As Escrituras nos ensinam que Deus é eterno e infinitamente santo. Sua santidade é tão grande que está além de nossa compreensão. Por ser Deus perfeitamente puro, todas as coisas que não se alinham ao Seu caráter e vontade são repudiadas e dignas de punição. Chamamos de pecado toda ação que não está em conformidade com o caráter puro de Deus, assim como toda desobediência à Sua vontade e Palavra.
Além de ser santo, Deus também é justo. Sendo um Deus de justiça, Ele exige que o pecador seja punido pelos seus pecados, pois todo pecado é uma ofensa e rebeldia contra Ele.
"Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é infinito em seu ser e perfeições. Ele é um espírito puríssimo [...] é cheio de amor, é gracioso, misericordioso, longânimo, muito bondoso e verdadeiro remunerador dos que o buscam, e, contudo, justíssimo e terrível em seus juízos, pois odeia todo o pecado; de modo algum terá por inocente o culpado." (CFW 2.1)
O pecado é algo tão grave diante de Deus que só pode ser remido através da morte. A Bíblia ensina que "sem derramamento de sangue, não há remissão" (Hebreus 9.22, ARC). O livro de Levítico confirma que o derramamento de sangue é a forma de propiciar o pecado:
"Porque a vida da carne está no sangue; e eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma; porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida." (Levítico 17.11, ARC)
Por essa razão, o sacrifício é necessário para pagar pelos pecados, mas somente um sacrifício puro e santo poderia satisfazer a justiça de Deus. Se um pecador se sacrificasse, seu sacrifício não seria suficiente nem mesmo para seus próprios pecados, pois estaria manchado pelo pecado e não agradaria a Deus. Somente Cristo Jesus, que nunca cometeu pecado (1 Pedro 2.22, ARC), foi o sacrifício perfeito e aceito por Deus como propiciação pelos pecados do Seu povo.
Na Antiga Aliança, os sacrifícios de animais apontavam para a morte de Cristo. O povo de Deus deveria crer que seus pecados seriam pagos pela morte do Messias. Desde a eternidade, Deus, em Sua sabedoria, traçou um plano para que Suas criaturas racionais vivessem ao Seu lado para sempre. Embora Deus tenha permitido a entrada do pecado no mundo, Ele não é o autor do pecado. Suas criaturas, por sua própria vontade, desobedeceram e experimentaram o pecado. Isso feriu e entristeceu o coração de Deus, e Sua justiça exigiu a condenação dos pecadores.
No entanto, em Sua misericórdia, Deus providenciou um plano de redenção que reconciliaria Sua justiça com Seu amor. O caminho para a salvação dos pecadores é surpreendente: Deus, em Seu infinito amor, decidiu se tornar um de nós e morrer em nosso lugar. Em Seu plano, Deus veio ao mundo, nasceu de uma mulher, viveu como ser humano, enfrentou as mesmas emoções e sofrimentos que nós, e, por fim, morreu em nosso lugar, carregando sobre Si a punição por nossos pecados.
Essa é a história do sacrifício de Cristo, o plano de Deus para salvar Seus filhos da condenação. A morte de Jesus Cristo é a única e perfeita forma de pagar pelos pecados, pois somente Ele, sendo perfeitamente justo e santo, poderia ter valor infinito para quitar a dívida do pecador diante de um Deus santo e justo.
O sacrifício de Cristo se consumou no tempo determinado por Deus, há pouco mais de 2000 anos, mas foi revelado desde a queda de Adão e Eva, e através de todas as eras. Hoje, todos aqueles que crerem em Jesus terão seus pecados perdoados pelo sacrifício dEle em nosso lugar.
Como bem disse João Calvino:
"Esta é a permuta que, em sua bondade infinita, Jesus quis fazer conosco:
recebeu nossa pobreza e nos transferiu suas riquezas;
levou sobre si a nossa fraqueza e nos fortaleceu com o seu poder;
assumiu a nossa mortalidade e fez nossa a sua imortalidade;
desceu à terra e abriu o caminho para o céu;
fez-se Filho do homem e nos fez filhos de Deus."
(João Calvino, As Institutas, Capítulo XII, p. 6, Volume 4, Edição Especial, Editora Cep)
1 Porque, tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que, continuamente, se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam.
2 Doutra maneira, teriam deixado de se oferecer, porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado.
3 Nesses sacrifícios, porém, cada ano se faz comemoração dos pecados,
4 porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados.
5 Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste;
6 holocaustos e oblações pelo pecado não te agradaram.
7 Então, disse: Eis aqui venho (no princípio do livro está escrito de mim), para fazer, ó Deus, a tua vontade.
8 Como acima diz: Sacrifício, e oferta, e holocaustos, e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei),
9 então, disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo.
10 Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez.
11 E assim, todo sacerdote aparece cada dia, ministrando e oferecendo, muitas vezes, os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar pecados;
12 mas este, havendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus,
13 daqui em diante esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés.
14 Porque, com uma só oblação, aperfeiçoou, para sempre, os que são santificados.
15 E também o Espírito Santo no-lo testifica, porque, depois de haver dito:
16 Esta é a aliança que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações e as escreverei em seus entendimentos;
17 acrescenta: E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades.
18 Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado.