03- Março 2020

Fotografia de Adriano Bastos

O Alentejano

"Homenagem aos Mestres Cantores do Alentejo"

Pintura de Espiga Pinto, sobre madeira, datada de 1965. 130x40cm

Col. Centro de Arte Moderna da

Fundação Calouste Gulbenkian

O Alentejo lembra-me sempre

Um imenso relógio de sol

Onde o homem faz de ponteiro do tempo

Miguel Torga

Sábado, 11 de Abril de 2020

Páscoa

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Fotografias de Adriano Bastos

“Cada hombre es una humanidad, una historia universal.”

Jules Michelet

"Entristece-se o homem pela rudeza da vida e injustiça do seu semelhante. No caminho encontra Jesus que lhe diz:

-bom homem continua no teu trilho, a bondade, o fazer bem cria raizes e são sementes para os frutos que se irão colher. Não desistas e não abandones a estrada que escolheste. O homem tem vida curta e na que tiver, algo tem de fazer. Não te lastimes, ganha ânimo e coragem lutando contra as injustiças. Houve o cântico dos pássaros para te animares e teres alento na tua vida. Olha o quanto de belo existe na natureza . Aprecia o belo e criarás. Rejeita o ódio e aproxima-te do bem e nesse trilho encontras mais felicidade que partilharás. "

André Vide

J.S.BACH- Paixão segundo São Mateus-1728

https://youtu.be/D7iTe9CZLAY

"Na “Páscoa” os cristãos celebram a Ressurreição de Jesus Cristo depois da sua morte por crucificação, que ocorreu na “Sexta-Feira Santa” (sexta-feira antes do Domingo de Páscoa), data em que é evocado o julgamento, paixão, crucificação, morte e sepultura de Jesus, através de diversos cerimónias religiosas.

O período de quarenta dias que antecipam o Domingo de Páscoa é conhecido por “Quaresma”. Esta começa na quarta-feira de cinzas (quarta-feira a seguir à terça-feira de Carnaval) e termina na chamada “Quinta-Feira Santa”, data da celebração da última ceia de Jesus Cristo com os doze apóstolos. Após a Quaresma, inicia-se o chamado “Tríduo Pascal”, que finda no “Domingo de Páscoa”. Este é precedido por um domingo conhecido por “Ramos” e sucedido por um domingo conhecido por “Pascoela”.

Texto de Hernani Matos

"Que amarga esta Sexta-feira Santa. Não é da solidão; nunca me sinto só. Quando estou sozinho sou todo meu, dizia Leonardo, e entendo-me comigo."

António Lobo Antunes

"Hoje, domingo de Páscoa, de manhã

Passou pela ilha uma tempestade de neve.

Entre as sebes verdejantes havia neve. O meu filhinho

Pra me mostrar um pequeno damasqueiro junto à casa

Veio arrancar-me a um verso em que apontava com o dedo

Para aqueles que estão a preparar uma guerra que talvez

Venha a destruir o Continente, esta ilha, o meu povo,

A minha família e a mim. Calados

Pusemos um saco

Sobre a árvore gelada"

Bertolt Brecht

Photography Ching Yang Tung

Sexta-feira, 10 de Abril de 2020

Tempo de leitura

Photography Ching Yang Tung

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Como é que eu,

ouvindo tão mal, distingo

o teu andar desde o princípio do corredor?

Como é que eu,

vendo tão pouco, sei

que és tu que chegas, conforme a luz?

Como é que eu,

de mãos tão ásperas, desenho

a tua cara mesmo tão longe dela?

Onde está

tudo o que sei de ti

sem nunca ter aprendido nada?

Serei ainda capaz

de descobrir a palavra

que larga o teu rasto na janela?

(Que seria de nós

se nos roubassem os pontos de interrogação?)

Mário Castrim, in "Os Dias do Amor"

Há noites que são feitas dos meus braços

E um silêncio comum às violetas.

E há sete luas que são sete traços

De sete noites que nunca foram feitas.

Há noites que levamos à cintura

Como um cinto de grandes borboletas.

E um risco a sangue na nossa carne escura

Duma espada à bainha dum cometa.

Há noites que nos deixam para trás

Enrolados no nosso desencanto

E cisnes brancos que só são iguais

À mais longínqua onda do seu canto.

Há noites que nos levam para onde

O fantasma de nós fica mais perto;

E é sempre a nossa voz que nos responde

E só o nosso nome estava certo.

Há noites que são lírios e são feras

E a nossa exatidão de rosa vil

Reconcilia no frio das esferas

Os astros que se olham de perfil.

Natália Correia

Fotografia de Adriano Bastos

É doloroso por vezes chegar a casa, encostar o corpo,

fechar as pálpebras e sentir que a cabeça é um quarto vazio,

um desamor só e ferido, queimadura que chega ao coração

Joaquim Pessoa

Lisboa é o rio. O resto são os olhos das casas voltados para ele. Ou para a memória de quem sabe que está lá. Não vejo o rio donde moro, eu. Não vivo portanto em Lisboa mas no que sobeja dela em bairro ou campo adjacente. Deve ter sido também por isso que a não aprendi a amar. Fantasio-me assim a morar donde visse o rio ao abrir as janelas pela manhã e houvesse barcos, cais de atracamento, talvez gritos de gaivotas e eu pudesse assim inserir-me nas grandes navegações e recuperar a minha memória marítima de português que perdi. E ser de novo eu com mais quinhentos anos a esclarecerem-me a identificação.

VERGÍLIO FERREIRA

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Photography Ching Yang Tung

Juventude

Sim, eu conheço, eu amo ainda

esse rumor abrindo, luz molhada,

rosa branca! Não, não é solidão,

nem frio, nem boca aprisionada.

Não é pedra nem espessura.

É juventude. Juventude ou claridade.

É um azul puríssimo, propagado,

isento de peso e crueldade.

Eugénio de Andrade, poemas

Quinta-feira, 9 de Abril de 2020

Pablo Picasso

26 de abril de 1937

Quadro Guernica de Pablo Picasso

"O Quadro Guernica de Pablo Picasso é uma das mais famosas pinturas do artista espanhol e uma das mais conhecidas do cubismo. Esta obra de arte revela os efeitos da guerra em uma população.

O artista espanhol se inspirou no bombardeamento da cidade Guernica no dia 26 de abril de 1937. Neste dia, aviões alemães da Legião Condor destruíram quase completamente a cidade espanhola. Guernica (ou Gernika em basco) é uma cidade da província da Biscaia, localizada na comunidade autônoma do País Basco.

Por este motivo, este quadro tem também um significado político e funciona como uma crítica à devastação causada pelas forças Nazistas aliadas com o ditador espanhol Franco. Outra possível interpretação indica que o quadro Guernica funciona como um símbolo de paz ou anti-guerra.

Depois de ter sido terminado (demorou aproximadamente um mês a ser terminada), o quadro fez uma digressão pelo mundo, tendo ficado globalmente reconhecido e atraindo a atenção do resto do mundo para a Guerra Civil Espanhola.

Com o início da Guerra Civil Espanhola (em 1936), o falecimento da sua mãe em 1939 e o princípio da Segunda Guerra Mundial, o artista teve uma fase mais escura. Algumas das suas obras criadas nessa altura revelam o seu estado de espírito mais atormentado, como por exemplo o quadro Guernica e a série de "Dona Maar".

Quando rompeu a Segunda Guerra Mundial, o artista resolveu emprestar a sua pintura ao Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA), onde esteve até 1981, ano em que regressou a Espanha.

Guernica é uma pintura a óleo sobre tela de grandes dimensões, com 7.76 metros de comprimento e 3.49 metros de altura. Atualmente, esta pintura está exposta em Madri, no Museu Reina Sofia.

Leia também: 13 obras essenciais para compreender o gênio de Pablo Picasso

Análise do quadro Guernica

O contexto histórico é essencial para interpretar esta pintura. Neste momento, a Espanha vivia um conflito entre as forças Republicanas e os Nacionalistas, liderados pelo General Francisco Franco. Os Nacionalistas contaram com o apoio do exército Nazista e autorizaram os alemães a bombardearem Guernica, como forma de testarem novas armas e táticas de guerra, que viriam a ser usadas mais tarde na Segunda Guerra Mundial.

Depois do ataque destruidor, Pablo Picasso - que estava morando em França na altura - estava trabalhando numa obra para apresentar numa Exibição em Paris a pedido do Governo Republicano Espanhol, mas decidiu abandonar a sua ideia original para criar uma obra relacionada com o ataque em Guernica.

Cores

O preto e branco foram as cores escolhidas pelo o autor, que servem para intensificar a sensação de drama causado pelo bombardeamento.

Composição

Esta é uma obra cubista, pois inclui figuras geometricamente decompostas, usando elementos surrealistas e técnicas que seriam associadas ao cubismo.

O cavalo e o touro são dois dos elementos mais destacados do quadro, sendo elementos muito populares na cultura espanhola. Uma possível interpretação é que este ataque representa um ataque à cultura espanhola, uma tentativa de destruir os ideais defendidos pelos cidadãos espanhóis.

Além disso, também é possível ver o horror causado em seres humanos, com um soldado morto no chão, uma mãe que chora a morte do filho morto nos seus braços (esquerda do quadro), uma mulher em desespero enquanto a sua casa é destruída em chamas (direita do quadro), uma mulher com a perna ferida que tenta fugir de todo o caos causado (no centro da pintura) e uma mulher com um lampião, que parece iluminar o resto dos elementos (no centro do quadro).

Alguns elementos parece que têm algo escrito dentro, como se fossem formados por folhas de jornal. Isso indica como o pintor foi informado sobre o ataque ocorrido em Guernica.

A espada quebrada representa a derrota do povo, que foi quebrado pelos seus opositores, enquanto os edifícios em chamas indicam a destruição não apenas em Guernica, mas a destruição causada pela Guerra Civil." in quadro-guernica-de-pablo-picass

Quarta-feira, 8 de Abril de 2020

Borba inspiradora

Fotografia de Filipe Galhanas

PASSADO COM HISTORIA

TI INÁCIO

Os fundadores do blogue Amigos de Borba, agradecem e têm muito gosto em publicar, esta bonita crónica, dedicada a um grande homem, Inácio António Ramos que já partiu, mas nunca o esquecemos.

A autoria é de Francisco Pardal, mais conhecido por (Chico Cabeleireiro), brindou-nos a nós e ao povo de Borba escrevendo de uma personagem, muito querida de todos nós, que nos deixa sempre saudades, obrigado Francisco: Zé Russo.

Nas festas das primícias da seara, eram feitas as ofertas dos primeiros frutos, com cortejo levado ao altar do Senhor Deus, reveladas diversas vezes no Antigo Testamento.

Muitos milhões de taças de vinho, foram consumidas, nas festas Salomónicas e de outros Reis e Profetas, de que nos fala a Bíblia.

É desses tempos de séculos e séculos que, que nos vem o grão de trigo e o fruto da videira, os quais, nos foram deixados por Jesus Cristo, para nosso Alimento na Fé.

Confinados ao ínfimo do espaço, que como terra de vinhos, Borba se encontra, onde os modos mais artesanais era realizado o seu fabrico, desde homens que de enxada ao ombro, por um trabalho à jorna, revolviam a terra, fazendo com que as videiras produzissem, mais abundantes cachos que, seriam pisados, para deles sair o tão apreciado e saboroso liquido, hoje classificado pelos estudiosos no assunto como agridoce, encorpado e de diversos sabores.

As vindimadoras, de ranchos que cantavam alegremente pelos campos, são hoje, em grande parte substituídas por máquinas, nas colheitas da uva, até às formas mais sofisticadas, ao recolher do seu sumo, a que depois chamamos vinho.

Serve esta breve reflexão, para o que a seguir se revela, como realidade do conhecimento, que nos fica do dia-a-dia da vida.

Era em Setembro, no dizer dos agricultores, mês em que São Miguel fecha as asas, tempo de vindimas e que assinala o fim do verão.

Havia na antiga rua do Biscaio, um cheiro que se tornava agradável e que vinha da taberna do Tio Inácio, onde pela janela aberta da adega, nos chegava o som das uvas em fermentação, exalando o cheiro a mostro.

O senhor Ramos na linguagem popular de Ti Inácio, figura bem conhecida de todos, e afamado pelo seu saber como escolher a uva que fazia bom vinho.

Pelo trato respeitoso e afável que apesar da diferença de idades, sempre mantivemos conversas francas e abertas.

Era à hora do serão, quando a porta da taberna se fechava, que ele e sua mulher a Ti Quica, recolhiam a casa.

Para que isso acontecesse, já antes tinham sido feitas as vindimas, que era quando o Tio Inácio, com as suas botas de borracha, tinha saltado para dentro do tino das uvas, fixado ao carro de varais, onde vinham as uvas e de forquilha nas mãos, ia lançando golpes atrás de golpes e as uvas, iam escorrendo pelo tabuleiro abaixo, até ao chão de mármore, que ele primava pela limpeza, até à adorna, onde se desfazia dos engaços e eram levadas para dentro das talhas, para fermentarem.

Cá fora na rua ouvia-se o ruído da fervura do mostro, éramos levados a dizer. Óh Tio Inácio já ferve, ao que ele respondia.

Ainda tem que levar muita volta, porque era preciso dar volta às talhas, como ele dizia, embora não saíssem do mesmo sítio, porque o que era mexido era o que estava lá dentro.

Ora aconteceu que certa vez, passando pela rua, cumprimentando-o, ele deu-me como resposta, um gesto, chamando-me com a mão, anda cá, anda cá.

A taberna aquela hora estava vazia, só nós dois, fui assim convidado a passar para o lado de dentro do balcão, o que era proibido a qualquer freguês e que ele impunha respeito, fui seguindo os seus passos, entrando na zona das talhas da adega, com o vinho por ele fabricado.

Uma das talhas tinha colocada uma torneira, em baixo ao fundo da barriga, com o registo um pouco aberto, por onde corria um fio gotejante de vinho, para dentro de um grande alguidar de barro vermelho, onde uma cabaça servia para encher os jarros de vinho, que iam para o balcão.

Subindo uns degraus de um pequeno escadote, e pegando num dos copos que servia para as provas, afastou alguns bagulhos e tirou de lá um copo com vinho por cima para eu provar, dizendo:« isto é só para nós»; dando a entender que poucos tinham a oportunidade de tal privilégio.

E eu bem ao contrario do que mandam as boas regras da enologia, de cheirar e provar, peguei no copo que ainda pingava no fundo e de um golpe suave bebi metade daquele precioso néctar, banhando nele a língua e procurando saborear o gosto, que aquele pico miudinho lhe transmitia, era puro sumo de uva, fermentado em talha de barro, pesgada com o produto próprio, acabei por fim a dar um estalo com a língua dizendo:«Oh Tio Inácio, isto parece champanhe!»,

Era isso mesmo que eu esperava ouvir.

Não sei se era vinho ou champanhe, o que era verdade, é que uma vez sabendo-se na vila que tinha vinho novo, era sinal de casa cheia e então, era ver aquela taberna cheia de homens, saídos das pedreiras, fustigados pelo árduo trabalho, alinharem-se ao balcão para beber, e erguendo os copos e inclinando o corpo para trás, saboreavam o precioso néctar, manifestando um piscar de olho, do sabor que lhes tinha ficado na boca, outros erguiam os copos virados para a luz, fazendo reflectir sobre o liquido, aquela cor linda que contem, sim, porque os olhos também comem (neste caso bebem).

Já todos querem falar ao mesmo tempo, provocando um zum zum, em que nada se percebe, vai mais um e mais um, até ficarem muito alegres e bem-dispostos.

O petisco, bem, o petisco era muitas vezes restos de pão, carne ou queijo, que vinham na lancheira, como sobras do almoço.

FRANCISCO PARDAL

(CHICO CABELEIREIRO)

Terça-feira, 7 de Abril de 2020

Alentejo

Paisagens do Alentejo.. (Borba)

Foto: © Vítor Laranjeiro Photography

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Paisagens do Alentejo.. (Arraiolos)

Foto: © Vítor Laranjeiro Photography

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Campos do Alentejo.. (Alcaçovas)

Foto: © Vítor Laranjeiro Photography

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Campos do Alentejo..

Fonte: © Alma Alentejana

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Segunda-feira, 6 de Abril de 2020

Livro da semana

Urbano Tavares Rodrigues

Fuga Imóvel.Trecho do conto Telepathos

«Daqui te falo, através do vento de Novembro ainda cheio de pássaros e que derruba alguns postes telegráficos e fica cheio de sangue ( do meu sangue congelado ) sobretudo quando se encontra com a neve na travessia dos Alpes. Porque, bem sabes, isto de escrever é como dar sangue, só vale a pena quando cortamos as veias, para depois as laquearmos, está claro, até um dia, até ...ao acto absoluto de auto-vampirismo que secretamente nos fascina.

Em mim há todas as contradições, e só assim se explica que te deseje com este excesso que a distância torna em ferida e ao mesmo tempo com todo o amor e ódio por todas as mulheres, amor feito desta intensa espera de te descobrir e redescobrir, mas também da angústia, receio do definitivo; de infinita ternura, mas também de pânico, ou de espanto da abertura para a morte que é a aniquilação no outro.»

Domingo, 5 de Abril de 2020

Concerto de Domingo à tarde

Bach

Erbarme dich, mein Gott (Matthäuspassion)

Galou (Roth)

https://youtu.be/BBeXF_lnj_M

Sábado, 4 de Abril de 2020

Celeiro da Cultura

ROGER VAN DER WEYDEN

O Descendimento (detalhe)

Anterior a 1443.

Museu do Prado, Madrid

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"A pintura é uma poesia que se vê e não se sente, e a poesia é uma pintura que se sente e não se vê."

Leonardo Da Vinci

Jean-Francois Millet - The Gleaners, 1857. Oil on canvas, 83.5 × 110 cm (32.9 × 43.3 in). Musée d'Orsay, Paris, France

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"O talento desenvolve-se no amor que pomos no que fazemos. Talvez até a essência da arte seja o amor pelo que se faz, o amor pelo próprio trabalho."

Máximo Gorki

“ O mundo muda quando dois se olham...e se reconhecem. Amar, é despir-se de nomes.” Octávio Paz

“Você diz que ama a chuva, mas você abre seu guarda-chuva quando chove. Você diz que ama o sol, mas você procura um ponto de sombra quando o sol brilha. Você diz que ama o vento, mas você fecha as janelas quando o vento sopra. É por isso que eu tenho medo. Você também diz que me ama.” William Shakespeare.

Homenagem aos Mestres Cantores do Alentejo,

têmpera sobre madeira, (1,30 x 40 cm), 1965.

Autor: José Manuel Espiga Pinto - CAM, Fundação Calouste Gulbenkian.

Calendário de Adriano Bastos

Photography Ching Yang Tung

Photography Ching Yang Tung

"São sete ou oito grupos de perto e longe. Cantam os trabalhos e os dias, os amores e as paisagens.

Estão duas mil pessoas a ouvi-los pela noite fora, em silêncio, só aplaudindo no fim de cada canção, à entrada de cada grupo, mas neste caso quase nada, porque é sabido que mal se podem bater palmas quando os homens começam a mover-se, lentamente, naquele movimento pendular dos pés, que parecem ir pousar onde antes haviam estado, e no entanto avançam.

O tenor lança os primeiros versos, o contratenor levanta o tom, e logo o coro, maciço como o bloco dos corpos que se aproximam, enche o espaço da noite e do coração. O viajante tem um nó na garganta, a ele é que ninguém poderia pedir-lhe que cantasse. Mais facilmente fecharia os punhos sobre os olhos para não o verem chorar." (José Saramago, "Viagem a Portugal")

José Manuel Espiga Pinto

Fotografia in Público .pt

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Fundação José Saramago

Sexta-feira, 3 de Abril de 2020

GASTRONOMIA

Receitas Culinárias Alentejo

Conheça as Receitas Culinárias do nosso

Alentejo, as quais constituem património secular que urge preservar

e outras mais receitas do nosso Alentejo.

Ensopado de Borrego

INGREDIENTES

1 kg de carne de borrego

1 cabeça pequena de alho

1 dl de azeite

2 folhas de louro Sal q.b.

PREPARAÇÃO

Parte-se a carne e leva-se esta a cozer em água tempera-da de sal.

Ao levantar fervura, vai-se retirando toda a espuma.

Seguidamente, juntam-se os alhos picados finamente, a fo-lha de louro e o azeite.

Deixa-se acabar de cozer e apurar.

SUGESTÃO

Serve-se sobre sopas de pão, aromatizadas com um rami-nho de hortelã.

Receita publicada em “Comeres de Serpa” (Câmara Municipal de Serpa e Escola

Superior de Educação de Beja, 1994).

O Borrego do Baixo Alentejo – IGP, que resulta do cruzamento das raças Campaniça

e Merino Branco com raças não autóctones, alimenta-se de leite materno e

pastagens espontâneas ou melhoradas. A carne, tenra e suculenta, é utilizada

na confeção de vários pratos, como a Perna de Borrego Assada no Forno de Lenha e o

Ensopado de Borrego.”

In RECEITAS E SABORES DOS TERRITÓRIOS RURAIS • 235

https://sites.google.com/site/amigosterrasborba/1-alentejo-1/4-gastronomia/rereceitas-de-culinaria-do-alentejo-1

Quinta-feira, 2 de Abril de 2020

"Respigando...Borba"

(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)

Photo of Ching Yang Tung

A FONTE DAS BICAS

José Miguel Simões

Edições Colibri e CEDA

Outubro 202

A Fonte das Bicas é, com todo o merecimento, o ex-Iibris de Borba.

Monumento Nacional desde 1910, foi edificada em 1781, pela Câmara Municipal, que assumiu a sua função de protectora e zeladora dos interesses do povo no abastecimento da água à vila, face aos interesses privados. Na sua forma podemos adivinhar a influência dos desenhos das fontes de Carlos Mardel, projectadas para Lisboa, décadas antes. Contudo, a Fonte das Bicas pretendeu ser um monumento a Borba, não só pelo uso dos mármores, elogiados na inscrição do espaldar, mas também pela reconstituição do lago onde, segundo a lenda, se achou o barbo que deu o nome à vila. Pela novidade que trouxe ao Alentejo, a Fonte das Bicas foi modelo para outras fontes monumentais que depois dela surgiram na região.

João Miguel Simões nasceu em Lisboa, em I976. Licenciou-se em História, variante de História da Arte, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tendo concluído uma tese de mestrado com o título Arte e Sociedade na Lisboa de D. Pedro II.

Tem vindo a especializar-se na área da História da Arte do Barroco e da lconologia, tendo publicado algumas obras em livro: O Monumento do Senhor Roubado - Odivelas (2000), O Convento das Trinas do Mocambo (2001 - no prelo).

Desempenhou entre 2000 e 2002 as funções de historiador no Gabinete Técnico Local da Câmara Municipal de Borba, onde, em co-autoria, escreveu o livro O Vinho e o Património, reflexos de uma cultura secular e a componente histórica e urbanística do Plano de Pormenor de Salvaguarda da Zona Antiga de Borba.

Retrato de José Leandro Carvalho

INSCRIÇÃO GRAVADA NA FONTE, por baixo do medalhão da RAINHA D. MARIA I

IMPERATIBUS FIDELIS SIMA REGINA NOSTRA MARIA NOMINE I: CUM ETDELISSIMO REGE NOSTRO PETRO III: OBTENTA REGIA FACULTATE: SUB AUSPICIO ET PATROCINIO ILLIMI AC EX MI VICE COMITIS DE LOU RINHAA HUJUS PROVTICI AE GUBERNATORIS VTGILA TISSIMI: SENATUS HUNC COPIOSUM FONTEM ET MA GNIFICUM OPUS CONS TRUERE FECERUNT: IN IL LO (ICTU OCULI) FUL GENT ET NITENT: REGUM MAGNITUDO ET BENEFI CENTIA: PROTECTORIS PO TESTAS ET AMOR: DECURI ONUM ACTIVITAS ET ZE LUS POPULIQUE UTTLITAS ET DECOR: ET IDEO ISTE IN GRATITUDINIS SUAE PER PETUUM MONUMENTUM

HANC MEMORIAM EXA

RARE EECIT. ANNO DOMI

NI MDCCLXXXI

Reinando a nossa Fidelíssima rainha Maria, primeira do nome com o nosso Fidelíssimo rei Pedro III, obtida auctorização régia e sob os auspícios e protecção do III.m° e Ex.m° Visconde da Lourinhã zelosíssimo governador d'esta província: a Câmara mandou construir esta copiosa fonte e magnífica obra, na qual brilha e refulgem (à primeira vista) a grandeza e beneficência real, o poder e o affecto do protector, a actividade e o zelo dos vereadores, e a utilidade e honra do povo.

Por isso este, em signal de perpétua gratidão, mandou exarar esta memória no anno do Senhor de 1781.

Seguindo a tradução que o padre António Joaquim Anselmo fez deste texto, na obra seguinte:

(P.e António Joaquim Anselmo - O Concelho de Borba, Elvas, Typographia e Stereoypia Progresso, 1907).

Moeda em ouro

D. Maria I 1789

(já posterior a este evento)

Quarta-feira, 1 de Abril de 2020

Ao encontro com a nossa gastronomia

Borba

Quando os caminhos são longos e tardam a percorrer, o viajante sente segundo a sabedoria popular "o estômago a dar horas". Chegado a Borba demora o seu olhar sobre o Paço de São Bartolomeu, obra que o deslumbra e avança pela Rua Terreiro das Servas, estacionando a dois passos da Rua António de Melo e Castro.

Se o Paço já o tinha impressionado , é defronte ao Convento das Servas e da Capela do Nosso Senhor dos Aflitos que se interroga sobre a presença de tantos monumentos, sobretudo de arquitectura religiosa, que mostram o bom gosto, a riqueza e o nível cultural de então nesta vila, agora cidade.

Estamos finalmente no Restaurante Canhoto, esperando por uma boa refeição de cozinha tradicional alentejana, tal como foi aconselhado por amigos que já demandaram estas paragens. Sentado na sala de mesas espaçosas, onde animadamente se conversa, o seu olhar dirige-se para o tecto alto de traves de madeira sobre paredes brancas e onde a luminosidade cria um ambiente muito acolhedor.

Chegam à mesa gulosas azeitonas, queijo fresco de Rio de Moínhos, o saboroso pão alentejano e onde não falta o famoso vinho tinto da Adega Cooperativa de Borba.

Da cozinha desprendem-se aromas que abrem o apetite. O serviço é de qualidade primando o atendimento pela atenção e acompanhamento do cliente.

No cardápio surge a oferta de oito pratos, qual deles o mais aliciante, o que torna difícil a escolha.

O estomago, esse reclama mas concerteza vai deliciar-se com um opíparo almoço de (pèzinhos de coentrada). Os demais pratos repartem-se pela cachola servida em tacho de barro, pelas costeletas de borrego panadas e gansinho assado no forno.

Com batatas fritas chega à mesa os pèzinhos de centrada envoltos em alhos e coentros que fazem a delícia do viajante.

Para o estomago o almoço foi excelente. O convívio e a conversa amena constituíram alimento para o espirito. Não fora o imenso trabalho da cozinheira com a entrada de mais clientes, o viajante passaria pela cozinha para dois dedos de conversa sobre a arte e a sabedoria ancestral de combinar as plantas aromáticas com os pèzinhos de porco, que não dispensam um bom azeite, abundante nesta terra produtiva e rica deste ouro dos olivais.

Parte o viajante com a ideia de aqui regressar.

Lá fora no imenso largo sentem-se já os primeiros sinais da primavera.

Domingo, 29 de Março de 2020

Concerto de Domingo à tarde

Rachmaninov Piano Concerto No. 2 Mov. 2

https://youtu.be/21z-K5ChWbE

Sábado, 28 de Março de 2020

Mudança da Hora – 29 de Março de 2020

Na madrugada de 29 de Março de 2020 (domingo), a Hora Legal muda do regime

de Inverno para o regime de Verão.

– Em Portugal continental e na Região Autónoma da Madeira, à 1:00 hora da manhã

adiantamos o relógio de 60 minutos, passando para as 2:00 horas da manhã.

– Na Região Autónoma dos Açores a mudança será feita à meia-noite (00:00) de Domingo,

dia 29 de Março, passando para a 1:00 hora da manhã, do mesmo dia.

in Observatório Astronómico de Lisboa

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Música Tradicional alentejana

Anima Mea Ronda dos Quatro Caminhos

https://youtu.be/eE0cw6t9C_U

Sexta-feira, 27 de Março de 2020

Música Tradicional alentejana

Taberna em Cuba - Baixo Alentejo

https://youtu.be/GBhgE3EMQy4

Quinta-feira, 26 de Março de 2020

Visite o Alentejo

Serpa

Serpa-Ermida de Santana

Serpa-Ermida de S. Sebastião

Serpa-Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe

Serpa-Alentejo-Nossa Senhora de Guadalupe

https://youtu.be/0EPDHK64ZoU

Quarta-feira, 25 de Março de 2020

Música Tradicional alentejana

Saias Raianas - Ronda dos Quatro Caminhos

https://youtu.be/7gMsuPowZvc

Terça-feira, 24 de Março de 2020

Música Tradicional alentejana

Ao romper da bela aurora - Musica Tradicional do Alentejo

https://youtu.be/2SVS5H-oXnk

Segunda-feira, 23 de Março de 2020

Música Tradicional alentejana

Rancho De Cantadores De Aldeia Nova De São Bento

A Moda Do Meu Chapéu

https://youtu.be/a3oPq91gdcc

Domingo, 22 de Março de 2020

Concerto de Domingo à tarde

Marianne Faithfull - Who Will Take My Dreams Away

https://youtu.be/jYNCnLTnzys

Sábado, 21 de Março de 2020

Alentejo

Histórias centenárias dos castelos no Alentejo

"O Alentejo é rico na história e cultura que representa o centro-sul do país lusófono. Portugal,

com perto de 500, é um dos países da Europa com mais castelos e fortificações. Uma visita a

este canto da Península Ibérica permite explorar os castelos centenários que surgiram à medida

que Portugal conquistava o território para sul e que ainda hoje persistem.

Para quem é apreciador de passeios históricos, a abundância e a qualidade do património

queo Alentejo oferece é o convite ideal para conhecer a história da terra e das suas gentes,

de cada muralha, castelo, fortes e das suas vilas."

Castelo de Noudar

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in portugalnummapa.com

"Envolto de espaço verde e região montanhosa, entre a ribeira da Múrtega e o rio Ardila, situa-se o Castelo de Noudar, datado de 1307, pelo reinado de D. Dinis.

O castelo está rodeado de terras férteis e extensos montados para o pastoreio do gado. A sua localização foi pensada pela sua defesa natural, pela sua sobreposição no topo do monte, mas também pelo fácil acesso e aproveitamento de uma nascente de água, a Fonte da Figueira."

in National Geographic

Sexta-feira, 20 de Março de 2020

Equinócio da Primavera 2020

"Em 2020 o Equinócio da Primavera ocorre no dia 20 de março às 03:50 horas[1]. Este instante

marca o início da Primavera no Hemisfério Norte. Esta estação prolonga-se por 92,789 dias até

ao próximo Solstício que ocorre no dia 20 de junho às 22:44 horas. Os instantes estão

referenciados à hora legal de Portugal continental e Região Autónoma da Madeira.

Na Região Autónoma dos Açores o Equinócio da Primavera ocorre no dia 20 de março às

02:50 horas.

Os equinócios ocorrem duas vezes por ano, na primavera e no outono, nas datas em que o

dia e a noite têm igual duração[2]. A partir daqui até ao início do outono, o comprimento do

dia passa a ser maior do que a duração da noite, devido ao Sol percorrer um arco mais longo

e mais alto no céu todos os dias, atingindo uma altura máxima no início do Solstício de Verão.

É exatamente o oposto no Hemisfério Sul, onde o dia 20 de março marca o início do Equinócio

de Outono."

in equinocio-da-primavera-2020

Quinta-feira,19 de Março de 2020

O Livro da semana

José Rentes de Carvalho

"De ascendência transmontana, nasceu em 1930 em Vila Nova de Gaia, onde viveu até 1945. Frequentou no Porto o liceu Alexandre Herculano, e mais tarde os liceus de Viana do Castelo e Vila Real. Fez o serviço militar em Lisboa, onde simultaneamente frequentou os cursos de Românicas e Direito. Obrigado por razões políticas a abandonar Portugal, viveu no Rio de Janeiro, em São Paulo, Nova Iorque e Paris. Em 1956 passou a viver em Amesterdão, na Holanda, para onde foi como assessor do adido comercial da embaixada do Brasil. Licenciou-se na Universidade de Amesterdão com uma tese sobre O Povo na Obra de Raul Brandão. Nessa universidade foi docente de Literatura Portuguesa de 1964 a 1988. Desde então dedica-se principalmente à continuação da sua obra literária. A sua bibliografia inclui um vasto número de colaborações em revistas, publicações culturais e jornais portugueses, brasileiros, belgas e holandeses.

Descoberto tardiamente em Portugal, José Rentes de Carvalho retrata o nosso país com a intensidade de quem o conhece como ninguém e com a acutilância de quem o observa à distância."

in http://www.cm-matosinhos.pt/pages/242?news_id=2939

Quarta-feira, 18 de Março de 2020

José Manuel Espiga Pinto

Vila Viçosa

16 de Março de 1940 - 1 de Outubro de 2014

Entrevista RTP a ESPIGA Pinto, 4 de Maio de 2006, no seu atelier.

Veja o vídeo: https://arquivos.rtp.pt/conteudos/espiga-pinto/…

Espiga Pinto, que celebrou em 2006 cinquenta anos de exposições individuais, relata o

seu trajecto artístico, as grandes temáticas da sua obra, bem como a sua descoberta

e uso da geometria sagrada e do número de ouro.

80º Aniversário do nascimento de Espiga Pinto

"Hoje, 16 de Março de 2020, celebramos o nascimento de um dos mais relevantes artistas do séc. XX em Portugal, cujo percurso marcou áreas tão distintas como a pintura, o desenho e a escultura, mas também a cenografia (Companhia de Bailado da Gulbenkian, prémio Bienal de S. Paulo), a gravura, a medalhística (prémio internacional COTY - Coin of the Year) a numismática e o design gráfico.

Durante seis décadas de obra produzida (1954-2014), foram vários os períodos: desde a vida quotidiana do Alentejo (1954-1972), ao período da sua "Mentacosmunicação" dos anos 70, aos protestos artísticos contra a Guerra, a muitos meses sem pintar, aos anos 80 com uma obra cada vez mais geometrizante, tratando temáticas Lusíadas, que culminou em peças magníficas, de cores intensas e de grande formato nos últimos anos da sua vida.

Gradualmente e após a sua grande visibilidade nos anos 1990, Espiga Pinto viveu a sua vida cada vez mais procurando a introspeção, o bem dos outros - muitas vezes em detrimento do seu próprio - e a busca da Verdade, nomeadamente através dos seus estudos em geometria sagrada.

De todas as vertentes da sua Obra, referia-se a si próprio como "Escultor Espiga", consciente que esteve sempre da necessidade de extrair a Arte que reside dentro da pedra, em direcção à perfeição interior.

Foi mais tarde, ainda em vida e com toda a justiça e mérito, tratado pelos seus ex-alunos, coleccionadores, admiradores, amigos e pelo público em geral como "Mestre Espiga Pinto".

A todos os que acompanham esta página, em nome do nosso pai, o nosso agradecimento."

Os filhos do Mestre Espiga Pinto,

Aurora e Leonardo

Terça-feira, 17 de Março de 2020

"Pedro Barroso, o último trovador português”

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Pedro Barroso - Agora nunca é tarde

https://youtu.be/oTipo7y-pC8

Segunda-feira, 16 de Março de 2020

Alentejo Património Cultural

Bento de Jesus Caraça

Vila Viçosa

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Quem foi Bento de Jesus Caraça?

"Bento de Jesus Caraça nasceu em Vila Viçosa a 18 de Abril de 1901 e foi um dos maiores vultos da intelectualidade portuguesa.

Bento de Jesus Caraça

Ilústre matemático e antifascista, fundador da Universidade Popular Portuguesa e da Biblioteca Cosmos, direccionou toda a sua actividade intelectual e cívica para a cultura integral do índividuo.

Bento de Jesus Caraça nasceu em Vila Viçosa a 18 de Abril de 1901 e com ele o universo cultural da matemática portuguesa ganhou uma nova dimensão.

Impulsionou os estudos de Econometria em Portugal, criou o Centro de Estudos de Matemáticas Aplicadas à Economia e fundou a “Gazeta da Matemática”.

Publicou vários estudos até à sua mais notável obra, “Conceitos Fundamentais da Matemática”, publicada pela pioneira Biblioteca Cosmos, que fundou em 1941.

A criação do Estado Novo levou-o a intensificar a actividade política. Lutou pela liberdade e a democracia.

Nunca abdicou dos seus ideais.

Tornou-se um dos maiores vultos da intelectualidade portuguesa. Foi um semeador de Cultura e Cidadania.

Faleceu em Março de 1948.

In Instituto Bento Jesus Caraça

Clique no LINK e tem acesso a

08-bento-jesus-caraca

"Se não receio o erro, é porque estou sempre pronto a corrigi-lo."

Bento de Jesus Caraça

Domingo, 15 de Março de 2020

Concerto de Domingo à tarde

Smetana: Má vlast: Vltava (Die Moldau) / Harnoncourt / styriarte

https://youtu.be/0XskLG0Vl3I

Jeanne Moreau "INDIA SONG" 1975 (Marlene Dietrich)

https://youtu.be/6XWBMRBjKUA

Sábado, 14 de Março de 2020

"Respigando...Alentejo"

(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)

Fotografia de Adriano Bastos

“O presente é a sombra que se move separando o ontem do amanhã.

Nela repousa a esperança."

Frank Lloyd Weber

Portugal e a pandemia de há um século

"A espaços, a História repete-se sempre como uma espécie de "ordem natural" e é nosso dever

aprender com ela.

Faz agora 102 anos, em Maio de 1918, que o nosso país foi colhido por uma pandemia

transcontinental, o vírus H1N1, que entre nós ficou popularmente conhecida por "pneumónica"

ou "gripe espanhola", que ceifou a vida a mais de 60.000 portugueses (60.474, oficialmente) e

a outros 20 milhões em todo o mundo.

Os primeiros casos foram registados em Vila Viçosa, trazidos por camponeses portugueses que trabalhavam sazonalmente em Espanha, onde já grassava de forma severa, e rapidamente se espalhou por todo o Alentejo e depois por todo o país, de norte a sul, incluindo as ilhas dos Açores e da Madeira.

À época, Ricardo Jorge, Director do Instituto Central de Higiene, para muitos um epidemiologista "visionário", surpreendeu a comunidade com a pronta tomada de medidas até então nunca adoptadas:

decretou a notificação obrigatória de todos os casos, o isolamento dos doentes, a interdição da migração de pessoas, a suspensão das aulas e a proibição das visitas nos hospitais."

José Luis Espada-Feyo

"Respigando...Borba"

(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)

Photo of Ching Yang Tung

Os nossos melhores AGRADECIMENTOS ao contributo de Filipe Rosado

e à perspectiva de um imenso espólio de documentos a estudar e divulgar...

Sexta-feira, 13 de Março de 2020

Sugestão de Passeio

Borba

Alentejo- Aldeia de São Gregório- Borba

https://youtu.be/SUGhVNm9J3g

Quinta-feira, 12 de Março de 2020

"Respigando...Borba"

(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)

"As respigadoras" de Jean-François Millet

Em Borba com o Prof. José Hermano Saraiva

A Alma e a Gente - Ressurreição das Aldeias (Borba)

03 Fev 2008

Prof. José Hermano Saraiva

O concelho de Borba não é um concelho grande, tem 142 quilómetros quadrados, a

população não é muita, tem 8500 habitantes, mas trata-se de um dos concelhos mais

ricos do Alto Alentejo. As duas grandes riquezas da região são o Vinho e o Mármore.

Só que agora surge uma terceira riqueza, o Turismo, com a ressurreição duma aldeia

típica alentejana (S. Gregório) agora transformada em aldeia turística

(um projecto exemplar).

https://youtu.be/3TRJ3MwEbOk

Quarta-feira, 11de Março de 2020

Celeiro da Cultura

"O mal de quem apaga as estrelas é não se lembrar de que não é com candeias que se

ilumina a vida."

Miguel Torga

"O presente é a sombra que se move separando o ontem do amanhã.

Nela repousa a esperança."

Frank Lloyd Weber

Em todas as almas, como em todas as casas, além da fachada, há um interior escondido.

Raúl Brandão

«Ser escritor é uma espécie de doença, uma obsessão. Mas a doença do escritor é

também o seu melhor remédio. Depois de corrigir e reescrever tanto que mal consigo

decifrar o meu próprio manuscrito, chega finalmente o momento em que digo:

Fiz o melhor que pude.»

Graham Greene, Santos e Pecadores

Terça-feira, 10 de Março de 2020

Respigando...Alentejo"

(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)

Fotografia de Filipe José Galhanas

Évora

Extraído de "As Pedras e o Tempo" de Fernando Lopes, 1961. Seu primeiro filme.

https://youtu.be/WQPyr-L8Xn8

Segunda-feira, 9 de Março de 2020

O Livro da semana

Jangada

Romeu Correia

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"Romeu Henrique Correia nasceu em Cacilhas a 17 de Novembro de 1917. Fortemente

ligado às tradições populares e às colectividades da sua margem sul, a Almada que o

via percorrer, pelas tardes soalheiras, as ruas com história da cidade velha, ou em tertúlias

à mesa do Café Central, ou nas noites de cinema na Academia Almadense, não podia perder

esse vínculo iniciático de rebeldia popular que eram as antigas cegadascarnavalescas."

Domingos Lobo

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"...Jangada (1962), farsa em dois actos apresentada em 1966 no Teatro Villaret

pela Companhia Portuguesa de Comediantes, se concentrava nos

preconceitos e conflitos geracionais,..."

"Romeu Correia pertence, diz-nos Óscar Lopes, ao grupo de autores que a partir

dos anos 1940, procuraram imprimir ao teatro português uma orientação realista e de

estrutura mais imaginativa. E mais afirma Óscar Lopes: O Vagabundo das Mãos de Ouro,

foi, em 1961, a melhor consagração dramatúrgica de Romeu Correia. Na linha de

experiências anteriores, integra na tradição realista um conjunto de recursos que

vêm do expressionismo, da tradição popular (romanceiro e fantoches) e do

antiteatro, elevando sensivelmente o nível a uma carreira, individual de teatro,

romance e conto, que até então se poderia classificar fundamentalmente de populista

mas que progrediu no sentido de um imaginativo neo-realista.1"

"Quem vive num cais à beira de um rio navegável ouve com frequência o apito distante

ou perto de navios e o grasnar das aves marinhas... diz-nos ele nas indicações que

escreveu para a peça Jangada. Os sons do seu Cais do Ginjal, a vida, o movimento,

os sonhos e a memória da sua Almada, das gentes da outra banda, a que ele deu vida,

espessura, mesmo que na figura grotesca de um manipulador de robertos, mesmo num

palhaço de pés largos, passos sincopados e bengala rolando entre a falange e a falangeta,

acompanhado por um garoto vestido de andrajos, brilhando intermitentes num lençol

seboso como abcessos improváveis; um autor que foi um alquimista de afectos

mas que tinha a faculdade única de tornar os sonhos fecundos e perenes. Um vagabundo

que tinha as mãos do povo, que são de ouro como se sabe, capazes de transformar

os Sábados sem Sol, em domingos de Fogo e Luz."

Domingos Lobo

"CAROLINA (sombria): Que viver tão triste que tem sido o nosso! (Comovida) Quando penso na nossa existência entre estas quatro paredes… choro, choro, só me sinto bem a chorar!...

LUZIA (igualmente comovida): Se tivéssemos casado, nada disto teria acontecido. Mas este maldito cais onde o papá se meteu… Nós, umas raparigas, entaipadas entre o mar e o céu…

(Pausa)

CAROLINA: Há mulheres que nunca se conformariam entre estas quatro paredes!

LUZIA (reagindo): Mulheres sem princípios!

CAROLINA (digna): Mas a nós, graças a Deus, nunca eles nos faltaram!

(Pausa)

LUZIA: Os nossos pais prenderam-nos demasiado… - foi o que foi!

CAROLINA: Nisso de severidade, a mamã levava a palma ao papá.

LUZIA: Era ela que nos aturava de manhã à noite. Ao passo que o pobrezinho só nos via quando regressava do trabalho… Aquele homem viveu mais horas sob o telhado da fábrica que junto da esposa e dos filhos."

Domingo, 8 de Março de 2020

Dia Internacional da Mulher

MULHER

A mulher não é só casa

mulher-loiça, mulher-cama

ela é também mulher-asa,

mulher-força, mulher-chama

E é preciso dizer

dessa antiga condição

a mulher soube trazer

a cabeça e o coração

Trouxe a fábrica ao seu lar

e ordenado à cozinha

e impôs a trabalhar

a razão que sempre tinha

Trabalho não só de parto

mas também de construção

para um filho crescer farto

para um filho crescer são

A posse vai-se acabar

no tempo da liberdade

o que importa é saber estar

juntos em pé de igualdade

Desde que as coisas se tornem

naquilo que a gente quer

é igual dizer meu homem

ou dizer minha mulher

ARY DOS SANTOS

Fotografia de Filipe José Galhanas

MULHER DO ALENTEJO (décimas)

1

Cedo aprendes a sofrer...

Trabalhando sol a sol

És acusada de mole

Mas não é fácil viver

Sob um calor de arder

Sempre pronta para gracejo

A disfarçar o desejo

De ser feliz e cantar

Levando o dia a ceifar

A Mulher do Alentejo

2

Debruçada sobre o chão

A mondar ou a sachar

Cedo aprendes a lavrar

A ceifar até mais não

Sem sentires a exaustão

O trigo é tua paixão

Pois dele há-de nascer pão

Com teu dolente cantar

Cantas para disfarçar

Leva mais longe a razão

3

Companheira alentejana

Lutadora incansável

Cara e sorriso amável

Queremos a tua gana

E tua lei espartana

Hás-de cumprir teu desejo

De honrar o Alentejo

Ainda um tempo a sofrer

Uma lágrima a correr

Nas canseiras em sobejo

4

Em todo o lado eu te vejo

A azeitona apanhar

Que bom azeite vai dar

E ouço o teu solfejo

Oh mulher do Alentejo

Vencerá tua razão

Tu que lutas com paixão

Como Catarina és mãe

Tens a coragem de quem

Constrói direitos e pão

.

NB: - Décimas, com mote «A Mulher do Alentejo / leva mais longe a razão / nas canseiras em sobejo / constrói direitos e pão.»

de JORGE MARQUES.

.

Fotografia e Pintura a Acrílico de Adriano Bastos

POEMA PARA A MULHER

Elas sorriem quando querem gritar.

Elas cantam quando querem chorar.

Elas choram quando estão felizes....

E riem quando estão nervosas.

Elas lutam por aquilo em que acreditam.

Elas levantam-se contra a injustiça.

Elas não aceitam um "não" como resposta quando

acreditam que existe melhor solução.

Elas andam sem sapatos novos para

que os seus filhos os possam ter.

Elas vão ao médico com uma amiga assustada.

Elas amam incondicionalmente.

Elas choram quando os seus filhos adoecem

e alegram-se quando os seus filhos ganham prémios.

Elas ficam contentes ao falarem de um aniversário

ou de um novo casamento.

Pablo Neruda

Maria Lamas

"A ideia de escrever A MULHER NO MUNDO estava em mim, durante muitos anos,

mais como uma intenção ardente do que como um projecto realizável. No entanto, ele ia definindo-se no meu cérebro e na minha consciência tão concretamente que, ao chegar o momento de estudar o seu plano, eu tinha a noção bem nítida da responsabilidade que

assumia perante a importância e vastidão do assunto a tratar. Depois,... à medida que

avançava no meu trabalho, o próprio valor moral de tão grande e séria tarefa erguia-se

no meu espírito de forma empolgante, esmagadora. Era como se todas as mulheres que existiram, desde o aparecimento da espécie humana, estivessem presentes, em austera expectativa...

E pensava igualmente nas mulheres de hoje, sobre as quais pesam ainda tantas

injustiças, ignomínias e amarguras." (do Prefácio de A MULHER NO MUNDO, 1952)

Photography Ching Yang Tung

"A mulher é um efeito deslumbrante da natureza. "

Arthur Schopenhauer

estás tão bonita hoje. quando digo que nasceram

flores novas na terra do jardim, quero dizer

que estás bonita.

entro na casa, entro no quarto, abro o armário,

abro uma gaveta, abro uma caixa onde está o teu fio

de ouro.

entre os dedos, seguro o teu fino fio de ouro, como

se tocasse a pele do teu pescoço.

há o céu, a casa, o quarto, e tu estás dentro de mim.

estás tão bonita hoje.

os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios.

estás dentro de algo que está dentro de todas as

coisas, a minha voz nomeia-te para descrever

a beleza.

os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios.

de encontro ao silêncio, dentro do mundo,

estás tão bonita é aquilo que quero dizer.

José Luís Peixoto, in "A Casa, a Escuridão"

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Photo in Giulia Baragliu

A Mulher Mais Bonita do Mundo

transitória entre o homem e o anjo. "

Honoré de Balzac

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Photography Ching Yang Tung

"A mulher é o ser mais perfeito entre as criaturas; é uma criação

Fotografia de Adriano Bastos

"A mulher é uma substância tal, que, por mais que a estudes,

sempre encontrarás nela alguma coisa totalmente nova."

Leon Tolstoi

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Photography Ching Yang Tung

O homem pensa.

A mulher sonha.

Pensar é ter cérebro.

Sonhar é ter na fronte uma auréola.

O homem é um oceano.

A mulher é um lago.

O oceano tem a pérola que embeleza.

O lago tem a poesia que deslumbra.

O homem é a águia que voa.

A mulher, o rouxinol que canta.

Voar é dominar o espaço.

Cantar é conquistar a alma.

O homem tem um farol: a consciência.

A mulher tem uma estrela: a esperança.

O farol guia.

A esperança salva.

Enfim, o homem está colocado onde termina a terra.

A mulher, onde começa o céu!

Victor Hugo

Photography Ching Yang Tung

"Todos sabemos que o céu ainda não está acabado. São as mulheres que, desde

há milênios, vão tecendo esse infinito véu."

Mia Couto

Photography Ching Yang Tung

Concerto de Domingo à tarde

Joseph Haydn - Piano Concerto in D major, H.XVIII:11 - II. Un poco adagio

https://youtu.be/u-VMZQIgEOs

Sábado, 7 de Março de 2020

"Respigando...Borba"

(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)

Photo of Ching Yang Tung

Os nossos melhores AGRADECIMENTOS ao contributo de Filipe Rosado

e à perspectiva de um imenso espólio de documentos a estudar e divulgar...

Rio de Moinhos-Borba

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"Sobranceira ao rio Lucefece, considerado mágico e sagrado desde os tempos pagãos,

a igreja de Santiago datará dos últimos anos do século XIII. À sua volta, ao longo do percurso

do rio, existiram numerosas azenhas que utilizavam a força motriz da água. Terão sido estes

moinhos que deram o nome ao povoado de São Tiago de Rio de Moinhos.

No interior da igreja sepultou-se D. Gonçalo, em 1290, cuja lápide sepulcral, descoberta em

1728, ainda se preserva. D. Gonçalo é um homem desconhecido da História, mas certamente

um cavaleiro lavrador proprietário das terras na imediação. O interior desta igreja encontra-se

totalmente revestido a pintura mural representando cenas da vida de Santiago, datáveis

dos primeiros anos do século XVIII. Estas pinturas de vertente popular representam diversos

milagres do santo, numa linguagem catequética dirigida aos habitantes de Rio de Moinhos.

No interior também se guarda o antigo cruzeiro, obra arcaica dos finais do século XIII."

in Câmara Municipal de Borba

Borba-Rio de Moinhos - Alentejo

https://youtu.be/nRrctv7iEbM

Sexta-feira, 6 de Março de 2020

Visite o Alentejo

Almograve - concelho de Odemira

Fotografia de Maria Giro

Fotografia de Serpa Terra Forte

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Quinta-feira, 5 de Março de 2020

Cante Alentejano

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Fotografia de Francisco Braizinho

Grupo Violas Campaniças

https://youtu.be/rAcTOyHdiVY

Qual de Nós Valerá Mais? Pedro Mestre & Convidados NO CCB

https://youtu.be/KgO6bYq37dk

Quarta-feira, 4 de Março de 2020

Fotografia

Recolha fotográfica

no Alentejo dos últimos ciganos nómadas

Pierre Gonnord

"(Cholet, França 1963), começou seu projeto pessoal sobre o rosto humano no final dos anos 90,construíndo

ao longo dos anos um conjunto de retratosidentificáveis. Pierre Gonnord (França 1963),vive e trabalha em Madrid desde 1988. Seu próprioprojeto tornou-se um estilo de vida, uma viagem pelas estradas em busca de personagenspertencentes a grupos sociais com forte identidade cultural. Aborda, vive e trabalha com tribos, clãs, mas especialmente com indivíduos marginalizados da da nossa paisagem urbanana era da globalização e, portanto, condenada a desaparecer. " O francês Pierre Gonnord(Cholet, 1963) tem se dedicado a retratar os nômadas que se deslocam para trabalhar entre Espanha e Portugal. "Com muita paciência e muita gasolina gasta", diz ele, que viajoumilhares de quilômetros para

fotografar"indivíduos longe das cidades."

Poeta da fotografia e expoente máximo nesta arte, Pierre Gonnord, trabalhou na recolha

fotográfica no Alentejo dos últimos ciganos nómadas e os seus animais. Seus valiosos

trabalhos foram expostos no ùltimo semestre de 2014 em Cáceres, e estão actualmente

em Nova Iorque.

Terça-feira, 3 de Março de 2020

Sugestão de Passeio

BORBA

"Andar por terras distantes e conversar com diversas pessoas

torna os homens ponderados."

«Aquele que lê muito e anda muito, vê muito e sabe muito.»

Miguel Cervantes

Borba- Alto Alentejo

https://youtu.be/YYNHnTp10XM

Segunda-feira, 2 de Março de 2020

O Livro da semana

Alexandre Pinheiro Torres

Conta

"O Alentejo é o único sítio de Portugal onde se sabe tudo o que importa saber."

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"Nenhum de meus amigos conhecem este autor e acredito que a maioria de vocês nem imagina quem seja Alexandre Pinheiro Torres (1923-1999), escritor português nascido em Amarante. Mas deveriam. Romancista, poeta, importante crítico literário e professor universitário na Universidade de Cardiff, Alexandre viveu por curto período no Brasil após ser obrigado a exilar-se. O fato que o levou ao exílio está entre os gestos de que mais se orgulhava: em 1965, nomeado membro do Júri do Grande Prêmio de Ficção, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Escritores, propôs a atribuição do prêmio ao livro Luuanda, de Luandino Vieira, que na época estava preso pela acusação de terrorismo. A atitude levou Salazar a proibi-lo de ensinar em Portugal, o que o levou primeiro ao Brasil e logo após à Cardiff, onde tornou-se catedrático de Literatura Portuguesa e Brasileira. Em 1970, fundou a primeira cadeira independente de Literatura Africana de Língua Portuguesa em universidades inglesas."

Milton Ribeiro

"Perde, de repente, a sua capacidade de êxtase perante o divino da Natureza. A alma, para a amar, não precisará de razão? Para quê olhar o Tâmega? Todos os rios de Portugal, se não são ainda o Tâmega, não acabarão por ser o Tâmega? O rio da minha aldeia de Alberto Caeiro, no poema que Teresa tanto gostava de recitar, não seria o Tâmega? Pascoaes detestava o rio Tamisa porque Tamisa era uma tradução, em bárbaro, da palavra Tâmega. Do Tâmega, como muitas vezes previa a D. Maria da Graça no seu ataque às hidroeléctricas que planeavam não uma, como se dizia, mas nove barragens no rio, sairiam as caravelas do futuro.

As margens encher-se-iam de marinheiros ávidos de encontrar uma ilha que se tivesse salvo da catástrofe. Talvez a ilha dos Frades, se a água a não subvertesse. Se resistisse chamar-lhe-ia, para sempre, a Ilha dos Amores.

Odete, com a inconsciência da juventude, entra na sala a cantarolar alegre:

«Deseja alguma coisa senhor presidente da Câmara?»

«Não me chames presidente da câmara enquanto eu não tomar posse.»

Bebe rapidamente outro conhaque enquanto fita os olhos da rapariga.

«Chega-te aqui», ordena.

Odete aproxima-se curiosa. Que lhe quererá o senhor doutor juiz? Mas Tadeu de Albuquerque não tem que lhe responder. Agarra-a e beija-a avidamente na boca. Ali estava a sua ninfa. Não era precisos esperar pelo futuro."

Domingo, 1 de Março de 2020

Concerto de Domingo à tarde

Elis Regina & Tom Jobim - "Aguas de Março" - 1974

https://youtu.be/E1tOV7y94DY

Visite o Alentejo

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Aljustrel

© Luís Reininho Photography

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Évora 2016

Montras de Évora

Severo Asfotografia

Sábado, 29 de Fevereiro de 2020

Em Borba-Mezinhas da Avó

"A alegria evita mil males e prolonga a vida."

William Shakespeare

O poder do chá de folha de oliveira

Categoria: Nutra-se

Como a procura por chás aqui no site tem sido grande, tenho pesquisado como nunca! E com um imenso prazer, já que estou conhecendo alternativas realmente poderosas na luta contra a balança. E esta minha nova descoberta é realmente impressionante. Vamos conhecer hoje os benefícios do chá de folha de oliveira.

A árvore que dá a azeitona é considerada sagrada. Mas como são mais valorizados os seus frutos, as folhas não recebem tanta atenção. Pois deveriam. Estudo da University of Michigan Health System aponta evidências de que a substância oleuropeínalimpa o açúcar do sangue. Ou seja, a infusão age com muito rigor nas nas gorduras acumuladas na região abdominal.

As folhas da oliveira possuem 4 vezes mais potássio, magnésio, manganês, fósforo, selênio, zinco e cobre que o chá verde. Estas substâncias são altamente antioxidantes, sendo ultra eficientes contra o envelhecimento e ainda estimulantes do metabolismo, que elimina gorduras com mais rapidez.

Para começar a colher seus benefícios, o indicado é que você beba de 3 a 4 xícaras por dia, em um período de 3 a 4 meses. Dessa forma, é possível perder até 6 quilos, aliando o chá com uma alimentação balanceada e saudável e também com a prática de exercícios físicos.

As folhas de oliveira são facilmente encontradas em lojas de produtos naturais ou em grandes mercados. O chá de oliveira pode ser ingerido por qualquer pessoa, exceto grávidas e lactantes.

Quer mais chá? Quentinho ou mesmo gelado, este é um aliado que vem para oferecer nutrientes, antioxidantes e até o controle da ansiedade. Conheça os tipos que são nossos aliados para perder peso nos Top 5 Chás.

Prepare o chá de folha de oliveira

Ferva 1 litro de água em uma panela e tire do fogo.

Adicione um punhado de folhas de oliveira e abafe.

Deixe por 1 minuto.

Em seguida, deixe a mistura esfriar e coe.

Não use adoçantes.

Para variar o sabor, acrescente folhas de hortelã ou cascas de abacaxi.

Tags: antioxidantes, chá de folha de oliveira, chás, nutra-se,

de Lúcia Diniz

Sexta-feira, 28 de Fevereiro de 2020

"Alentejo Terra de Artistas"

A pintura é neta da natureza...

Rembrandt

Dórdio Gomes (1890-1976)

Arraiolos

Já publicados os seguintes Artistas Plásticos

1- Manuel Ribeiro de Pavia- Pavia

2-Henrique Ruivo-Borba

4-José António da Silva Palolo-Évora

5-José Manuel Espiga Pinto-Vila Viçosa

6-António Dias Charrua-Lisboa-Évora

https://sites.google.com/site/amigosterrasborba/1-

alentejo-1/12-pintura-1/05-jose-manuel-espiga-pinto

https://sites.google.com/site/amigosterrasborba/1

-alentejo-1/12-pintura-1/06-antonio-charrua

7-Armando Alves-Estremoz

8-Costa Pinheiro-Moura

https://sites.google.com/site/amigosterrasborba/1

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Família (1951).

Óleo sobre cartão.

Centro de Arte Moderna da Fundação

Calouste Gulbenkian, Lisboa.

https://sites.google.com/site/amigosterrasborba/1

-alentejo-1/12-pintura-1/9--rogerio-ribeiro

https://sites.google.com/site/amigosterrasborba/1-alentejo-

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Quinta-feira, 27 de Fevereiro de 2020

Momento Musical

Manhã de Carnaval

Paco de Lucía, Al Di Meola, John McLaughlin

https://youtu.be/MCGdD-Zl0IY

Quarta-feira, 26 de Fevereiro de 2020

O Livro da semana

Esteiros

de

Soeiro Pereira Gomes

Soeiro Pereira Gomes nasceu em 1909 em Gestaçô, concelho de Baião. Estudou em Coimbra e posteriormente trabalhou um ano em África como regente agrícola. Mais tarde fixou-se em Alhandra,onde trabalhava como empregado de escritório de uma fábrica de cimento. A dureza da vida de funcionário comunista clandestino, durante os últimos anos da sua vida, contribuiu para o seu fim prematuro (morreu de tuberculose em 1949).

"Para os filhos dos homens

que nunca foram meninos,

escrevi este livro. "

Soeiro Pereira Gomes

"Honra seja feita ao Dr. Álvaro Cunhal. Desta vez não se repetiu, repetiram-no.

Álvaro Cunhal (Coimbra, 1913-Lisboa, 2005) foi ilustrador acidental, mais empenhado

na luta política e na polémica ensaística. Ilustrando a primeira edição de Esteiros,

obra seminal do Neorrealismo literário português, estava obviamente mais interessado

no conteúdo que na forma. A figuração neorrealista típica estava perto mas só com

Manuel Ribeiro de Pavia atingiria o seu esplendor, em meados da década. O traço e

a modelação incipientes e a composição e grafismo tímidos, não fazem propriamente

uma capa memorável. Mas as caras famélicas e os andrajos dos três rapazes denunciam

explicitamente a sua condição de deserdados sociais e as opções políticas do ilustrador.

Cunhal trabalhava como regente de estudos no Colégio Moderno, a convite de João Soares,

pai de Mário Soares, quando fez a capa para as Edições Sirius, em 1941. Em Dezembro do

mesmo ano, acossado pela polícia política, entrou mais uma vez na clandestinidade."

Texto de Jorge Silva

Terça-feira, 25 de Fevereiro de 2020

Borba Inspiradora

por Zé Russo-anos 50/80

pode ler

Herói Alentejano desconhecido

Começo do século vinte

"Este verdadeiro, humilde e digno herói, chamava-se Joaquim Maria Cachapela, nasceu na localidade de Alcaraviça, Freguesia de Orada no Concelho de Borba…ficou sempre no anonimato da nossa história, não sendo lembrado por ninguém, talvez pela sua humildade e simplicidade, a verdade é que lhe aconteceu tal e qual como ao diamante, sem luz não brilha. Nós esquecemo-nos dos nossos heróis, muitas das vezes é preciso o inimigo reconhecer o seu valor, como foi o caso do nosso Soldado Milhões, na primeira grande guerra entre 1914 -1918. Primeiro enaltecido pelos militares Alemães e um médico Escocês…só depois é que Aníbal Augusto Milhais «Milhais-Milhões» foi reconhecido e condecorado com a mais alta Honraria Nacional... Ordem Militar da Torre Espada, mas não foi o único soldado como fala a história… e Joaquim Maria Cachapela? Que teve uma igual! Ninguém fala?"

"Somente os mais velhos, já quase no limite da sua existência o conheceram e com ele privaram alguns momentos, foi o meu caso, embora muito novo e adolescente já saído da escola, falei bastantes vezes com ele, contando algumas passagens em África, onde prestou serviço em campanhas no início do século vinte na guerra com os Cuamatos. Era valente, corajoso, muito forte e de grande porte, talvez muito perto dos dois metros, o seu bigodão branco enrolado nas pontas, dava-lhe um ar de grande altivez, andando sempre devagar e muito direito. Parece que o estou a ver no mês de Agosto nas festas do Senhor Jesus dos Aflitos, quando caminhava a meio da procissão, carregando sozinho uma enorme cruz em madeira com um peso que não era para qualquer um que a conseguia transportar, desde a Igreja da Matriz até à igreja do Senhor Jesus dos Aflitos, era uma grande distância a percorrer. Ostentava no seu peito o valor e audácia da sua coragem. Mas este bom homem já estava habituado a carregar outras cruzes, sem terem peso físico, mas tudo superava… como a criação de muitos filhos com poucos recursos financeiros, apenas e só, com a força dos seus braços trabalhando como cantoneiro."

" Só chegou a Portugal após 1907, onde fez a sua vida na nossa terra, tendo ficado muito desgostoso com o regicídio do nosso Rei Dom Carlos e seu filho príncipe Luiz Filipe, pelo assassino de nome Manuel Buiça, pois era um monarca convicto, ficando com profunda tristeza. Cachapela tinha muita admiração e achava-o o melhor Rei que Portugal teve, dizia ser um grande diplomata, falava cinco línguas, desportista, pintor, amante da natureza, trabalhador e muito inteligente. Contando-me que ainda viu de muito perto o Rei Dom Carlos a caçar patos na albufeira de Borba, vindo de Vila Viçosa pela tapada, saindo da mesma em frente da albufeira, nesse tempo existiam ali centenas de patos, acrescentando que o Rei tinha a seu lado sempre muitos cães e, quem lhe carregasse as espingardas e apanha-se a caça. "

Photo in prof2000.pt

Photo in benguelakovasso.blogspot.com/

Photo in contemporaneamamen.blogspot.com

pode ler o resto da Crónica em:

faça duplo-click

https://sites.google.com/site/amigosterrasborba/1-borba/borba-em-escrita/

borba-vista-por-ze-russo

Segunda-feira, 24 de Fevereiro de 2020

Celeiro da Cultura

Manuel Ribeiro de Pavia (Pavia, 1907-Lisboa, 1957)

"Todo o verdadeiro artista é um transformador de energias, e como tal a obra de arte nunca poderá ser um acto gratuito. A sua melhor, a mais espinhosa tarefa é reintegrar o homem na dignidade humana. Em arte só o real é verdadeiro-aquilo que se pode verificar pelo comportamento emotivo do homem. Daí sucede, por vezes, que numa arte distanciada do público os primeiros contactos sejam sempre dolorosos e decepcionantes. Necessàriamente que o homem comum, entregue aos azares dos seus recursos individuais, não pode ter uma visão excepcional do mundo. Todo o artista deve (e tem) de ser um criador activo, isto é, um colaborador actuante e interessado no conjunto das funções sociais. O que pretende expressar deverá ir além da sua vida afectiva ou intelectual e comparticipar da aventura quotidiana, numa familiaridade constante com os restantes individuos. Uma obra de arte resulta sempre bela e universal, na medida em que foi possível ao artista comunicar ao mundo exterior qualquer parcela da sua profunda emoção das realidades humanas."

Manuel Ribeiro de Pavia

Alentejo não tem sombra

Primavera

"Noite dentro, uma figura franzina e de sorriso amargo recolhia ao seu quarto numa modesta pensão da Rua Bernardim Ribeiro, em Lisboa e, muitas vezes tendo como jantar apenas um copo de leite, sentava-se ao estirador a encher papéis de sonhos e ilusões. Que desenhava o artista nas folhas que acabavam invariavelmente nas vastas gavetas da cómoda, algumas delas laboriosamente retocadas para ilustrar capas de livros de poetas e prosadores amigos? A dura faina das gentes do mar e do seu Alentejo natal, ceifeiros e ceifeiras orgulhosos e expectantes à sombra de nodosas azinheiras. E mulheres! As mulheres que Manuel Ribeiro de Pavia (Pavia, 1907-Lisboa, 1957) nunca teve, mães e companheiras, a esconder fome e sede de amores que a infância sofrida e a vagabundagem pela cidade lhe negaram. Desenhou-as às centenas, a lápis, carvão ou aguarela, sempre sobre papel. Corpos redondos e maciços, lábios carnudos, pés e mãos de gigante, olhos líquidos presos no leitor, a povoar a solidão do quarto e da vida. São neorrealistas, sim, pelo seu momento histórico, mas de um Neorrealismo lírico, sem sombra de pecado, povoando a literatura de uma geração inteira que partilhava com o artista o sonho dos amanhãs que cantam."

Eduardo Teófilo, Portugália Editora, 1954

Domingo, 23 de Fevereiro de 2020

Concerto de Domingo à tarde

Marianne Faithfull - Who Will Take My Dreams Away

https://youtu.be/jYNCnLTnzys

Meschiya Lake - Comes Love

https://youtu.be/2mSclbopPfg

Sábado, 22 de Fevereiro de 2020

"Respigando...Borba"

(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)

Photo of Ching Yang Tung

Fotografias de Filipe Galhanas

Entrevista a Filipe José Galhanas de Borba em 14 de Março

de 2014, pelo Blogue "Amigos de Borba"

https://youtu.be/hUalee-8Irc

Borba - "Dedicação"

Diaporama com Fotografias de Filipe José Galhanas de Borba

Março de 2014-Fotografias a preto e branco

Homenagem do Blogue "Amigos de Borba"

a

Filipe José Galhanas

https://youtu.be/yuknsUFNXlM

Sexta-feira, 21 de Fevereiro de 2020

Visite o Alentejo

Alentejo-Montemor-o-Novo

https://youtu.be/XsedU6U2lLs

Quarta-feira, 19 de Fevereiro de 2020

"Respigando...Borba"

(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)

Fotografia de Adriano Bastos

Os nossos melhores AGRADECIMENTOS ao contributo de Filipe Rosado

e à perspectiva de um imenso espólio de documentos a estudar e divulgar...

Terça-feira, 18 de Fevereiro de 2020

"Respigando...Alentejo"

(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)

Safara

Dr. Vitor Serrão

"A esquecida Capela gótico-manuelina da Coroada, em ruína inexorável nos belíssimos campos de Safara... ou ainda passível de recuperação ?"

"Frescos maneiristas, sécs XVI-XVII, da Capela da Coroada, Safara. Os 'retábulos fingidos' das paredes da ousia, com santos e cenas religiosas (Adoração dos Magos, p.ex.), lembra-me algumas coisas de frescos bejenses (Vidigueira, Portel).... o Caetano e o Pestana saberão melhor destrinçar os paralelos técnico-estilísticos dessa oficina provincial activa c. 1600."

"Pormenor dos frescos quinto-joaninos da igreja matriz de Safara, por Filipe de Santiago Neves, 1722-1723. Formam uma espécie de altares fingidos com 'palas de altar' simuladas."

"Pormenor da decoração de brutescos da tribuna do retábulo da matriz de Safara, 1722-23."

"OS FRESCOS DE FILIPE DE SANTIAGO EM SAFARA (1723). No ano que findou, uma bem sucedida campanha de restauro operada na igreja matriz de Safara (Moura), com apoio da Câmara Municipal de Moura, permitiu resgatar os frescos barrocos que decoram a tribuna e a nave desse singular templo quinhentista. Esses frescos (de que só eram visíveis parcos vestígios, já assinalados pelo sempre atento Túlio Espanca) mostram ousadas simulações cenográficas com trechos de arquitecturas fingidas, aparatosos atlantes e colunas pseudo-salomónicas envolvendo cenas religiosas (‘São Miguel e as Almas’ e ‘A Virgem entregando a casula a S. Simão Stock’). Sabemos,pela documentação contabilística da igreja, o nome do artista: chamava-se Filipe de Santiago Neves, era pintor-dourador, fresquista e brutescador, morava em Évora, cidade onde trabalhou entre 1700 e 1732, data da morte (foi ele quem dourou o retábulo do mosteiro da Cartuxa, por exemplo). Este seguidor dos modelos de António de Oliveira Bernardes interveio na igreja de Safara em 1722-1723, pintando também os brutescos da tribuna e os azulejos fingidos do revestimento."

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"Azulejos da capela-mor da igreja matriz de Safara, 1º terço do séc. XVIII, obra de MANUEL VAZ, um modesto pintor da vila de Serpa, casado com uma irmã de António de Oliveira Bernardes e seu seguidor."

" No livro 'A Pintura em Moura. Séculos XVI, XVII e XVIII', meu e de Joaquim Oliveira Caetano (CMM, 1999), revelámos a p. 110 a documentação respeitante a esta campanha fresquista da matriz de Safara."

"Pormenor dos frescos com arquitecturas fingidas por Filipe de Santiago Neves (1722-23) na igreja matriz de Safara (Moura). A inspiração em obras como o tecto da igreja de Nª Sª dos Prazeres de Beja, que António de Oliveira Bernardes pintou na data precoce de 1690, é notória: essa cultura de atlantes e outros motivos do classicismo francês surge no Alentejo por via do grande Bernardes..."

"A campanha fresquista de Filipe de Santiago pode agora avaliar-se melhor: se é certo que o desenho e a modelação primam pela dureza, já o sentido cenográfico da decoração é apreciável. Estamos perante soluções de Barroco ‘sui generis’, que constituem sempre uma mais-valia dos patrimónios regionais. Assim, esta simpática aldeia sita na Margem Esquerda do Guadiana passa a contar com um novo chamariz turístico-cultural, esperando-se que, com a brevidade que a sua ruína exige, seja também intervencionada e salva a Capela da Coroada, hoje ao abandono, com estrutura gótico-manuelina e frescos do fim do século XVI. Agradeço a Santiago Macías (cujo trabalho autárquico foi notável), ao escultor António Vidigal, e a Francisco Perfeito Caetano, a recente chamada de atenção

para estes muito esquecidos micro-patrimónios, que urge resgatar como prioridade das políticas culturais do Alentejo raiano."

Dr.Vitor Serrão

in FC/VS

Segunda-feira, 17 de Fevereiro de 2020

O Livro da Semana

Augusto Abelaira

As Boas Intenções

"- Na educação que me deu houve um erro gravíssimo. O pai devia ter perguntado, antes de começar a educar-me: «Como será o mundo quando a Maria Brenda for crescida?» Eis o problema. Se tivesse a certeza, se fosse verossímil prever que nessa altura o mundo seria diferente e melhor, mais humano, mais inteligente… Então compreendia-se que me desse a educação que me deu. — Recolhe o copo, vai pô-lo em cima da mesa. — Imagino que tenho um filho. E sinto isto: o mundo de amanhã não está nas minhas mãos. Quer dizer: posso educar bem o meu filho, o melhor possível… Mas que importância tem isso para a felicidade dele, ou melhor: tem muita importância, mas uma importância às avessas… De que serve a uma leoa ensinar ao filho a alegria de correr na selva se ele tiver de passar a vida fechado num jardim zoológico? O pai enganou-se… Educou-me para outro mundo, um mundo onde o João Franco não era possível, um mundo livre da miséria. Devia ter-me ensinado a ser violenta, a desprezar os outros, a acreditar estùpidamente num credo qualquer. Ensinou-me a ser infeliz.

- Ainda segura o copo, embora já o tenha poisado na mesa. - Se eu tiver uma filha hei-de educá-la para este mundo. - Apoia o cotovelo na secretária, fica assim levemente inclinada. - Educá-la-ei para ser feliz neste mundo onde a tirania e a miséria reinam e hão-de reinar. De contrário, arriscar-me-ia a enviar a minha filha para as prisões ou a sofrer porque não tem essa coragem. Educá-la-ia a morrer, afinal. - Muito baixo, o pai não pode ouvir. - Ensiná-la-ei a ser uma flor de papel."

Domingo, 16 de Fevereiro de 2020

Concerto de Domingo à tarde

Novísssimo Cancioneiro

Livro Segundo (Book Two) , Op. 57: O Lírio Roxo

https://youtu.be/MUM7IEA5CGQ

Novísssimo Cancioneiro

Livro Primeiro (Book One) , Op. 12: Vou-Me Embora para Lisboa

https://youtu.be/ieeF_Wbe_uM

Jorge Palma, Sérgio Godinho - Dá-me Lume (Live)

https://youtu.be/Fj-ezvoqH1o

Sábado , 15 de Fevereiro de 2020

"Respigando...Alentejo"

(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)

Fotografia de Artur Pastor

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Sexta-feira, 14 de Fevereiro de 2020

Dia dos Namorados

"O SÃO VALENTIM DE BASSANO. Em 1575, o grande pintor veneziano Jacopo da Ponte

(1510-1591), discípulo de Ticiano e conhecido como Jacopo Bassano, pintou uma grande

pala de altar, hoje no Museo Civico de Bassano, onde representou São Valentim a curar

Lucilla da cegueira, dando corpo à sua tese de que o Amor sara todas as maleitas do

corpo e da alma. Trata-se de um mártir cristão do século III, patrono dos namorados por

ter celebrado muitos casamentos secretos e que por isso foi vítima das perseguições no

tempo do imperador Cláudio II (268-270). Conto a história: com a cura de Lucilla, filha do

prefeito romano Astério, São Valentim conseguiu converter toda uma família de patrícios,

o que levou a que fosse preso, açoitado e decapitado na via Flamínia, em Roma, a 14 de

Fevereiro de 269, doravante consagrado como o Dia dos Namorados. Sabiam desta belíssima

história do hagiológio primevo, alegadamente com 1751 anos ? A tela, de larga e ambiciosa

cenografia, servida aliás por um excelente desenho, consagra o momento do baptismo e

cura de Lucilla, que antecedeu a conversão dos seus pais e familiares e mostra como a arte

da Pintura sempre soube imaginizar o convencimento."

Vitor Serrão

In FB

Os nossos escritores

Barnabé Cordeiro

Rio de Moínhos-Borba

" De recordar que as famílias que tinham muitos filhos, e dadas as dificuldades para os criarem, eram forçados logo muito novos a abandonar a escola e ir “servir” para as famílias mais ricas, poucos eram os que iam aprender um ofício. As raparigas, algumas migravam para as cidades a servir como domésticas, e outras ficavam a trabalhar no campo, os rapazes na grande maioria iam trabalhar para os lavradores praticamente a troco da alimentação: sempre era menos uma pessoa a alimentar em casa, só voltavam a casa dos pais aos fins-de-semana para mudar de roupa"

"O agravamento das desigualdades de nível, e qualidade de vida, entre o campo e as cidades, eram nessa época mais marcantes, devido à falta de condições e protecção, principalmente nos trabalhadores rurais."

"As mulheres sempre foram mais sacrificadas, porque não só tinham o trabalho de casa a seu cargo, como também o trabalho do campo e tratar dos filhos, quantas vezes os tinham que levar consigo para o trabalho, sujeitos ao frio, ao calor e à chuva, improvisando abrigos para os resguardar do rigor do tempo"

Fotografias de Adriano Bastos

Quinta-feira, 13 de Fevereiro de 2020

Em Alentejo-Natureza

Serpa

Beldroegas

"As beldroegas são uma planta infestante, desprezada por muitos, mas que é também saborosa, saudável e que nada custa. Encontrada com facilidade em quintais e campos de cultivo, de Norte a Sul.

"Daninha" de grande sabor e grande qualidade nutricional e medicinal. Cresce em terrenos baldios, e em solos agrícolas, onde é combatida, quando na verdade trata-se de uma planta que deveria ser muito bem recebida.

- Nomes científicos: Portulaca oleracea L.

- Nomes populares: Beldroega, caaponga, porcelana, bredo-do-porco, verdolaga, beldroega-pequena, beldroega-vermelha, beldroega-da-horta, salada-de-negro.

- Família: Portulacaceae

- Região de origem: Norte da África, provavelmente.

- Erva pequena, de ciclo anual e que cresce rente ao chão. Suculenta (folhas e ramos). Possui flores pequenas, amarelas, e frutos em cápsulas pretas ainda menores, difíceis de ver, com sementes pretas e brilhantes. Possui variações, principalmente no cultivo para ornamentação, com flores maiores e de várias cores.

Mais um exemplo de planta detestada pelos agricultores modernos, que preferem optar por trabalho duro ao invés de apenas viver com simplicidade. As beldroegas são comestíveis, podem ser comidas inteiras e cruas, sendo que os talos e folhas são óptimos em saladas. E ainda existem algumas receitas de refogados ou sopas com esta planta (Sopa de Baldroegas com queijo é a minha favorita).

Nutritivamente, esta planta é muito rica em potássio e omega-3, hoje em dia tão comentado, importante no fortalecimento do sistema imune e circulatório. Isso além de outros nutrientes e moléculas próprias que atuam de modo bastante sinérgico com nosso organismo.

Medicinalmente, pode-se dizer, em poucas palavras: antibacteriana, anti-inflamatória, vermífuga, diurética, emoliente, entre outras características. Traduzindo: combate infecções bacterianas, inflamações, vermes, e ajuda na digestão e no funcionamento dos rins. Basta incluir na dieta para já se aproveitar pelo menos em parte estes efeitos. Outra ideia simples é o uso das folhas em infusão, seja como tónico e depurativo do sangue (uso interno) ou como cicatrizante (uso externo). "

João Mendes

in http://omelhoralentejodomundo.blogspot.pt/2013/07/baldroegas.html

Quarta-feira, 12 de Fevereiro de 2020

Visite o Alentejo

Fotografia de Adriano Bastos

Portalegre, Alentejo, Portugal

Portalegre é uma cidade portuguesa, capital do Distrito de Portalegre, situada na região do Alentejo,

sub-região do Alto Alentejo, que em 2011 tinha 15 642 habitantes. É sede de um município com

446,24 km² de área e 24 930 habitantes (2011), subdividido em 10 freguesias, limitado a norte pelo

município de Castelo de Vide, a nordeste por Marvão, a leste pela Espanha, a sul por Arronches e

Monforte e a oeste pelo Crato.O distrito conta com 15 concelhos: Alter do Chão, Arronches , Avis,

Campo Maior, Castelo de Vide, Crato, Elvas, Fronteira, Gavião, Marvão, Monforte, Nisa,

Ponte de Sor, Portalegre e Sousel.

https://youtu.be/g9tiScFAka0

Mértola - Cidade encantadora

https://youtu.be/X2NLN7KrFUQ

Terça-feira, 11 de Fevereiro de 2020

Em Borba-Mezinhas da Avó

"A alegria evita mil males e prolonga a vida."

William Shakespeare

Beneficios no consumo de FAVAS

" A leguminosa rica em nutrientes, favas são ricos em fibras e proteína na dieta, muito baixa em gordura, livre de gordura saturada e excelente fonte alimentar de muitos nutrientes essenciais para a saúde humana, tais como vitaminas e minerais. Favas, quando consumidos como parte de uma dieta saudável, podem oferecer benefícios cardiovasculares e ajuda no controle do peso.

......

Rico em nutrientes

De acordo com Frutas e Vegetais da Matéria, favas são um alimento denso em nutrientes, ou seja, eles fornecem muitos nutrientes essenciais para o bom funcionamento corporal sem ser rico em calorias.

.......

Promover a saúde do coração

Para além de ser uma fonte excelente de nutrientes que sustentam a saúde cardiovascular, favas são ricos em fibras dietéticas, proporcionando 9 g por 1/4 de copo. Leguminosas, tais como feijões são uma fonte de ambos os tipos de fibra alimentar, solúvel e insolúvel, mas são particularmente ricos em fibra solúvel. "Fonte:http://textozon.com/beneficios/artigo-3474.html

Segunda-feira, 10 de Fevereiro de 2020

Encontro com os nossos Escritores

Fotografia de Adriano Bastos

José Rabaça Gaspar

Lendas de Beja - O Touro e a Cobra e outras LENDAS...

LENDAS

A obra: Lendas de Beja – O Touro e a Cobra e outras Lendas…, de José Rabaça Gaspar, professor de Literatura na Escola Secundária D. Manuel I, em Beja, traduz-se num trabalho de investigação minucioso e preciso sobre muitas das lendas e estórias maravilhosas que marcam a identidade cultural das gentes de Beja.

Levando a cabo quase dez anos de recolha de lendas, a Lenda da Cobra e do Touro é, sem dúvida, a mais interessante e mais rica em conteúdo, sendo contada de múltiplas maneiras e com várias versões. Nesta(s) estória(s) existe quase sempre um predomínio do touro sobre a cobra, podendo representar, assim, uma vitória da força e astúcia do touro sobre a ruindade e ambição da cobra. O imaginário da cultura portuguesa, está carregado de evocações à cobra como animal quase humano capaz dos actos mais desprezíveis, pelo que esta lenda não poderia “fugir à regra”.

Seja como for, a verdade é que esta lenda ainda está viva, e com pormenores que se vão recombinando consoante as versões, e expressa a ideia de um mito de origem que organiza e marca a sua concepção do mundo envolvente.

Num tempo em que o conhecimento científico impera, todos os ensinamentos baseados na oralidade, os contos, os jogos, os cantares, as crenças e as lendas, passados de boca em boca, de geração em geração, parecem estar ameaçados de esquecimento e à deturpação dos seus significados.

Esta obra remete-nos para um conhecimento tradicional, assente na natureza e raiz popular de um povo, colocando-nos perante um conhecimento dos antigos, dos ditos “analfabetos”, que transportam consigo verdadeiras bibliotecas, sabedorias e segredos.

Ao transpor esta realidade para a escrita está-se a preservar um património vivo, rico, que merece ser conhecido por todos. Daí que trabalhos como o de José Rabaça Gaspar devam ser encorajados e dignificados, na medida em que a nossa cultura popular encerra ainda muitos mistérios e desafios que vale a pena serem descobertos.

Ana Machado

Antropóloga

in “Imenso Sul”, Nº 17, Janeiro de 1999, p. 46

Domingo, 9 de Fevereiro de 2020

Concerto de Domingo à tarde

Piano Quartet No. 3 in C Major, WoO 36: II. Adagio con espressione (Live)

https://youtu.be/gXI1XOLaFx4

Sábado, 8 de Fevereiro de 2020

"Respigando...Borba"

(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)

"As respigadoras" de Jean-François Millet

Em Borba com o Prof. José Hermano Saraiva

A Alma e a Gente - Ressurreição das Aldeias (Borba)

03 Fev 2008

Prof. José Hermano Saraiva

O concelho de Borba não é um concelho grande, tem 142 quilómetros quadrados, a população

não é muita, tem 8500 habitantes, mas trata-se de um dos concelhos mais ricos do Alto Alentejo.

As duas grandes riquezas da região são o Vinho e o Mármore. Só que agora surge uma terceira

riqueza, o Turismo, com a ressurreição duma aldeia típica alentejana (S. Gregório) agora

transformada em aldeia turística (um projecto exemplar).

A Alma e a Gente - Ressurreição das Aldeias (Borba) - 03 Fev 2008

https://youtu.be/3TRJ3MwEbOk

Alentejo- Aldeia de São Gregório- Borba

https://youtu.be/SUGhVNm9J3g

Sexta-feira, 7 de Fevereiro de 2020

Sugestão de Passeio

"Andar por terras distantes e conversar com diversas pessoas

torna os homens ponderados."

«Aquele que lê muito e anda muito, vê muito e sabe muito.»

Miguel Cervantes

Alentejo-Paisagens do Sul

https://youtu.be/2KNddSvdpn8

Quinta-feira, 6 de Fevereiro de 2020

"Respigando...Alentejo"

(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)

Alandroal

Lápide em igreja desvenda mistério sobre o cronista Fernão Lopes

" Acaso levou o investigador João Torcato a reparar na inscrição existente à entrada da igreja matriz. Dois anos depois publica, com o historiador José d"Encarnação, os fundamentos da tese que parece resolver enigma histórico

Um mistério com mais de 500 anos na História de Portugal, sobre quem foi o cronista Fernão Lopes, pode ter chegado ao fim com a descoberta desse nome numa lápide à entrada da Igreja Matriz do Alandroal, vila do distrito de Évora.

"Acho que é uma contribuição definitiva para estudar um homem sobre cuja vida não se sabe nada", defende ao DN João Torcato, um investigador que trocou a vida na capital pelo regresso ao Alandroal - "terra pequena e perdida no meio da planície alentejana" onde esta descoberta "é uma mais valia em termos culturais e turísticos".

A descoberta é publicada amanhã na edição online da revista especializada Al-Madan, num artigo coassinado por João Torcato e pelo historiador José d"Encarnação, contactado pelo primeiro enquanto especialista em epigrafia para analisar as inscrições naquela pedra mármore.

"Nunca se tinha pensado nem se sabia onde Fernão Lopes estava sepultado", assinala José d"Encarnação ao DN. Agora, embora com as reservas naturais dos investigadores, este catedrático justifica a conclusão de os restos mortais do quarto Guarda-Mor da Torre do Tombo estarem na Igreja de Nossa Senhora da Graça com o conjunto de factos que até aqui não tinham explicação.

"Apontamos para ser o cronista porque temos uma explicação para o privilégio, para a importância dada a essa zona" por Fernão Lopes nos textos que escreveu, observa José d"Encarnação, enquanto João Torcato evoca os nove capítulos da Crónica de D.João I que o autor dedica ao Alandroal numa época - a crise de 1383-1385 - em que aí "praticamente não houve nada de relevante" e quando "o país estava num estado de guerra absoluto". Exemplos? As batalhas dos Atoleiros, Trancoso, Aljubarrota e Valverde.

Fernão Lopes é considerado o fundador da historiografia portuguesa e até agora apontava-se para Lisboa como local de nascimento (entre 1380 e 1390) e morte (cerca de 1460). Além de responsável pelos arquivos da Torre do Tombo, foi o autor das crónicas sobre os reis D.João I, D.Fernando e D.Pedro, bem como de outros monarcas cujos textos desapareceram. A sua escrita era marcada pela objetividade e fundamentada, que rompia com as tradições da época e onde, lembra João Torcato, os membros do povo passaram a ser protagonistas.

"Ele era um escritor cuidadoso e meticuloso", que procurava "escrever só a verdade", pelo que "é estranho" falar tanto do Alandroal naquele período crítico da independência face a Castela, insiste o artista plástico.

Porta fechada

Foi por acaso que João Torcato, presidente da cooperativa sociocultural Mouro M"Fez, reparou há cerca de dois anos na inscrição ainda legível naquela pedra tumular "quando ia a sair da igreja, que estava fechada para limpezas. "Já tinha estudado várias coisas sobre o Fernão Lopes. Quando percebi que havia um vazio tão grande sobre a vida dele, o que é estranho, comecei a estudar a questão com mais profundidade".

"Tem sido um processo de reflexão" de dois anos e feito com algum secretismo, prossegue João Torcato, em que "começou a fazer sentido" o que ia lendo à luz daquela hipótese. "O facto de ainda ninguém ter identificado a tumba" com a inscrição "Fernão Lopez" é, explica o investigador, "porque a porta tapa o nome" quando se "abre para a direita" - e é esse facto que também terá garantido a legibilidade daquela primeira linha de texto na pedra tumular, quando a generalidade das outras inscrições quase desapareceu devido ao repisar dos crentes desde os meados do século XV.

José d"Encarnação subscreve essa hipótese sobre o "porque é que nunca se tinha visto a inscrição" que, revelam os autores no texto publicado na Al-Madan, "corresponde ao formulário habitual do século XV" e em que o apelido Lopes se escrevia "com Z, como era normal na época". Certo é que até agora, confirma o historiador, "não havia nada escrito sobre a existência da lápide" com o nome do cronista na Igreja Matriz do Alandroal.

Mas poderá aquele nome corresponder a outra personagem que não o famoso cronista? "É uma pergunta perfeitamente legítima", sublinha José d"Encarnação, mas os elementos informativos existentes levam a concluir que só pode ser o autor da Crónica de D.João I.

Além de referir exaustivamente a vila do Alandroal, a única vila do Alentejo cujo brasão de armas é semelhante ao da Casa de Avis (dominante naquela zona fronteiriça), a existência de um convento que funcionava como escola - explica a erudição que o caracterizava e permitiu a alguém de origem humilde chegar a Guarda-Mor da Torre do Tombo - e lhe permitiu ser conhecido pelos responsáveis da Ordem de Aviz, destacam os autores.

Acresce o pormenor, regista ainda João Torcato, de as pessoas nessa época "serem sepultadas na terra natal" para reforçar a tese de que Fernão Lopes é natural da vila do Alandroal.

E agora? O investigador diz estar "fora de questão" pedir o levantamento da urna para investigar se ainda ali estão algumas ossadas e a quem pertencem. "Agora não", assegura, embora admitindo essa possibilidade se a iniciativa "partir do mundo académico". O facto de a Igreja Matriz do Alandroal ter sofrido várias obras de remodelação ao longo destes séculos e de a própria pedra tumular estar partida não dá garantias de que ainda haja algo por baixo, conclui João Torcato." in DN.PT

Manuel Carlos Freire

Quarta-feira, 5 de Fevereiro de 2020

Tempo de Leitura

"O homem como a natureza detestam ser aniquilados. Só que a natureza nos revela os seus segredos apenas uma vez. Revelado cada um deles nada mais há a acrescentar.

Além disso, a natureza não perdoa erros. Para o mar ou para o rio, sim é sim e não é não. A natureza nunca diz uma coisa que possa ser desdita pela sabedoria dos homens."

Alexandre Pinheiro Torres

"- Não sei. O vento existe para as mulheres segurarem os cabelos com as mãos.

- E também para usarmos lenços de seda.

- Sim, o vento faz as mulheres bonitas. Os lenços de seda também."

Augusto Abelaira

Fotografia de Adriano Bastos

"- Vou dizer-te o meu segredo. É muito simples: só se vê com o coração. O essencial é invisível para os olhos.

- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se recordar.

- Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.

- Foi o tempo que perdi com a minha rosa… repetiu o principezinho, a fim de se recordar.

- Os homens esqueceram esta verdade. Mas tu não deves esquecê-la. Ficas para sempre responsável por aquele que cativaste. És responsável pela tua rosa.

- Sou responsável pela minha rosa, repetiu o principezinho, a fim de se recordar."

Antoine de Saint-Exupéry em O Principezinho

Desenho de Antoine de Saint-Exupéry

Terça-feira, 4 de Fevereiro de 2020

Alentejo-GASTRONOMIA

Receitas Culinárias Alentejo

BOLOS DO FUNDO DO ALGUIDAR COM TORRESMOS

‎Photo in ALENTEJANANDO

"Alentejo - Bolos do Fundo do Alguidar com torresmos

Ingredientes:

500 g de açúcar de preferência amarelo

3 ovos

1 colher de chá de fermento em pó

raspa da casca de 1 ou 2 limões (conforme o tamanho)

125 g de torresmos picados na picadora

1 cálice de aguardente

1 kg de massa de pão

açúcar e canela para polvilhar

banha

Confecção:

Numa tigela batem-se os ovos com o açúcar, o fermento, a raspa da casca dos limões,

a aguardente e os torresmos . No fundo de um alguidar (daqui o nome deste bolo) encontra-se a massa de pão, à qual se junta o preparado anterior. Mistura-se tudo muito bem com as mãos e faz-se os bolos conforme tamanho desejado. Vão ao forno num tabuleiro untado com banha. Polvilham-se abundantemente com açúcar e canela e leva-se a cozer em forno bem quente.

O açúcar misturado com a canela, depois de cozido, forma um caramelo vidrado que transmite um sabor muito especial e característico a este bolo." in https://desenvolturasedesacatos.blogspot.pt/

"Os torresmos são os resíduos (febras) que ficam quando se derretem as gorduras de porco para se obter a banha.Vendem-se no talho."

Segunda-feira, 3 de Fevereiro de 2020

Celeiro da Poesia

Photo in "Mujer leyendo una poesía" del año 1906 es obra del pintor japonés Ishibashi

Kazunori. Fue muy activo en las ciudades de Yōga u Nihonga. También es conocido como Ishibashi Wakun. Kazunori quizás mejor conocido por esta obra maestra, que actualmente se exhibe en el Museo deArte Shimane. Su inspiración fue una actriz inglesa. En contraste con muchos de sus

contemporáneos,sus obras muestran un sosiego, calma y una cierta distancia con el espectador.

Soneto do regresso

Volto contigo à terra da ilusão,

mas o lar de meus pais levou-o vento

e se levou a pedra dos umbrais

o resto é esquecimento:

Procurar o amor neste deserto

onde tudo me ensina a viver só

e a água do teu nome se desfaz

em silabas de pó

é procurar a morte apenas,

o perfume daquelas

longínquas açucenas

abertas sobre o mundo como estrelas:

Despenhar no meu sono de criança

inutilmente a chuva da lembrança.

Carlos de Oliveira

Photo in https://gsouto-digitalteacher.blogspot.com

Blues da morte de amor

já ninguém morre de amor, eu uma vez

andei lá perto, estive mesmo quase,

era um tempo de humores bem sacudidos,

depressões sincopadas, bem graves, minha querida.

mas afinal não morri, como se vê, ah não

passava o tempo a ouvir deus e música de jazz,

emagreci bastante, mas safei-me à justa, oh yes,

ah, sim, pela noite dentro, minha querida.

a gente sopra e não atina, há um aperto

no coração, uma tensão no clarinete e

tão desgraçado o que senti, mas realmente,

mas realmente eu nunca tive jeito, ah não,

eu nunca tive queda para kamikaze,

é tudo uma questão de swing, de swing minha querida,

saber sair a tempo, saber sair, é claro, mas saber,

e eu não me arrependi, minha querida, ah, não, ah, sim.

há ritmos na rua que vêm de casa em casa,

ao acender das luzes. uma aqui, outra ali.

mas pode ser que o vendaval um qualquer dia venha

no lusco-fusco da canção parar à minha casa,

o que eu nunca pedi, ah, não, manda calar a gente,

minha querida, toda a gente do bairro,

e então murmurarei, a ver fugir a escala

do clarinete:- morrer ou não morrer, darling, ah, sim.

Vasco Graça Moura

Photo in http://nossaradio.blogspot.com/

Falavam-me de Amor

Quando um ramo de doze badaladas

se espalhava nos móveis e tu vinhas

solstício de mel pelas escadas

de um sentimento com nozes e com pinhas,

menino eras de lenha e crepitavas

porque do fogo o nome antigo tinhas

e em sua eternidade colocavas

o que a infância pedia às andorinhas.

Depois nas folhas secas te envolvias

de trezentos e muitos lerdos dias

e eras um sol na sombra flagelado.

O fel que por nós bebes te liberta

e no manso natal que te conserta

só tu ficaste a ti acostumado.

Natália Correia, in 'O Dilúvio e a Pomba'

Photo in http://bajoelsignodelibra.blogspot.com

Caminhar de olhos fechados

O mais importante na vida

É ser-se criador – criar beleza.Para isso,

É necessário pressenti-la

Aonde os nossos olhos não a virem.

Eu creio que sonhar o impossível

É como que ouvir a voz de alguma coisa

Que pede existência e que nos chama de longe.

Sim, o mais importante na vida

É ser-se criador.

E para o impossível

Só devemos caminhar de olhos fechados

Como a fé e como o amor.

António Botto

Domingo, 2 de Fevereiro de 2020

Concerto de Domingo à tarde

Pedro Mestre - "Armou-se uma trovoada"

https://youtu.be/diQy6ucD0g8

Grupo Violas Campaniças

https://youtu.be/rAcTOyHdiVY

Sábado, 1 de Fevereiro de 2020

"Respigando...Borba"

(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)

Fotografia de Adriano Bastos

Os nossos melhores AGRADECIMENTOS ao contributo de Filipe Rosado

e à perspectiva de um imenso espólio de documentos a estudar e divulgar...

Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2020

Celeiro da Cultura

Cântico de Amor - Poema de Miguel Torga

https://youtu.be/obkUKsEbSgg

Quinta-feira, 30 de Janeiro de 2020

Tempo de Poesia

CECÍLIA MEIRELES

Motivo

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

— não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

— mais nada.

Photo in InfoEscola

Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020

As nossas escolhas musicais...

Madeleine Peyroux

La Vie en rose

https://youtu.be/3cQF0uo9uUM

Terça-feira, 28 de Janeiro de 2020

"Alentejo Terra de Artistas"

A pintura é neta da natureza...

Rembrandt

Jorge Pé Curto-Moura

Photo in 8b5233b19fed41b9f96dc1df13b402e5.jpg

"Nasceu em 1955, em Moura. Vive em Almada desde 1965.

Começou a frequentar, desde os dez anos de idade, o Centro Artístico Infantil, no Castelo de S.

Jorge, de que era mentor o pintor Hermano Baptista.

Mais tarde cursou escultura na Escola António Arroio como bolseiro da Fundação Gulbenkian.

Em 1982, juntamente com outros artistas, fundou em Almada, a IMARGEM, projecto que,

entretanto, viria a abandonar. Foi professor do ensino oficial durante 17... anos.

Como artista plástico Jorge Pé-Curto desenvolveu actividade na cerâmica, pintura, cartaz e

gravura, mas seria na escultura, nomeadamente na pedra, que viria a centrar o seu trabalho.

Colectivamente, Jorge Pé-Curto participou desde 1972 em diversas exposições em galerias,

instituições várias, espaços comerciais e mostras escultóricas ao ar livre. Desde 1984 expõe

individualmente. Da sua autoria são diversos monumentos, situados em várias regiões do

país." in Arte Portuguesa.FB

"Exposições Individuais

1984, Galeria Codilivro, Lisboa; 1989, Galeria Escada, Lisboa; 1990, Galeria Ara, Lisboa;

1992, Galeria de Lagos, Lagos; 1993, Galeria de S. Bento, Lisboa; 1995, Galeria Neupergama, Torres Novas; 1996, Galeria Vértice, Lisboa; 1998, Galeria S. Francisco, Lisboa

2000, Galeria Arte&Mar, Sesimbra; 2000, Galeria Artela, Lisboa; 2001, Galeria Municipal, Barreiro; 2002, Galeria Galveias, Lisboa; 2005, Galeria Galveias, Lisboa

"Obras de Arte Pública Em colaboração com Francisco Bronze, Evocação de Fernão Mendes Pinto, Almada, 1984 | Monumento ao Pescador, Costa da Caparica, 1985 | Mural em Baixo-relevo, Casa Mortuária de Alhos Vedros, 1986 | Monumento ao Bombeiro, Sines, 1992 | Viagem, Almada, 1994 | Intervenções Escultóricas em àreas de serviço de auto-estradas: Um Olhar Sobre o Rio, Seixal, 2000 | Touro Cindido e Conquistador, Montemor-o-Novo, 2000 | Margem Esquerda – Monumento ao Operário, Baixa da Banheira, 2001 | Primeiro as Crianças, Cacilhas, 2001 | Em colaboração com outros escultores, Intervenção no Caminho Rural da Fonte Velha, Belver, 2004 | Intervenção Escultórica na ABORO, Associação de Regantes, Ferreira do Alentejo, 2004 | Cabeça de Soldado Romano, 3º Simpósio de Escultura de Alfândega da Fé, 2004 | Figura Cindida com Ave, Simpósio de Escultura em Pedra da Faculdade de Ciências Técnicas – UNL, Monte de Caparica, 2006 | Lobisomem Uivando ao Luar, Simpósio de Escultura de Penafiel, 2007 | Monumento ao 25 de Abril, Parque Luso, Seixal, 2007 |Monumento ao Fundador, Parque Luso, Seixal, 2007."

Contorcionista

Dona Inês de Castro

Monumento ao Fundador

"Surrealismos ou episódios “non sense” emanam da lisura das pedras e, apelativos, esperam quese lhes toque, antes mesmo de tentar a leitura. É na decantação formal e no excelente sentido das composições que Jorge Pé-Curto obtém sucesso e se demarca de todos os jovens escultores da sua geração.

Desconhecendo-lhe os mecanismos criativos, ouso decidir pelo rigor como veículo preponderante desta intervenção que se pauta pela diferença e por uma modernidade referenciada. O autor, que retira o máximo aproveitamento da tridimensionalidade da sua obra, conhece, com notável sensibilidade, todos os meandros que conduzem não só à comunicação ideal como também à exaltação do próprio discurso estético. Dir-se-ia que nada se regista sem o imprescindível concurso de agentes determinantes, grupo em que integro a harmonia dos contrários; a conjugação de materiais cromática e texturalmente diferenciados; o variável comportamento da peça interagindo com a luz, dialogando com o espaço envolvente ou encerrando centros de uma dinâmica toda especial. Sapiência intuitiva ou empenhada pesquisa?

A verdade é que, neste deambular pelas emoções, neste reinventar do real em busca do inédito, se espelha o homem pleno de virtudes e precariedades. Geri-las, com talento e determinação, é próprio de sensitivos e de artistas. Porque, a uns e outros, cabe o papel de oráculo no amainar das inquietações gerais? Por serem eles o fermento para a mudança na qual se abala o presente e se estriba o futuro?

Tenho para mim que Jorge Pé-Curto, cultor da mais fina ironia, nos mostra como se esbatem fronteiras , se realizam insólitas simbioses e como, pelo poder das metáforas, podemos aceder a mundos tendencialmente melhores.

A porta é lúdica, o reino rico e a arte sensual. Quanto à beleza, essa perpétua mutante, veste-se de códigos na gala das alegorias que lhe acendem a imaginação." in Imargem

Estoril, Setembro 2000

EDGARDO XAVIER

Chegada de um novo inquilino

Segunda-feira, 27 de Janeiro de 2020

Sugestão de Passeio

Aldeia de São Cistovão, Montemor o Novo, 2020_01_25

https://youtu.be/Hxf97I_foq0

"A meio caminho entre Montemor-o-Novo e Alcácer do Sal encontramos a aldeia de São Cristovão.

Existe uma lenda na qual atribuem a São Cristovão a graça da escolha do local da Igreja, pelo que

o povo escolheu este Santo como seu Padroeiro e símbolo unificador da sua Fé. No limite do

aglomerado encontra-se a Igreja de São Cristovão, construida no século XVI. A fundação desta

Paróquia deverá ser anterior a 1534. A antiga freguesia de São Cristovão, no Termo de

Montemor-o-Novo, era Curado da apresentação do Arcebispo de Évora. A sua actividade

económica baseia-se na agricultura, pecuária, panificação e criação de gado. São Cristovão é

uma Aldeia Branca e acolhedora ornada pelos tons de azul e amarelo. Situada próximo da

Barragem de Pego do Altar existia uma ponte sobre a ribeira de S. Cristovão que permitia chegar

à aldeia de Santa Susana. A ponte está hoje submersa pela albufeira. A albufeira é ponto de

atração de pescadores e desportos nauticos. Infelizmente por causa da pouca pluviosidade

dos últimos anos estas actividades estão limitadas. Come-se bem em São Cristovão. Almoçei

no Restaurante "o Chouriço". Muito bom."

Luis Correia

Domingo, 26 de Janeiro de 2020

Concerto de Domingo à tarde

Rubrica semanal de boa música...

Fotografia de Adriano Bastos

Umebayashi: Yumeji's Theme (From "In The Mood For Love")

https://youtu.be/5-5A-EBZ2kc

"Respigando...Borba"

(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)

Fotografia de Adriano Bastos

"Já então se praticava a chamada 'desobediência cívica'. No contexto político de I República, a perseguição religiosa e a iconoclastia estiveram ao rubro. Por isso, estavam proibidas as manifestações religiosas no espaço público. Mas as mulheres de Rio de Moinhos, contrariando essas determinações governativas, pegaram nos andores e nos ícones religiosos, e realizaram uma procissão. Diz-se que os homens ficaram de fora, vigilantes, transportando os seus varapaus debaixo dos grossos capotes alentejanos, para o caso de haver intervenção física por parte dos agentes da autoridade... Quando foram levadas a tribunal, estas senhoras fizeram-se acompanhar dos respectivos filhos menores... E o juiz absolveu-as...

O Advogado de Defesa foi o Dr. Humberto Montenegro Fernandes residente em BORBA."

in FB-António Filipe Rebola Rosado

Sábado, 25 de Janeiro de 2020

Visite o Alentejo

ALENTEJO - VIVER E MORRER CONTIGO

Trabalho de Luís Milhano

https://youtu.be/p1i6LNtJXqs

A nossa música e seus intérpretes

"Uma casual deambulação lírica pela cidade, na companhia do Manuel da Fonseca, acabou por

levar-nos até à beira-rio, à hora em que os barcos da outra banda entornam sobre o Terreiro

do paço a mancha negra de gente que rebressa de um dia de trabalho. Um pequeno grupo de

homens do povo e de soldados adiantou-se a cantar. Alentejanos, sem dúvida alguma. E mais

não foi preciso para que o Manuel saltasse para o meio dos desconhecidos e, sem hesitação,

juntasse a sua voz à dolorosa voz colectiva da terra alentejana, ali orgulhosamente ostentada.

Vieram-me as lágrimas aos olhos, de espanto e comoção. Mas com os alentejanos é assim.

Está-lhe na massa do sangue. Todos os pretextos lhe servem para o canto em comum. Uma

polifonia bárbara, de raiz ancestral e apreendida por instinto de geração em geração, quando

muito reditível a arquétipos, mas insubmissa a regras."

João José Cochofel, em Opiniões Com Data

Lisboa, Novembro de 1945

Grupo de Violas Campaniças de Castro Verde

Trabalho de João Casqueira

Grupo de Violas Campaniças de Castro Verde - Homenagem a ' Charro d'Alvito' Firminiano

Carvalho Marques e José Ernesto Marques . 40ª Aniversário do Grupo de

Cante Coral Alentejano de Alvito " Os Papa-Borregos, 19-06-2016

https://youtu.be/d0OyOOld7y4

Sexta-feira, 24 de Janeiro de 2020

Alentejo profundis...

Fotografia de Adriano Bastos

LÁ VAI SERPA, LÁ VAI MOURA

Lá Vai Serpa, Lá Vai Moura interpretado pelo Grupo Coral e Etnográfico Os Camponeses de Pias,

direcção Musical e Arranjos do Maestro Carlos Amarelinho, com músicos da Sociedade

Filarmónica de Serpa e da Sociedade Filarmónica Silvense e ainda os músicos convidados:

Bruno Victor, Samuel Santos, Bárbara Santos, Válter Marrafa, Salomé Pais Matos, Jean,

Nelson Filipe C Vaz, Rúben M C Carmo, Diogo Costa, Jorge Barradas, Rui, Rui Rúbio, Ana

Espirito Santo, Marisa Cavaco, Joaquim Moita, Nuno Lopes, Rui Gonçalves, Elsa Marques,

João Nunes, Miguel Carvalho, João Pedro Pais.

Concerto "Sinfonia EnCante" inserido XII Encontro de Culturas de Serpa.

https://youtu.be/HUEjTaF6kjk

Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2020

Dia Mundial da Liberdade

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O Dia Mundial da Liberdade celebra-se a 23 de Janeiro

A liberdade é um direito de todos os seres humanos para realizarem as suas próprias escolhas, para traçarem o seu futuro e determinarem as suas opções de vida

Em Portugal o Dia da Liberdade comemora-se a 25 de abril mas a data internacional para celebrar a liberdade calha no calendário a 23 de janeiro. A data foi criada pela ONU e proclamada pela UNESCO.

Liberdade na Declaração Universal dos Direitos Humanos

A Declaração Universal dos Direitos Humanos contempla a liberdade no Artigo 1.º: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.”

Já o Artigo 2.º refere que: “Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação.”

in dia-mundial-da-liberdade

Quarta-feira, 22 de Janeiro de 2020

Borba-Mezinhas da Avó

"A alegria evita mil males e prolonga a vida."

William Shakespeare

in Alentejanando

Benefícios no consumo de sementes de

Abóbora

Quais são os benefícios para a saúde?

As sementes de abóbora contêm generosas quantidades de vitaminas A, K, assim com ácido fólico e vitamina B3. Também contém ácido linoleico, ácidos graxos ômega 6 e ômega 3.

Dentre as vantagens que oferece ao organismo encontramos:

– Recomendável para pessoas com osteoporose, devido ao teor de zinco que ajuda a retrasar a deterioração da densidade mineral óssea.

– Beneficiam pessoas com artrite, reduzindo as inflamações.

– Favorecem à próstata e ajudam a quem tem dificuldade em urinar devido à próstata dilatada.

– Podem diminuir os riscos de apresentar cálculos renais.

– Colaboram nos tratamentos da nefrite e outras condições associadas ao sistema urinário. Isso devido ao seu teor em cucurbitina, um aminoácido essencial que, segundo alguns estudos, também melhoram o funcionamento da bexiga.

– Ajudam a reduzir os nível de colesterol mal, graças a seu teor de “fitoesteróis”.

– Podem ajudar na prevenção contra certos tipos de câncer.

– Funcionam como um potente antidepressivo, já que contém L – triptofano, que nada mais é que um antidepressivo natural.

– Favorecem na produção dos hormônios do “sono” (serotonina) ajudando com problemas de sono e ansiedade.

– Utilizam-se para combater parasitas intestinais.

– São úteis no tratamento da síndrome do intestino irritável.

Sobre o óleo verde dessas sementes podemos dizer, entre outras coisas, que:

– É emoliente, calmante e laxante.

– É considerado excelente para os pulmões e membranas mucosas.

Não deixemos de desfrutar desse presente da natureza!

in: De Melhor com Saúde

Terça-feira, 21 de Janeiro de 2020

Tempo de Leitura

Photo in thestar.com

" Escreve, se puderes, coisas que sejam improváveis como um sonho, tão absurdas

como a lua-de-mel de um gafanhoto e tão verdadeiras como o o simples coração

de uma criança."

Ernest Hemingway

O Jardim do Paraíso

Ernest Hemingway

Tradução: Guilherme de Castilho

Capa: José Teófilo Duarte

Círculo de Leitores, Lisboa, Março de 1998

"Na estrada reluzente que subia entre os pinheiros, quando saiu do hotel, sentia o esticão nos braços e nos ombros e o impulso dos pés curvos contra os pedais quando subia sob o sol ardente com

o cheiro dos pinheiros e a leve brisa que vinha do mar. Inclinou o corpo para a frente, apoiou-se levemente nas mãos e sentiu o ritmo desconcentrado no princípio da subida começar a suavizar

quando passou o marco dos cem metros e depois o primeiro sinal vermelho dos quilómetros e depois o segundo. No promontório a estrada virava para seguir à beira-mar e ele travou e apeou-se e pôs a bicicleta ao ombro e desceu com ela pela vereda até à praia. Encostou-se a um pinheiro que exalava o cheiro a resina no dia quente e desceu para os rochedos e despiu-se e arrumou as sapatilhas com os calções, a camisa e o boné e mergulhou das rochas no mar fundo e frio e transparente. "in caisdoolhar.blogspot.pt

Segunda-feira, 20 de Janeiro de 2020

"Respigando...Borba"

(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)

"As respigadoras" de Jean-François Millet

Castelo de Borba

"Cronologia

1217 - 1223 - Conquista de Borba, no reinado de D. Afonso II (Anselmo, 1907); 1258 - carta de foral de Estremoz, com Borba incluída no seu termo; 1302 - registo epigráfico da fundação e elevação de Borba a município; 1512, 1 de Junho - foral novo concedido por D. Manuel I; 1645 - batalha entre soldados espanhóis e portugueses junto à ribeira da Alcaraviça, no termo de Borba; 1662, 13 de Maio - invasão da vila de Borba pelos soldados comandados por D. João da Áustria e ataque ao castelo, exigindo a rendição do alcaide Rodrigo da Cunha Ferreira; 1711 - passagem das tropas espanholas do general Ceo, no contexto da Guerra da Sucessão (Anselmo, 1907); séc.18 - ainda estava embebida no torreão O. a epígrafe honorífica; uma das torres foi reconvertida em prisão, sendo os presos assistidos por capela própria, que funcionava no actual Passo do Alto da Praça; 1808, 15 de Junho - estabelecimento de uma Junta de Defesa por parte do sargento-mor António Lobo Infante de Lacerda e do general espanhol Frederico Moretti, no contexto das exigências do general Junot aquando da fuga da família real para o Brasil; 1809 -1811 - permanência em Borba de uma brigada inglesa de general Beresford; 1829 - formação em Borba da terceira companhia de um Batalhão de Voluntários Realistas defensores da causa de D. Miguel; 1956 - a torre do relógio encontrava-se em risco de ruína; 1992, 01 Junho - o imóvel foi afecto ao Instituto Português do Património Arquitectónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 2003" In Sipa

SIPA.aspx

Fotografia de Adriano Bastos

Domingo, 19 de Janeiro de 2020

Concerto de Domingo à tarde

Rubrica semanal de boa música...

Armando bairros, 1909-1999

Carolina Pies

ADEUS Ó VILA DE SERPA_by Ensemble Darcos e Coro Ricercare

https://youtu.be/BJOLYeMu94Q

Efemérides

Eugénio de Andrade

19 de Janeiro de 1923-13 de junho de 2005

Photo in 2mgnqBd

Eugénio de Andrade

Devias estar aqui rente aos meus lábios para dividir contigo

esta amargura dos meus dias partidos um a um

(...)

Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,

e o que nos ficou não chega

para afastar o frio de quatro paredes.

Gastámos tudo menos o silêncio.

Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,

gastámos as mãos à força de as apertarmos,

gastámos o relógio e as pedras das esquinas

em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.

Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;

era como se todas as coisas fossem minhas:

quanto mais te dava mais tinha para te dar.

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.

E eu acreditava.

Acreditava,

porque ao teu lado

todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,

era no tempo em que o teu corpo era um aquário,

era no tempo em que os meus olhos

eram realmente peixes verdes.

Hoje são apenas os meus olhos.

É pouco, mas é verdade,

uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.

Quando agora digo: meu amor,

já se não passa absolutamente nada.

E no entanto, antes das palavras gastas,

tenho a certeza

que todas as coisas estremeciam

só de murmurar o teu nome

no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.

Dentro de ti

não há nada que me peça água.

O passado é inútil como um trapo.

E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.

Eugénio de Andrade, in “Poesia e Prosa”

Fotografia de Adriano Bastos

Sábado, 18 de Janeiro de 2020

Os nossos Escritores

Florbela Espanca

Vila Viçosa

"Mulher sem Areia Nenhuma

Tenho o santo horror da frieza calculada, da boa educação, do prudente juízo duma mulher. Aos homens pertence tudo isso, e a mulher deve ser muito feminina, muito espontânea, muito cheia de pequeninos nadas que encantem e que embalem. Meu amigo, se esperas ter uma mulher sem areia nenhuma, morres de aborrecimento e de frio ao pé dela e não será com certeza ao pé de mim... Comigo hás-de ter sempre que pensar e que fazer. Hás-de rir das minhas tolices, hás-de ralhar quando elas passarem a disparates (hão-de ser pequeninos...) e hás-de gostar mais de mim assim, do que se eu fosse a própria deusa Minerva com todo o juízo que todos os deuses lhe deram."

Florbela Espanca, in "Correspondência (1920)"

Sexta-feira, 17 de Janeiro de 2020

Visite Borba

"Alentejo Terra de Artistas"

A pintura é neta da natureza...

Rembrandt

Francisco Pedro Relógio-Vila Verde de Ficalho

A Casa Decorada do Pintor Francisco Relógio

Autor Cruz Louro de Aldeia Nova de São Bento

Margem Esquerda do Guadiana, Vila Verde de Ficalho(1971)

(500*326mm)

Biografia

Nasceu em 1926, em Vila Verde de Ficalho, Baixo Alentejo. Artista plástico, inicia a sua carreira no final dos anos 40, muito ligado ao neo-realismo segue depois uma linha mais próxima do surrealismo, colaborou em diversas exposições em Portugal e no estrangeiro. Senhor de um traço característico, Francisco Relógio foi sobretudo um grande desenhador.

Pintor neofigurativo que se distingue pelas suas estilizações figurativas e abstractizantes, cheias de minucia, imaginação e graça. Esteve representado em exposições organizadas pela Galeria de Arte do Casino do Estoril, na Galeria de S. Bento (Lisboa), no “Group Surrealist Exhibition (Ohio, E.U.A.) e na exposição internacional (“Surrealismo e Pintura Fantástica”) organizada por Mário Cesariny. Em 1963 dedicou-se à pintura mural e ao estudo do azulejo, realizou painéis de azulejos para várias entidades em diferentes regiões do país e também executou cartões para tapeçarias.

Esteve representado no “I Simpósio Internacional de Azulejaria” organizado por Santos Simões, na F.C.G. e na Exposição Internacional de Cerâmica no “Victoria and Albert Museum” em Londres. Dirigiu uma peça na Casa da Comédia, em Lisboa e colaborou em vários espectáculos de teatro no Porto, Cascais e Coimbra.

Ilustrou textos de escritores e poetas portugueses. Está representado no Museu Nacional de Arte Contemporânea e em diversas colecções nacionais e estrangeiras. Existem vários painéis seus de azulejos em Lisboa, mas o mais conhecido é o que se encontra no edifício do Banco Nacional Ultramarino de Maputo. Faleceu em 1997 com 71 anos.

Francisco Pedro Relógio

Porto, 1958

Mulheres e pássaros, 1960, óleo sobre tela, 100 x 73 cm

Sem título (Cidade Imaginária)

, 1961

S/Título (Desenho a tinta da china e guache

s/papel-1972 31x23,5 cm)

Os Reis Magos-Baltazar 1979

"Senhor de um traço muito característico, talvez inspirado nas pinturas aztecas, Relógio foi, sobretudo um grande desenhador. Além da pintura, realizou belos cenários para diversas peças de teatro e cultivou também a cerâmica, o desenho e o azulejo." Existem vários painéis seus de azulejos em Lisboa, mas o mais conhecido é o que se encontra no edifício do Banco Nacional Ultramarino de Maputo

“A sua obra inicial surge em articulação com o neorrealismo. Explorando fundamentalmente os caminhos do desenho, Relógio definiu, mais tarde, um "hábil formulário gráfico, de lembrança legeriana, para traduzir conteúdos ainda ligados ao neo-realismo […]. As suas figuras, encadeadas numa

obsessiva ocupação do espaço, podem jogar decorativamente em grandes superfícies, com efeitos ilusórios por vezes curiosos, num gosto estabelecido entre a «arte nova» e a pop" (José Augusto França)

S/Título (Tapete de Arraiolos-1983-Dim 180x210 cm)

S/Título (Placa de Cerâmica-1984)

Mulher e Pássaro (1989-Óleo sobre Platex- 58x42cm)

Os três Reis Magos

Gaspar

"Explorando fundamentalmente os caminhos do desenho, Relógio definiu, mais tarde, um "hábil formulário gráfico, de lembrança legeriana, para traduzir conteúdos ainda ligados ao neorrealismo […]. As suas figuras, encadeadas numa obsessiva ocupação do espaço, podem jogar decorativamente em grandes superfícies, com efeitos ilusórios por vezes curiosos, num gosto estabelecido entre a «arte nova» e a pop".[3]in wikipédia

Vasco da Gama

"Além da pintura, e desenho trabalhou em ilustração, cenografia, fez cartões para tapeçaria e

painéis de azulejos." in wikipédia

Existem vários painéis seus de azulejos em Lisboa, mas o mais conhecido é o que se encontra no edifício do Banco Nacional Ultramarino de Maputo

Painel de Azulejos-BNU em Maputo

"Participou em inúmeras mostras coletivas, nomeadamente na I e na II Exposições de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa (1957; 1961).[4]Expôs individualmente na Galeria Pórtico, Lisboa(1958); Casa dos Estudantes do Império, Lisboa (1958); Casa da Imprensa (1959); Galeria Divulgação, Porto(1959); Galeria do Diário de Notícias, Lisboa (1960); Interforma, Lisboa (1970); Galeria S. Francisco, Lisboa (1970); Galeria Alvarez, Porto (1973); Galeria Tempo, Lisboa (1979); Exposição retrospetiva, Galeria Municipal da Amadora (atual Galeria Artur Bual), 1992; etc. [5]" in Wikipédia

Câmara Municipal da Amadora. Maio – Junho 1992,

de 30×21 de 43-I págs. Br.

Textos de Artur Bual, Fernando Pernes, Vasco Graça

Moura, Roberto Cordeiro, etc. Ilustrações a cores

"Em 1939 fixou residência em Lisboa, onde frequentou a Escola Industrial Fonseca Benevides."

Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2020

Borba Inspiradora

As lavadeiras

Borba-Anos 50 do século passado

(Pequeno trecho)

"Havia bastantes e era bonito vê-las como um bonito quadro a óleo, lavando na beira dos ribeiros

,umas dobradas a lavar outras em pé, estendendo a roupa nos prados verdejantes, para corar a

roupa ao sol.

Mal o sol nascia já um burro, ou um macho levava no seu dorso, a roupa metida em trouxas,

o «albardar», ou seja, era embrulhada em panos ou em sacos e marcada com tecido a

cores para não haver enganos, nem misturas.

Fotografia in Lavadeiras.jpg

O local mais usado era o Vale de Grou, ou os Vais, ribeiras de água corrente com alguns açudes, esses locais tinham fama, dizia-se que a água era muito boa, para que a roupa ficasse mais branca, e bem lavada. Levavam para as ribeiras pedras de cor cinzenta, pedras «olho-de-sapo», que serviam para esfregar a roupa. Havia também diversos tanques de água em muitas hortas, os donos não se importavam e deixavam quem quer que fosse, lavar as suas roupas. O lavadouro Municipal existia para quem não pudesse pagar a lavadeiras, indo elas próprias tratar da sua roupa, toda a população ali podia lavar sem pagar qualquer importância, tinham bastantes tanques, onde podiam trabalhar bastantes mulheres. Era ali o jornal diário, o local da má e boa discência.

in foto de cronicasdorochedo

Tudo ali falava da vida alheia, daí a expressão idiomática «lavar roupa suja» quando se discute

em público ou na vida particular dos outros, como; fulana está grávida, não sabe quem é o Pai,

o marido da…não a satisfaz porque, tem aquilo muito mol, e por ai fora, era uma má-língua

tremenda e muita galhofa à mistura."

José Russo

Visite Borba

Borba-Portugal

https://youtu.be/ijzdI1J6_30

Quarta-feira,15 de Janeiro de 2020

Os nossos escritores

Rio de Moínhos-Borba

Manuel Lapão

"Quando ainda tinha apenas 10 anos de idade, imediatamente a seguir ao termo do ensino primário,

surge o meu primeiro emprego. Com a finalidade de me fazer sentir o quanto eram difíceis os trabalhos do campo e para que eu pudesse vir a abraçar outra profissão, com empenho, responsabilidade e dedicação, o meu pai colocou-me a guardar ovelhas na serra d’Ossa, desempenhando a função de “ajuda” do pastor, Sr. José Russo, ou “tio Zé Russo”, numa propriedade serrana, denominada por Carneira, cujo patrão era o Sr. Joaquim Coelho, vulgarmente conhecido por Joaquim da Carneira..

Rebanho de ovelhas

Era uma profissão que carecia de uma presença 24/24 horas, para encaminhar os animais no

pastoreio, domesticar as ovelhas, a fim de lhes criar rotinas, que as moldasse a entrar e sair voluntariamente do brado, assim como do aprisco, (retângulo estreito, feito à base de paus e

de rede de corda, onde procediamos, diariamente, à ordenha), tratar e auxiliar nas movimentações

dos borregos recém-nascidos, proteger as searas, evitando a invasão destas, proteger o gado dos ataques dos lobos, dos cães, das raposas e de outros malfeitores, assim como evitar os furtos.Por

estes motivos, não podíamos deixar os animais sós, condicionava-nos as idas diárias a casa,

apenas o podíamos fazer, de oito em oito dias e, em dias desencontrados, num pequeno período

da noite.

Na noite em que o pastor ia a casa, ficava só eu, no escampado, escuro e medonho, resguardado

dentro da Socha, pequena cabana, com estrutura feita à base de paus e canas, coberta normalmente através de painéis de junco, acompanhado de muitos medos, originados por diversos ruídos,

provocados pelos bichos, pelos animais selvagens e outros, bastante audíveis no silêncio da

noite.

Na noite que me era reservada para ir a casa (popularmente conhecida por ir à roupa), regressava sozinho, de Rio de Moinhos, para o dito monte da Carneira (distância aproximada de 4 km), por volta

da meia-noite/uma da manhã, utilizando o percurso possível, caminhos de asfalto muito maus,

veredas, atravessando uma ribeira, que, por vezes, levava muita água, sempre com muito receio, por nesta ter morrido o pai de um amigo meu, arrastado pela força da água, e ainda enfrentando medos, imaginando que algum malfeitor poderia aparecer e me fazer mal.

Quando a noite era escura, dada a falta de visibilidade, mesmo que comigo levasse uma lanterna,

evitava ligá-la para não dar a conhecer aos possíveis malfeitores que ali seguia, tropeçava nas

pedras, nas rochas, nas árvores ou noutros obstáculos, caía nos buracos, etc., etc.

Em noites de luar, todas as sombras pareciam vultos de pessoas. Sob a influência do vento, as

sombras movimentavam-se, levando-me a pensar que não eram sombras das árvores, mas sim

de um vulto humano que vinha ao meu encontro, para me fazer mal.

A juntar a todos estes fenómenos naturais, surgiam os simulados pelos “ganhões”, criados da propriedade que tinham a função de tratar as terras e executar as mais diversas azáfamas agrícolas,

que se deslocavam para a proximidade do itinerário, provocando o medo e os sustos, atirando

pedras, provocando sons medonhos, alguns caracterizavam-se de bruxos, criando-me situações

de grande pânico, levando-me, por vezes, a enfrentar momentos de medo profundo, acompanhados

de muito choro. A pouca idade que tinha não era para menos!"

Terça-feira,14 de Janeiro de 2020

A beleza das coisas

MÁRIO CESARINY, «REDONDEL DO ALENTEJO»

REDONDEL DO ALENTEJO

No plaino o vento suão

Na varanda o alguidar

Na tasca mestre João

Vai jantar.

Falam de revolução

Com o novel editor.

Mexem muito a mão

No horror.

Lisboa espera indecisa

A conta deste semestre.

Par ou pernão? Mona Lisa.

Estátua equestre.

O herói vai para o trabalho

Com as searas a ondear

À sombra dum carvalho

Sem parar.

O herói vem do trabalho

Cai de cama tem um quisto.

Farinheira açorda de alho.

O que é isto?

Resultado: está no banco

Mesmo ao pé do «Tivoli».

Muito franco.

Nunca vi.

Passa horas esquecidas

A cantar a Tia Anica.

São vidas.

Bica.

E tanta cortiça

Para se aparar.

Toma esta nabiça.

Vai buscar.

Naquela casa de esquina

Mora o Antunes da Silva.

Sua avó uma menina

Ilda.

A guarda republicana

Passa ao longe a cavalgar.

O sacana.

Estar.

Esta vida são dois dias

E o escritor há-de-se vir

Em cima das gelosias

Emir.

Para os lados da Frangalha

Passa de novo o Antunes.

Vai convidar a Nalha.

Costumes.

Aqui que ninguém nos ouve

De Moura até Aijustrel

Vai uma couve

Com ele.

Vai devagarinho

Vai e não vai só

Leva a borracha do vinho.

Oh.

No meio do olival

Já perto da oliveira

Não parece mal.

Estrangeira.

Pela estrada fora

Vai o rancho a cantar.

Fernando Namora.

Parar.

Fotografias de Adriano Bastos

Ana Cássia Rebelo

2015/12/22

Natal

Ana Cássia Rebelo

2015/12/22

Natal

"Ao fim da manhã, desconcentrada, com o nariz a pingar, olhos embaciados, interrompi o trabalho para ler dois contos de Tchekhov. Retirei da mala a edição de bolso que trago sempre comigo, simples e levezinha, comprada há alguns anos na Pó dos Livros. Durante dez minutos, o meu gabinete transformou-se: o vento soprou palavras de amor ao ouvido de Nádia e Pavel Ivanitch, funcionário velho, feio e muito parvo, correu ao pavilhão na expectativa de ali se encontrar com uma jovem loura de nariz arrebitado. Voltei a enfiar o livro na mala. “É incrível o poder da boa literatura!”, reflecti enquanto me levantava. Soltei as cuecas que se haviam enfiado no rego do rabo e pintei os lábios de vermelho. Muito regalada, consoladinha, saí depois para comprar uma agenda nova e vender à D. Maria de Jesus as duas últimas libras de ouro que me restavam."

Segunda-feira, 13 de Janeiro de 2020

Cante Alentejano

Serpa de Guadalupe

Fotografia de Adriano Bastos

Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa

As Modas

SALSA VERDE

Ponto:

Fui dispor a salsa verde

Fui dispor a salsa verde

Lá fora nos olivais

Alto/coro:

Para/ver se te esquecia

Para ver se te esquecia

Cada vez me lembras mais

Alto/coro:

Alecrim,/ salsa verde aos molhos

Oh! Tirana

Alecrim, salsa verde aos molhos

Oh! Tirana

Por amor de ti

Choram os meus olhos

Tricana

Ponto:

Pus-me a chorar saudade

Pus-me a chorar saudade

Ao pé duma fonte um dia

Alto/coro:

Mais cho/ravam os meus olhos

Mais choravam os meus olhos

Que a própria fonte corria

Alto/coro:

Alecrim,/ salsa verde aos molhos

Oh! Tirana

Alecrim, salsa verde aos molhos

Oh! Tirana

Por amor de ti

Choram os meus olhos

Tricana

"SALSA VERDE"

Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa

https://youtu.be/ZfjY414joNk

Domingo, 12 de Janeiro de 2020

Concerto de Domingo à tarde

Rubrica semanal de boa música...

Camille Saint-Saëns

The Carnival of the Animals (complete) / Le Carnaval des Animaux♯

https://youtu.be/k2RPKMJmSp0

Sábado, 11 de Janeiro de 2020

Celeiro da Cultura

Zeca Afonso - Canto Moço (Filhos da Madrugada)

https://youtu.be/ESg89dHUqyo

"Canto Moço"

Somos filhos da madrugada

Pelas praias do mar nos vamos

À procura de quem nos traga

Verde oliva de flor no ramo

Navegamos de vaga em vaga

Não soubemos de dor nem mágoa

Pelas praias do mar nos vamos

À procura de manhã clara

Lá do cimo de uma montanha

Acendemos uma fogueira

Para não se apagar a chama

Que dá vida na noite inteira

Mensageira pomba chamada

Mensageira da madrugada

Quando a noite vier que venha

Lá do cimo de uma montanha

Onde o vento cortou amarras

Largaremos p'la noite fora

Onde há sempre uma boa estrela

Noite e dia ao romper da aurora

Vira a proa minha galera

Que a vitória já não espera

Fresca, brisa, moira encantada

Vira a proa da minha barca."

Zeca Afonso - Canto Moço (Filhos da Madrugada)

Photo in640 × 429

Texto de Bernardo Santareno transcrito na capa do disco:

“A arte de José Afonso é um jorro de água clara, puríssima, portuguesa sem mácula. Realmente é a “pureza” a nota maior desta arte: Pureza de voz, pureza no poema, pureza na música. Neste disco, um dos mais ricos quanto a valores poéticos, é ela que domina: Trova antiga purificada, folclore limpo de excrescências, balada de combate em que a justiça via de bandeira. E o ouvinte fica tonificado, “limpo”, cheio de graça, com mais vigor para a luta. No chiqueiro velho e saudosista, insignificativo e feio da música ligeira do nosso país, José Afonso surgiu como um renovador: De riso claro e leal, com punho duro de diamante, terno e gentil, sem amaneiramentos. Limpou crostas, desatou amarras, descobriu ramos verdes e ocultos, abriu janelas na parede bolorenta do fatalismo lusíada. E como esta arte pura e viril habitava já, nebulosamente, nos anseios da juventude que tanto pechisbeque musical mórbido e paupérrimo trazia nauseada, José Afonso conseguiu, rapidamente uma enorme audiência: Ele é hoje o mais autêntico trovador do povo português, nesta hora que todos vivemos. Ninguém melhor que ele transmite os seus desesperos e raivas, as suas aspirações de amor, de paz, de justiça, de verdade. Por isto, todos o amam. E o amor do povo, dos jovens, de todos aqueles que ainda não estão definitivamente contaminados, esclerosados, é, tenho a certeza! A recompensa e a glória de José Afonso. Nem tudo está podre no reino da Dinamarca.”

Sexta-feira, 10 de Janeiro de 2020

"Alentejo Terra de Artistas"

A pintura é neta da natureza...

Rembrandt

Henrique César de Araújo Pousão

O mais notável e importante pintor Alentejano,

natural de Vila Viçosa onde nasceu em 1859

Napolitaine

Velha a dobar

Neapolitan Boy

Rua de Capri, óleo sobre madeira, 1882 - Museu Nacional de Soares dos Reis

Henrique Pousão, Modelo,

Quarta-feira, 8 de Janeiro de 2020

Momento de poesia

Há noites

Há noites que são feitas dos meus braços

E um silêncio comum às violetas.

E há sete luas que são sete traços

De sete noites que nunca foram feitas.

Há noites que nos deixam para trás

Enrolados no nosso desencanto

E cisnes brancos que são só iguais

À mais longínqua onda do teu canto.

Há noites que nos levam para onde

O fantasma de nós fica mais perto;

E é sempre a nossa voz que nos responde

E só o nosso nome estava certo...

Natália Correia

MOMENTO NUM CAFÉ

As mãos lindas que vi deixam-me absorto:

compridos dedos, polegares de espátula,

um dedilhar de flores em jardins ociosos,

só comparável a conversa amena

de duas mulheres simples debruçadas

sobre o tampo liso de uma mesa.

A riqueza da vida reside nisto:

um leve toque no ombro do próximo…

uma cortina de chuva vedando a verdade,

olhos indiferentes, indiscretos…

e um ar de encanto, um fácil soluço ouvido longe,

como que em segredo.

Ruy Cinatti, in 56 Poemas

Regresso devagar ao teu

sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que

não é nada comigo. Distraído percorro

o caminho familiar da saudade,

pequeninas coisas me prendem,

uma tarde no café, um livro. Devagar

te amo e às vezes depressa,

meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,

regresso devagar a tua casa,

compro um livro, entro no

amor como em casa.

MANUEL ANTÓNIO PINA

“Uma mulher tem que ter qualquer coisa além da beleza,

Qualquer coisa de triste, qualquer coisa que chora,

Qualquer coisa que sente saudade.

Um molejo de amor machucado,

Uma beleza que vem da tristeza de se saber mulher,...

Feita apenas para amar, para sofrer pelo seu amor

E para ser só perdão.”

Vinícius de Morais

Ternura

Desvio dos teus ombros o lençol,

que é feito de ternura amarrotada,

da frescura que vem depois do sol,

quando depois do sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!

Há restos de ternura pelo meio,

como vultos perdidos na cidade

onde uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te, lentamente,

e é ternura também que vou vestindo,

para enfrentar lá fora aquela gente

que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa com que nós

a despimos assim que estamos sós!

David Mourão-Ferreira, in "Infinito Pessoal"

Terça-feira, 7 de Janeiro de 2020

Borba inspiradora

Solidão e Suplicio

Do Ti Chico

Acorda tarde de boca seca, espreguiça-se e sai da cama.

Abre bem a boca, estica os suspensórios e calça as botas.

Penteia-se, lava a cara e olha-se ao espelho envelhecido.

Caminha à pressa rua abaixo, trôpego de passos incertos.

A chuva forte rega-lhe o rosto, já vai de roupa molhada.

Ao longe vislumbra a taberna do Zé Gato, o vício aperta.

Entra, apoia-se ao balcão, e faz o que lhe dá mais prazer.

De copo de vinho na mão a tremer, não há nada a fazer.

E já com muito álcool nas veias, oscila nas pernas frouxas.

Suas palavras são lamentos, pouco firmes e sem-nexo.

Cabelo liberto, nariz e faces roxas, já vai cambaleando.

De comida não tem apetite, apoderou-se dele a fraqueza.

Nas trevas da vida lá vai caminhando, já sem delicadeza.

Depois passou a ser um porcalhão, e até já cospe no chão.

Leva as mãos trémulas aos bolsos, e gasta o que não tem.

Dá arrotos, ao coçar a cabeça, mas o Zé Gato é matreiro.

E, como já não tem dinheiro! Ele muda de taberneiro.

Desde que seu bom filho morreu! Lá no mato em Angola.

Uma vil bala o atravessou, com os inimigos emboscados.

A vida do Chico acabou! E para mais infelicidade ainda.

Sem amor e com grande crueldade! Sua mulher o deixou.

Foi grande solidão! Ao passar por ele faz doer o coração.

Dos bancos do jardim faz cama, e das botas travesseiro.

Tinha a manta como luar, e por companhia os morcegos.

Suplício passou, a cabeça não funcionou, no vinho se afogou.

Pobre Ti Chico! Apareceu-lhe a cirrose, e a morte o levou.

Teve muitos amigos, mas todos dele fugiram e desprezaram.

Mas nenhuns deles o ajudaram, que até no funeral faltaram.

ZÉ Russo

4/12/2015

Terça-feira, 7 de Janeiro de 2020

DIA DE REIS

Cante dos Três Reis (Borba)

Cante dos Três Reis. Recolhido em Borba, em 1982, por José Alberto Sardinha.

Editado em "Portugal - Raízes Musicais", em 1997 - edição do Jornal de Notícias.

Imagem ilustrativa: Bonecos de Santo Aleixo (do espectáculo do Mestre Talhinhas- Santiago Rio de Moinhos), com os Reis Magos.

https://youtu.be/W3aD3ZzfUA8

A Romã e o Dia de Reis

É tradição portuguesa comer romã no Dia de Reis.

Diz a tradição que, quem o fizer, terá abundância todo o ano.

A romã foi sempre considerada um símbolo de fertilidade que se devia à grande quantidade

de sementes que existem na fruta e à forma harmoniosa como elas se dispõem na polpa do fruto.

É esse sentido que é atribuído à romã nos desenhos das colchas de Castelo Branco que, como

sabem, tiveram as suas origens no Oriente. São de inspiração indo-portuguesa, existem vários

tipos e é no modelo popular, ou nas colchas de noivado, que se reproduz mais frequentemente

a romã.

Mas o fruto ganhou outros significados relacionados com o casamento e o amor. Com o

tempo passou também a atribui-se-lhe um sentido de abundância que passou a englobar a

prosperidade e a riqueza. O povo, como o seu sentido prático, diz que no «Dia de Reis

deitam-se três bagos de romã no lume para o ter aceso, três bagos na caixa do pão e três

no bolso do dinheiro para ter dinheiro e pão (Teófilo Braga, em «O povo Português suas

crenças e costumes»)."

Ana Marques Pereira

Domingo, 5 de Janeiro de 2020

Concerto de Domingo à tarde

Armando bairros, 1909-1999

Carolina Pies

Schubert, Trio No. 2, Op. 100, Andante con moto

Ambroise Aubrun, Maëlle Vilbert, Julien Hanck

https://youtu.be/nioKJNp8ADE

Sábado, 4 de Janeiro de 2019

Os nossos Escritores

VascoGraçaMoura1.jpg

Vasco Graça Moura

3 de Janeiro de 1941-Foz do Douro, Porto

27 de Abril de 2014, Lisboa

Fotografia de Ching Yang Tung

o suporte da música

o suporte da música pode ser a relação

entre um homem e uma mulher, a pauta

dos seus gestos tocando-se, ou dos seus

olhares encontrando-se, ou das suas

vogais adivinhando-se abertas e recíprocas,

ou dos seus obscuros sinais de entendimento,

crescendo como trepadeiras entre eles.

o suporte da música pode ser uma apetência

dos seus ouvidos e do olfacto, de tudo o que se

ramifica entre os timbres, os perfumes,

mas é também um ritmo interior, uma parcela

do cosmos, e eles sabem-no, perpassando

por uns frágeis momentos, concentrado

num ponto minúsculo, intensamente luminoso,

que a música, desvendando-se, desdobra,

entre conhecimento e cúmplice harmonia.

Vasco da Graça Moura

Sexta-feira, 3 de Janeiro de 2019

Notícias do Alentejo

"Os Bonecos de Santo Aleixo, repletos de uma identidade colectiva única, representam uma inestimável forma de arte comunitária do Alentejo profundo. Um legado vivo de tradições e costumes seculares, que nos levam ao que de mais tradicional e espontâneo existe no Alentejo.

Nas Memorias de Vila Viçosa, refere o Padre Joaquim da Rosa Espanca, que já no século XVIII há registos onde consta ter sido apreendido e mandado queimar títeres de Santo Aleixo, em 1798 (Museu da Marioneta). Tal como acontece em alguns países do Norte da Europa e em particular no Sul de Itália, são manipulados por cima e de pequena dimensão.

Três décadas foi a margem temporal em que os Bonecos de Santo Aleixo pertenceram à família Talhinhas, sendo posteriormente (1967) revelados à sociedade em geral por Michel Giacometti e Henrique Delgado. Todavia, durante os anos 80, sensível ao seu potencial e consciente do seu valor patrimonial, o CENDREV (Centro Dramático de Évora) adquiriu todo o espólio ao mestre António Talhinhas, responsabilizando-se assim pela sua restauração e conservação. E diga-se, a sua essência tem sido mantida de forma exemplar tal como refere José Russo em entrevista ao Jornal Público (2017), “Ao longo de várias décadas, os bonecos têm tido as mesmas falas, atitudes e feitios: O espetáculo funciona tal e qual como é. O que é bom é mantermos isto como está. Continua a ter uma atualidade e uma eficácia completamente surpreendentes”.........

José Pedro Figueira

In Tribuna Alentejo.Pt

"Rota Vicentina é eleita um dos melhores trilhos da Europa

"Um dos trilhas mais famosas do mundo, é o da Rota Vicentina que foi reconhecido por certificação da Leading Quality Trails – Best of Europe, atribuída pela ERA (European Ramblers Association), entidade que organiza o sector dos percursos pedestres. Grande parte da extensão da rota está localizada na deslumbrante região do Alentejo, em Portugal.

Com este reconhecimento, a Associação Rota Vicentina espera ganhar projeção internacional entre os viajantes, fazendo com que a Costa Alentejana e Vicentina se transforme em destino preferencial para caminhadas e turismo de natureza.......

A Rota Vicentina é uma rede de percursos pedestres ao longo da costa sudoeste de Portugal que soma hoje cerca de 400 quilômetros sinalizados para caminhar entre Santiago do Cacém e o Cabo de S. Vicente. Inaugurada em 2012, esta grande rota foi desenvolvida em parceria entre entidades públicas e empresários locais que defendem o Turismo de Natureza como via de desenvolvimento para a região.

Formada pelo Caminho Histórico, pelo Trilho dos Pescadores e pelos novos Percursos Circulares, lançados em 2015, a Rota Vicentina propõe uma vivência única destes dois mundos: entre a cultura rural autêntica do interior e a costa selvagem do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina."

in rota-vicentina-e-eleita-um-das-melhores.html

Quinta-feira, 2 de Janeiro 2020

Tempo de Leitura

"ESTA CAPACIDADE DE SABER VER ARTE"

Apreciar obras de arte, saber admirá-las como testemunhos e como presença na senda dos seus saberes estéticos e afectivos, é não só um privilégio do nosso mundo de viventes, como um imperativo de todas as pessoas, sejam governantes, tutelas, comunidades ou públicos em geral. E quando falamos em arte falamos em arquitectura e urbanismo, escultura e pintura, ourivesaria e têxteis, fotografia e gravura, mobiliário e artes de decoração, em poesia e demais literatura, em música e teatro e outras artes do espectáculo, em graffiti e na BD, em muitos outros géneros e subgéneros em que se manifesta essa sua capacidade de gerar fascínios, seja por via erudita ou ingénua, rica ou pobre, de vanguarda ou de conformismo.

Foi sempre assim, pelo menos desde o século XV, o tempo do Renascimento, quando as qualidades auráticas das artes, além de libertarem os seus autores das velhas teias gremiais e do anonimato servil, criaram uma verdadeira consciência de defesa de um Património comum que urgia (e urge) ser preservado e valorizado. Todavia, se foi e é sempre imenso esse poder de fascínio das obras de arte (todas elas, melhores ou piores que sejam), também o seu grau de fragilidade não é menor, dada a frequência com que tantos monumentos e obras foram alvo de atentados iconoclásticos, de maus restauros, de processos de destruição pura e simples, ou de um silencioso abandono que os condena à desmemória.

É por isso que a História da Arte é cada vez mais uma disciplina importante, com forte impressão digital na vida das sociedades e com empregabilidade crescente nos nossos dias. O facto de saber estudar e valorizar as obras vivas, prevenindo ao mesmo tempo os péssimos efeitos da negligência e abandono, da especulação e esquecimento, torna-a cada vez mais necessária. Apesar das inerentes dificuldades, os historiadores de arte de hoje tentam cumprir esse objectivo através do estudo integrado e comparativo, do inventário de espécimes, dos processos de conservação, musealização e salvaguarda e da maior consciencialização junto das comunidades para com o seu património.

É possível e necessário repensar a prática actual dos nossos estudos de História-Crítica das Artes sob novas luzes.".......

......................

Legenda da fotografia: Uma nota de sublime com quinhentos anos exactos: Jacopo Pontormo, pormenor do fresco Vertumno e Pomona (1519-15220), pintado na Villa Medicea de Poggio a Caiano (Florença).

in CORREIO DO RIBATEJO de 3 de Janeiro de 2020)

Quarta-feira, 1 de Janeiro de 2020

Concerto de Ano Novo

Antonín Dvořák

Sinfonía No.9 "Desde el Nuevo Mundo" (Mov.4 Allegro con fuoco)

https://youtu.be/Ee_LElp3Y9g

Momentos de leitura

«Um livro é como um jardim que se carrega no bolso.»

Provérbio Árabe

"O amor é o invisível no habitual."

Agustina Bessa-Luís

Cada novo amigo que ganhamos no decorrer da vida aperfeiçoa-nos e enriquece-nos,

não tanto pelo que nos dá, mas pelo que nos revela de nós mesmos.

.

Miguel Unamuno

Não se acha a paz evitando a vida

Virgínia Woolf

Olho-te e penso naquele poeta que fala da loneliness of much beauty. Quantas vezes nos

sentimos extraordinariamente sós embora sentindo-nos felizes. O amor é impossível

mesmo quando possível.

Ana Hatherly

estás tão bonita hoje. quando digo que nasceram

flores novas na terra do jardim, quero dizer

que estás bonita.

entro na casa, entro no quarto, abro o armário,

abro uma gaveta, abro uma caixa onde está o teu fio

de ouro.

entre os dedos, seguro o teu fino fio de ouro, como

se tocasse a pele do teu pescoço.

há o céu, a casa, o quarto, e tu estás dentro de mim.

estás tão bonita hoje.

os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios.

estás dentro de algo que está dentro de todas as

coisas, a minha voz nomeia-te para descrever

a beleza.

os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios.

de encontro ao silêncio, dentro do mundo,

estás tão bonita é aquilo que quero dizer.

José Luís Peixoto

Que saia a última estrela

da avareza da noite

e a esperança venha arder

venha arder em nosso peito

E saiam também os rios

da paciência da terra

É no mar que a aventura

tem as margens que merece

E saiam todos os sóis

que apodreceram no céu

dos que não quiseram ver

- mas que saiam de joelhos

E das mãos que saiam gestos

de pura transformação

Entre o real e o sonho

seremos nós a vertigem

Alexandre O'Neill

Regresso devagar ao teu

sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que

não é nada comigo. Distraído percorro

o caminho familiar da saudade,

pequeninas coisas me prendem,

uma tarde num café, um livro. Devagar

te amo e às vezes depressa,

meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,

regresso devagar a tua casa,

compro um livro, entro no

amor como em casa.

Manuel António Pina

Venham enfim as altas alegrias,

As ardentes auroras, as noites calmas,

Venha a paz desejada, as harmonias,

E o resgate do fruto, e a flor das almas.

Que venham, meu amor, porque estes dias

São de morte cansada,

De raiva e agonias

E nada.

José Saramago

Fotografias de Ching Yang Tung

Terça-feira, 31 de Dezembro de 2019

Concerto de Fim de Ano

Smetana: Vltava (The Moldau) - Stunning Performance

https://youtu.be/l6kqu2mk-Kw

Our House

Crosby Stills Nash & Young

https://youtu.be/NZtJWJe_K_w

Celeiro da Cultura

Fotografia de Adriano Bastos

Receita de Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo

cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,

Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido

(mal vivido ou talvez sem sentido)

para você ganhar um ano

não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,

mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,

novo até no coração das coisas menos percebidas

(a começar pelo seu interior)

novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,

mas com ele se come, se passeia,

se ama, se compreende, se trabalha,

você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,

não precisa expedir nem receber mensagens

(planta recebe mensagens?

passa telegramas?).

Não precisa fazer lista de boas intenções

para arquivá-las na gaveta.

Não precisa chorar de arrependido

pelas besteiras consumadas

nem parvamente acreditar

que por decreto da esperança

a partir de janeiro as coisas mudem

e seja tudo claridade, recompensa,

justiça entre os homens e as nações,

liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,

direitos respeitados, começando

pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um ano-novo

que mereça este nome,

você, meu caro, tem de merecê-lo,

tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,

mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo

cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

"Procuro uma alegria

uma mala vazia

do final de ano

e eis que tenho na mão

- flor do cotidiano -...

é vôo de um pássaro

é uma canção."

Carlos Drummond de Andrade

Thomas Kennington

Homeless 1890

" Nunca nosso mundo teve ao seu dispor tanta comunicação

E nunca foi tão dramática a nossa solidão.

Nunca houve tanta estrada

E nunca nos visitamos tão pouco "

Mia Couto

Segunda-feira, 30 de Dezembro de 2019

Os nossos Escritores

Ilhas

de José Rentes de Carvalho

"O virar da folha do calendário de nada adianta: é ritual. Tão pouco adiantam os brindes e os beijos. Conta, sim, o instante solitário em que, ouvindo bater as doze, você se pergunta porque é que o que poderia ter sido não foi, e o que poderia ter tido não teve, o que julgava receber não lhe foi dado.

Para si vão os meus votos de que, rodeado de alegria e risos, ao dar a meia-noite não entristeça, não desespere, nem se sinta abandonado ou só. Os outros também são uma ilha. E com Ano Novo ou sem

ele há sempre um amanhã.

----------

PS. Repetir um voto é uma maneira de estender a mão."

Domingo, 29 de Dezembro de 2019

Notícias do Alentejo

SERPA

Serpa inaugurada exposição educativa sobre Anne Frank

"A Biblioteca Municipal Abade Correia da Serra, em Serpa, inaugura no dia 18 de janeiro a exposição educativa “Anne Frank: uma história para hoje”.

A mostra poderá ser vista até ao dia 29 de fevereiro, das 10:00 às 13:00 horas e das 14:30 às

17:00 horas.Visitas guiadas mediante inscrição prévia. A entrada é livre.

A organização é da Anne Frank House (Holanda) e da Câmara Municipal de Serpa."

In Diário do Alentejo

Alandroal

Alandroal vê aprovada candidatura para aquisição de transporte escolar 100% elétrico

"A Câmara Municipal de Alandroal acaba de ver aprovada a candidatura ao Fundo Ambiental para aquisição de uma viatura para transporte escolar, de 7 lugares, 100% elétrica e o correspondente carregador rápido.

O veículo tem 300 quilómetros de autonomia e corresponde a um investimento de 44 500 euros, suportado em 50% pelo Fundo Ambiental. Para João Maria Grilo, presidente daquela autarquia alentejana, é preciso "continuar a apostar na transição da nossa frota para soluções híbridas e elétricas".

In Tribuna do Alentejo

Beja

Beja: “Artur Pastor, um Alentejo distante” em exposição

Trigo ao solo

“Artur Pastor, um Alentejo distante” é o nome da exposição patente ao público até 17 de março de 2020 no Centro Unesco para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, em Beja. A exposição resulta da colaboração entre as câmaras de Lisboa e Beja e da cooperação entre o Arquivo Municipal de Lisboa e o Centro Unesco – Beja.

Artur Pastor “foi um dos grandes fotógrafos portugueses do século XX. Alentejano, nasceu em Alter do Chão em 1922, e, aos três anos de idade, foi viver para Évora, tendo vindo, posteriormente, a frequentar a Escola de Regentes Agrícolas de Évora, onde concluiu o curso de regente agrícola em 1951. Tornou-se fotógrafo do Ministério da Agricultura e criador do arquivo fotográfico desta instituição, para o qual trabalhou toda a vida”, adiantam, em comunicado, os promotores.

Do Alentejo “são muitos os seus trabalhos” e nesta exposição “estarão em exibição 70 imagens organizadas em dois núcleos: um primeiro dedicado a ilustrar as capturas que Pastor efetuou dentro do perímetro urbano de Beja e um segundo núcleo dedicado ao imenso campo alentejano, às suas artes e ofícios”.

Segundo os promotores, no périplo sugerido, “sempre enquadrados pelas belíssimas e poéticas fotografias de Artur Pastor, propõe-se uma viagem etnográfica a um Alentejo distante em tempo e em modo, já de muitos outros usos e costumes, de outras artes e de outros ofícios”. Para este efeito “são apresentadas provas originais produzidas pelo fotógrafo para as suas exposições e provas atuais produzidas pelo Arquivo Municipal de Lisboa”.

O espólio de Artur Pastor foi adquirido, à família do fotógrafo, pelo Arquivo Municipal de Lisboa após a sua morte. É nesse espólio que se encontram as fotografias reproduzidas nestas páginas e que constituem uma pequena parte da exposição patente ao público no Centro Unesco."

In Diário do Alentejo

Fotografias de Filipe Galhanas

Concerto de Domingo à tarde

Rodrigo Leão, Coro & Orquestra Gulbenkian

Inverno Triste (Live visuals)

https://youtu.be/qmDRu8sKNyA

Sábado, 28 de Dezembro de 2019

Visite o Alentejo

Ruas de Monsaraz..

Foto: © José Branco

Mértola e o Rio Guadiana..

Foto: © Maria Sequeira

Paisagens do Alentejo.. (Distrito de Beja)

Foto: © Mila Horta

Igreja de Santa Maria da Feira (Beja)

Fonte: © Alma Alentejana

Sexta-feira, 27 de Dezembro de 2019

Natal na Literatura

«Sonho de uma noite de Natal»

« […] Como aquela fosse uma noite muito santa e muito álgida – o Salvador ia nascer nas palhas para lembrar aos homens que vêm do nada e para lá caminham – mãe e filha se deixaram ficar ao lume, tão perto, que a chama do toro de carvalho, reatando-se de pois de sopitar, alumiava mais que a candeia. A Mãe no seu luto de viúva, chaile roto pelos ombros, mal tinha acabado de espiar a roca e cismava; a pequena, dez anos espertinhos e medrados, com um pauzito ia atiçando o fogo, entretida a ver dançar e rodopiar os mil fogaréus da combustão. De repente, quebrando o devaneio, disse para a mãe: − Porque é que uns são tão ricos e outros tão pobres? − Porquê?… Fazes cada pergunta! Olha lá, os dedos da mão são todos iguais? − Ó mãe isso não quer dizer nada. Os dedos são desiguais, não há dúvida, mas entendem-se todos muito bem uns com os outros. E que tem lá que sejam desiguais se o sangue é o mesmo, pois não é? A mãe não soube ou não quis contestar e ouviu-se lá fora o tropel da rapaziada que preparava a fogueira do Natal naquela noite tão luminosa que, não obstante a luz da candeia, uma réstia de luar atravessava o telhado de telha vã e vinha bater no frontal como uma lança. − Sabe, mãe, a Zézinha da Casa Grande chamou-me quando meti o gado. Só queria que vomecê visse as coisas bonitas que lá tem. Uma riqueza! E espera mais, muitas mais, que lhas há-de trazer o Pai Natal. Armaram um pinheiro no meio da sala, com muita velinha, muita velinha e neve a fingir, só para pendurarem as prendas. O Pai Natal vem de Lisboa e Paris, carregado, carregadinho que não pode com mais às costas. É verdade, mãe, que quem o manda é o Menino Jesus? − É verdade. O Menino Jesus enche-lhe os taleigos e diz-lhe: toca, vai levar… − Mas ele só vai levar aos ricos? À nossa casa não vem? − Não querias mais nada?! Ele só anda pelas casas fartas, asseadas… muito branquinhas, e hão-de ter chaminé. Não sei se sabes, ele vem pela chaminé. −Também me disse a Zézinha que vinha pela chaminé. Por causa disso pôs um sapatinho na pedra do fogão para começar logo por ali. Diz ela que no sapatinho lhe há-de deixar uma prenda que não pode adivinhar o que seja, mas que é a mais bonita e a mais cara de todas. Ó mãe, se eu pusesse a tamanca bem estateladinha aqui à lareira, onde se visse, talvez ele me deixasse lá qualquer coisa… −Não vês que a casa não tem chaminé… − O Pai Natal podia vir pelo telhado e levantar uma telha…bater à porta… −O Pai Natal não bate às portas. É como o vento. Bota-se a caminho e, pronto, está logo chegado. Se quisesse, entrava pelo buraco da fechadura. Connosco pouco adiantava. A nossa porta nem chave tem. Basta o cravelho, não há cá que roubar. Mas, como te digo, o Pai Natal do que mais gosta é de descer pela chaminé. É para que saibam que vem do céu, à ordem do Menino-Deus… − Ó mãe, mande pôr uma chaminé na nossa casa, mande! Queria tanto que o Pai Natal cá viesse…! −Estás na lua. Uma chaminé é para quem é. Custa dinheiro. Onde o tínhamos nós? […] »

- Aquilino Ribeiro - - 1885 Sernancelhe-Viseu / 1963 Lisboa - -

Escritor - Romancista - - no Conto «Sonho de uma noite de Natal» -

Edição do Centro de Estudos Aquilino Ribeiro -

Quinta-feira, 26 de Dezembro de 2019

TEATRO COM OS JOVENS ESTUDANTES DE BORBA

em Fevereiro de 1962

Sugestão de Passeios nesta Quadra Natalícia

Monsaraz, Alentejo

https://youtu.be/2je5i0qg6B4

Quarta-feira, 18 de Dezembro de 2019

Os nossos Escritores

Ferreira de Castro é seguramente um dos maiores escritores do século XX.

Ferreira de Castro

FerreiraCastro01.jpg

24 de Maio de 1898-Oliveira de Azeméis-Aveiro

29 de Junho de 1974-Porto

"Publica, em 1928, o romance Emigrantes e A Selva em 1930, acompanhados de estrondoso êxito internacional, onde a literatura portuguesa pouca expressão tinha. Seguir-se-á, a um ritmo regular,

a publicação de outros romances: Eternidade (1933), Terra Fria (1934), A Tempestade (1940), A Lã e a Neve(1947). No período imediato ao pós-guerra, Ferreira de Castro torna-se um dos autores mais

lidos em Portugal e no estrangeiro.

«Em todas as aldeias próximas, em todas as freguesias das redondezas, havia o mesmo anseio de emigrar, de ir em busca de riqueza a continentes longínquos. Era um sonho denso, uma ambição profunda que cavava nas almas, desde a infância à velhice. O oiro do Brasil fazia parte da tradição e tinha o prestígio duma lenda entre os espíritos rudes e simples. Viam-no reflorir nas igrejas, nos palacetes, nas escolas, nas pontes e nas estradas novas que os homens enriquecidos na outra margem do Atlântico mandavam executar. (...)»

"Considerado um dos livros-monumento e de maior sucesso, dentro e fora de portas, da nossa literatura moderna, A Selva, notável epopeia sobre a vida dos seringueiros na selva amazónica durante os anos de declínio do ciclo da borracha, foi lida e amplamente elogiada por nomes que vão desde Jaime Brasil (Livro único na literatura de todo o mundo) a Agustina Bessa-Luís (obra-prima) e Jorge Amado (clássico do nosso tempo), não passando igualmente despercebida a grandes figuras da literatura internacional, como Albert Camus (estilo sinuoso e sugestivo, como uma vegetação exuberante de termos estranhos e maravilhosos. Livro inesquecível), Blaise Cendrars (brilhante e ardente estilista), seu tradutor francês, ou Stefan Zweig (admirável romance)."

Nos anos cinquenta publica o romance A Curva da Estrada e, entre outras obras, a famosa novela

A Missão. De 1968 data o romance O Instinto Supremo, onde o autor regressa, quase quatro

décadas depois de A Selva, ficcionalmente à selva amazónica. Ferreira de Castro foi, diversas vezes, proposto para o Prémio Nobel e, outras tantas, recusou sê-lo, em prol de outros escritores

portugueses." in ferreira-de-castro

Terça-feira, 17 de Dezembro de 2019

"Respigando...Alentejo"

(Respigando; apanhar aqui e além; recolher; compilar; coligir)

Fotografia de Adriano Bastos

"Conhecer melhor e divulgar os - CORETOS - espalhados um pouco por todo o país, é um objectivo

em que se pretende envolver as Autarquias Locais do país e as estruturas que os dinamizam.

Quisemos, para além da divulgação da imagem, recolher alguns dados históricos, que melhor

pudessem ajudar a perceber a ligação dos Coretos às localidades onde estão implantados.

Saliente-se a propósito a colaboração até aqui evidenciada pelas autarquias contactadas.

Igualmente, de amigas e amig...os que se dispuseram colaborar nesta tarefa.

Coretos, isso mesmo ! O que são, ou o que foram !...

Coreto é uma estrutura edificada ao ar livre, em praças e jardins, para abrigar bandas musicais

em concertos, festas e romarias. Em Portugal, é encontrado praticamente em todas as povoações

no seu centro ou junto a igrejas ou capelas. Também é usado para apresentações políticas

e culturais.

Na passada semana, divulgámos o Coreto de Montemor o Novo, e hoje, ainda no distrito de Évora, fomos até ao Redondo para melhor conhecer o Coreto localizado na sede do Município, tendo contado com a disponibilidade e a especial colaboração de, Luís Sesifredo, do Gabinete de Informação do Centro Cultural do Redondo, para assim caracterizar e melhor conhecer o ...

CORETO DO REDONDO

CORETO DO REDONDO

O Coreto encontra-se situado no Jardim Público, na Avenida Antónia Luciana.

Construído – início em 1931 e conclusão em 1936.

Estrutura de granito com construção de betão armado e forma octogonal

O Município não dispõe oficialmente de um roteiro turístico, no entanto o Jardim Público, Coreto e Fonte, é um espaço privilegiado para os turistas e visitantes.

Por vezes o município celebra no Jardim e junto ao Coreto espectáculos para crianças – Dia Mundial da Criança."

Artigo de Rui Breda

Segunda-feira, 16 de Dezembro de 2019

Alentejo-GASTRONOMIA

Receitas Culinárias Alentejo

AZEVIAS

Ingredientes:

  • Para a massa:

  • 500 g de farinha ;

  • 3 a 4 colheres de gordura (mistura de banha e de manteiga ou margarina) ;

  • 1 cálice de aguardente ;

  • sal

  • Para o recheio de grão:

  • 1 kg de grão ;

  • 750 g de açúcar ;

  • 2 limões ;

  • 1 colher de sobremesa de canela em pó ;

  • 3 gemas

Confecção:

Coze-se o grão com uma pitada de sal, pela-se e passa-se por uma peneira fina.

Leva-se o açúcar ao lume com 2 dl de água e deixa-se ferver durante 1 ou 2 minutos. Junta-se o puré de grão, a canela e a raspa da casca dos limões. Deixa-se ferver o preparado, mexendo até se ver o fundo do tacho. Retira-se juntam-se as gemas e leva-se o preparado novamente ao lume para coser as gemas. Deixa-se ficar assim de um dia para o outro.

Peneira-se a farinha para uma tigela e faz-se uma cova no meio onde se deitam as gorduras quentes. Mistura-se. Junta-se a aguardente e depois vai-se amassando juntando pinguinhos de água morna temperada com sal. Sova-se bem a massa e deixa-se repousar em ambiente temperado.

Estende-se a massa com o rolo, muito fina, e recheia-se com um pouco do doce preparado. Cortam-se as azevias em meia lua (como os rissóis), ou em triângulo ou em rectângulo (como os pasteis de carne) e fritam-se em azeite ou óleo bem quentes. Polvilham-se com açúcar ou açúcar e canela.

Variantes:

Azevias de Batata.

Substitui-se o grão por igual porção de batata cozida e reduzida a puré. Pode utilizar-se batata comum, mas a batata doce é a mais vulgarmente utilizada.

Azevias de amêndoa

Fazem-se como as azevias de grão, nas seguintes proporções:

    • 750 g de puré de grão preparado como se disse ;

    • 750 g de açúcar ;

    • 250 g de amêndoas peladas e raladas ;

    • raspa da casca de 2 limões ;

    • 1 colher de chá de canela e 7 gemas

Em qualquer das receitas transcritas a raspa da casca de limão pode ser substituída por igual porção de raspa de casca de laranja.

fonte: Editorial Verbo in Roteiro Gastronómico de Portugal

Domingo, 15 de Dezembro de 2019

Concerto de Domingo à tarde

Doce últimas obras de Van Gogh

seleccionadas y detalladas

Música Bach Consuelo Albert Más

https://youtu.be/hdh5ydQaVzc

Mussorgsky: Pictures at an exhibition ( Full ) - BPO / Karajan*

https://youtu.be/kkC3chi_ysw

Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2019

Os nossos Escritores

"Paixão "

Pietro Rotari

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É um amor estranho, irreal, um amor de muitas incógnitas, de extremos que de facto se tocam, seduções que nenhum deles experimentara. É muito, é quase tudo, o que devia afastá-los, mas a força que os atrai desconhece as leis da natureza e da sociedade, leva-os a procurar-se, a desejar-se com a febre da loucura, esquecendo leis e limites, ambos certos de que só a dádiva total vale o risco; que no verdadeiro amor, na paixão, não pode haver direitos nem deveres, concessões, favores ou diferenças. Que a paixão, a verdadeira, a única que vale a pena sentir, é o reino da igualdade."

de

José Rentes Carvalho

Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2019

Visite o Alentejo

As Cores de Outono.. (Alentejo)

Foto: © Bruno Palma Fotografia

Fim de Tarde na Igreja de São Pedro (Concelho de Serpa)

Foto: © Bruno Palma Fotografia

Ermida de Santo André.. (Beja)

Foto: © Dália Pinto

No Canal -Vila Nova de Mil Fontes

Fotografia de Eduardo Taborda

Évora 2015

Severo Asfotografia

Corre o Rio Guadiana.. na Linda Vila de Mértola

Foto: © Ricardo Zambujo Photography

Terça-feira, 10 de Dezembro de 2019

Celeiro da Cultura

Os amigos amei

despido de ternura

fatigada;

tros vinham, a nenhum p

uns iam, o

uerguntava porque partia,

que tinha, pou

porque ficava; era pouco o

co o que dava, mas também só queria

s amarga.

partilhar a sede de alegria — por ma

i

Eugénio de Andrade, in "Coração do Dia"

Amor maduro

*

*

stes dias de encantamento , e

N

em que descobrimos , a dois ,

tro, deixamos-nos encantar pelo qu

a leveza que é gostar um do o

ue de bom cada um aporta para construir um futuro

corações e duas almas... Cami

que terá de ser uma construção a quatro mãos, dois

nhamos mais leves, o andar é mais airoso,

olhos acendem-se milhões de estrelas, os

o sorriso tem um esplendor inigualável, nos

gestos de carinho e ternura multiplicam-se e as palavras calam-se

de gestos , qual maestros a conduzir

ou modulam-se num tom mais sussurrado, para dar lugar à bela harmoni

a as orquestras das almas e dos corpos em brilhantes sinfonias... São dias em que ,

que as manifestações d

nesta fase e nesta idade vivemos um amor mais maduro, menos apressado, com tempo par

ao supremo afecto sejam usufruídas , pelos dois , como fazemos quando num jantar de velas

dos cheiros e da la

apreciamos a comida e o vinho mais adequado, com sapiência para desfrutarmos dos sabores ,

ssidão que a boa companhia , nos dá....

Hamilton Ramos Afonso

Fotografias de Adriano Bastos

Nascer Todas as Manhãs

Apesar da idade, não me acostumar à vida. Vivê-la até ao derradeiro suspiro de credo na boca. Sempre pela primeira vez, com a mesma apetência, o mesmo espanto, a mesma aflição. Não consentir que ela se banalize nos sentidos e no entendimento. Esquecer em cada poente o do dia anterior. Saborear os frutos do quotidiano sem ter o gosto deles na memória. Nascer todas as manhãs.

Miguel Torga, in "Diário (1982)"

Alentejo

“…Desde os finais dos anos 40 o Alentejo entrara em mim de modo definitivo…”

Júlio Resende

"Júlio Resende diplomou-se em Pintura em 1945 pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto , onde foi discípulo de Dórdio Gomes.

Fez a sua primeira aparição pública em 1944 na I Exposição dos Independentes. Em 1948 partiu para Paris , recebendo formação de Duco de la Haix e de Otto Friez.

O trabalho produzido em França é exposto em Portugal em 1949, definindo a sua vocação de expressionista. Assimilou algum cubismo, vai construir na sua fase alentejana, e mais tarde no Porto. A sua pintura caracterizada pela plasticidade e dinâmica, de malhas triangulares ou quadrangulares, aproximando-se de forma progressiva da não figuração.

Pintor de transição entre o figurativo e o abstracto, Resende distingue-se também como professor, trazendo à escola do Porto um novo espírito aos alunos que a frequentaram na década de 1960.

A obra pictórica de Júlio Resende revela que ele compreendeu a pintura europeia, porque a observou, experimentou e soube transmitir aos pintores e aos alunos que ele formou na Escola Superior de Belas-Artes do Porto.

referiu-se a ele como “grande Mestre da Arte Portuguesa do último século” .

Morreu no dia 21 de Setembro de 2011 aos 93 anos" in CNAP.PT

1949. Alentejo. Aguarela. 17,0 x 22,3 cm.

1949. Alentejana. Tinta-da-china. 15,5 x 10,3 cm.

1949. Alentejo. Tinta-da-china. 15,5 x 19,2 cm.

1949. De volta a casa. Aguarela. 16,0 x 22,2 cm.

Segunda-feira, 29 de Julho de 2019

"Alentejo Terra de Artistas"

António Inverno 1944 - 2016

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"Um defensor incondicional da liberdade, cria e dinamiza projectos culturais por onde passa. Partilha o que sabe com a naturalidade com que respira.

Fundou instituições como o Centro de Comunicação Visual A.R.C.O. e o Centro Cultural de Almada. Nasce como serígrafo para salvar a Seara Nova e hoje é um homem de destaque internacional na serigrafia, pintura e gravura. Trata por tu os grandes da arte e da política. Foi professor na ESE de Beja." in Arte Portuguesa

"O pintor só considera a obra concluída quando abre mão dela e perde completamente o seu contacto; caso contrário, nunca cessa de lhe vincar mais um contorno, de lhe meter aqui mais luz ou de lhe sombrear ali uma expressão." António Inverno

António Inverno - Artista Plastico

https://youtu.be/7obgiB8MFXc

Nasceu em 1944, Monsaraz. Partiu para Lisboa em 1956 e dois anos depois matriculou-se na Escola António Arroio. Em 1964 concluiu o curso de gravador litógrafo, onde teve como professores, entre outros, Roberto de Araújo, Manuel Lima, Estrela Faria e Abreu Lima.

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Trabalhou no atelier de Jorge Barradas, na fábrica da Víuva Lamego. Em 1968 regressou a Lisboa, tendo trabalhado com Rogério Ribeiro e Mário Rafael. No mesmo ano colaborou na decoração de interiores do edifício da actual sede da Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Foi colaborador da revista Seara Nova, promovendo edições em serigrafia de artistas portugueses contemporâneos. Iniciou a sua actividade como serígrafo em 1972 e colaborou nesta área com Júlio Pomar, Marcelino Vespeira, António Charrua, Espiga Pinto, Eduardo Nery, Maria Keil, Francisco Relógio, Jorge Vieira, entre outros.

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Foi sócio fundador da AR.CO e do Centro Cultural de Almada. Em 1974 e 1975 participou nas campanhas de dinamização cultural, assim como na elaboração de cartazes e organização de espectáculos teatrais e musicais. Em 1993 abriu o Centro de Serigrafia António Inverno que mantém até hoje com uma actividade regular.

Fonte:https://www.cps.pt/Default/pt/Artistas/Artista?id=289

Sábado, 27 de Julho de 2019

Borba e os seus Fotógrafos

Trabalhos de Filipe José Galhanas

Quinta-feira, 25 de Julho de 2019

Sugestão de Passeio

Évora- Catedral de Évora-Portugal

A Sé de Évora é a maior catedral medieval de Portugal.

A Basílica Sé de Nossa Senhora da Assunção, mais conhecida por Catedral de Évora,

ou simplesmente Sé de Évora.

https://youtu.be/ktDHQZ-mxVw

Segunda-feira, 8 Julho de 2019

Borba-os nossos pintores

José Cachatra (1933-1974) -- O pintor alentejano, natural de Borba

"O pintor alentejano, natural de Borba, residiu grande parte da sua vida em Évora e deixou uma obra significativa no modo como representa este território, as suas figuras e as suas paisagens, ecoando ao mesmo tempo a herança modernista portuguesa e europeia na composição e nos estilos, no traço largo e impressivo, na sensorialidade do espaço, da luz e da cor. A obra de Cachatra encontra-se sobretudo na mão de particulares, razão pela qual se expõe raramente e pode, por isso, considerar-se maioritariamente desconhecida.

Nota biográfica

José Carlos Cachatra (16 de agosto de 1933 - 18 de Abril de 1974) nasceu em Borba, filho de Carlos José Cachatra e Vicência da Silva Bento. Após a escolaridade primária, estudou no Colégio Bartolomeu Dias, em Algés, entre 1944 e 1948, ano em que a família veio para Évora. José Carlos Cachatra frequenta aqui o Colégio Nun’Álvares, onde termina, em 1950, o 5º ano dos Liceus. Até 1955 continua a estudar, conclui o 7º ano e faz o exame de admissão às Belas Artes, em Lisboa. Nesse ano é chamado para a tropa, que faz como oficial miliciano aviador. Sai em Agosto de 1958, tem 25 anos.

Decide então regressar às Belas Artes, fazendo os 1º e 2º anos num só. No ano lectivo de 1959-1960 matricula-se nos 3º e 4º anos, começando a leccionar na Escola de Artes Decorativas António Arroio (em Lisboa), onde trabalhará até à conclusão do seu curso. Em 1963 vem leccionar no Liceu de Évora, recusando uma proposta de reintegração na carreira militar como Tenente.

Permanece no Liceu até 1965, ano em que um eventual desentendimento com o Reitor Adelino Marques de Almeida terá causado a sua saída do Liceu. A mãe morre nesse mesmo ano (a 31 de Dezembro), o pai pouco depois (1967). Desde o seu regresso a Évora, em 1963, Cachatra pinta abundantemente, muitas vezes por encomenda. (...)

Cachatra frequentou nesta época a Trave, tendo exposto na Galeria do SNI, em Lisboa, em 1968, integrado naquele colectivo (juntamente com Cândido Teles, Paulino Ramos, José Belém, Ilídio, Gabriel Silva (escultu-ra) e Francisco Lagarto em cerâmica).

Nos anos seguintes, pinta e vende quadros no Café Arcada, em Évora, café que frequentava assiduamente, enquanto o seu estado de saúde se agrava. Morre em 1974 no Hospital do Rego (Curry Cabral), em Lisboa, vítima de tu-berculose.

A obra de Cachatra encontra-se dispersa por colecções particulares, tendo sido parcialmente exposta em 1991, pelo Grupo Pró-Évora. (nota de imprensa)" Publicado por: A Cinco Tons

Quinta-feira, 4 de Julho de 2019

Borba

Recordar

João Rita

Recordamos este nosso Amigo, cujo contributo para a Cultura Borbense ficará para sempre marcado pela autenticidade do seu canto, seu longo amor ao fado e à sua divulgação, bem como pelo partilhar a felicidade cantando o que lhe provinha da alma, do seu profundo sentir.

Fado

https://youtu.be/lVglzC38sbo

Joao Rita fado, Filho e Neto

https://youtu.be/wt3ruGjxcxo

Sábado, 29 de Junho de 2019

Tempo de Leitura

Manuel da Fonseca

"Rui enchia o peito de ar, lavava-se no sol. Mas já ia correndo rua abaixo. Uma grande vontade de correr. Onde estaria o Tóino e os outros? Ah! diria a avó que não queria voltar mais àquela casa! E diria também ao Estroina. Talvez lhe dessem razão… Deixassem-no andar, assim à sua vontade. Deixassem-no correr. Correr era bom. O bibe abria-se para os lados como asas. Deitava a cabeça para trás; o chão fugia-lhe debaixo dos pés. Nem via as casas, só o céu por cima dele. Entontecia, sentia-se livre como um pássaro. Se a mãe estivesse, não sereia nada daquilo a sua vida, não. A mãe deixava-o ser livre como um pássaro. Diria tudo isso ao avô: «Avô, desde que a mãezinha partiu, sinto-me preso como um pássaro numa gaiola!» Mas o avô não compreenderia as suas palavras. Nem a avó, nem o Estróina, ninguém!... O melhor era ir correndo, correndo sempre, correndo até tombar de cansado."

Sexta-feira 28 de Junho de 2019

Momento Musical

As nossas sonoridades

Mulher Alentejana

https://youtu.be/-2Vz1sELRr8

Criada em 21 de Agosto de 2012, a Associação dos Amigos de Borba

Associação de Borbenses Defensores do Património Ambiental e Cultural

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Para comentários e colaboração utilizar:

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amigosborba2012@gmail.com

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O Alentejano

"Homenagem aos Mestres Cantores do Alentejo"

Pintura de Espiga Pinto, sobre madeira, datada de 1965. 130x40cm

Col. Centro de Arte Moderna da

Fundação Calouste Gulbenkian

"Se há marca que enobrece o semelhante, é essa intangibilidade que o Alentejano conserva e que deve em grande parte ao enquadramento. O meio defendeu-o duma promiscuidade que o atingiria no cerne. Manteve-o Vertical e Sozinho, para que pudesse ver com nitidez o tamanho da sua sombra no chão. Modelou-o de forma a que nenhuma força por mais hostil, fosse capaz de lhe roubar a coragem, de lhe perverter o instinto, de lhe enfraquecer a razão... (...) É preciso ter uma grande dignidade humana, uma certeza em si muito profunda, para usar uma casaca de pele de ovelha com o garbo dum embaixador. Foi a terra Alentejana que fez o homem Alentejano, e eu quero-lhe por isso. Porque o não degradou proibindo-o de falar com alguém de chapéu na mão."

Miguel Torga In "Portugal" 1950

Fotografia de Adriano Bastos

O Alentejo lembra-me sempre

Um imenso relógio de sol

Onde o homem faz de ponteiro do tempo

Miguel Torga

Visitas desde 14/11/2012

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