01- Manuel Ribeiro de Pavia

1-Manuel Ribeiro de Pavia

Pavia

"Todo o verdadeiro artista é um transformador de energias, e como tal a obra de arte nunca poderá ser um acto gratuito. A sua melhor, a mais espinhosa tarefa é reintegrar o homem na dignidade humana. Em arte só o real é verdadeiro-aquilo que se pode verificar pelo comportamento emotivo do homem. Daí sucede, por vezes, que numa arte distanciada do público os primeiros contactos sejam sempre dolorosos e decepcionantes. Necessàriamente que o homem comum, entregue aos azares dos seus recursos individuais, não pode ter uma visão excepcional do mundo. Todo o artista deve (e tem) de ser um criador activo, isto é, um colaborador actuante e interessado no conjunto das funções sociais. O que pretende expressar deverá ir além da sua vida afectiva ou intelectual e comparticipar da aventura quotidiana, numa familiaridade constante com os restantes individuos. Uma obra de arte resulta sempre bela e universal, na medida em que foi possível ao artista comunicar ao mundo exterior qualquer parcela da sua profunda emoção das realidades humanas."

Manuel Ribeiro de Pavia

"Manuel Ribeiro de Pavia (n.1910 - m.1957), desenhador, ilustrador, aguarelista, foi um dos maiores valores do neo-realismo português, no campo das artes plásticas. Nasceu em Pavia, Arraiolos, em 1910, e em 1929 veio para Lisboa, onde se dedicou ao desenho e à ilustração. Ilustrou principalmente livros de escritores neo-realistas, nomeadamente Alves Redol. "As exigências gráficas das capas levaram-no a encontrar soluções formais decorativistas". (Manuel Alves de Almeida, 1990)

Participou em quase todas as Exposições Gerais de Artes Plásticas, tendo visto várias das suas obras apreendidas na segunda destas exposições, em 1947.

A temática mais recorrente nos seus trabalhos (desenhos e aguarelas) é o Alentejo e os seus camponeses, oscilando a expressão entre o lirismo, principalmente na representação da mulher, e a agressividade da denúncia social.

"Nunca tendo podido realizar sonhos de pintor mural, dentro dos esquemas estéticos do neo-realismo, em que ideologicamente se enquadrava, Pavia deixou larga obra dispersa de guaches a desenhos". (José Augusto França, 1973).

Em 1950 publicou um álbum de desenhos a que chamou "Líricas". Morreu em Lisboa em 1957. O conjunto da sua obra foi exposto no ano seguinte pela Sociedade Nacional de Belas Artes.Grande parte da sua obra está reunida na Casa-Museu Manuel Ribeiro de Pavia, em Mora, no Alentejo."in CITI

Alentejanos, 1946, desenho

Rosa de Guadalupe (1955)

"Eugénio de Andrade, que o conhecia bem, em Os Afluentes do Silêncio, falou dele: "Esta morte,

assim sem mais nem menos, que um amigo me comunica, entala-se-me na garganta. «Morreu o

Manuel Ribeiro de Pavia. Levou-o uma pneumonia que o foi encontrar depauperado por uma vida quase de miséria. Passava fome! Tinha uma única camisa!

Não pagava o quarto há imenso tempo! E nós a falarmos-lhe de poesia...» Assim é: passava realmente

fome. Todos nós o sabíamos. E ele a falar-nos de pintura, de poesia, da dignificação da vida. É justamente nisto que residia a sua grandeza. Não falava da sua fome - de que, feitas bem as contas, veio a morrer. A fome não consta de nenhum epitáfio. ..."(in Wikipédia)

"Servos da Gleba"