-de chorá-las
Daqui a dez mil anos.
E se queres a glória
De ser ignorado
Pelo egoísmo do futuro
Ouve, poeta do desdém novo:
Canta os mortos das barricadas
E a volúpia das dores do tempo.
(Mas pede às rosas
que continuem a repetir-se
até o fim das pedras…
Domingo, 17 de Janeiro de 2021
Concerto de Domingo à tarde
Meu Alentejo - Dulce Pontes
Cesária Évora
&
Bonga, Mariza, Dulce Pontes, Marisa Monte - sodade
https://youtu.be/wrJ816KzMLs
Sábado, 16 de Janeiro de 2021
Pintura Portuguesa
10 de Janeiro de 1926
Photo in https://en.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlio_Pomar
Júlio Pomar
"Júlio Artur da Silva Pomar[1] (Lisboa, 10 de janeiro de 1926) é um artista plástico/pintor português. Pertence à 3ª geração de pintores modernistas portugueses[2], sendo autor de uma obra multifacetada, centrada na pintura, desenho, cerâmica e gravura, com importantes desenvolvimentos nos domínios da tridimensão (escultura; assemblage) ou da escrita."
in Wikipédia
Photo in http://expresso.sapo.pt/
"Antes disso, vivia - e isto foi importante para mim - num quarto andar da Rua das Janelas Verdes, com o Tejo defronte - o Tejo como era na altura. O Tejo com movimento, com navios de carga, com fragatas, tudo. Passei do Tejo com movimento para as Avenidas Novas, que era uma coisa chata. Isso de ver o Tejo fez-me muita falta e talvez esteja na origem da minha mania de fazer bonecos. Essa falta de um espectáculo permanente talvez me tenha levado, por hipótese, a desenhar."
Júlio Pomar
O almoço do trolha, 1946-50, óleo sobre tela, 120 cm x 150 cm (in Wikipédia)
Photo in in http://wwwpoetanarquista.blogspot.com
Photo in https://www.wikiart.org/
"Como toda a gente, sou um bicho carregado de memória. Mas não tenho memória prática – não sei um único número de telefone, perco-me nas ruas, esqueço os detalhes das conversas ou das casas. Mesmo nos retratos que faço de cor: as coisas entram, são caldeadas e o que fica é mais um sentido, uma alusão a, do que uma soma de pormenores. W quando faço passar o modelo, o trabalho mais excitante começa no momento em que sinto a necessidade de apagar, ir desfazer a imagem registada no papel, para deixar agir um poder-elaborante, não directamente consciente."
Júlio Pomar em conversa com Helena Vaz Silva
Quinta-feira, 14 de Janeiro de 2021
Cante Alentejano
TRATADO DO CANTE
Fez dia (7/1/2021) 18 ANOS QUE MORREU VÍTOR PAQUETE (SENHOR ALENTEJO). É bom lembrar:
Uma memória viva do Alentejo
"Vitor Paquete, incansável embaixador de todas as nobres causas do Alentejo - com destaque para a defesa e divulgação do cante que, desde sempre, lhe mereceram um carinho muito especial (...), decidimos homenageá-lo neste Boletim como figura tutelar do 1º. Congresso do Cante Alentejano. Assim, recolhemos depoimentos - que iremos continuar a divulgar no nosso próximo número - de muitos Alentejanos (e não só) que tiveram o privilégio de com ele conviver e trabalhar. José Chitas, ex-Presidente da Câmara Municipal de Mora e Presidente da Assembleia Geral da Casa do Alentejo - em depoimento lido durante o Congresso do Alentejo que também homenageou o Autarca José Dias Sena e o artista multifacetado Anibal Falcato Alves, ambos já falecidos -define desta forma exemplar o cidadão Francisco Vitor Paquete, alentejano natural de Messejana Grande e paciente sofredor das horas amargas, dos caminhos difíceis e um dos mais relevantes colecionadores de pequenas alegrias, arduamente obtidas nalguns triunfos."in Tratado do Cante
DOMINGOS ANTÓNIO XAREPE (Ex-Presidente da Direcção da Casa do Alentejo)
in JoséF.Pereira/FB
"No Alentejo com Vitor Paquete"
"Como se estivesse à mesa do restaurante da Casa do Alentejo e na mão um livro de Manuel da Fonseca e por companhia muitos outros amigos, ... um só falava: Vitor Paquete.
Contava, como só ele sabia, Estórias e a História dum Povo, duma Cultura e duma Região.
O Paquete era a maior e mais completa Enciclopédia viva do Alentejo.
E, como a recordação de um amigo, como o foi Manuel da Fonseca, nos traz à memória o que disse e o que escreveu, não resistimos à tentação de transcrever um os seus poemas e endereçá-lo ao Paquete.
"No postigo do Monte
inquieto rosto acode
espreitando para longe
o descampado aberto
(Quem vem lá na distância,
que nem a seara mexe
Nem o pó se levanta
dos caminhos sem vento?...)"
Do Paquete, registámos o que sempre disse, quando por qualquer motivo saía à tardinha de Lisboa e se deslocava ao Alentejo.
"É maravilhoso e reconfortante ir para o Alentejo a esta hora, dá a sensação de que regressamos a casa depois de um dia de trabalho..."
E, para quem, como nós, sentimos a distância e a fronteira do Tejo, não podemos deixar de imaginar e sentir, quem lá no Monte, espreita ao postigo e inquieto, espera ver surgir, através das searas e do vento, o regresso de alguém que está ausente...
Nós, regressamos sempre, não é verdade, Vitor Paquete?”
Quarta-feira, 13 de Janeiro de 2021
O livro da semana
Wenceslau de Moraes
"O culto do chá"
"Para a alegria dos olhos, a simples preparaçäo do chá imprime um relevo delicioso á graciosidade innata na "musumé" (*) na attitude que lhe é mais habitual, de joelhos sobre a esteira, junto do seu brazeiro. A mimica é impressiva, unica; privilegio d'aquella figurinha meiga e ondulante e d'aquella buliçosa mäo, de finissimos contornos, da japoneza, que é, em summa, a Eva mais gentilmente pueril, mais captivantemente chimerica, mais feminina emfim, de todas as Evas d'este mundo. Parece certo que jamais o japonez, que ignora o beijo, haja poisado a bocca n'aquella mäo que exhibe esplendores de graça para servir-lhe o chá; o forasteiro, em intimidade serena, pode ensaiar o galanteio se phantasia o tenta; e entäo verá talvez, que a mäosita da "musumé", reconhecida ao afago, se conchega de encontro aos labios, se demora, como uma rola docil gulosa de carinhos."
.
— Wenceslau de Moraes, “O culto do chá", Kobe, Typographia do "Kobe Herald",
Terça-feira, 12 de Janeiro de 2021
Alentejo e os seus Artistas
Moura
Música de Luiz Piçarra
"Alentejo da minha alma"
Nasceu a 23JUN1918 em Pizões ( Moura )-- Faleceu em 23SET1999 em Lisboa.
Ficou conhecido por ser o autor do atual hino do Sport Lisboa e Benfica ! A 23ABR1964 no Pavilhão dos Desportos em Lisboa, fez-se um espetáculo de homenagem aos seus 25 anos de carreira.
Em 1987 foi lançado o livro " Luis Piçarra instantâneos da minha vida "
CANÇÔES -------- Granada, Avril au Portugal, Canção do Ribatejo, Caminho Errado, Anda Cá, Aninhas, Batalha, Guitarra da Mouraria, Morena da Raia, Santa Maria dos Mares, Ser Benfiquista e Meu Alentejo, foram os grandes êxitos deste cantor. Cantou no Brasil, Egito, Chipre,Líbano, Síria, Grécia, Turquia e Itália.
LUIS RAUL TANEIRO CAEIRO DE AGUILAR BARBOSA PIÇARRA VALTERAZZO Y RIBADANAYRA ( Luis Piçarra )
Luis Piçarra - Alentejo da minha alma
https://youtu.be/3eYbMvFARR8
Sexta-feira, 8 de Janeiro de 2021
Roteiro Cultural
Entre o Xisto e o Mármore, passeios no Alentejo
Região de Turismo de Évora
https://youtu.be/T1__Scr9c04
Quinta-feira, 7 de Janeiro de 2021
Celeiro de Cultura
Eduardo Olímpio (Alvalade do Sado, 24 de Janeiro de 1933), de seu nome completo Eduardo Olímpio Espada é um poeta e prosador português. Depois de um longo período de "experimentador de profissões" (sic), de onde se destacam as de caixeiro, livreiro, tradutor e editor, dedica-se à escrita a tempo inteiro, sendo autor de prosa e poesia.
in Wikipédia
AMIGA
Quem sorri assim fecha a janela
Que o Sol não é preciso
Na mesa há uma toalha de ternura
E no copo no talher o teu sorriso.
Pela casa dois pardais tentam voar
Voam penas/alegrias no corredor:
- Voem pardalitos, voem, voem
Que as paredes desta casa são de amor.
E um dia hei-de ir mercar ao teu balcão
(Nem seja somente em fantasia)
Um casaco de sol em jaquetão,
Já-que-tão me tocaste de harmonia.
Eduardo Olímpio
Balada para uma Ceifeira
Ceifeira do Alentejo
Há quanto tempo não vejo
Teu corpo ceifando o trigo.
Teu rosto moreno ao sol,
Minha eira, meu farol
Meu deserto e meu amigo.
Ceifeira do Vale do Sado
Diz esta sina este fado
Hás-de ser noiva em Agosto.
Que o pastor que ao longe canta
Transporta o sol na garganta
Para o trigo do teu rosto.
Ceifeira do Alentejo,
Tua voz dá cor ao brejo
Da charneca és a princesa.
Rosa brava junto à sebe,
Água fresca em minha sede,
És ganhã, mas tens nobreza.
Ceifeira da minha terra,
Vou pedir àquela serra
Que te alpendre junto aos céus.
Que as santas são destinadas
A acordar as madrugadas
Na mão direita de deus.
Ceifeira do Alentejo,
Ai, que saudades do trigo,
Que lembranças do poejo.
Saudades de quando eu era
mais alto que a primavera,
Tamanho do Alentejo.
In Para Alvalade, Com Amor
Quarta-feira, 6 Janeiro de 2021
"Respigando...Alentejo"
(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)
Fotografia de Filipe José Galhanas
Évora
Extraído de "As Pedras e o Tempo"
de
Fernando Lopes, 1961. Seu primeiro filme.
https://youtu.be/WQPyr-L8Xn8
Terça-feira, 5 de Janeiro de 2021
Em Borba- Mezinhas da Avó
"A alegria evita mil males e prolonga a vida."
William Shakespeare
Benefícios no consumo de MEDRONHO
Medronho tem mais benefícios para a saúde do que se pensa
Uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro (UA) quer ver o medronho nacional, aproveitado exclusivamente para a produção de aguardentes e licores, fora das garrafas e consumido fresco ou incluído noutros alimentos.
O Departamento de Química (DQ) da UA descobriu propriedades no fruto, como “a capacidade de evitar os radicais livres responsáveis por doenças como o cancro, de controlar os níveis de colesterol e de melhorar a saúde da pele e dos ossos”, revela o comunicado da academia.
Além das propriedades antioxidantes, a caracterização química detalhada do medronho realizada pelos investigadores destaca a presença de ácidos gordos insaturados, nomeadamente ómega 3 e 6, fitoesteróis e triterpenóides, compostos com importante actividade biológica. “Os ómegas 3 e 6 são ácidos gordos essenciais que têm de ser obtidos a partir da dieta uma vez que o nosso organismo não os sintetiza”, explica Sílvia Rocha. A investigadora no QOPNA, juntamente com os investigadores Armando Silvestre, do CICECO, e a aluna de Mestrado Daniela Fonseca, lembra que esses compostos “têm demonstrado um papel importante no controlo dos níveis de colesterol, na saúde da pele e dos ossos e uma relação inversa entre o consumo de ómega 3 e a perda de funções cognitivas”.
Desafiados pela Cooperativa Portuguesa de Medronho, os investigadores têm o objectivo de colocar o fruto na roda alimentar dos portugueses. O desenvolvimento de produtos naturais, saudáveis, de produção local e práticos, em conformidade com as actuais tendências do mercado alimentar e que contenham o ingrediente, que abunda de norte a sul do País, foi formalizado há um ano atrás.
O trabalho desenvolvido em colaboração entre as unidades de investigação Química Orgânica, Produtos Naturais e Agro-alimentares (QOPNA) do DQ e o Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (CICECO) da universidade, já resultou na incorporação da polpa do medronho em vários alimentos comuns, sejam biscoitos, iogurtes, barras energéticas ou bombons. O passo seguinte da equipa de químicos de Aveiro será o do eventual isolamento dos compostos do fruto que possam ser promotores de saúde humana e a sua adição a alimentos funcionais.
de Ana Catarina Monteiro
Domingo, 3 de Janeiro de 2021
Concerto de Domingo
Ode To Joy (Hino à alegria) - Beethoven
https://youtu.be/ahDls2JFzcQ
Sábado, 2 de Janeiro de 2021
Visite Borba
Fotografias de Adriano Bastos
Quinta-feira, 31 de Dezembro de 2020
Concerto de Fim de Ano e Começo de Novo Ano...
"A Música é uma revelação mais profunda que qualquer Filosofia."
Ludwig van Beethoven
Antonín Dvořák
- Sinfonía Nº 9 en Mi Menor, Op. 95,
"Del Nuevo Mundo" (IV. Allegro con fuoco), 1893
https://youtu.be/Owkb5snh_RU
Quarta-feira, 30 de Dezembro de 2020
Ao encontro dos nossos Escritores
Em 30 de Dezembro de 1989 ... foi há 28 anos !
MIGUEL TORGA, em COIMBRA, escrevia no seu ...
« DIÁRIO »...
" Um novo ano à vista, desta vez realmente promissor. Vamos a ver se ele é capaz
desatisfazer os compromissos do velho. O gráfico dos últimos acontecimentos é um
harmóniode espasmos. E só podemos desejar que sejam benéficas as consequências
do terramoto. Os sismos sociais, ao contrário dos outros, que desolam sempre, remoçam
habitualmente a paisagem humana."
MIGUEL TORGA
Photo in http://www.escritas.org/pt/
"(...)
"Eu tenho sobre a história uma ideia que está longe de ser a mais frequente. Penso que,
quem faz a história, não é o governo de uma nação. Sou eu, a vizinha do andar do lado e
o merceeiro que está estabelecido com loja na esquina da rua 4. É o par de namorados que passa de
lambreta ou o operário que vai para a oficina com a malinha do almoço. É o poeta, é o pensador,
é o cientista, é tudo toda a gente, a que sai e a que fica em casa, todos todos, excepto os que
compõem o governo. Esses só têm uma atitude permanente, que é a de atónitos
solucionarem, ou verdadeiramente ou falsamente, os problemas que lhes são impostos(...)"
António Gedeão
"Os amigos nunca são para as ocasiões. São para sempre. A ideia utilitária da amizade, como entreajuda, pronto-socorro mútuo, troca de favores, depósito de confiança, sociedade de desabafos, mete nojo. A amizade é puro prazer. Não se pode contaminar com favores e ajudas, leia-se dívidas. Pede-se, dá-se, recebe-se, esquece-se e não se fala mais nisso.
A decadência da amizade entre nós deve-se à instrumentalização que tem vindo a sofrer. Transformou-se numa espécie de maçonaria, uma central de cunhas, palavrinhas, cumplicidades e compadrios. É por isso que as amizades se fazem e desfazem como se fossem laços políticos ou comerciais. Se alguém «falta» ou «não corresponde», se não cumpre as obrigações contratuais, é logo condenado como «mau» amigo e sumariamente proscrito. Está tudo doido. Só uma miséria destas obriga a dizer o óbvio: os amigos são as pessoas de que nós gostamos e com quem estamos de vez em quando. Podemos nem sequer darmo-nos muito, ou bem, com elas. Ou gostar mais delas do que elas de nós. Não interessa. A amizade é um gosto egoísta, ou inevitabilidade, o caminho de um coração em roda-livre.
Os amigos têm de ser inúteis. Isto é, bastarem só por existir e, maravilhosamente, sobrarem-nos na alma só por quem e como são. O porquê, o onde e o quando não interessam. A amizade não tem ponto de partida, nem percurso, nem objectivo. É impossível lembrarmo-nos de como é que nos tornámos amigos de alguém ou pensarmos no futuro que vamos ter.
A glória da amizade é ser apenas presente. É por isso que dura para sempre; porque não contém expectativas nem planos nem ansiedade.”
Miguel Esteves Cardoso, in 'Explicações de Português
"Sempre amei por palavras muito mais
do que devia
são um perigo
as palavras
quando as soltamos já não há
regresso possível
ninguém pode não dizer o que já disse
apenas esquecer e o esquecimento acredita
é a mais lenta das feridas mortais
espalha-se insidiosamente pelo nosso corpo
e vai cortando a pele como se um barco
nos atravessasse de madrugada
e de repente acordamos um dia
desprevenidos e completamente
indefesos
um perigo
as palavras
mesmo agora
aparentemente tão tranquilas
neste claro momento em que as deixo em desalinho
sacudindo o pó dos velhos dias
sobre a cama em que te espero"
Alice Vieira
Segunda-feira, 28 de Dezembro de 2020
Entrevistas
Entrevista com ARMANDO SILVA (Antiquário) de Borba
em
1 de Novembro de 2013
No sentido de contribuir para a divulgação, promoção e preservação da identidade cultural, o Grupo de Amigos de Borba achou por bem começar por ouvir naturais deste concelho para nos falarem da sua Terra Natal e das suas riquezas e potencialidades.
Assim e dando sequência a esta iniciativa decidimos falar com Armando Manuel da Silva, natural de Borba onde nasceu há 67 anos e que decidiu criar condições para se manter na terra que o viu nascer, manter as suas raízes e com quem vamos falar a seguir.
J.A. Gostaríamos que nos falasse dos seus antecedentes das fases das sua vida mais recente e o que perspetiva para o futuro?
A.S. Nasci na freguesia da Orada, estudei em Borba, comecei por trabalhar aos 19 anos numa empresa Mármores do Condado, por sinal uma grande empresa, onde me mantive até ao seu encerramento. Aos 29 anos e por escolha dos munícipes de Borba fui eleito o primeiro Presidente da Junta da Matriz, no pós 25 de Abril onde me mantive durante dois mandatos. Mais tarde fui também eleito Vereador da Câmara de Borba entre 1990 e 1996 com o pelouro das Obras. Quando saí, por paixão e por necessidade de empregar minha mulher comecei a dedicar-me ao ramo das Antiguidades.
J.A. Há quanto tempo se dedica a esta atividade?
A.S. Desde 1996 a tempo inteiro com a esposa começando a visitar principalmente montes alentejanos e adquirindo peças antigas especialmente de decoração.
J.A. No período que se verificou mais crescimento e que deu realmente a Borba o nome de "Terra de Antiguidades", quantas casas chegaram a funcionar aqui neste Concelho?
A.S. Atingiram o número de 14 em pleno funcionamento na Rua de S. Bartolomeu. Hoje, e devido à crise que se instalou no país só restam 3, há cerca de 8/9 anos e com dificuldades.
J.A. Porque se dedicou a esta atividade? Foi por razões de ordem económica, ocupação de tempos livres, lazer ou por paixão e defesa das nossas tradições?
A.S. Foi mesmo por paixão e obviamente por necessidade de colocar a minha mulher que estava sem emprego como atrás refiro. Foi também com o objetivo de dar nome a Borba concretamente trazer cá turistas e ser um local de visitas.
J.A. Quais os principais clientes? São naturais de Borba, do resto do país ou estrangeiros e pessoas com poder económico, por apetência ou por paixão?
A.S. No início eram nacionais com poder económico, da classe média, média/alta, chegando a haver muita afluência de estrangeiros, até porque na altura ainda não havia a A6(Auto-Estrada) e toda a gente tinha que passar por dentro do Concelho o que deu grande nome a Borba. Com o aparecimento da crise naturalmente este negócio foi-se esmoronando e hoje está mesmo numa fase critica.
J.A. Quais são no seu entender as prioridades a ser assumidas para defesa da imagem do Concelho e que por inerência proporcione maior desenvolvimento e reconhecimento nacional?
A.S. Penso que a melhor divulgação e promoção desta Cidade deveria ser através da colocação de Outdoors em todas as entradas do Concelho com destaque da Gastronomia, o bom Azeite, os bons Enchidos, tipo caseiro.Festa da Vinha e do Vinho, Ameixa Rainha Cláudia, Feira do Queijo, Feira das Ervas e de uma das maiores riquezas que é o Mármore através do CEVALOR- Centro de Estudos e Valorização Tecnologica de Rochas Ornamentais.
Borba, 1 de Novembro de 2013
Domingo, 27 de Dezembro de 2020
Concerto de Domingo
Torelli: Trumpet Concerto in D Major,
complete (Roger 188). Voices of Music & Dominic Favia 4K UHD
https://youtu.be/cIHzxgJAC-I
Sábado, 26 de Dezembro de 2020
Ao Encontro com os nossos Escritores
Manuel António Pina
Photo in pina.jpg
(Sabugal, 18 de Novembro de 1943 — Porto, 19 de Outubro de 2012),
jornalista e escritor
TEORIA DAS CORDAS
Não era isso que eu queria dizer,
queria dizer que na alma
(tu é que falaste da alma),
no fundo da alma e no fundo
da ideia de alma, há talvez
alguma vibrante música física
que só a Matemática ouve,
a mesma música simétrica que dançam
o quarto, o silêncio
a memória, a minha voz acordada,
a tua mão que deixou tombar o livro
sobre a cama, o teu sonho, a coisa sonhada;
e que o sentido que tudo isto possa ter
é ser assim e não diferentemente,
um vazio no vazio, vagamente ciente
de si, não haver resposta
nem segredo.
Manuel António Pina
NA BIBLIOTECA
.
O que não pode ser dito
guarda um silêncio
feito de primeiras palavras
diante do poema, que chega sempre demasiadamente tarde,
.
quando já a incerteza
e o medo se consomem
em metros alexandrinos.
Na biblioteca, em cada livro,
.
em cada página sobre si
recolhida, às horas mortas em que
a casa se recolheu também
virada para o lado de dentro,
.
as palavras dormem talvez,
sílaba a sílaba,
o sono cego que dormiram as coisas
antes da chegada dos deuses.
.
Aí, onde não alcançam nem o poeta
nem a leitura,
o poema está só.
"E, incapaz de suportar sozinho a vida, canta."
Manuel António Pina
Sexta-feira, 25 de Dezembro de 2020
Natal no Alentejo
ELVAS
Cantadores de Elvas cantam ao menino
https://youtu.be/6ajBqTnm4W8
Quinta-feira, 24 de Dezembro de 2020
Votos de Feliz Quadra Natalícia
Christmas Oratorio
J.S. Bach
Christmas Oratorio, BWV 248 / Chorus: "Jauchzet, frohlocket" (Ton Koopman)
https://youtu.be/B3HLVzNO5mM
Quarta-feira, 23 de Dezembro de 2020
Video da Semana
Vidigueira Alentejo Portugal (HD)
de Carlos Pais
https://youtu.be/B3jfiLjPJRg
VIDIGUEIRA, localizada no distrito de Beja, é uma vila calma e pacata inserida na típica planície alentejana, numa zona de pomares, hortas e vinhos reconhecidos. As descobertas arqueológicas feitas no século passado referem registos de ocupação humana desde a pré-história, apesar desta povoação só se encontrar documentada a partir do Sec. XIII. O nome de Vidigueira está ligado à figura histórica de Vasco da Gama, a quem foi concedido o título de Conde de Vidigueira. Também foi aqui que estiveram sepultados os seus restos mortais durante vários séculos, até à sua trasladação para Lisboa. Do património arquitectónico destacam-se a Igreja da Misericórdia, no centro da vila, a Torre do Relógio com um sino com a Cruz de Cristo e onde se encontram gravadas as armas dos Gama, datado de 1520, e ainda a Torre de Menagem que é o que resta hoje em dia do Castelo. O desenvolvimento desta vila deve-se sobretudo à qualidade do vinho ali produzido, já famoso desde o Sec. XV.*carlospais*2012
Segunda-feira, 21 de Dezembro de 2020
Natal 2020
Adoração do Menino de Gerard Van Honthorst
Natividade ou Adoração dos Pastores atribuído a Marçal de Matos
Século XVI-1580
AS JANEIRAS
Desenho de Frederico Jorge
Em Alentejo-GASTRONOMIA
Receitas Culinárias Alentejo
Sericaia
Ingredientes:
5 Dl de leite
1 Casca de limão
1 Pau de canela
60 G de farinha
½ Colher (de café) de sal
6 Ovos
200 G de açúcar
1 Colher (de sopa) de canela em pó
Manteiga q.b.
Preparação:
Ferva o leite com a casca de limão e o pau de canela
e deixe arrefecer. Em seguida, dissolva a farinha
com o sal nesse leite, depois de completamente frio.
Bata as gemas com o açúcar até obter um
creme fofo e esbranquiçado e adicione ao leite.
Deve ficar tudo homogéneo e sem grumos.
Ponha este preparado a cozer em lume médio,
mexendo sempre até se ver o fundo do tacho.
Retire do calor e deixe arrefecer. Depois, bata
as claras em castelo bem firme e junte cuidadosamente
ao preparado anterior (como se faz para o soufflé).
Unte com manteiga um prato de barro, louça ou
estanho, que suporte temperaturas elevadas.
Com uma colher grande deite o doce no prato
em colheradas desencontradas, isto é, fazendo
escama. Polvilhe a superfície com a canela
passada por um passador e leve a Sericaia a
cozer em forno bem quente, cerca de
220º C, até abrir fendas. Sirva frio.
Conheça as Receitas Culinárias do nosso
Alentejo, as quais constituem património secular que urge preservar e outras mais
receitas do nosso Alentejo pode ver em:
Sábado, 19 de Dezembro de 2020
"Respigando...Alentejo"
(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)
Os nossos melhores AGRADECIMENTOS ao contributo de Filipe Rosado
e à perspectiva de um imenso espólio de documentos a estudar e divulgar...
Fotografia de Adriano Bastos
Estremoz
Sexta-feira, 18 de Dezembro de 2020
Alentejo-GASTRONOMIA
Receitas Culinárias Alentejo
AZEVIAS
Ingredientes:
Para a massa:
500 g de farinha ;
3 a 4 colheres de gordura (mistura de banha e de manteiga ou margarina) ;
1 cálice de aguardente ;
sal
Para o recheio de grão:
1 kg de grão ;
750 g de açúcar ;
2 limões ;
1 colher de sobremesa de canela em pó ;
3 gemas
Confecção:
Coze-se o grão com uma pitada de sal, pela-se e passa-se por uma peneira fina.
Leva-se o açúcar ao lume com 2 dl de água e deixa-se ferver durante 1 ou 2 minutos. Junta-se o puré de grão, a canela e a raspa da casca dos limões. Deixa-se ferver o preparado, mexendo até se ver o fundo do tacho. Retira-se juntam-se as gemas e leva-se o preparado novamente ao lume para coser as gemas. Deixa-se ficar assim de um dia para o outro.
Peneira-se a farinha para uma tigela e faz-se uma cova no meio onde se deitam as gorduras quentes. Mistura-se. Junta-se a aguardente e depois vai-se amassando juntando pinguinhos de água morna temperada com sal. Sova-se bem a massa e deixa-se repousar em ambiente temperado.
Estende-se a massa com o rolo, muito fina, e recheia-se com um pouco do doce preparado. Cortam-se as azevias em meia lua (como os rissóis), ou em triângulo ou em rectângulo (como os pasteis de carne) e fritam-se em azeite ou óleo bem quentes. Polvilham-se com açúcar ou açúcar e canela.
Variantes:
Azevias de Batata.
Substitui-se o grão por igual porção de batata cozida e reduzida a puré. Pode utilizar-se batata comum, mas a batata doce é a mais vulgarmente utilizada.
Azevias de amêndoa
Fazem-se como as azevias de grão, nas seguintes proporções:
750 g de puré de grão preparado como se disse ;
750 g de açúcar ;
250 g de amêndoas peladas e raladas ;
raspa da casca de 2 limões ;
1 colher de chá de canela e 7 gemas
Em qualquer das receitas transcritas a raspa da casca de limão pode ser substituída por igual porção de raspa de casca de laranja.
fonte: Editorial Verbo in Roteiro Gastronómico de Portugal
Quinta-feira, 17 de Dezembro de 2020
Visite Alentejo
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Vista Aérea do Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa (Crato)
Fonte: © A Terceira Dimensão
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Simplesmente.. Alentejo!
Foto: © Luís Reininho Photography
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Ermida de Nossa Senhora da Visitação.. (Montemor-o-Novo)
Foto: © Nuno Photography
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Barragem do Enxoé (Concelho de Serpa)
Foto: © Bruno Palma Fotografia
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Olival em Terras Alentejanas (Castelo de Vide)
Fonte: © Quinta das Lavandas
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Castelo de Monsaraz..
Foto: © Carlos Quintas Photography
Terça-feira, 15 de Dezembro de 2020
O "Cante ao Menino"
Cante ao menino-Vila Verde de Ficalho recolha M Giacometti
O "Cante ao Menino" - Cuba (Baixo Alentejo)
"O "Cante ao Menino", na Igreja Matriz de Cuba, foi organizado pelo Grupo Coral e Etnográfico " Cubenses Amigos do Cante", coordenado por Augusto Duarte, e teve a participação do grupo coral misto "Os Rurais", de Figueira de Cavaleiros (Baixo Alentejo) e do Grupo Coral "Os Arraianos" de Vila Verde de Ficalho. O evento foi criado nos finais de 1980 e depende do trabalho voluntário de homens e mulheres que dignificam o Cante com a voz e a vontade em preservar uma prática das famílias de trabalhadores rurais na noite de Natal, que conquistou o espaço público e a Igreja Matriz. Excerto das gravações realizadas no dia 19 de Dezembro de 2015, no âmbito do projecto pós-doc "A cultura expressiva na fronteira luso-espanhola: continuidade histórica e processos de transformação socioculturais, agentes e repertórios na construção de identidades", INET-md, FCSH-UNL, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). https://culturaexpressiva.wordpress.c.."
In Dulce Simões
Cantigas Tradicionais de Natividade
Barrancos (Baixo Alentejo)
Sexta-feira, 11 de Dezembro de 2020
Encontro com os nossos Escritores
José Rentes de Carvalho
Derrapagens da alma
Com a idade vai acontecendo menos, mas continua a ser ratoeira em que caio com ingenuidade de criança: pedem-me conselho, perguntam-me o que penso disto e daquilo, juntam um agradável sorriso, e eu cego para o perigo da mola, só vejo o pedaço de queijo, quando dou por mim é tarde, está o coração perto da boca a debitar a resposta.
Sinceridade que ao interlocutor nada interessa, nem é seu desejo ver apontadas as falhas, as deficiências, a soberba que o faz descarrilar.
Desculpe quem isto por acaso lê. Não deixe que o meu azedume faça contágio, nem me imagine com fúrias e a bater o pé, arrenegado com o semelhante. Nada disso. Ainda há instantes, o sol a nascer, quedei-me à janela a olhar o monte fronteiro, recordando os meus sonhos de criança, a alegria que me dava imaginar os mundos que de certeza havia para lá do cume.
Tudo são horas, derrapagens da alma, variações de humor
"Paixão "É um amor estranho, irreal, um amor de muitas incógnitas, de extremos que de facto se tocam, seduções que nenhum deles experimentara. É muito, é quase tudo, o que devia afastá-los, mas a força que os atrai desconhece as leis da natureza e da sociedade, leva-os a procurar-se, a desejar-se com a febre da loucura, esquecendo leis e limites, ambos certos de que só a dádiva total vale o risco; que no verdadeiro amor, na paixão, não pode haver direitos nem deveres, concessões, favores ou diferenças. Que a paixão, a verdadeira, a única que vale a pena sentir, é o reino da igualdade."
Fotografia de Adriano Bastos
Quinta-feira, 10 de Dezembro de 2020
Visite Alentejo
Vila Viçosa
Património Religioso
Igreja Matriz de Vila Viçosa
Igreja da Misericórdia
Igreja de N. Sra. da Lapa
Igreja de Nossa Senhora da Graça
Quarta-feira, 9 de Dezembro de 2020
Tempo de leitura
De todos os instrumentos do homem, o mais impressionante é, sem dúvida, o livro. Os outros
são extensões de seu corpo. O microscópio, o telescópio, são extensões de sua visão; o
telefone é a extensão da voz; então, temos o arado e a espada, as extensões do braço. Mas
o livro é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação.
Jorge Luis Borges
O Egoísmo Pessoal Tapa Todos os Horizontes
O mal e o remédio estão em nós. A mesma espécie humana que agora nos indigna, indignou-se antes e indignar-se-á amanhã. Agora vivemos um tempo em que o egoísmo pessoal tapa todos os horizontes. Perdeu-se o sentido da solidariedade, o sentido cívico, que não deve confundir-se nunca com a caridade. É um tempo escuro, mas chegará, certamente, outra geração mais autêntica. Talvez o homem não tenha remédio, não tenhamos progredido muito em bondade em milhares e milhares de anos sobre a Terra. Talvez estejamos a percorrer um longo e interminável caminho que nos leva ao ser humano. Talvez, não sei onde nem quando, cheguemos a ser aquilo que temos de ser. Quando metade do mundo morre de fome e a outra metade não faz nada... alguma coisa não funciona. Talvez um dia!
José Saramago, in 'La Verdade (1994)'
Sábado, 5 de Dezembro de 2020
Em Alentejo-Pintura
"Alentejo Terra de Artistas"
Manuel Ribeiro de Pavia
Pavia
"Pintor e Ilustrador Português.Manuel Ribeiro de Pavia
1907- 1957
"Todo o verdadeiro artista é um transformador de energias, e como tal a obra de arte nunca poderá ser um acto gratuito. A sua melhor, a mais espinhosa tarefa é reintegrar o homem na dignidade humana. Em arte só o real é verdadeiro-aquilo que se pode verificar pelo comportamento emotivo do homem. Daí sucede, por vezes, que numa arte distanciada do público os primeiros contactos sejam sempre dolorosos e decepcionantes.
"O Alentejo, região mais martirizada durante o meio século da ditadura salazarista, foi o protagonista dos seus trabalhos, principalmente desenhos e aguarelas. A beleza das suas ceifeiras e mondadeiras não impedia a violência com que denunciava a injustiça social. Participou em quase todas as Exposições Gerais de Artes Plásticas.
"Manuel de Pavia
morreu no dia em que completava 50 anos. O poeta Eugénio de Andrade, um dos seus amigos, no seu livro OsImagem2 Afluentes do Silêncio, diz sobre Ribeiro de Pavia: Esta morte, assim sem mais nem menos, que um amigo me comunica, entala-se-me na garganta. Morreu o Manuel Ribeiro de Pavia. Levou-o uma pneumonia que o foi encontrar depauperado por uma vida quase de miséria.
"Manuel Ribeiro de Pavia particularmente famoso pelas ilustrações concebidas para obras de escritores neo-realistas, amigos, foi talvez o mais brilhante artista plástico do movimento. Porém, quem não se submetesse aos ditames do regime tinha dificuldade em sobreviver.
Necessàriamente que o homem comum, entregue aos azares dos seus recursos individuais, não pode ter uma visão excepcional do mundo. Todo o artista deve (e tem) de ser um criador activo, isto é, um colaborador actuante e interessado no conjunto das funções sociais. O que pretende expressar deverá ir além da sua vida afectiva ou intelectual e comparticipar da aventura quotidiana, numa familiaridade constante com os restantes individuos. Uma obra de arte resulta sempre bela e universal, na medida em que foi possível ao artista comunicar ao mundo exterior qualquer parcela da sua profunda emoção das realidades humanas."
Manuel Ribeiro de Pavia
Na segunda, realizada em 1947, algumas das suas obras expostas foram apreendidas pela polícia política. O regime salazarista não dava tréguas aos seus opositores. Para se lutar contra a ditadura ou se era rico ou se morria de fome. Manuel Ribeiro de Pavia era antifascista e pobre. " In Sóarte
Passava fome! Tinha uma única camisa! Não pagava o quarto há imenso tempo! E nós a falarmos-lhe de poesia…» Assim é: passava realmente fome. Todos nós o sabíamos. E ele a falar-nos de pintura, de poesia, da dignificação da vida. É justamente nisto que residia a sua grandeza. Não falava da sua fome – de que, feitas bem as contas, veio a morrer. A fome não consta de nenhum epitáfio…"in Wikipédia
Manuel foi um dos valores sufocados pela hidra salazarista. A existência de homens honrados como Ribeiro de Pavia, homens para quem o ser vem primeiro do que o ter, eram, no entanto, sinais de esperança num futuro diferente." in Sóarte
"Manuel Ribeiro de Pavia nascido em Pavia (Mora), em 19 de Março de 1907,
foi talvez o expoente máximo da ilustração neo-realista portuguesa."
Helena Pato
Quinta-feira, 3 de Dezembro de 2020
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«Muitas são as localidades, vilas, cidades ou aldeias, que através dos tempos conseguem
manter uma especialização industrial ou artística, que é como que o fácies característico e
inconfundível que as torna conhecidas. Alcáçovas também possui a sua indústria própria,
especial, única, os chocalhos, através dos quais o seu nome se tem tornado conhecido…»
A produção de chocalhos constitui a principal indústria da povoação de Alcáçovas que os
fabrica desde o século XVIII, e cujo segredo se mantém na posse de algumas famílias
que o vêm transmitindo de geração em geração, levando-o consigo quando emigram. Deste
modo, é possível encontrar aqueles objectos de artesanato em Serpa, Estremoz e Portalegre.
Hoje, o fabrico destes objectos continua a processar-se exactamente do mesmo modo,
e as oficinas mantém o mesmo aspecto de há 200 anos. Mas, o seu número tem vindo
a diminuir drasticamente. Ainda há 40 anos havia dezasseis oficinas, das quais actualmente
apenas três funcionam."
In Meloteca.com
"O Alentejo conquistou o segundo selo da UNESCO!!
O Fabrico de Chocalhos conquistou o título de Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente!
Esta manifestação cultural tem no território alentejano a maior expressão a nível nacional, uma vez que abrange três municípios, ou seja Estremoz, Reguengos de Monsaraz e Viana do Alentejo, mais concretamente a freguesia de Alcáçovas.
A Arte Chocalheira, uma arte iniciada há mais de dois mil anos no Alentejo e agora Património Imaterial da Humanidade, ganha um novo espaço e visibilidade mundial, como símbolo identificador do Alentejo e identitário dos alentejanos!"
In Turismo do Alentejo
"Fabrico dos chocalhos é Património Imaterial da Humanidade há cinco anos
01 dez, 2020 - 12:48 • Rosário Silva
"Para celebrar este aniversário, o município de Viana do Alentejo preparou várias iniciativas a realizar ao longo do mês de dezembro, para “valorizar e promover a arte chocalheira e os seus mestres”.
O fabrico de chocalhos celebra, nesta terça-feira, 1 de dezembro, o 5º aniversário como Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Para celebrar mais um aniversário, o município de Viana do Alentejo, no distrito de Évora, promove um conjunto de ações para a valorização deste património.
Assim, ao longo do mês que agora começa, vão decorrer algumas iniciativas com o objetivo “de valorizar e promover a arte chocalheira e os seus mestres, tendo em vista a transmissão de uma herança cultural e de uma tradição enraizada na freguesia de Alcáçovas”, refere uma nota do município alentejano, enviada à Renascença......
No dia 17 é lançado no facebook do município, o documentário “GPS – Arte Chocalheira de Alcáçovas”, da autoria do jornalista Luís Godinho, produzido por Luís de Matos e com imagem de Rui Fernandes, dedicado a esta manifestação cultural.
No âmbito destas comemorações, atendendo à importância desta manifestação cultural, está patente ao público, no Paço dos Henriques, em Alcáçovas, uma exposição permanente dedicada ao fabrico de chocalhos, constituindo-se a mostra como “um veículo de divulgação, conservação e valorização do Fabrico de Chocalhos e dos mestres chocalheiros”.....
O município do distrito de Évora sublinha “a importância do fabrico de chocalhos”, salientando que “não se esgota nestas iniciativas, elevando, aquém e além-fronteiras, o nome não só da freguesia de Alcáçovas, mas de um concelho empenhado em preservar as marcas da sua identidade”.
Coordenada pelo antropólogo Paulo Lima, a candidatura contou, recorde-se, com a colaboração de uma equipa da qual faziam parte, entre outros, a historiadora Ana Pagará, o fotografo Augusto Brázio e o realizador David Mira, tendo sido liderada pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo em colaboração com a Câmara Municipal de Viana do Alentejo e a Junta de Freguesia de Alcáçovas."
IN RR.SAPO.PT
Quarta-feira, 2 de Dezembro de 2020
Receitas Culinárias Alentejo
Em Alentejo-GASTRONOMIA
"Alentejo - Bolos do Fundo do Alguidar com torresmos"
Photo in ALENTEJANANDO
"Ingredientes:
500 g de açúcar de preferência amarelo
3 ovos
1 colher de chá de fermento em pó
raspa da casca de 1 ou 2 limões (conforme o tamanho)
125 g de torresmos picados na picadora
1 cálice de aguardente
1 kg de massa de pão
açúcar e canela para polvilhar
banha
Confecção:
Numa tigela batem-se os ovos com o açúcar, o fermento, a raspa da casca dos limões,
a aguardente e os torresmos . No fundo de um alguidar (daqui o nome deste bolo) encontra-se a massa de pão, à qual se junta o preparado anterior. Mistura-se tudo muito bem com as mãos e faz-se os bolos conforme tamanho desejado. Vão ao forno num tabuleiro untado com banha. Polvilham-se abundantemente com açúcar e canela e leva-se a cozer em forno bem quente.
O açúcar misturado com a canela, depois de cozido, forma um caramelo vidrado que transmite um sabor muito especial e característico a este bolo."
"Os torresmos são os resíduos (febras) que ficam quando se derretem as gorduras de porco para se obter a banha.Vendem-se no talho."
in https://desenvolturasedesacatos.blogspot.pt/
Segunda-feira, 30 de Novembro de 2020
O Livro da Semana
Retalhos da vida de um médico
de
Fernando Namora
"O homem deu um passo para a saída e pegou no chapéu. Interpelei-o ainda:
- Então o senhor não toma banho em sua casa?
- Tomei, sim senhor, antes das sortes e antes do meu casamento. A gente não vai chapinhar na água toda a vez que se lembre. Está um homem sujeito a apanhar um catarral ou um resfriamento.
- Qual resfriamento! Deixe-se disso e espere aí pelo criado.
Ele, embora reticente, acabou por conceder.
Dois dias depois coube-me a vez de prestar serviço na enfermaria dos homens. Numa das camas, o doente tinha a roupa arrepiada para a cabeça, como se tivesse frio. Peguei no dossier e perguntei ao enfermeiro:
- Quem é este homem?
As mãos do doente afastaram os lençóis com brusquidão. E, de olhos injectados, vermelhos de febre e rancor, disse numa voz rouquejada, mal se percebendo as palavras:
- Sou eu, senhor doutor! Tenho um catarral e é por sua culpa. Eu bem lhe disse que não se brinca com a água!
O homem teve realmente uma pneumonia."
Visite Borba
Fonte Lágrimas
Igreja de Santo António
Igreja S.Bartolomeu
Paço junto Sovibor
Monumento à Água
Convento Servas
Igreja Senhor Aflitos - anexo ao Convento Servas
Igreja Senhora da Orada
Fonte das Servas
Fotografias de Joaquim Avó
Quinta-feira, 26 de Novembro de 2020
Poetas Populares Borba
António Júlio Prates (Xota)
João Ficalho,
Manuel João Geadas (O Coimbra)
Manuel Joaquim Serrachino (Nelo do Fado)
POETAS POPULARES DE BORBA
Borba: Apresentado livro “Poetas da Nossa Terra”
2012 02 28
Ver em:
http://www.cm-borba.pt/pt/conteudos/noticias/Livro+Poetas+da+nossa+Terra+apresentado+em+Borba.htm
O Centro de Cultura e Desporto da Freguesia Matriz e a Junta de Freguesia Matriz apresentaram,
este Domingo, no Palacete dos Melos em Borba, o livro “Poetas da Nossa Terra”, que
contou com a participação de doze poetas e foi apoiado pelo Município de Borba.
A edição conta com o prefácio de João Tavares, e os poemas de:
01 António Júlio Prates (Xota),
Sobre este POETA ver
http://altodapraca.blogspot.pt/2006/02/antnio-prates-apresenta-sesta-grande.html
02 António Passinhas,
03 Clemente Serol (O Sousa),
04 Eurico Faia,
05 Francisco Rijo,
06 João Ficalho,
[Sobre este POETA pode ver:
em Vítor Marceneiro - o Fadista Alentejano de Borba
07 José Miranda (Zé Ninguém),
08 José Francisco Paulino,
09 Manuel João Geadas (O Coimbra),
sobre este POETA ver:
http://www.joraga.net/cantodasdecimas/pags/page_001.htm
10 Manuel Joaquim Serrachino (Nelo do Fado),
11 Maria da Conceição Compõete
12 Sebastião José Perdigão,
e breves biografias de cada um dos poetas.
O Centro de Cultura e Desporto da Freguesia Matriz foi criado em 1998 e tem desenvolvido a
sua actividade na divulgação e preservação dos jogos tradicionais e a poesia popular
alentejana, editando e apoiando diversos poetas do concelho a lançar as suas obras
em livro. Esta é mais uma edição que o Centro lança, ainda que de forma artesanal,
mas cuidada e carinhosa, perpetuando os trabalhos dos participantes.
Quarta-feira, 25 de Novembro de 2020
Michel Giacometti
Blogue "Amigosterrasborba" evoca a passagem dos 30 anos
sobre a morte do etnólogo francês Michel Giacometti
ocorrida em 24 de Novembro de 1990 em Faro
Adelino Gomes, que fez a última reportagem sobre o seu trabalho, Giacometti dizia que a
“primeira qualidade que um etnomusicólogo precisa de ter é o
amor ao trabalho e o amor sincero ao povo”.
"Michel Giacometti (n. Ajaccio, 1929 - Faro, 24/11/1990), etnomusicólogo, licenciou-se na área da etnografia na Sorbonne. Na Noruega já tinha tido contacto com os problemas desta disciplina, aproveita esse conhecimento para no seu regresso à Córsega, proceder à compilação de um infindável número de cantos, contos e lendas tradicionais pertencentes à literatura oral. Por motivos de saúde (Portugal devido ao clima fora-lhe aconselhado para o recuperar de uma tuberculose), vem para Portugal, no final dos anos 50, onde fica deslumbrado pelo nosso património etnográfico e musical, desenvolve uma impressionante obra de recolha, tendo sido pioneiro na gravação em centenas de fitas magnéticas e milhares de fitas de contos, lendas, adágios, música popular e tradicional, que esteve na origem dos diversos dissabores com a PIDE, que suspeitava da sua finalidade. Simultaneamente, realiza diversos programas radiofónicos para estações europeias a fim de divulgar a música tradicional portuguesa.
Funda os Arquivos Sonoros Portugueses; em 1960 e 1981 (com Fernando Lopes-Graça) edita a "Antologia da Música Regional Portuguesa" e "Cancioneiro Popular Português", respectivamente; entre 1970-1973, dirige "Povo que canta", série televisiva de Alfredo Tropa, além de impulsionar uma vasta e notável discografia.
Em 1990, quando morreu, preparava uma antologia de cantares alentejanos, uma cronologia crítica dos estudos musicais portugueses, e projectava um dicionário de música popular, entre outros trabalhos da Cultura Popular em Portugal.
Nota: Tive o privilégio de o conhecer pessoalmente, realço a sua cultura, o amor para com os desprotegidos e a sua enorme generosidade manifestada em várias vertentes, como, por exemplo, ter-me posto à disposição o seu espólio da sua Casa em Cascais; não aceitei, mas o gesto ficou registado em mim para sempre.
Também tive oportunidade de me inteirar da sua PAIXÃO pelo ALENTEJO, por isso não podia deixar de lhe fazer no Grupo PAIXÃO ALENTEJANA, a minha homenagem, aproveitando a iniciativa de Luis Ambitare, a quem agradeço.
Destaco que, por sua vontade, MICHEL GIACOMETTI quis ser sepultado em FERREIRA DO ALENTEJO - PEROGUARDA - onde se encontra guardado o seu espólio.
Que prova de AMOR pode haver maior do que a escolha da terra Alentejana para repouso eterno?!"
Rami Morais
ALENTEJO, ALENTEJO. Lembrando Giacometti
https://youtu.be-JJwES3_DkI
Terça-feira, 24 de Novembro de 2020
O Livro da Semana
"Angústia para o jantar"
de
Luís de Sttau Monteiro
"- Meu pai dizia-me que da janela da repartição onde trabalhava se via o mar...
- Que fazia teu pai?
- Que fazia meu pai? Não fazia nada, era oficial da marinha. Entrava na repartição às 10 e saía às 6...
Lá o que ele fazia não sei... Preenchia papelada ou sonhava com navios... sei lá... talvez olhasse para o mar através da janela... Quando chegava a casa lia o jornal, fazia as palavras cruzadas e ia para a cama. Era oficial da marinha, digo-te eu..."
Segunda-feira, 23 de Novembro de 2020
Receitas Culinárias Alentejo
Em Alentejo-GASTRONOMIA
Açorda de Alho
foto de sweetaboufood blogspot.com
Ingredientes:
1 dente de alho
Poejos
2 colheres de azeite
sal q.b.
água
1 ovo
Preparação:
Numa tigela coloca-se o alho, o sal, os poejos (depois de esmagados) e, de seguida deita-se a água a ferver (onde já se cozeu um ovo para cada pessoa), para finalizar parte-se o pão às fatias e coloca-se dentro da água, onde já se encontram todos os ingredientes.
Domingo, 22 de Novembro de 2020
Concerto de Domingo
Astor Piazzolla - Invierno Porteño
https://youtu.be/Vhv3yP7dKSY
Sábado, 21 de Novembro de 2020
Ao encontro com os nossos escritores
José Rentes de Carvalho
Amizades da vida inteira
"Questão de sorte, genética, carácter ou acaso, há quem conheça amizades da vida inteira, daquelas que se tornam exemplares e por onde nunca perpassam arrelias, desconfianças ou traições. São essas amizades excepção, pois também por sorte, genética, carácter ou acaso, a maioria de nós vive à mercê das circunstâncias e de um dia-a-dia que pouco espaço deixa para sentimentos elevados, contentando-se com aparências ou, no melhor, refinando o fingimento.
Amizades de vida inteira nunca tive, e as poucas que mantenho obrigam-me por vezes a cansativas cabriolas dos sentimentos e do vocabulário, porque hoje em dia e como nunca antes, pouco é preciso para ferir susceptilidades e perturbar sentimentos, ou que nos acusem de traições, de facadas, de pormos em perigo a felicidade alheia, a paz do mundo, de atentarmos contra os direitos das minorias, de sermos indiferentes à igualdade de tudo e todos, mesmo à daqueles que exigem ser desiguais.
De modo que exprimir opinões que não alinhem com as dos que politica e socialmente se consideram ‘correctos’ é, por enquanto, mais de meio caminho andado para o insulto, a denúncia, o ostracismo, talvez para o calabouço num futuro que se anuncia próximo. E assim a cautela manda fechar a boca e fingir de sonso, não entrar em discussões sobre temas chamados ‘sensíveis’, fazer de surdo quando os ‘bons’ se assanham contra o que tão facilmente rotulam de fascismo e populismo, os tremores que lhes causam a escravatura, o aquecimento global, os motores a gasolina, o açúcar, a carne no talho e sabe Deus quantos outros males. Mas ainda nos cabe uma culpa maior – a nós, não a eles, que são puros nas acções, nos intuitos, e conhecem a verdade – a de não sabermos receber de braços abertos e com vivas os estranhos que sem bater à porta nos entram pela casa adentro, anunciando que estão no seu direito, e se não acreditamos no que dizem é ir perguntar à ONU.
Pudesse eu, de boa vontade regressaria ao tempo em que dos ideais aos filmes no cinema havia muito que era a preto e branco, o mau da fita tinha uma só cara, a única escolha era ser a favor ou contra. Infelizmente, essa simplicidade antiga desapareceu, há que estar em permanência atento às reviravoltas, pois as regras e os conceitos mudam do dia para a noite, a ortodoxia de ontem é anátema amanhã, não ajuda nem dá alívio saber que seis séculos atrás o Poeta avisava que em pouco se pode confiar, porque ‘todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades."
Terça-feira, 17 de Novembro de 2020
“O último cenário é encerrar.” A Casa do Alentejo luta pela sobrevivência
É mais um vítima colateral da covid-19. A histórica colectividade de Lisboa está a lutar pela sobrevivência, numa altura em que as quebras de facturação ascendem aos 84%. Sem mais tempo de moratória aos empréstimos e apoios a fundo perdido, a Casa do Alentejo teme não conseguir aguentar-se em 2021.
Olhando para as receitas da Casa do Alentejo nos primeiros dois meses de 2020, tudo faria crer que este seria um grande ano para esta colectividade quase centenária. Mas quando, no início de Março, os cancelamentos das reservas no restaurante alentejano — em muitos casos de agências de viagens que trariam grupos de turistas à cidade — começaram a chegar, logo se anteciparam meses difíceis. Depois da primeira vaga, o negócio não retomou. Por isso, a segunda está a ser devastadora. A Casa do Alentejo é mais uma vítima colateral da covid-19 e está a lutar para sobreviver em 2021.
“A duração desta pandemia ultrapassou todas as expectativas que tínhamos em Março, Abril”, diz João Proença, presidente da associação. Hoje, as salas do Palácio Alverca, na Rua das Portas de Santo Antão, estão despidas de gente. É ali, naquele velho palácio maneirista do século XVII, a sede desta associação desde 1932, altura em que o ainda Grémio Alentejano, fundado em 1923, para ali se mudou.
Ainda no início do século XX, os interiores do velho palácio foram transformados num dos primeiros casinos de Lisboa. Ganharam uma decoração faustosa e revivalista, numas salas neo-árabe, noutras neogóticas, pela mão dos mais conceituados artistas da época, como o pintor e ceramista Jorge Colaço. “O pátio árabe não tem nada a ver com o Alentejo. Tem a ver com o facto de quererem transmitir a ideia de exotismo e erotismo, as mil e uma noites”, repara Manuel Verdugo, vice-presidente da Casa do Alentejo. A associação acabaria por comprar o Palácio Alverca no início dos anos 80. Três décadas mais tarde, em 2011, chegou a classificação como Monumento de Interesse Público.
Por aquelas salas, adaptadas à restauração, mas também a espaço de exposição, de apresentações de livros e de tertúlias, passavam por dia cerca de 300 pessoas. “A casa tinha, de facto, uma procura muito grande”, diz o vice-presidente da associação.
Com o estado de emergência decretado em meados de Março, no início da situação pandémica no país, o restaurante, o bar e a actividade cultural da associação encerraram. A Casa do Alentejo depende da receita gerada pelo restaurante e pelo bar para “garantir a subsistência” e continuar a realizar as suas actividades culturais de dinamização do Alentejo — o seu principal propósito. Além disso, as verbas arrecadadas servem também para restaurar mobiliário, madeiras e ornamentos, pintar tectos, que ali estão desde o tempo em que o palácio acolheu um dos primeiros casinos de Lisboa, notam os dirigentes da Casa do Alentejo.
Em Maio, com o desconfinamento, reabriram na esperança de uma retoma da actividade. Mas esta ficou muito aquém dos meses pré-pandemia e a situação agravou-se a partir de Agosto, com o novo aumento dos casos de infecção.
Por ali, os turistas davam muito à casa, sobretudo pelos almoços e jantares combinados com as agências de viagens. “Às vezes fazíamos receitas na ordem dos três, quatro mil euros por dia. Hoje, não chegamos a fazer receitas de 800 euros”, nota Manuel Verdugo. Entre Março e Outubro, a quebra acumulada média foi de 84%, com um média mensal de receitas a rondar os 27 mil euros.
Os prejuízos estão a ascender a 18, 20 mil euros por mês, quando as despesas mensais se mantêm em cerca de 50 mil euros. Hoje, estão a servir, entre almoços e jantares, uma dezena de refeições. E nem a altura do Natal, época forte para a Casa do Alentejo com jantares de grupos e de empresas, ajudará a aliviar os encargos financeiros, notam os dirigentes da associação. “Vai chegar uma altura em que vamos ter de fazer opções: ou pagamos aos trabalhadores, aos fornecedores ou pagamos os impostos. Está cada vez mais complicado. Não há receitas. Não há milagres”, diz Manuel Verdugo.
Manter os postos de trabalho
Neste momento, a Casa do Alentejo tem 32 empregados, mas foram já 44. Esses 12 foram dispensados na sequência da situação pandémica. O objectivo agora é “tentar preservar os postos de trabalho”, diz João Proença.
Nos primeiros meses, a associação recorreu ao layoff. “Quando reabrimos tivemos uma grande pressão por parte dos trabalhadores porque nos atrasámos no pagamento, enquanto esperávamos receber algum dinheiro do layoff. Depois em Junho entramos no apoio à retoma, o que nos vai obrigar a ter de pagar até Dezembro quase os 100% dos salários, tenhamos ou não tenhamos receita”, diz o presidente."
In Jornal o Público artigo de Cristiana Faria Moreira
(Fotografias da Internet)
Segunda-feira, 16 de Novembro de 2020
O Livro da Semana
Irene Lisboa
"As novelas autobiográficas Começa uma vida e Voltar atrás para quê? contam os episódios
fundadores da infância e da adolescência, nos quais radica este universo. À distância do tempo
e da memória, eles narram a história de uma rapariguinha crescendo entre mistérios que
rodeiam a sua origem, envolvendo-a na matriz disfórica de afetos desajustados: separada da
mãe cerca dos três anos, vive com o pai e uma madrinha na quinta desta, estigmatizada por
uma bastardia que o crescimento vem agudizar, não só pelas suas sequelas no imaginário
da protagonista, mas pelas consequências práticas sobre a sua vida, vendo-se desprovida
de bens materiais e sobretudo simbólicos (nunca reconhecida pelo pai e espoliada dos seus
direitos por ação de gente ambiciosa e sem escrúpulos). Sendo uma história pessoal, um "caso",
ela é também exemplar de um certo tempo português do começo do século XX, caracterizado
pela decadência dos terratenentes e da burguesia promovida pelo dinheiro à custa do sacrifício
dos mais fracos. Estas narrativas, de técnica fragmentária como todos os livros intimistas da
autora, são exemplares do modo de representar uma consciência dilacerada que, mesmo por
ser absolutamente moderno, é um dos fatores da estranheza e do fascínio que Irene Lisboa
vem causando em quem a lê."
Paula Morão
"Ai, mas a vida fugia-lhe. Com que dor, sim, com que dor a via fugir-lhe.
A vida não é nada. É uma coisa que passa, apenas. Uma pescadinha de rabo na boca… o seu princípio e o seu fim juntam-se, procuram-se. O rabo está ou volta aos dentes da cabeça, mete-se na boca da infância.
Inocentes, afinal, o princípio e o fim da vida. Sem poderes. Mas tão ligados… Até parece que o fim se alimenta do princípio, que a infância se lhe sobrepõe, o ilumina, o traz sujeito. O resto da vida, oh! o resto da vida some-se, sumiu-se."
Sábado, 14 de Novembro de 2020
Em Alentejo-Pintura
"Companheiro de geração de Álvaro Lapa e Joaquim Bravo, a carreira dividiu-se entre a
escultura, a pintura e as artes gráficas" in Jornal o Público
(Borba, 2 de Abril de 1935 - 26 de Fevereiro de 2020 ) é um professor e artista plástico português.
Pintor, ilustrador, cenógrafo, Ruivo é autor de um trabalho, invulgar no contexto nacional,
"marcado por uma dominante vontade narrativa onde impera o humor, o confessionalismo irónico e o
comentário crítico ao meio artístico, social e político".
in wikipédia
Companheiro de geração de Álvaro Lapa e Joaquim Bravo, Henrique Ruivo viveu em Évora até 1952, ano em que ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Abandonou medicina quatro anos mais tarde, inscrevendo-se de seguida no curso de Escultura da Escola de Belas-Artes de Lisboa, que frequentaria até 1962, ano em que abandonou Portugal para se fixar em Roma. O regresso ocorreu doze anos mais tarde, depois do 25 de Abril de 1974. Já em Portugal, foi professor do ensino secundário. Além da prática da escultura e pintura, tem realizado atividade gráfica para livros e revistas colaborando com diversas editoras (Bertrand; Iniciativas Editoriais; Prelo; Seara Nova; etc.). Trabalhou ainda para teatro e cinema, podendo destacar-se as cenografias que realizou para o Festival de Teatro de Pescara (1968) e a colaboração artística no filme ORG, de Fernando Birri (apresentado na Mostra Internazionale del Cinema 79 – Biennale di Venezia " in Arte Portuguesa
"Henrique Ruivo O uivo do homem 1985"
por Fonte. Licenciado sob Conteúdo restrito, via Wikipédia -
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Henrique_Ruivo_
O_uivo_do_homem_1985.jpg#/media/File:Henrique_Ruivo_O_uivo_do_homem_1985.jpg
in Casa da Achada
in bosquesonhador.wordpress.com
Deserto com vozes, Urbano Tavares Rodrigues, Seara Nova, 1976
ilustração: Henrique Ruivo
O 25 de Abril e o Problema da Independência Nacional”, António Borges Coelho,
capa de Henrique Ruivo,
Seara Nova, 1975, 63 págs.
Contos e Novelas. Livraria Bertrand, 1971. Capa de Henrique Ruivo
Sexta-feira, 13 de Novembro de 2020
Celeiro da Cultura
Fotografia de Adriano Bastos
Quando vieres,
encontrarás tudo como quando partiste.
A mãe bordará a um canto da sala,
apenas os cabelos mais brancos,
e o olhar mais cansado.
O pai fumará o cigarro depois do jantar e lerá o jornal.
Quando vieres,
só não encontrarás aquela menina de saias curtas
e cabelos entrançados que deixaste um dia.
Mas os meus filhos brincarão nos teus joelhos
como se te tivessem sempre conhecido.
Nenhum de nós dirá nada,
mas a mãe largará o bordado,
o pai largará o jornal,
as crianças os brinquedos
e abriremos para ti os nossos corações.
Pois quando vieres,
não és só tu que vens.
É todo um mundo novo que despontará lá fora.
Quando vieres.
de Maria Eugénia Cunhal, in "Silêncio de Vidro"
"Cada novo amigo que ganhamos no decorrer da vida aperfeiçoa-nos e enriquece-nos, não tanto pelo que nos dá, mas pelo que nos revela de nós mesmos. "
Miguel de Unamuno
CONFIDENCIAL
Não me perguntes,
Porque nada sei...
Da vida,
Nem do amor,
Nem de Deus,
Nem da morte.
Vivo,
Amo,
Acredito sem crer,
E morro, antecipadamente
Ressuscitando.
O resto são palavras
Que decorei
De tanto as ouvir.
E a palavra
É o orgulho do silêncio envergonhado.
Num tempo de ponteiros, agendado,
Sem nada perguntar,
Vê, sem tempo, o que vês
Acontecer.
E na minha mudez
Aprende a adivinhar
O que de mim não possas entender.
Diário VXI
Miguel Torga
"É fazendo que se aprende a fazer aquilo que
se deve aprender a fazer."
Aristóteles
"A poesia não está nos versos, por vezes ela está no coração. E é tamanha. A ponto de não
caber nas palavras."
Jorge Amado
Quinta-feira, 12 de Novembro de 2020
Em Alentejo-GASTRONOMIA
Receitas Culinárias Alentejo
Pão de Ló Alentejano
"Pão de Ló Alentejano
Ingredientes:
12 ovos
450 gr de açúcar
250 gr de farinha com fermento
Margarina para untar a forma
Preparação:
Ligue o forno a 150º e unte a forma de buraco com manteiga e polvilhada de farinha.
Separe as gemas das claras e bata as gemas com o açúcar durante pelo menos 15
minutos.Bata as claras em castelo bem firme e aos poucos junte as gemas
alternadas com a farinha envolvendo delicadamente.
Verta na forma e leve ao forno, suba a temperatura para 180º e deixe por mais ou
menos 40 min.Retire do forno e deixe arrefecer um pouco antes de desenformar."
in Amareleja Terra DoSol Amareleja
Sugestão de Passeio
Mora, Açude do Gameiro
de Luís Correia
https://youtu.be/b3r8Q5MdSjM
Foi no Açude do Gameiro, no Rio Raia, que se criou o Parque Ecológico do Gameiro. É um parque que funciona como ponto de interesse do Concelho, uma vez que tem uma oferta diversificada de atrações e infraestruturas disponíveis. São exemplo o Parque de Campismo, Parque de Merendas, Praia Fluvial, Fluviário de Mora e o Parque Arborismo na sua zona envolvente destinado à práctica de actividades radicais, o Passadiço em Madeira ao longo de 1,5km da Ribeira Raia e o Centro de Interpretação Ambiental. O Parque Ecológico do Gameiro situa-se na freguesia de Cabeção, Concelho de Mora. Quem visita o Parque Ecológico do Gameiro, terá a oportunidade de ficar a conhecer os seguintes locais: Barragem do Gameiro Jardim Público de Mora Miradouro de Brotas Praia Fluvial do Gameiro Barragem do Furadouro Parque Ecológico do Gameiro Igreja de S. Salvador do Mundo Torrinha do Castelo Antigos Paços do Concelho (Pavia) Torre das Águias Ermida de Santo António Moinhos de Água Casa Museu Manuel Ribeiro de Paiva Museu José Agostinho Calado e Sousa Igreja Matriz de Paiva Cromeleque do Monte das Fontainhas Velhas Anta de Paiva, transformada em Capela de S. Dinis Brotas Igreja de Nossa Senhora das Brotas
Terça-feira, 10 de Novembro de 2020
O Livro da Semana
Sinais de Fogo
de
Jorge de Sena
Quanto de ti, amor, me possuiu no abraço
em que de penetrar-te me senti perdido
no ter-te para sempre-
Quanto de ter-te me possui em tudo
o que eu deseje ou veja não pensando em ti
no abraço a que me entrego-
Quanto de entrega é como um rosto aberto,
sem olhos e sem boca, só expressão dorida
de quem é como a morte-
Quanto de morte recebi de ti,
na pura perda de possuir-te em vão
de amor nos traiu-
Quanta traição existe em possuir-te a gente
sem conhecer que o corpo não conhece
mais que o sentir-se noutro-
Quanto sentir-te e me sentires não foi
senão o encontro eterno que nenhuma imagem
jamais separará-
Quanto de separados viveremos noutros
esse momento que nos mata para
quem não nos seja e só-
Quanto de solidão é este estar-se em tudo
como na ausência indestrutível que
nos faz ser um no outro-
Quanto de ser-se ou se não ser o outro
é para sempre a única certeza
que nos confina em vida-
Quanto de vida consumimos pura
no horror e na miséria de, possuindo, sermos
a terra que outros pisam-
Oh meu amor, de ti, por ti, e para ti,
recebo gratamente como se recebe
não a morte ou a vida, mas a descoberta
de nada haver onde um de nós não esteja.
Domingo, 8 de Novembro de 2020
Concerto de Domingo
A nossa Música...outras sonoridades
"Nao quero que vás á monda"(tradicional Alentejo)* - Ronda dos Quatro Caminhos
*Orquestra Sinfónica de Cordoba
Coros-Rancho de Cantares de Aldeia Nova de S.Bento
solo-Duarte Macias
alto-Joao Carrilho
https://youtu.be/zYHrUtiG7yU
Sexta-feira, 6 de Novembro de 2020
Sugestão de Passeio
Évora- Catedral de Évora-Portugal
A Sé de Évora é a maior catedral medieval de Portugal.
A Basílica Sé de Nossa Senhora da Assunção, mais conhecida por Catedral de Évora,
ou simplesmente Sé de Évora.
https://youtu.be/ktDHQZ-mxVw
Quinta-feira, 5 de Novembro de 2020
Recordar
João Rita
Recordamos este nosso Amigo, cujo contributo para a Cultura Borbense ficará para
sempre marcado pela autenticidade do seu canto, seu longo amor ao fado e à sua divulgação, bem
como pelo partilhar a felicidade cantando o que lhe provinha da alma, do seu profundo sentir.
Fado
https://youtu.be/lVglzC38sbo
João Rita fado, Filho e Neto
https://youtu.be/wt3ruGjxcxo
Quarta-feira, 4 de Novembro de 2020
Tempo de Reflexão
Photography in PAR10233_Comp.jpg
"Ao verdadeiro amor corresponde o silêncio: a perfeita vibração diante de uma flor ou
de um pôr-do-sol ou de uma libélula sobre as águas de um ribeiro ou, o que mais
vale, diante de uma mulher."
Agostinho da Silva in, Sete Cartas a um Jovem Filósofo, Textos e Ensaios Filosóficos I, p.240
“Os grandes momentos da vida vêm por si mesmos. Não faz sentido esperá-los.”
Thronton Wilder
"A mais bela coisa que podemos vivenciar é o mistério.
Ele é fonte de qualquer arte verdadeira e qualquer ciência.
Aquele que desconhece esta emoção, aquele que não para mais para
pensar enão se fascina, está como morto: seus olhos estão fechados."
Albert Einstein
"O silêncio e o trabalho abrigam o pensamento, e fortificam o espírito."
S. João da Cruz
Terça-feira, 3 de Novembro de 2020
Livro da Semana
Bica Escaldada
de
Alice Vieira
"Entro numa livraria como quem entra num santuário, onde o direito de asilo nos é sempre garantido. Nas cidades que não conheço. É sempre o primeiro lugar que procuro e nunca resisto a entrar quando ela se atravessa no meu caminho. As livrarias fazem parte da minha família. São amigas de infância. É nelas que marco encontros com amigos, é passando a mão pelas capas dos seus livros que desfaço neuras e procuro energias. Claro que há as minhas livrarias de eleição, aquelas a que, por qualquer motivo, me habituei como ao café da manhã ou o jornal comprado no quiosque de sempre: durante anos e anos a Quadrante foi a minha segunda casa, uma espécie de baby-sitter para os meus filhos pequenos, que lá deixava rodeados de livros e vigiados pelaNini, uma cadela com quem partilhavam festas e lambidelas nos chupa-chupas – até que um dia a Quadrante fechou e, até hoje, nada lá conseguiu vingar. Já foi casa de pronto-a-vestir, já foi loja de móveis, já foi galeria de arte, neste momento alberga a redacção de uma revista de saúde a quem, evidentemente, desejo muita sorte e que consiga vencer a maldição. E há ainda as livrarias mágicas, aquelas sem as quais os lugares, para mim, perdiam muito da sua razão de ser: ir ao Porto sem ter tempo para entrar na Lello, não vale a pena; ir a Londres sem horas disponíveis para a Waterstone, é um desperdício.
E depois há aquelas velhíssimas lojas, que são livrarias, mas também vendem revistas de bordados e croché, calendários e postais ilustrados, e muitos livros de edição de autor que acumulam pó porque já ali estão há que anos, com um cheiro a papel que se esfarela nos dedos e nos traz à lembrança os livros de histórias lidos na infância, com meninos «órfãos» que se perdiam nas florestas."
Segunda-feira, 2 de Novembro de 2020
Em Alentejo-GASTRONOMIA
Receitas Culinárias Alentejo
PASTEIS DE MASSA TENRA
PASTEIS DE MASSA TENRA.
"Foram muitos os pedidos da receita dos meus pasteis de massa tenra que ontem aqui mostrei.
Ei-la:
MASSA para uma dúzia de pasteis.
2 chávenas de chá de farinha sem fermento;
1 dl de água moderadamente aquecida e com a quantidade de sal, a gosto, já dissolvido;
2 colheres de sopa de azeite;
1 colher de sopa de margarina derretida;
1 colher de sopa de banha de porco derretida.
Num alguidar comece por misturar, à mão, a farinha com as gorduras.
Vá juntando a água, aos poucos, até a massa ficar elástica com a consistência desejada. Pode não necessitar de usar toda a água.
Faça uma “bola” com a massa, envolva-a num pano humedecido e conserve-a a repousar durante cerca de uma hora em ambiente morno.
Depois é só fazer os pasteis, fritá-los em óleo e pô-los a escorrer sobre papel absorvente
RECHEIOS - sobras de carnes (vaca, porco, frango…), ao sabor da imaginação de cada um e das possibilidades do momento.
Uma possibilidade:
Guise demoradamente 125 g carne de vaca com alho, cebola e piripiri (facultativo).
Pique a carne no “1-2-3”. Misture o picado com o molho, o suficiente a fim de lhe dar a consistência desejada para moldar os pasteis.
Se se desejar, aromatize com salsa muito finamente picada.
Se necessário, leve ao lume com uns “borrifos de farinha.
Outra possibilidade
Coza bem 2 coxas de frango (a carne do peito é muito seca) em água temperada de sal, e desfie-as.
Num tacho com azeite, aloure 2 ou 3 dentes de alho picados, meia cebola igualmente picada, uma folha de louro e piripiri (facultativo).
Junte um pacotinho de polpa de tomate, tempere de sal e deixe apurar bem. Vigie para que não seque demasiado. Se necessário, “borrife” com água.
Junte por fim, a carne muitíssimo bem desfiada, deixe tomar gosto e, ao mesmo tempo, ir secando o suficiente para que tenha a consistência própria para rechear e moldar os pasteis."
António Galopim de Carvalho
Domingo, 1 de Novembro de 2020
Concerto de Domingo
Luís de Freitas Branco - "Suite Alentejana No. 2"
https://youtu.be/7PZp0TmWc9U
Sábado, 31 de Outubro de 2020
Borba
Monumentos
Fotografias de Adriano Bastos
https://sites.google.com/site/amigosterrasborba/1-borba/imagens/mo
Quinta-feira, 29 de Outubro de 2020
de Borba
e
Outros Concelhos do Alentejo
Estremoz
O Museu Berardo em Estremoz apresenta aquela que é considerada a "maior e mais importante" coleção privada de azulejos de Portugal.
Castro Verde
"BENEDICTA TU": EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA PATENTE
NA IGREJA DOS REMÉDIOS ATÉ 3 DE NOVEMBRO
Abriu ao público no passado domingo, dia 25 de outubro, na Igreja dos Remédios,
em Castro Verde, a exposição temporária "Benedicta Tu" (Bendita sois Vós).
Promovida pela Paróquia de Castro Verde, com o apoio das outras paróquias
do concelho, instituições e particulares, a mostra é dedicada ao culto e devoção a
Nossa Senhora do Rosário no concelho.
Quarta-feira, 28 de Outubro de 2020
Livro da Semana
"Gente da Terceira Classe"
de
José Rodrigues Miguéis
José Rodrigues Miguéis morreu passam esta terça-feira 40 anos.
Um dos grandes da nossa literatura.
"… E o Silvestre, pobre amigo, lá vai, metódico e pausado, com o seu perfil imperial romano, sonhando com o futuro-que-passou, sem perceber que só tem porvir quem tem presente, e ele nunca o teve: porque o futuro do homem está no que ele hoje semeia ou cria, no que dele cresce e frutifica, e não no que se acumula, repousa e fossiliza."
"A serenidade é a maior virtude da inteligência."
José Rodrigues Miguéis
Photography In Portal da Literatura
Recordamos um dos grandes da nossa literatura
na entrevista dada em 1957 a Igrejas Caeiro
in "A Vida Breve" Antena -2
Click em;
https://www.rtp.pt/play/p1299/e501520/a-ronda-da-noite
Segunda-feira, 26 de Outubro de 2020
Em Alentejo-GASTRONOMIA
Receitas Culinárias Alentejo
Popias
POPIAS ALENTEJANAS
500g de farinha
150g de açúcar
65g banha
1dl de azeite
65g de margarina
5 colheres de chá de canela
Vinho branco q.b mais ou menos 1dl
Junte todos os ingredientes vá amassando e juntando o vinho branco morno até formar uma massa que possa fazer rolinhos. Molde em argolas e leve ao forno médio num tabuleiro untado com manteiga até dourarem
Nota:pode forrar o tabuleiro com papel vegetal
Domingo, 25 de Outubro de 2020
Concerto de Domingo
Grupo Musical Trigo Roxo
Trigo Roxo - Se Fores Um Dia A Serpa
https://youtu.be/QxZO6ht_dtU
Trigo Roxo, Cante Alentejano
https://youtu.be/xsmCAJKRbaY
Trigo roxo na ronda das tabernas sete sois Castro Verde
https://youtu.be/sf6U2ERq7t0
Quinta-feira, 22 de Outubro de 2020
Borba
Monumentos
"Os Passos Processionais do Senhor em Borba foram construídos por volta de 1755, sendo
um conjunto de quatro capelas de inspiração barroca, o arquitecto responsável terá sido
José Francisco de Abreu. Estamos perante monumentos que se destacam por serem
os maiores do país."
Terça-feira, 20 de Outubro de 2020
Livro da Semana
Astronomia
de
Mário Cláudio
Astronomia - Mário Cláudio
"Este é o romance da vida de um dos mais consagrados escritores portugueses.
Dividido em três partes – Nebulosa, Galáxia, Cosmos –, este é o romance da vida do Mário Cláudio, um livro sobre três fases da vida de um homem, que não por acaso é o próprio escritor.
Começamos com o «velho» que recorda a infância (a vida de um menino filho único e superprotegido, dos seus temores e fantasmas) e terminaremos com um «menino», que é muitas vezes aquilo que os velhos voltam a ser. Pelo meio, a zona mais densa, que conta a parte fulcral da vida de um homem, de jovem a maduro, desde a sua passagem pela guerra colonial, a universidade, a função pública, a escrita e o reconhecimento, até à descrição de factos polémicos e pessoais, que têm que ver sobretudo com o amor, a sexualidade e a forma como a cultura, com o passar do tempo, se tornou pouco mais do que um espectáculo (haverá muita gente – garanto – que se reconhecerá nestas páginas)."in Leyaonline
Segunda-feira, 19 de Outubro de 2020
Em Borba- 06-Entrevistas
pode ler
Entrevista com artista Carlos Bacalhau
Comecei cedo a trabalhar na Câmara Municipal de Borba, onde desenvolvi diversas actividades, das quais destaco a fundação da Oficina da Criança, nos anos de 1982/83;
"Desde miúdo sempre me dediquei à arte, designadamente na pintura em tela e mais tarde em cerâmica, xisto, mármore;"
Os materiais que são utilizados
na construção do Presépio são
variados, tais como: papel,
plástico, madeira, resina, cola,
jornais, enfim tudo o que possa ser reciclado;
"J.A. Chegou a frequentar alguma escola de arte?
C.B. Não nunca tive essa possibilidade. Tudo o que fiz foi por inspiração própria, como Autodidata e até talvez influenciado pelo que fui lendo;"
\
Entrevista
com o borbense João Clérigo
"Começo por dizer que tive e vivi uma infância feliz, fruto da
inconsciência própria da idade. Não tinha a ideia que havia futuro.
O futuro para mim, como para a maioria da rapaziada era o agora.
Ir tomar banho aos tanques das hortas, armar aos pássaros,
comer amoras nos silvados, jogar à bola na rua, ao peão, ao
couca, ao hoquei em patins (sem patins nem "steak"), mas um
qualquer pau, alugar bicicletas ao quarto e à meia hora no
"Pão Mole", jogar aos matraquilhos, etc, etc...."
"Só por volta dos dezasseis anos percebi que a infância e a
juventude tinham um fim, tendo então despertado para a
necessidade que tinha de estudar e por essa via adquirir
a minha independência.
Essa consciência levou-me, aos 18 anos(idade mínima
exigida no ensino noturno) a inscrever-me no Colégio do
Sr.Mota, em Estremoz. Foram 3 anos de muito trabalho,
dedicação e esforço, mas consegui completar o 5º. ano do
Liceu que mais tarde me haviam de abrir as portas do futuro."
Pode ler o resto das entrevistas em:
https://sites.google.com/site/amigosterrasborba/1-borba/entrevistas
Domingo, 18 de Outubro de 2020
Concerto de Domingo
Edvard Grieg - Piano Concerto II. Adagio | Arthur Rubinstein (2/3)
https://youtu.be/J2yWx6EMJjI
Sábado, 17 de Outubro de 2020
Visite Borba
Fotografias de Adriano Bastos
Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020
Livro da Semana
Cadernos do subterrâneo
de
Fiódor Dostoievski
"(...) Nas recordações de qualquer homem há certas coisas que ele não revela a toda a gente, apenas aos amigos. Há outras que nem aos amigos ele revelará,
apenas a si mesmo e só secretamente. E, finalmente, há outras que o homem até a si mesmo tem medo de revelar, e qualquer homem decente acumula bastantes recordações dessas. Ou seja, quanto mais decente for, tantas mais recordações dessas tem.
Pelo menos, eu, pessoalmente, só há pouco ousei recordar certas aventuras do meu passado, a que até então me esquivara com uma espécie de inquietação.
Ora, neste momento, quando não só estou a recordá-las mas ainda por cima me atrevo a anotá-las, queria experimentar:é possível, ou não, ser-se absolutamente sincero pelo menos consigo mesmo e não ter medo de toda a verdade? (...)"
Fiódor Dostoiévski, Cadernos do Subterrâneo
Quinta-feira, 15 de Outubro de 2020
Os nossos Escritores
15 de Outubro
Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa-Luís
nasceu a 15 de Outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante
"É bem certo que o melhor governante é aquele que sabe acertar o passo
pelo menor dos cidadãos."
Agustina Bessa-Luís
"Escrever uma página inspirada não acontece todos os dias. Às vezes movemos o pensamento pelos atribulados caminhos do doméstico, que corrompem a subtileza e a graça; outras vezes pomos na cabeça o nosso gorro sábio, e resulta uma enfadonha tabuada de sentimentos"
Agustina Bessa-Luís
Segunda-feira, 12 de Outubro de 2020
"Respigando...Borba"
(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)
BORBA vista em 1927
em
GUIA DE PORTUGAL - Biblioteca Nacional de Lisboa
de
RAUL PROENÇA
"Borba está numa das zonas de refrigério e num dos pequenos oásis do Alentejo desolado
e tórrido, podendo ser também citada como uma das terras mais pitorescas do país.
A proximidade das célebres pedreiras de Montes Claros (p. 115) deu-lhe, mais ainda que a Estremoz, um alvo esplendor de mármores, que só encontra rival em certas cidadezinhas da Toscana. Não há, por assim dizer, cunhal de parede, moldura de porta ou de janela, degrau ou poial de escada, letreiro de rua e ate lareira da mais humilde casa que não seja de mármore.
O mármore esplende nas soleiras, nos alisares, nas chaminés e nas ermidas. Isto contribui, com o caiado das paredes, a limpeza dos pavimentos, o arrumo dos interiores, todos os pormenores da meticulosidade e do arranjo domésticos, para dar a impressão de asseio e de conforto que a vila suscita. É, pois, uma consolação percorrer Borba, deparando a cada passo recantos pitorescos, galerias de arcos, pátios, ferros de sacada, chaminés recortadas como minaretes, turbantes, espigueiros, barretes de clérigo, agulheiros, dados, capitéis românicos ‑ algumas rentes ao beiral, como em tantas outras terras do Alentejo. Só Loulé, no Algarve, põe êste luxo nas suas chaminés.
Nas varandas- escreve o Sr. Vergílio Correia ‑
as pinhas de ferro e os peitoris acogulham-se, recortam-se, arqueiam-se segundo as regras dum género de trabalho que se encontra disseminado entre o Tejo e o Guadiana, desde Elvas a Portalegre e de Avis até Évora e Montemor-o-Novo.
Trabalho do séc. XVIII, cheio de leveza e de recortes, muito diverso da sóbria firmeza de ferraria do séc. VVII."
Fotografias de Adriano Bastos
Domingo, 11 de Outubro de 2020
Concerto de Domingo
Ricardo Ribeiro - Fadinho Alentejano
https://youtu.be/Ns5zdIfoeJI
Celina da Piedade - Pêra Verde
https://youtu.be/9fnVyqTMXfQ
Sexta-feira, 9 de Outubro de 2020
Celeiro da Cultura
CECÍLIA MEIRELES
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Quarta-feira, 7 de Outubro de 2020
Livro da Semana
Aldeia Nova
de
Manuel da Fonseca
"Rui enchia o peito de ar, lavava-se no sol. Mas já ia correndo rua abaixo. Uma grande vontade de correr. Onde estaria o Tóino e os outros? Ah! diria a avó que não queria voltar mais àquela casa! E diria também ao Estroina. Talvez lhe dessem razão… Deixassem-no andar, assim à sua vontade. Deixassem-no correr. Correr era bom. O bibe abria-se para os lados como asas. Deitava a cabeça para trás; o chão fugia-lhe debaixo dos pés. Nem via as casas, só o céu por cima dele. Entontecia, sentia-se livre como um pássaro. Se a mãe estivesse, não sereia nada daquilo a sua vida, não. A mãe deixava-o ser livre como um pássaro. Diria tudo isso ao avô: «Avô, desde que a mãezinha partiu, sinto-me preso como um pássaro numa gaiola!» Mas o avô não compreenderia as suas palavras. Nem a avó, nem o Estróina, ninguém!... O melhor era ir correndo, correndo sempre, correndo até tombar de cansado."
Terça-feira, 6 de Outubro de 2020
Em Alentejo-GASTRONOMIA
Receitas Culinárias Alentejo
Como consumir o Cação
Por Adriana
Ingredientes
1 kg de cação em postas
3 dentes de alho socados em 1 xícara (chá) de suco de limão e sal a gosto
1 xícara (chá) de óleo de soja
1 xícara (chá) de coentro
1 xícara (chá) cebolinha picada
1 cebola grande, cortada em rodelas
2 tomates também cortado em rodelas
2 pimentões, 1 verde e outro vermelho
1 xícara (chá) de leite de coco
½ xícara (chá) de azeite de oliva
½ xícara (chá) de óleo de dendê
Modo de preparo
Primeiro, despeje o óleo numa panela em fogo baixo.
O alho com suco de limão e sal vai servir para dar o primeiro tempero ao peixe,
por isso, molhe as postas com a mistura.
Coloque na panela com óleo, já pré aquecido, e vire o peixe aos poucos para não
grudar no fundo da panela, bem devagar para não desmanchar.
Adicione os outros temperos, a cebolinha, o coentro, a cebola, o pimentão e o tomate.
Tampe e aguarde cerca de 5 minutos ou até ferver.
Acrescente o azeite de oliva e o óleo de dendê (esse é o detalhe que vai dar um gosto
mais apurado à moqueca).
Por último, ponha o leite de coco e deixe ferver por mais 5 minutos ou até cozinhar
os temperos.
Rendimento: 2 porções
Tempo de preparo: 45 minutos
Dificuldade: Fácil
Fonte: Comida e Receitas - http://www.comidaereceitas.com.br/peixes/moqueca-de-cacao.html#ixzz3k3ao4BVP
Quinta-feira, 1 de Outubro de 2020
"Café Borba-Concerto"
Momento Musical
Rubrica semanal de Boa música
Giulia Falcone - SOS d'un terrien en détresse - Daniel Balavoine
https://youtu.be/fyMkoB29INQ
Chick Corea playing with Woody Allen's band
at
Carlyle New York. Nov 28 2016
https://youtu.be/FQNA9JY4C0I
Terça-feira, 29 de Setembro de 2020
"Respigando...Borba"
(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)
Os nossos melhores AGRADECIMENTOS ao contributo de Filipe Rosado
e à perspectiva de um imenso espólio de documentos a estudar e divulgar...
Fotografia de Adriano Bastos
Segunda-feira, 28 de Setembro de 2020
Livro da Semana
Antologia do Conto Alentejano
"A presente Antologia nasce do desafio que julgámos conveniente fazer a amigos naturais do Alentejo ou que mantenham com este território uma cumplicidade emocional, familiar, profissional ou, simplesmente, de paixão, pela sua diversidade cultural, paisagística e/ou de admiração e respeito, pelos seus naturais e pela sua resiliência face às adversidades históricas conhecidas. No sobressalto dos nossos dias, devido à inesperada pandemia que se abateu sobre o mundo e nos remeteu ao medo e à incerteza do presente e do futuro, escrever um conto pode ser um bom paliativo ou uma forma de esconjuro ou de catarse dos nossos receios. Para alguns, pouco habituados à escrita, e, para outros, autores conhecidos e reconhecidos em áreas de letras, pode ser um novo caminho de desenvolvimento da sua imaginação e criatividade literárias.
Trata-se, também, com este desafio, de uma tentativa de reunir um conjunto de pessoas que, em quase 30 anos de edição, mantiveram connosco uma relação à volta dos livros, das revistas, das apresentações de obras diversas ou de outras iniciativas, em torno da promoção e divulgação da edição e da sua leitura. Pessoas estas que contribuíram decisivamente para manter o projecto da Colibri como uma editora intrinsecamente ligada ao Alentejo, sempre disponível para analisar e procurar viabilizar obras consideradas de qualidade literária ou de defesa e divulgação do rico património, material e imaterial, da região. [FERNANDO MÃO DE FERRO (do Prefácio)]"
In Edições Colibri-FB
Sábado, 26 de Setembro de 2020
Viagem pela nossa Gastronomia
Receitas de Culinária do Alentejo
Cozido de Grão com vagens
Ingredientes:
250 g de grão;
500 g de vagens (feijão verde);
250 g de batatas;
1 fatia de abóbora menina;
300 g de carne de borrego para cozer;
100 g de toucinho;
1 chouriço de carne (linguiça);
1 farinheira;
200 g de pão caseiro (duro);
sal;
hortelã.
Preparação:
"Põe-se o grão de molho em água e sal durante 12 horas. Passado esse tempo, coze-se. Numa panela com água suficiente põe-se a carne de borrego, o toucinho, o chouriço, a farinheira, e leva-se ao lume a cozer. Depois de as carnes estarem cozidas, retiram-se da água. Arranjam-se e lavam-se as vagens, as batatas e a abóbora cortada aos bocados.
Deitam-se na água em que se cozeram as carnes aos bocadinhos. Dispõem-se no centro de uma travessa o grão, as vagens, as batatas e a abóbora. Á volta colocam-se as carnes cortadas. Cortam-se fatias de pão duro e dispõem-se numa terrina. Espalham-se por cima alguns ramilhos de hortelã. Deita-se o caldo a ferver sobre as fatias de pão. Acompanha-se com as carnes, o grão, as vagens, as batatas e a abóbora."
in Ser Alentejano.blogspot
Sexta-feira, 25 de Setembro de 2020
"Respigando...Borba"
(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)
Em Borba com o Prof. José Hermano Saraiva
A Alma e a Gente - Ressurreição das Aldeias (Borba)
03 Fev 2008
Prof. José Hermano Saraiva
O concelho de Borba não é um concelho grande, tem 142 quilómetros quadrados, a
população não é muita, tem 8500 habitantes, mas trata-se de um dos concelhos mais
ricos doAlto Alentejo. As duas grandes riquezas da região são o Vinho e o
Mármore. Só que agora surge uma terceira riqueza, o Turismo, com a ressurreição
duma aldeia típica alentejana (S. Gregório) agora transformada em aldeia turística
(um projecto exemplar).
A Alma e a Gente - Ressurreição das Aldeias (Borba) - 03 Fev 2008
https://youtu.be/3TRJ3MwEbOk
Alentejo- Aldeia de São Gregório- Borba
https://youtu.be/SUGhVNm9J3g
Segunda-feira, 21 de Setembro de 2020
Em Borba-Mezinhas da Avó
"A alegria evita mil males e prolonga a vida."
William Shakespeare
Saiba como o consumo regular de espargos
pode trazer benefícios à sua saúde
Vegetal é rico em ácido fólico, aliado na prevenção e cura do câncer
Foto: Stock Photos, Divulgação
Pouco calórico e rico em fibras, ele é um ótimo acompanhamento nas refeições de quem
quer controlar o peso
O espargo é uma planta muito utilizada na culinária mundial e é considerada uma
flor da família dos lírios. Segundo o nutrólogo Maximo Asinelli, ele é rico em vitamina
A, B, C, cálcio, ferro, sais minerais e potássio.
— O espargo é considerado uma das melhores fontes de ácido fólico, conhecido
por ajudar a prevenir câncer, doenças do coração, do fígado e até da espinha — explica.
O Instituto Nacional do Câncer aponta que o ácido fólico presente nesse vegetal
age diretamente no DNA e na síntese de substâncias essenciais ao organismo e a
sua deficiência tem sido relacionada ao aparecimento de câncer.
— Esta vitamina é importante desde a prevenção até o tratamento da doença, já
que inibe o desenvolvimento do tumor. O ácido fólico é sintetizado por bactérias do
intestino e ficam estocadas no corpo humano — esclarece.
Além disso, o espargo é um ótimo acompanhamento para pratos principais e é
indicado para quem está de dieta e quer controlar a ingestão de gorduras.
— O espargo também possui baixa quantidade de calorias e não tem colesterol,
nem gorduras — revela, salientando que a planta é uma fonte abundante de fibras,
com cerca de 3,6 gramas do nutriente por xícara do vegetal.
De acordo com Alexander Bonetti, da San Marco Alimentos, apesar de ter
melhores resultados ao ser plantado em terrenos arenosos, o aspargo é cultivado
em diferentes vários países e possui diferentes variedades.
— O espargo inglês não possui o talo muito grosso, já o italiano possui a
cor violeta e os cultivados na Holanda, Alemanha e Bélgica são brancos, pois se
desenvolvem em locais escuros e não possuem clorofila — explica, ressaltando que,
independente da variedade que se opta por consumir, tem-se acesso aos mesmo
nutrientes.
Bonetti diz ainda que, além de trazer benefícios para o organismo, o espargo dá
um sabor especial às refeições. A planta pode ser consumida como ingrediente de
pratos incrementados, ser servido frio com vinagrete, cozido com manteiga e ainda
consumido em forma de conserva.
in https://www.google.pt/?gws_rd=ssl#q=beneficios+no+consumo+de+espargos
Quarta-feira, 16 de Setembro de 2020
"Respigando...Alentejo"
(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)
Fotografia de Filipe Jose Galhanas
"Dedicação"
https://youtu.be/yuknsUFNXlM
Terça-feira, 15 de Setembro de 2020
Celeiro da Cultura
Herberto Hélder de Oliveira
Herberto Hélder de Oliveira foi um poeta português,
considerado o "maior poeta português da segunda
metade do século XX".
Escrita
"Escreve-se um poema devido à suspeita de que enquanto o
escrevemos algo vai acontecer, uma coisa formidável,
algo que nos transformará, que transformará tudo."
in Jornal Público, 4 Dezembro 1990
Poema de Herberto Hélder
Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.
Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
- a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.
E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.
- Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
- E o poema faz-se contra o tempo e a carne.
Herberto Hélder
Segunda-feira, 14 de Setembro de 2020
Borba
ARTESANATO
Mestre Catarino
"...Desde miúdo e para me entreter sempre fiz peças em artesanato em madeira,
cortiça e papel, principalmente depois de reformado..."
"...Fiz e ainda faço tarros, cochos, cornas para azeitonas, cadeiras, mochos em tamanho
normal e em miniaturas bem como de alfaias agrícolas. Fiz ainda uma réplica da Igreja da
Senhora da Orada que vai ser oferecida à junta de freguesia da Orada..."
Tendo como objectivo principal contribuir para a preservação, promoção e divulgação da nossa identidade cultural, este grupo de Borbenses e amigos de Borba, na sequência de diversas entrevistas que vimos publicando no nosso Blogue, decidimos desta vez falar com um Borbense que sempre continuou ligado às suas raízes que nos vai contar a história da sua vida que,como verão se reveste de forte empenho e persistência na luta por uma vida melhor, tanto para si como para quem o rodeia.
Falamos então com:
João Vitorino Bispo Catarino
J.A. Conte-nos então o inicio da sua juventude
J.C. Como filho de gente pobre comecei a guardar gado aos 7 anos, o que fiz até aos 15 anos
J.A. Como se depreende seria um pouco monótona esta actividade como preenchia o tempo?
J.C. Neste período também aprendi a ordenhar ovelhas, fazer queijos e ser pastor, como ajuda, até aos meus 15 anos.
J.A. A que mais se dedicou após esta idade?
J.C. Quando completei os 15 anos passei de ajuda a moral, responsável pelo rebanho, como ganadeiro,até aos 18 anos
J.A. Quando atingiu essa idade, nessa altura a maioridade, que mais fez?
J.C. Deixei a vida de ganadeiro fui trabalhar para o campo, lavrar com bois, parelhas de mulas, aprendi a ceifar e gadanhar até aos 20 anos.
J.A. Os ordenados certamente seriam baixos!!
J.C. Sim éramos muito mal pagos e então decidi deixar o trabalho do campo e fui trabalhar para as pedreiras, até aos 26 anos, quando me casei
J.A. Já casado e certamente com mais responsabilidades procurou melhores condições de trabalho?
J.C. Voltei a ser ganadeiro por mais 6 anos que tive de deixar pois o meu filho mais velho teve que ir para a escola e eu para lhe dar apoio fui dar serventia nas obras de construção civil. Acontece que o meu mestre que viu que tinha vocação para esta actividade mandou-me fazer uma parede e que por ter gostado do meu trabalho ao fim de 17 meses considerou-me mestre e passados 3 anos construí a casa onde ainda hoje habito, claro que muito mais melhorada
J.A. Passou portanto a dedicar-se à construção civil?
J.C. Até ao "25 de Abril" além desta função dediquei-me também ao trabalho do campo, queijaria, ceifa, gadanha, colheita de grão e até mesmo como servente
J.A. Que mudanças trouxe o "25 de Abril" à sua vida?
J.C. Fui eleito delegado sindical pelo sindicato agrícola junto das cooperativas e de trabalhadores por conta de outrem, especialmente das cooperativas onde me mantive até 1986.
J.A. Que mais fez após este ano?
J.C. Neste ano fui admitido na Câmara Municipal de Borba como operador de fogo, não nos quadros da Câmara, apenas a contrato. Com a minha experiência dediquei-me à rede de esgotos, ao alcatroamento e orientar grupos de homens até ao ano de 2002
J.A. Despertou-nos a atenção sempre que o víamos com stands em feiras e festas com peças de artesanato. Como surgiu essa paixão?
J.C. Desde miúdo e para me entreter sempre fiz peças em artesanato em madeira, cortiça e papel, principalmente depois de reformado.
J.A. Como homem dos 7 ofícios a que mais se dedicou?
J.C. Como atrás refiro com a experiência adquirida fui muito solicitado para tratar de árvores, hortas, limpar oliveiras, poda de vinhas e com o que sabia ensinar também aos mais novos.
Ainda e a pedido da Câmara Municipal de Borba foi pioneiro da primeira "Feira de Ervas" que se fez na freguesia da Orada, iniciativa que trouxe muita gente a Borba e que se tornou quase como uma referência.
J.A. Quais as peças que mais gosta de fazer como artesão?
J.C. Fiz e ainda faço tarros, cochos, cornas para azeitonas, cadeiras, mochos em tamanho normal e em miniaturas bem como de alfaias agrícolas. Fiz ainda uma réplica da Igreja da Senhora da Orada que vai ser oferecida à junta de freguesia da Orada.
J.A. De âmbito social a que mais se dedicou?
J.C. Fiz parte da Assembleia Municipal de Borba como membro da junta de freguesia, fiz parte dos órgãos sociais da cooperativa de consumo, sócio dos bombeiro voluntários, sócio da liga de amigos de Estremoz, sócio da casa de cultura da Orada, formou o Rancho Folclórico "Cravos e Rosas da Orada" que deixou por motivos profissionais e que deixou ao José Martins que lhe deu continuidade.
Apesar da vida não me ter sorrido sempre mantive um espírito alegre, rodeado de muitos amigos sempre cheio de esperança que tudo isto havia de mudar para melhor.
Fotografias de Adriano Bastos
Alentejo- Artesanato de Borba
https://youtu.be/WLDM8PXpBuI
Quarta-feira, 9 de Setembro de 2020
Livro da Semana
Páscoa Feliz
de
José Rodrigues Miguéis
"O seu aparecimento em Lisboa foi saudado efusivamente pelos amigos que o tinham visto partir com desgosto das tertúlias dos cafés. José Gomes Ferreira anotou o facto como um acontecimento jubiloso, nesta passagem do seu livro A Memória das Palavras – ou o Gosto de Falar de Mim: «Pouco mais ou menos por essa ocasião aconteceu o reencontro, para mim desvanecedor, com a personalidade poderosa de José Rodrigues Miguéis, que exercia, então, como nas gerações subsequentes, um fascínio dominador, sobre tudo e todos, exultante dum conjunto de virtudes raras num escritor que, a par da inventiva psicológica, da luminosidade do pensamento, da influência mágica da palavra, moldável a qualquer capricho de expressão pedagógica, política ou polémica, amava contar histórias- histórias com um toque de sensualidade de lucidez doentia que o acanhado meio e o puritanismo de olhos baixos do idioma reprimia a custo. No momento em que voltámos a abraçar-nos (desde a adolescência que a nossa vida tem sido um abraço de reencontro pegado!), José Rodrigues Miguéis preparava a edição da Páscoa Feliz…» "
Mário Neves
Terça-feira, 8 de Setembro de 2020
Momento musical
António Pinho Vargas
"Vilas morenas" do disco "As folhas novas mudam de cor" (LP 1987)
https://youtu.be/m49z5N_Vr88
Domingo, 6 de Setembro de 2020
Concerto de Domingo à tarde
The Mamas & the Papas - California Dreamin'
https://youtu.be/qhZULM69DIw
Quinta-feira, 3 de Setembro de 2020
O Livro da Semana
O Medo
"cada dia que passa escrevo menos, e o pouco que escrevo exige todo o tempo disponível, requer paixão e partilha.
está frio de quebrar ossos.
às vezes queria ser pastor, homem transumante, ir e regressar com o sol e as chuvas, ir e regressar eternamente com o ciclo das estações.
hoje fiz trinta e seis anos. acabaram-se algumas coisas na minha vida, sinto isto, apesar de ainda não perceber claramente o quê. estou certo que a juventude não recomeça nunca, nem terá início hoje. habituo-me à grande desolação dos dias
diz o horóscopo que os capricórnios têm uma velhice feliz. a velhice, dizia Céline, é um sobejo da vida.
escasseia o tempo na tentativa de vislumbrar algum sossego.
escrever, passar a vida a escrever, para quê?"
Quarta-feira, 2 de Setembro de 2020
Celeiro da Cultura
Ao fim do dia
"Chega sempre o momento em que nos perguntamos qual é o propósito de certas amizades, de certas conversas, o que é que nos leva a tomar este ou aquele ponto de vista, a fingir que participamos, quando no fundo é escasso o que importa e o que pessoalmente para nós conta.
É certo que a vida em sociedade exige o ritual, pede o teatro, ninguém pode andar com a alma à mostra, ou abri-la com a mesma inocência com que às vezes se exibe o corpo. Mas quanta saliva gasta, quanto tempo perdido, tanta energia desbaratada sem que se adivinhe o que rende ou que moinhos a aproveitam
Não é que ao fim do dia me ponha a contabilizar a utilidade do trato social, apenas me toma um sentimento que balança entre a irritação e o desalento, de ver que também eu faço o que não quero, afirmo o que estou longe de pensar, gasto-me em salamaleques que só a contragosto, ou por necessidade do enredo, atribuiria a um personagem de romance.
Esse teatro derreia, leva a fazer má cara ou, pior ainda, a afixar o sorriso da hipocrisia."
Felicidade às gotas
"Afirmam os modestos e os medrosos que a felicidade é boa quando chega aos poucos ou em pequenas doses, provavelmente à maneira das gotas do soro fisiológico que lentamente penetram na veia do enfermo.
Outros há que a desejam repentina, um furacão, querem sentir-se arrebatados, como parece que acontece aos poetas românticos quando, depois de muita solidão e êxtase, subitamente enfrentam o objecto do seu amor.
A maioria, por certo também neste caso se comporta na forma habitual, deseja-se medianamente feliz, nada de altos e baixos, jackpots e misérias.
De facto, pouco adiantam as lucubrações, de nada valem os votos que fazemos, tão-pouco nos chega a felicidade em grande ou pequena medida. É um estado de alma.
Arrisco-me a dizer que ela só existe quando a chamamos, e ainda é preciso reconhecê-la, condão que a muitos falta."
José Rentes de Carvalho
Segunda-feira, 31 de Agosto de 2020
Concerto de Domingo
Ricardo Ribeiro - Fadinho Alentejano
https://youtu.be/Ns5zdIfoeJI
Ricardo Ribeiro - Mondadeiras
https://youtu.be/evmFy9F1ikk
Sábado, 29 de Agosto de 2020
Na Mochila para férias...
CERROMAIOR
de
Manuel da Fonseca
Edições Editorial
Caminho,SA
2011
À sua Santiago, Manuel da Fonseca apenas retirou a proximidade do mar.
Assim, Cerromaior retrata-nos uma cidade cercada pelo campo e a realidade alentejana dos anos trinta e quarenta.
São focadas todas as classes sociais: a família de latifundiários que dominam toda a cidade (os primos de Adriano, a figura central do romance); o herói Adriano, filho da burguesia local mas com problemas financeiros; o proletariado rural, objecto da exploração económica; o Doninha, figura típica de Cerromaior dominada pela loucura; a Guarda Nacional Republicana, aliada dos poderosos.
A trama de Cerromaior gira em torno de Adriano, dividido entre as suas origens e a consciência que toma da verdade da sua terra, e que acaba por tomar a defesa dos mais desprotegidos.
Literariamente, este romance descreve um círculo, sendo a cena inicial em que encontramos Adriano na prisão local o termo da trama.
Este romance foi adaptado ao cinema por Luís Filipe Rocha em 1980.Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Cerromaior é o nome do primeiro romance de Manuel da Fonseca, publicado em 1943.
Cerromaior é o nome da (pequena) cidade onde decorre a acção do romance. Se bem que sendo uma cidade imaginária são notórias as semelhanças com a terra natal de Manuel da Fonseca, Santiago do Cacém. Aliás, o facto é referido pelo próprio logo no prefácio da obra «Cercado de cerros, que vão de roda em anfiteatro com o lugar do palco largamente aberto sobre a planície e o mar, o cerro de Santiago é de todos o mais alto. Daí o título: Cerromaior. Vila que me propus tratar...»
Sexta-feira, 28 de Agosto de 2020
Alentejo-Natureza
"As cinco zonas do mundo onde se vive mais tempo"
"O explorador da "National Geographic" Dan Buettner identificou cinco zonas do mundo onde
as pessoas chegam aos 100 anos. Conheça a receita da longevidade.
O ponto de partida do projeto foi a ilha de Sardenha, em Itália. Na localidade reuniram-se
médicos, antropólogos, demógrafos e especialistas em epidemiologia, que estudaram o modo
de vida dos habitantes. E assim foi aberto caminho para uma investigação mundial.
Ao longo de vários anos, a pesquisa foi expandida e foram identificados cinco locais com comportamentos específicos que têm influência direta na saúde.
Ao programa foi dado o nome de "Blue Zones" ("Zonas Azuis"). Nesta categoria estão integradas
as ilhas de Okinawa, no Japão; a cidade de Loma Linda, na Califórnia (EUA); a península de
Nicoya, na Costa Rica; a ilha Icária, na Grécia; a ilha de Sardenha, em Itália.
Nas cinco regiões, a taxa de incidência de cancro e de doenças cardíacas são mais baixas,
em comparação com o resto do mundo. Apesar de o código genético ser um elemento essencial,
os investigadores reuniram nove comportamentos que influenciam a longevidade e que são
comuns a todas as zonas.
1. Contacto com a natureza
Os habitantes das cinco zonas estão em constante contacto com o meio ambiente. Usam as
montanhas para fazer grandes caminhadas. Não vão a ginásios, nem fazem maratonas.
Exploram e desfrutam da natureza. Também têm por hábito plantar jardins e quintais, de onde
colhem os alimentos para as refeições.
2. Objetivo de vida
Em Okinawa chamam-lhe "ikigai" e em Nicoya falam em "plano de vida". Encontrar um propósito
para acordar todos os dias. Em Loma Linda há um grande incentivo ao voluntariado, por exemplo.
Os habitantes concentram-se em ajudar os outros e ganham uma ocupação. Isto ajuda a
combater depressões e outras perturbações.
3. Pausar
Fazer uma pausa no dia. Em Okynawa tiram alguns minutos para lembrar os antepassados,
em Loma Linda
rezam, em Icária aproveitam para fazer uma sesta depois do almoço e na Sardenha existe uma
"happy hour" para o convívio.
4. A regra dos 80%
Não comer em quantidades exageradas, manter um peso equilibrado. Em Loma Linda há uma
grande preocupação em manter um índice de massa corporal saudável. Por norma, param de
comer quando o estômago está cerca de 80% cheio. A refeição mais pesada é feita de manhã e
à noite come-se pouco.
5. Vegetais
Feijões, soja, lentilhas e favas são a base das dietas praticadas nestes cinco locais. Por exemplo,
em Icária existe a dieta mediterrânica, rica em massas, arroz, frutas, vegetais e grãos integrais.
Muitos habitantes destas zonas são vegetarianos.
6. Vinho
Beber álcool de forma moderada e regular. Durante a refeição ou no convívio com os amigos
costumam beber m ou dois copos de vinho.
7. Espiritualidade
Os habitantes das zonas estão integrados em comunidades religiosas. A devoção é um ponto
forte das "Zonas Azuis" e tem influência direta nos hábitos e comportamentos.
8. Família sempre por perto
Os mais velhos ficam sempre perto da família. As pessoas são acompanhadas e têm sempre
alguém perto para ajudar e cuidar. A tendência é comprometer-se com alguém através do
casamento e ter filhos. Investem muito tempo na nova geração com a esperança que esses
cuidados um dia lhes sejam retribuídos.
9. Redes de amigos
Estar inserido num círculo de pessoas da comunidade. A noção de companheirismo está muito
presente. Os habitantes de Okinawa criam "moais", grupos de cinco amigos que se comprometem
para a vida."
in Jornal de Notícias
Segunda-feira, 10 de agosto de 2020
O Livro da Semana
Aldeia Nova
de
Manuel da Fonseca
"Rui enchia o peito de ar, lavava-se no sol. Mas já ia correndo rua abaixo. Uma grande vontade de correr. Onde estaria o Tóino e os outros? Ah! diria a avó que não queria voltar mais àquela casa! E diria também ao Estroina. Talvez lhe dessem razão… Deixassem-no andar, assim à sua vontade. Deixassem-no correr. Correr era bom. O bibe abria-se para os lados como asas. Deitava a cabeça para trás; o chão fugia-lhe debaixo dos pés. Nem via as casas, só o céu por cima dele. Entontecia, sentia-se livre como um pássaro. Se a mãe estivesse, não sereia nada daquilo a sua vida, não. A mãe deixava-o ser livre como um pássaro. Diria tudo isso ao avô: «Avô, desde que a mãezinha partiu, sinto-me preso como um pássaro numa gaiola!» Mas o avô não compreenderia as suas palavras. Nem a avó, nem o Estróina, ninguém!... O melhor era ir correndo, correndo sempre, correndo até tombar de cansado."
Domingo, 9 de Agosto de 2020
Concerto de Domingo à tarde
Hugh Laurie - Saint James Infirmary (Let Them Talk,
A Celebration of New Orleans Blues)
https://youtu.be/AzEBH6DZJVk
Sábado, 8 de Agosto de 2020
Borba e os seus escritores
ASPECTOS E CANÇÕES DA APANHA DA AZEITONA EM BORBA
de Fernando Castelo Branco
Publicações Lisboa 1958
Separata da Revista (Ocidente) - Vol.55LV - Liosboa 1958
Museu de Etnografia e História
JUNTA DISTRITAL DO PORTO
D. Fernando Luis de Sousa Coutinho Castelo-Branco e Menezes, 3º Marquês de Borba
Nascido: 10 de Jul de 1835
Falecido: 9 de Fev de 1928 (com a idade de 92)
D. Fernando Castelo Branco (Pombeiro)
Segundo todas as fontes, eram donatários de Belas nessa altura, os condes de Pombeiro, mais tarde marqueses de Borba. Foi da, sugestão de Fernando Castelo Branco (Pombeiro) e Eduardo Quintela de Mendonça (Farrobo) que o Sporting em 1906 adoptou do seu escudo para o emblema do clube o leão rompante de prata armado em preto sobre campo verde.
Criada em 21 de Agosto de 2012, a Associação dos Amigos de Borba
Associação de Borbenses Defensores do Património Ambiental e Cultural
Adira através do email
Para comentários e colaboração utilizar:
O Alentejano
"Homenagem aos Mestres Cantores do Alentejo"
Pintura de Espiga Pinto, sobre madeira, datada de 1965. 130x40cm
Col. Centro de Arte Moderna da
"Se há marca que enobrece o semelhante, é essa intangibilidade que o Alentejano conserva e que deve em grande parte ao enquadramento. O meio defendeu-o duma promiscuidade que o atingiria no cerne. Manteve-o Vertical e Sozinho, para que pudesse ver com nitidez o tamanho da sua sombra no chão. Modelou-o de forma a que nenhuma força por mais hostil, fosse capaz de lhe roubar a coragem, de lhe perverter o instinto, de lhe enfraquecer a razão... (...) É preciso ter uma grande dignidade humana, uma certeza em si muito profunda, para usar uma casaca de pele de ovelha com o garbo dum embaixador. Foi a terra Alentejana que fez o homem Alentejano, e eu quero-lhe por isso. Porque o não degradou proibindo-o de falar com alguém de chapéu na mão."
Miguel Torga In "Portugal" 1950
Fotografia de Adriano Bastos
O Alentejo lembra-me sempre
Um imenso relógio de sol
Onde o homem faz de ponteiro do tempo
Miguel Torga
Visitas desde 14/11/2012
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