Durante a Idade Média, especialmente antes da invenção da imprensa por Gutenberg em 1450, as Bíblias eram de fato escritas em latim, na versão conhecida como Vulgata, traduzida por São Jerônimo no final do século IV. O latim era a língua oficial da Igreja Católica Romana, e a maioria das cópias da Bíblia era feita à mão por monges em mosteiros, o que as tornava extremamente raras e caras. Por isso, elas não estavam amplamente disponíveis ao público em geral. Além disso, o analfabetismo era elevado entre a população, e poucas pessoas sabiam ler latim, o que tornava o acesso à Bíblia ainda mais restrito.
Com a Reforma Protestante, o público leigo começou a ter acesso à leitura da Bíblia, pois ela passou a ser traduzida para as línguas vernáculas, e a imprensa facilitou sua disseminação. Além disso, líderes como Martinho Lutero e João Calvino focaram em dois grandes pontos.
O primeiro foi o direito de interpretarmos a Bíblia pessoalmente. Com isso, a Igreja Católica Romana perdeu o monopólio da interpretação das Escrituras. O povo não estaria mais sujeito às doutrinas criadas pela instituição, nem seria obrigado a aceitar suas tradições com a mesma autoridade que a Bíblia.
O segundo foi a tradução da Bíblia para o idioma do povo.
Entretanto, com o direito de interpretar a Bíblia pessoalmente, surgiu um novo problema semelhante ao que ocorria na Igreja Católica Romana: as pessoas começaram a interpretar a Bíblia de acordo com o que "achavam" correto. Isso levou muitos a se afastarem das verdades cristãs ao fazerem interpretações erradas das Escrituras.
Interpretar a Bíblia pessoalmente não significa que temos o direito de interpretá-la conforme nossos próprios desejos. Com esse direito, vem também a responsabilidade de interpretá-la corretamente.
Os crentes têm a liberdade de descobrir as verdades contidas nas Escrituras, mas não têm a liberdade de criar suas próprias verdades. Portanto, o direito de interpretar a Bíblia traz consigo a obrigação de fazê-lo de maneira correta e fiel.
A Bíblia não é uma massa de modelar, que podemos moldar conforme nossos desejos ou preferências. Por isso, é essencial que os servos de Deus busquem a orientação e a guia do Espírito Santo, sempre com temor a Deus, para compreender Sua Palavra.
"E leram no livro, na lei de Deus, e declarando e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse."
"Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade."
"Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido.
E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.
Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;
para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda boa obra."
"Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação.
Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo."