A doutrina da eleição e da justificação pela fé está profundamente conectada com o propósito de Deus de transformar vidas. O apóstolo Paulo, ao falar sobre a eleição dos filhos de Deus, ensina que o propósito final de sermos eleitos é para que sejamos “santos e irrepreensíveis” (Efésios 1.4-5). Em outras palavras, a eleição de Deus nos chama para uma vida de santidade e boas obras, não para viver de qualquer maneira. A verdadeira marca de um eleito é uma vida transformada, evidenciada pela santidade e pelas boas obras.
Isso é importante para entender a distinção entre obras e fé na justificação. Não somos eleitos ou salvos porque praticamos boas obras; ao contrário, somos eleitos e justificados pela fé em Cristo, e as boas obras são o resultado inevitável dessa transformação. Deus nos justifica pela fé somente, mas essa fé nunca está sozinha—ela sempre gera boas obras. Paulo deixa claro que somos justificados pela fé, não pelas obras (Romanos 3.9-4.8), mas uma fé verdadeira sempre resulta em uma vida que glorifica a Deus por meio de ações santas.
Tiago, em sua carta, aborda essa questão ao dizer que "a fé sem obras é morta" (Tiago 2.18-24). O ponto de Tiago não é que as obras nos justificam diante de Deus, mas que a fé genuína, que justifica, é sempre acompanhada por boas obras. Se alguém diz que tem fé, mas não demonstra uma vida transformada, essa fé é morta. Tiago e Paulo não estão em contradição, mas complementam um ao outro: Paulo fala da fé que nos justifica diante de Deus, e Tiago fala das boas obras que mostram a autenticidade dessa fé.
As boas obras não são o meio pelo qual somos salvos, mas são o fruto de uma fé genuína em Cristo. É importante diferenciar fé e obras, mas também entender que uma fé viva e verdadeira sempre levará a boas obras. Nossa salvação é pela fé em Cristo, mas nossas obras agradam a Deus e serão recompensadas no Reino dos céus.
Portanto, é falso acreditar que as obras sozinhas nos justificam, assim como é errado pensar que a fé, sem obras, nos justifica. A verdadeira relação entre fé, obras e justificação pode ser resumida assim:
Obras = Justificação → Falso
Fé + Obras = Justificação → Falso
Fé = Justificação - Obras → Falso
Fé = Justificação + Obras → Verdadeiro
A verdadeira fé em Cristo nos justifica diante de Deus, e essa justificação resulta em uma vida de boas obras que refletem a obra de Cristo em nós.
Romanos 3:9-31 (ARC)
9 "Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma, pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado;
10 como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.
11 Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus.
12 Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.
13 A sua garganta é um sepulcro aberto; com as suas línguas tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo de seus lábios.
14 Cuja boca está cheia de maldição e amargura.
15 Os seus pés são ligeiros para derramar sangue.
16 Em seus caminhos há destruição e miséria;
17 e não conheceram o caminho da paz.
18 Não há temor de Deus diante de seus olhos.
19 Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus.
20 Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.
21 Mas, agora, se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas;
22 isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem; porque não há diferença.
23 Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;
24 sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus,
25 ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus;
26 para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.
27 Onde está logo a jactância? É excluída. Por qual lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé.
28 Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei.
29 É, porventura, Deus somente dos judeus? E não o é também dos gentios? Também dos gentios, certamente,
30 visto que Deus é um só, que justifica pela fé a circuncisão e, por meio da fé, a incircuncisão.
31 Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes, estabelecemos a lei."
Romanos 4:1-8 (ARC)
1 "Que diremos, pois, ter alcançado Abraão, nosso pai, segundo a carne?
2 Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus.
3 Pois que diz a Escritura? Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.
4 Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida.
5 Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça.
6 Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo:
7 Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos.
8 Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado."
12 "De sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes, não só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência, assim também operai a vossa salvação com temor e tremor;
13 porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade."
18 "Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras. Mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.
19 Tu crês que há um só Deus? Fazes bem; também os demônios o creem e estremecem.
20 Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta?
21 Porventura, o nosso pai Abraão não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque?
22 Bem vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada.
23 E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus.
24 Vedes, então, que o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé."
5 "E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência,
6 e à ciência temperança, e à temperança paciência, e à paciência piedade,
7 e à piedade amor fraternal, e ao amor fraternal caridade.
8 Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.
9 Pois aquele em quem não há estas coisas é cego, nada vendo ao longe, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados.
10 Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis.
11 Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo."
3 "E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos.
4 Aquele que diz: Eu conheço-o e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade.
5 Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele.
6 Aquele que diz que está nele também deve andar como ele andou."
7 "Amados, amemo-nos uns aos outros, porque a caridade é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.
8 Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é caridade.
9 Nisto se manifestou a caridade de Deus para conosco: que Deus enviou o seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos.
10 Nisto está a caridade: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.
11 Amados, se Deus assim nos amou, também nós devemos amar uns aos outros."