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12h30 - sábado 11.1.2014
Na
Casa do Alentejo
Exposição de Fotografia de José Estiveira
Tema "Barcos e Aviões
de 4 a 12 de Janeiro
Na Casa do Alentejo está a decorrer uma Exposição de Fotografia, do Fotógrafo José Estiveira cujo Tema é "Barcos e Aviões" onde se podem ver diversos trabalhos de elevado valor técnico e estético.
Natural de Silves, com 63 anos de idade, tem-se dedicado à Fotografia, seu estudo e ampla divulgação. Vem lecionando a Cadeira de Fotografia, em diversas Universidades Séniors da Margem Sul do Tejo.
Tem participado em várias exposições
individuais e colectivas. Com uma vida dedicada à Fotografia, é um nome de referência, cujos trabalhos ora expostos são um exemplo do seu elevado valor artístico e contributo para a Arte. De José Estiveira recolhemos um pequeno extracto:" Fotografia é luz, os nossos olhos leêm o reflexo de algo que chega ao nosso cérebro e é a leitura de todos esses feixes de luz que nos vão gerar um conjunto de emoções. Hoje tende-se a chamar erradamente fotografia ao que se lê no display de um Computador ou Tablet "isso é uma imagem digital! Fotografia é a "imagem escrita".
a.r.bastos
fotos de a.r.bastos
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12h00 - sábado 11.1.2014
Na
Casa do Alentejo
Exposição de Fotografia
"Monsaraz-entre o céu e a terra"
Até ao próximo dia 16 estarão em Exposição na Casa do Alentejo diversos trabalhos de três fotógrafos, António Caeiro, David Ramalho e João Frutuososa sobre o Tema "Monsaraz- entre o céu e a terra". Espaço privilegiado de Lisboa, a Casa do Alentejo, dá desta forma um valioso contributo para a divulgação da fotografia, seus autores e valiosos trabalhos que são um registo efectivo de valores que desenvolvem a sua criatividade na arte da fotografia.
a.r.bastos
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Cratera descoberta em Marvão
tem 100 metros de profundidade
A Câmara Municipal de Marvão alerta a população e visitantes para evitarem deslocações a um terreno onde ocorreu um fenómeno geológico, que provocou uma cratera com cerca de 100 metros de profundidade e 15 de diâmetro.
“Por uma questão de precaução, apelo para que as pessoas não façam visitas ao local. Tudo isto para salvaguardar a sua integridade, pois poderá haver uma nova derrocada”, avisa o presidente do Município, Vítor Frutuoso.
O fenómeno geológico ocorreu na sexta-feira, 5, junto à aldeia de Porto de Es-pada, numa propriedade privada, estimando as autoridades que a cratera tenha uma profundidade de cerca de 100 metros e um diâmetro de 15 metros.
“Estima-se que a profundidade chegue aos 100 metros. Este terreno particular está situado nas proximidades de uma zona onde foi extraída, há 20 anos, pedra para a construção da barragem da Apartaduta, sendo esta área um local de origem calcária”, explica o autarca, em declarações à Agência Lusa.
De acordo com Vítor Frutuoso, a zona apresenta “muita instabilidade geológica”, por ser de origem calcária, presumindo que existam grutas no subsolo.
“Eu suponho que o abatimento de terras aconteceu porque existem grutas no subsolo”, diz.
O autarca explica que, em redor da cratera, foi criado pelas autoridades um “perímetro de segurança alargado” e que a Câmara de Marvão já solicitou à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDRA) que accione mecanismos para ser apurada a origem do fenómeno.
Vítor Frutuoso recorda que, nos concelhos de Marvão e Castelo de Vide, no Alto Alentejo, este caso “não é isolado”, alertando que existe naquela região uma “instabilidade” ao nível do solo.
Para o autarca, que apelidou este caso como “único” devido às suas dimensões, é “importante” perceber o que se passou naquele terreno privado, temendo que possa vir a ocorrer, novamente, um caso idêntico nas proximidades do local onde surgiu a cratera.
Plantação industrial de papoila no Alqueva
é mais uma vantagem para a região.
A Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA) congratulou-se com o licenciamento de plantação industrial de papoila na zona do Alqueva para de morfina, considerando tratar-se de “mais uma vantagem” para a região.
Felizmente o processo esta concluído" e a plantação industrial de papoila na zona do Alqueva, no Alentejo, foi licenciada pelo, infarmed, disse à agência Lusa o presidente da FAABA, Castro e Brito.
O projecto, que “demonstra as potencialidades da agricultura alentejana e do regadio do Alqueva", é “mais uma vantagem para diversificar as culturas" no Alentejo, disse, frisando que a produção de papoila “é mais uma cultura rentável e muito boa para a região”.
“A produção de papoila também pode ser feita em sequeiro, mas é sempre importante haver água disponível e a hipótese de se poder regar caso não chova”, disse.
Por outro lado, trata-se de “uma cultura que tem que ter rotação”, ou seja, “não pode ser produzida todos os anos nos mesmos terrenos” e, por isso, deverá envolver vários agricultores, explicou Castro e Brito.
O Infarmed licenciou a plantação industrial de papoila na zona do Alqueva, com vista à produção de morfina para fins medicinais, disse à Lusa fonte da autoridade que regula o sector do medicamento em Portugal.
A plantação industrial, que se segue a várias experiências na zona, as quais terão correspondido às expectativas,deverá abranger mais de 6.000 hectares, onde serão produzidas papoilas para posterior extracção dos alcalóides opiáceos que existem na planta e que são utilizados para a produção de morfina, usada para fins medicinais.
A produção será adquirida pela farmacêutica escocesa Macfarlan Smith, a qual, na sua fábrica na Escócia irá extrair os alcaloides opiáceos para produzir morfina.
2013 03 29 - Diário do Alentejo
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2013 03 25 - Diário do Sul
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Extraido do Blogue de J.Rentes de Carvalho “Tempo Contado”
De amor sabem falar os poetas. Nós, o comum, desajeitados e menos sensíveis, dizemos alguma coisa com os olhos, os gestos, mas sempre a pensar que ficamos aquém, incapazes de arriscar, perdendo-nos nos temores que imaginamos. Somos bem melhores no fingimento. Vem. Deita-te. Apaga a luz. Cerra os olhos. Não fales. Imagina a quem queres que empreste as palavras que te vou sussurrar. Lembras-te da esplanada, aquela tarde, o acaso do nosso encontro, quando ias sentar-te tropeçaste e eu te segurei para que não caísses? E depois combinámos jantar, ambos inocentes, descuidados, sorrindo de tudo, adivinhando os subentendidos, felizes com aquela alegria ingénua de crianças. E o primeiro beijo, lembras-te?Não respondas. Ouve. Ainda não era amor, só a excitação do início, o aperceber da descoberta. A iminência do destino que, soldando-nos, de dois faria um.O que veio depois é vivência de poucos, romance de paixão e loucuras, do espanto das confissões, da partilha dos segredos que envergonhavam e agora nos unem. A suavidade das mãos que se procuram quando nos deitamos. A harmonia dos sorrisos trocados. Certos olhares. O que os dedos aprenderam a soletrar na pele. A ternura dos momentos em que, compreendendo e perdoando, celebramos o reencontro.É amor, sim, minha querida. Amor que se alimenta de pequeninas e grandes coisas, destes sussurros, dos beijos na escuridão das nossas fantasias, do modo como nos encaramos quando o dia começa.Não digas nada. Aquieta-te. Espera até que eu saia e oiças fechar a porta.
Extraido do Blogue de J. Rentes de Carvalho-13/03/2013
Patrão da Barca: J. Rentes de Carvalho
Desejo de altos voos sempre tive e continuo a ter, porque também para isso a idade não dá cura. Mas altos voos é modo de dizer, são antes esperanças, sonhos tontos, aqueles que nos tomam antes do adormecer, quando o entendimento abranda, dando a ilusão de que podemos moldar o amanhã e corrigir os desmandos do passado.
Numa miragem recorrente vejo-me bem outro do que sou, espanto-me da facilidade que então tenho de resolver questões, evitar atritos, ver só harmonias, de fugir aos perigos e amar o meu semelhante com o fervor que recomenda o catecismo.
O despertar recambia-me para o trivial, e quando me vejo ao espelho não reconheço o sujeito, demora a que a imagem da realidade se sobreponha à da fantasia. Com verdade digo então para comigo, cá estamos. Porque realmente somos dois, o dos altos voos e o que se pergunta que maldição o impede de
voar.
Extraido do Blogue de J. Rentes de Carvalho
1.05
CRÓNICA 002 - 2013 04 02 - Terça Feira
O Velho Alentejano perdido na cidade…
(A Terceira Idade!?)
Actualmente vive-se mais tempo. Espanta-me por isso que, em vez de permanecermos jovens até mais tarde, nos tornemos ou nos tornem velhos cada vez mais cedo.
Ventos contrários empurram e derrubam os velhos…
Quem é que se importa hoje com a sabedoria dos mais velhos?
Ninguém sabe, e ainda bem, o que o futuro nos reserva…
Ninguém sabe quando chegará a sua vez de partir sozinho…
Todos nascemos e morremos sós…
Pouco a pouco, ou quase de repente, descobrimos que somos velhos… também eu caminharei com passos incertos e desiguais, um dia… quem sabe…
Todos caminhamos na roda do tempo a passos largos e clandestinos para o ‘universo social’ onde nos vão chamando ‘idosos’, ‘terceira idade’, ‘seniores’…
Estávamos na véspera de Natal. A azáfama nas ruas era muita e embora Almada, onde há tantos Alentejanos, não seja muito grande, as pessoas faziam compras, como eu.
Estávamos na década de noventa…
No meio da confusão, um senhor, com talvez mais de oitenta anos, ao cruzar-se comigo, chamou-me educadamente:
-- Desculpe… É que eu não sei onde estou… Vim passar o Natal a casa do meu filho e agora estou perdido, não dou com a casa dele…
Ajeitando uma plisse de gola de raposa pelos ombros, acrescentou que saiu à rua para apanhar ar, farto de estar fechado em casa…
-- Sabe o nome da rua onde mora o seu filho? Sabe o número da porta?
-- Não, não sei. O meu filho trabalha num banco e, a esta hora, deve estar no trabalho.
-- Qual é o banco em que trabalha, sabe?
-- Não, não sei o nome… Lá na terra só há um. Só sei que é muito longe… ele tem que ir de carro e leva a minha nora.
Larguei os meus afazeres e andei horas, de carro, para um lado e para outro a procurar indícios ou da rua onde morava o filho, mas nada. Já cansados de tanto procurar, disse para o velho senhor:
-- Vamos mas é parar e beber ou comer alguma coisa… também deve estar com fome.
Entrámos num café:
-- Então, o que quer tomar?
-- Bebo um copo de vinho, mas comer não quero. Tenho aqui um bolo no bolso, que não me apeteceu comer quando tomei o pequeno-almoço com o meu filho…
Fomos conversando e ele desabafou, dizendo:
-- Leve-me, mas é para a minha aldeia… aí é que eu conheço tudo… e me sinto bem…
Eu sorri e tentava uma solução… -- …que é que hei-de fazer, para saber onde mora o filho deste senhor?
Ele ia falando muito certo e sem pânico… muito mais calmo do que eu…
-- É na minha aldeia que gosto de viver, onde ainda se canta e se assobia… todos nos conhecemos… e falamos… até podemos gritar para espantar a solidão… gosto de ver o voo das cegonhas e de as ver pousar nos seus ninhos, em liberdade… não gosto de gaiolas… Tomara que passe o Natal, para me poder ir embora daqui…
Eu, sem querer, ao vê-lo levar o bolo à boca, olhei para o papel que o embrulhava, e verifiquei o nome da pastelaria. Como tinha dito que tomara o pequeno-almoço com o filho, deduzi que seria perto da sua casa, fui logo lá direito… ainda era um pouco longe.
Já na pastelaria, perguntei se conheciam o filho daquele senhor, mas ninguém sabia…
Já na rua, pronto a desistir mais uma vez, o senhor voltou-se para mim com grande alegria:
-- Já sei onde estou. A casa do meu filho é ali, ao pé daquela fotografia cravada na parede…
Era um painel publicitário de um partido político.
Descansei enfim, quando o vi meter a chave na porta de um primeiro andar, num prédio daquela rua e despediu-se:
-- Tu és muito porreiro! És alentejano?
-- Sou e com muito orgulho!
Apertámos as mãos e despedi-me: -- Tem que ter mais cuidado… -- e parti com a consciência tranquila.
Amanhã, quem sabe, serei eu a andar perdido, sem saber onde fica a minha casa, o lar, ou a instituição, ou o ‘depósito de velhos’… Nunca se sabe o dia de amanhã…
Passados tantos anos, dei comigo a pensar. – Que seria daquele bom homem e dos seus sonhos de liberdade na sua aldeia… Certamente já não andará pela sua aldeia para ver e admirar o voo das cegonhas…
CRÓNICA 001 - 2013 03 26 - terça feira
O Pilha Galinhas
O Pilha Galinhas
Na horta do Ti João da Quinta as galinhas foram perturbadas no seu sono por um amigo do alheio.
A Ti Mafalda punha as mãos e olhava para o céu:
-- Valha-me Deus Nosso Senhor… estavam todas a pôr… tão gordas e desenxovalhadas… era uma alegria vê-las tão lindas…
O Ti João ficou furioso, embora muito calmo e sempre bem-disposto; já muito curvado pelo peso dos anos, dizia para si, em voz baixa:
-- Quem seria o safardanas?! Se o apanhasse a roubar, dava-lhe uma boa sova.
Seu vizinho e amigo, Pedro Farelo, ao saber, foi logo ter com o Ti João, para ver melhor o que se passava… Foram ao galinheiro… estava tudo intacto… nada estava estragado… Mas chamou-lhes a atenção as pegadas ali existentes na lama... e, claro, faltavam umas galinhas…
-- Esquisito! Quem poderia ter sido!?
Já voltavam, o Farelo chamou a atenção do Ti João:
-- Olha aqui estas pegadas na lama… Quem aqui veio, veio descalço, talvez para não fazer barulho, por causa dos cães, mas repara, Pedro, quem aqui esteve tinha só quatro dedos no pé… e é no pé direito. Quem será o marau?
Combinaram investigar pelas tabernas. Iam perguntando a um e a ou-tro… quem poderia não ter o dedo grande do pé direito?… Era difícil, pois tudo andava calçado!
O dono duma outra taberna, ao ouvir a conversa, disse para o Ti João:
– O Zé Pisco é que não tem um dedo no pé… um dia, ouvi falar nisso… Parece que o perdeu, quando andava de ajuda na caça e ficou a tomar conta da espingarda do caçador…
O Zé Pisco, de facto, não tinha um dedo no pé direito… o dedo grande… Certo dia, dera um tiro sem querer no seu próprio pé, quando transportava uma espingarda e esta se disparou sozinha… Este homem foi, durante uns tempos, mochileiro de alguns caçadores mais endinheirados. Era ele quem carregava os pesos e também fazia de batedor em caçadas.
Demorou algum tempo a ficar bom do pé, daí que muitas pessoas sabiam o que tinha acontecido devido a ter andado por ali a coxear. todo entrapado…
Gostava pouco de trabalhar… fazia pequenos trabalhos… também al-guns recados a uns aqui, unsavios a outros, além… era uma espécie de ‘estafeta’ de pequenos mandados… além de engraxar sapatos aos Domingos.
Dois dias após o roubo era Domingo e dia de mercado na vila. Combi-naram os dois amigos ir até ao mercado para ver se viam as galinhas e o tal Zé Pisco. Pedro Farelo levou com ele um cacete ferrado na ponta, não fosse precisar dele para qualquer emergência.
Dona Mafalda também queria ir, por conhecer bem as suas galinhas, mas o Ti João não achou bem. Não seria boa política meter saias naquele assunto de galináceos e podia dar para o torto. Nunca se sabe!
Lá foram os dois amigos até ao mercado, vendo os mercadores que por ali estavam e não foi preciso muito tempo… Viram logo o Zé Pisco atrás de uns cestos de canas, improvisados, com galinhas… Conheceram-nas logo...
Aproximaram-se, e o Ti João, acompanhado do Pedro Farelo, disse para o Pisco:
-- Olha lá, ó Zé Pico, és um ladrão pouco esperto… Quando roubares galinhas, não deixes lá ficar a tua marca… Se tivesses ido calçado, eu não sabia ainda que tinhas sido tu… Tornaste a dar outro tiro no pé, mas desta vez sem sangue… Agora, vais lá colocá-las no mesmo sítio, onde estavam, e é já… Já basta de chatices.
Este fez-se de novas, disfarçando, como se não esperasse… tentou mostrar-se perplexo… mas cheio de medo… nada dizia, de olhos crava-dos no chão…
Pedro Farelo colocou-lhe o pau, que trazia, em cima do ombro, dizendo:
-- Ou fazes o que o Ti João mandou, ou levas umas lambadas, ou meto-te o pau pelo cu acima…
O Pisco ficou a tremer, ainda com mais medo…
Ti João interveio: -- Não é preciso… ele será bem-mandado… Ou então dou-lhe a escolher: ou vou lá em cima à ‘Guarda’ e vais preso, ou vais ficar com uma alcunha da qual nunca mais te livras… Que preferes?
-- Guarda, não senhor, Ti João… Guarda nããããão.
-- Então vou-te pôr uma alcunha…
O Pisco logo se prontificou a levar as galinhas e foi colocá-las no mesmo sítio.
Dona Mafalda ficou toda feliz por voltar a ver os seus bichinhos, dando-lhe logo comida. De tão feliz que estava nem ralhou com o ladrão e só dizia:
-- “Gato escondido com o rabo de fora…”
O tempo foi passando e a estória ficou a ser conhecida… Pedro Farelo contava o sucedido de taberna em taberna e o Pisco, lá ficou conhecido por «O Pilha Galinhas», até que se foi embora da vila, para outro concelho, pois ninguém o contratava para fazer nada e andava por ali envergonhado…
Até os miúdos, ao passar por ele, gritavam:
-- «Olha o Pilha Galinhas… Olha o pilha Galinhas…»