05.4 Manuel Lapão

Freguesia de São Tiago de Rio de Moinhos

"A minha maravilhosa freguesia de São Tiago de Rio de Moinhos é uma freguesia rural, sustentada essencialmente por três atividades de negócio: a agricultura, os mármores e o fabrico e comercialização do queijo.

As pessoas da minha terra são muito boas. Noutras décadas, quando havia muitos malteses, era voz corrente que a maioria que passava por Rio de Moinhos não mais de lá saía, tal era o apoio que sentia!

De uma maneira geral, é uma população solidária, muito embora haja hoje alguns usos e costumes do passado que se estão a perder.

No passado, em épocas festivas, Páscoa, Carnaval, Natal e Ano Novo, etc., faziam-se os fritos, as filhoses, os bolos, normalmente havia partilha, entre os familiares, os vizinhos e amigos, assim como também distribuíam estes doces por pessoas mais carenciadas.

A matança do porco, as colheitas de vegetais, cereais, produtos hortícolas e outros também proporcionavam estes gestos de partilha.

Hoje em dia, compram-se todos estes produtos, facto que reduz consideravelmente o gesto de partilha.

Sinto-me muito orgulhoso em ser natural desta honrosa localidade."

"Quando ainda tinha apenas 10 anos de idade, imediatamente a seguir ao termo do ensino primário, surge o meu primeiro emprego. Com a finalidade de me fazer sentir o quanto eram difíceis os trabalhos do campo e para que eu pudesse vir a abraçar outra profissão, com empenho, responsabilidade e dedicação, o meu pai colocou-me a guardar ovelhas na serra d’Ossa, desempenhando a função de “ajuda” do pastor, Sr. José Russo, ou “tio Zé Russo”, numa propriedade serrana, denominada por Carneira, cujo patrão era o Sr. Joaquim Coelho, vulgarmente conhecido por Joaquim da Carneira..

Rebanho de ovelhas

Era uma profissão que carecia de uma presença 24/24 horas, para encaminhar os animais no pastoreio, domesticar as ovelhas, a fim de lhes criar rotinas, que as moldasse a entrar e sair voluntariamente do brado, assim como do aprisco, (retângulo estreito, feito à base de paus e de rede de corda, onde procediamos, diariamente, à ordenha), tratar e auxiliar nas movimentações dos borregos recém-nascidos, proteger as searas, evitando a invasão destas, proteger o gado dos ataques dos lobos, dos cães, das raposas e de outros malfeitores, assim como evitar os furtos.

Por estes motivos, não podíamos deixar os animais sós, condicionava-nos as idas diárias a casa, apenas o podíamos fazer, de oito em oito dias e, em dias desencontrados, num pequeno período da noite.

Na noite em que o pastor ia a casa, ficava só eu, no escampado, escuro e medonho, resguardado dentro da Socha, pequena cabana, com estrutura feita à base de paus e canas, coberta normalmente através de painéis de junco, acompanhado de muitos medos, originados por diversos ruídos, provocados pelos bichos, pelos animais selvagens e outros, bastante audíveis no silêncio da noite.

Na noite que me era reservada para ir a casa (popularmente conhecida por ir à roupa), regressava sozinho, de Rio de Moinhos, para o dito monte da Carneira (distância aproximada de 4 km), por volta da meia-noite/uma da manhã, utilizando o percurso possível, caminhos de asfalto muito maus, veredas, atravessando uma ribeira, que, por vezes, levava muita água, sempre com muito receio, por nesta ter morrido o pai de um amigo meu, arrastado pela força da água, e ainda enfrentando medos, imaginando que algum malfeitor poderia aparecer e me fazer mal.

Quando a noite era escura, dada a falta de visibilidade, mesmo que comigo levasse uma lanterna, evitava ligá-la para não dar a conhecer aos possíveis malfeitores que ali seguia, tropeçava nas pedras, nas rochas, nas árvores ou noutros obstáculos, caía nos buracos, etc., etc.

Em noites de luar, todas as sombras pareciam vultos de pessoas. Sob a influência do vento, as sombras movimentavam-se, levando-me a pensar que não eram sombras das árvores, mas sim de um vulto humano que vinha ao meu encontro, para me fazer mal.

A juntar a todos estes fenómenos naturais, surgiam os simulados pelos “ganhões”, criados da propriedade que tinham a função de tratar as terras e executar as mais diversas azáfamas agrícolas, que se deslocavam para a proximidade do itinerário, provocando o medo e os sustos, atirando pedras, provocando sons medonhos, alguns caracterizavam-se de bruxos, criando-me situações de grande pânico, levando-me, por vezes, a enfrentar momentos de medo profundo, acompanhados de muito choro. A pouca idade que tinha não era para menos!"

Segunda-feira, 3 de Setembro de 2018

Os nossos escritores

Rio de Moínhos-Borba

Manuel Lapão

Sessão de Apresentação de seu Livro. Faça duplo-click no Link seguinte

https://www.facebook.com/manuel.lapao/videos/2097964003562999/

"Ao longo da minha vida, residiu sempre comigo o desejo de um dia relatar o meu passado

em livro. Aos 71 anos e atendendo a que estou no percurso descendente da minha pernanência sobre a terra , aproveito para autobiografiar, sequencialmente os factos e os momentos que entendo serem relevantes.

Ainda como tema de introdução, este meu trabalho biográfico tem como objectivo dar a

conhecer , aos meus amigos, ao público em geral e aos leitores em particular, todos os

detalhes da minha vida, do meu passado e da minha cultura.

Tendo em conta as variadíssimas dificuldades que enfrentei, o empenhamento e a força

que tive que exercer para as vencer, tenho a certeza que terá um excelente efeito pedagógico,

junto da população jovem, que, na sua maioria , está desesperada, sem soluções para

a caminhada profissional."

Manuel Lapão

"O Meu Livro, é em traços gerais a minha autobiografia, que relata a minha infância, a

minha adolescência, os meus patrões, os meus mestres os meus colegas, os meus

professores, o meu percurso académico, a carreira profissional, o serviço militar, a

passagem pela política o matrimónio, os filhos, a família, os amigos, os clientes, os

meus empregados, a minha terra Rio de Moinhos e o seu excelente povo."

Manuel Lapão

"Tal como ele relata, nasceu do seio de uma família modesta, cresceu num ambiente campesino, fez o ensino primário, trabalhou no campo como ajuda do pastor, ingressou mais tarde na aprendizagem de mecânico de automóveis, interrompendo esse percurso para prestar o serviço militar obrigatório.

No exercício deste , cumpriu uma comissão de serviço em Moçambique, ex-província ultramarina. Regressou à Metrópole e retomou o ofício de mecânico, tendo "milhado" em várias empresas do ramo.

Em 1970, ligado-nos matrimonialmente, abrindo caminho a uma nova e felicíssima vida familiar, recheada com dois filhos e posteriormente três netos.

lutou sempre para termos uma vida melhor, que desse

estabilidade à familia.

(...) Sempre lhe reconheci dotes de uma pessoa inteligente, criativa, interessada e humana. O seu cérebro não pára, está constantemente a apresentar novos projectos.

Pelo relato honesto, sincero e objectivo que escreve, pelo filho, marido, pai, avô e amigo que sempre tem sido, merece que se considere uma pessoa excepcional."

Irene Lapão

Fotografias in FB-Manuel Lapão

Os nossos escritores

Rio de Moínhos-Borba

"O Meu Livro, é em traços gerais a minha autobiografia, que relata a minha infância, a minha adolescência, os meus patrões, os meus mestres os meus colegas, os meus professores, o meu percurso académico, a carreira profissional, o serviço militar, a passagem pela política o matrimónio, os filhos, a família, os amigos, os clientes, os meus empregados, a minha terra Rio de Moinhos e o seu excelente povo."

"Tal como ele relata, nasceu do seio de uma família modesta, cresceu num ambiente campesino, fez o ensino primário, trabalhou no campo como ajuda do pastor, ingressou mais tarde na aprendizagem de mecânico de automóveis, interrompendo esse percurso para prestar o serviço militar obrigatório.

No exercício deste , cumpriu uma comissão de serviço em Moçambique, ex-província ultramarina. Regressou à Metrópole e retomou o ofício de mecânico, tendo "milhado" em várias empresas do ramo.

Em 1970, ligado-nos matrimonialmente, abrindo caminho a uma nova e felicíssima vida familiar, recheada com dois filhos e posteriormente três netos.

lutou sempre para termos uma vida melhor, que desse

estabilidade à familia.

(...) Sempre lhe reconheci dotes de uma pessoa inteligente, criativa, interessada e humana. O seu cérebro não pára, está constantemente a apresentar novos projectos.

Pelo relato honesto, sincero e objectivo que escreve, pelo filho, marido, pai, avô e amigo que sempre tem sido, merece que se considere uma pessoa excepcional."

Irene Lapão

"Ao longo da minha vida, residiu sempre comigo o desejo de um dia relatar o meu passado em livro. Aos 71 anos e atendendo a que estou no percurso descendente da minha pernanência sobre a terra , aproveito para autobiografiar, sequencialmente os factos e os momentos que entendo serem relevantes.

Ainda como tema de introdução, este meu trabalho biográfico tem como objectivo dar a conhecer , aos meus amigos, ao público em geral e aos leitores em particular, todos os detalhes da minha vida, do meu passado e da minha cultura.

Tendo em conta as variadíssimas dificuldades que enfrentei, o empenhamento e a força que tive que exercer para as vencer, tenho a certeza que terá um excelente efeito pedagógico, junto da população jovem, que, na sua maioria , está desesperada, sem soluções para a caminhada profissional."

Manuel Lapão