“Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Salmo 51.5). Com essas palavras, Davi descreve a condição de todos nós: somos pecadores desde o nascimento, inclinados naturalmente para o pecado. Herdamos essa natureza corrupta de Adão, o que explica a presença do mal em toda a humanidade. Mesmo em civilizações distantes, como algumas tribos indígenas que sacrificam crianças, vemos o mal se manifestar. Isso ocorre porque o mal já reside em nossos corações, não é algo que aprendemos da sociedade, mas sim algo que aflora dentro de nós. Como diz Jeremias: "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto" (Jr 17.9).
A ideia popular de que "somos todos basicamente bons" é, portanto, equivocada. A Bíblia ensina que "todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Rm 3.23). O senso de certo e errado que ainda permanece em nós é uma evidência da graça comum de Deus, que controla a perversidade humana (Rm 2.14-15). Embora todos sejamos pecadores, alguns expressam mais maldade que outros. Por exemplo, a maldade de um ladrão é menor do que a de Adolf Hitler. No entanto, quando comparamos nossa bondade com o padrão supremo de Deus, até mesmo nossos "pequenos" pecados são evidências de profunda corrupção.
A doutrina da Depravação Total ensina que o pecado afeta todas as áreas de nosso ser. Isso não significa que somos tão maus quanto poderíamos ser, mas que o pecado enraizou-se profundamente em todos os aspectos da nossa vida. O pecado permeia nossa mente, nossa vontade, nossas emoções e nosso corpo. Não há parte de nós que não tenha sido tocada pelo pecado. Como Paulo escreve:
“Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer" (Romanos 3.10-12).
Por causa dessa condição, a Bíblia nos descreve como "mortos em nossos delitos e pecados" (Ef 2.1), "prisioneiros da lei do pecado" (Rm 7.23), e "por natureza filhos da ira" (Ef 2.3). Nosso estado natural é de morte espiritual, incapazes de crer em Deus ou fazer a Sua vontade (Jo 6.44; Rm 8.7-8). Apenas o poder transformador do Espírito Santo pode nos dar vida e nos libertar dessa morte espiritual. É Deus quem nos vivifica em Cristo, fazendo-nos nova criação (Ef 2.5-10).
Esta verdade nos humilha e nos leva a depender completamente da graça e do poder de Deus para nossa salvação e transformação.
"Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?"
1 "Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.
2 Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.
3 Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne,
4 para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.
5 Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne, mas os que são segundo o Espírito, para as coisas do Espírito.
6 Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz.
7 Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser.
8 Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.
9 Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.
10 E, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça.
11 E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo vivificará também os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita."
1 "E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados,
2 em que, noutro tempo, andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência,
3 entre os quais todos nós também, antes, andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como os outros também."
17 "E digo isto e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade do seu sentido,
18 entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração;
19 os quais, havendo perdido todo o sentimento, se entregaram à dissolução, para, com avidez, cometerem toda impureza."
8 "Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós.
9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.
10 Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós."