( Atualizado em: 19/09/2025 ) rev
Estado Português da Índia, Estado das Índias, Estado da Índia ou Índia Portuguesa refere-se a um conjunto de possessões, cidades portuárias, entrepostos e fortalezas conquistados ou instalados pelos portugueses, ao longo de sua expansão marítima e comercial, desde pelo menos finais do século XV até meados do XIX. Existiram desde 1505 até 1961, sofrendo variações geográficas, ao longo de mais de quatro séculos.
O Estado Português da Índia foi fundado em 1505, seis anos após a descoberta da rota entre Portugal e o subcontinente indiano, com vista a servir de referência administrativa para uma cadeia de fortificações, feitorias e colónias ultramarinas. O primeiro vice-rei foi D. Francisco de Almeida, que estabeleceu o seu governo em Cochim. Os governadores subsequentes não receberam o título de vice-rei. Em 1510, a capital do Estado Português da Índia foi transferida para Goa. No transcurso do século XVI ocorreu a expansão e estabilização na luta contra várias estruturas estatais asiáticas, comandadas por muçulmanos de origem árabe e turcos otomanos. No entanto, os portugueses nunca conseguiram exercer plenamente o poder nas zonas do estreito de Malaca ou dominar o mar Vermelho, mesmo após o contorno do cabo da Boa Esperança (1498), mas exerceram o monopólio, por muito tempo, sobre a única rota marítima de produtos orientais para os mercados europeus. Antes do século XVIII, o governador português ali estabelecido exercia sua autoridade em todas as possessões portuguesas no oceano Índico, desde o cabo da Boa Esperança, a oeste, passando pelas ilhas Molucas, Macau e Nagasáqui (esta nunca foi formalmente parte dos domínios portugueses) ao leste.
O declínio do domínio português na Ásia começou em nível económico na década de 1670 e, politicamente, desde o fim do século XVI, com a entrada de outros países europeus, especialmente os holandeses, no oceano Índico. Depois de um período de lutas ferozes nos três primeiros quartos do século XVII, nas quais os monarcas asiáticos desempenharam um papel importante, a superioridade portuguesa foi dissipada. Em 1752, Moçambique passou a ter um governo próprio e, em 1844, foi a vez dos territórios de Macau, Solor e Timor, restringindo a autoridade do governador do Estado Português da Índia às possessões portuguesas na costa do Malabar, assim permanecendo até 1961. Antes da independência da Índia, ocorrida em 1947, a província ultramarina restringia-se aos territórios de Goa, Damão, Diu e Dadrá e Nagar Aveli. Portugal perdeu o controlo efetivo dos enclaves de Dadrá e Nagar Aveli em 1954 e, finalmente, o resto dos territórios do subcontinente indiano em dezembro de 1961, quando foram tomados por uma operação militar indiana. Portugal só reconheceu oficialmente o controlo indiano em 1975, após a Revolução de 25 de Abril de 1974 e a consequente queda do Estado Novo.
Brasão de Armas
GOA
Goa (Mallet, 1684/5)
Vue de Goa (Bellin, 1748)
Plan de Goa (Bellin, 1757)
DIU
Diu in Arabia (Meissner, 1638-43)
Ville de Diu (Bellin, c.1760)
POSSESSÕES NO KERALA
Vue de Cananor (Bellin, 1757)
Cananoor (Valentijn, 1726) Novo !
Calechut in Indien (Meissner, 1638-1643)
Grond Teekening van de Fortresse Cranganoor (Duyn, 1709) Novo !
Plan de la Forteresse de Cranganor (Bellin, 1747)
Plan de la Ville de Cochin (Bellin, 1747)
Plan de la Forteresse de Coylan (Bellin, 1761)
PRESEÇA NO MAHARASHTRA
Vüe de Dabul (Bellin, 1746) Novo !
--- VELHA GOA ---
Velha Goa, é uma cidade histórica no estado indiano de Goa, no distrito de Goa Norte, na parte norte da taluca de Tisuadi (Tiswadi ou Ilhas de Goa). Não deve ser confundida com Goa Velha a sul da Ilha de Tisuadi, na foz do Rio Zuari.
A cidade foi construída no Sultanato Bijapur no século XV, e serviu como capital do Estado da Índia a partir do século XVI até ao seu abandono no século XVIII. Também chamada de Cidade de Goa e apelidada de "Roma do Oriente", foi capital e sede da Arquidiocese de Goa e Damão e do Patriarcado das Índias Orientais.
Em 1986 Velha Goa foi inscrita na lista de Património UNESCO.
Goa
Alain Manesson Mallet (1630-1706)
“Description de l’ Univers”, 1ª edição, publicada p/ J. D. Zunner, Frankfurt am Main, 1684/5
Gravura: 97 x 137 mm
Plan de Goa
Jacques Nicholas Bellin (1703–1772)
“Histoire Generale des Voyages”, de L' Abbe Prevost d’ Exiles,
edição francesa de 1757 (Tomo VIII, nº IX)
Gravura: 353 x 204 mm
A ilha de Goa localizada na costa ocidental da Índia, era um dos primeiros centros de comércio portugueses, e a cidade, implantada à volta do porto, é ilustrada em toda a sua glória. Disposta em crescentes mostra um porto muito movimentado, e em terra, elefantes a serem utilizados com animais de trabalho.
Vue de Goa
Jacques Nicholas Bellin (1703–1772)
“Histoire Generale des Voyages”, de L' Abbé Prévost d’ Exiles, 8ª edição francesa, 1748
Gravura: 176 x 112 mm
--- DIU ---
Diu (antigamente Dio) é uma cidade e sede de distrito que pertence ao território de Dadrá e Nagar Aveli e Damão e Diu, da Índia. Fez parte do antigo Estado Português da Índia até que, em 1961, foi anexado pela Índia.
O território de Diu situa-se na península indiana de Guzerate e é composto pela ilha de Diu (separada da península pelo estreito rio Chassis e que mais propriamente pode ser considerado um braço de mar) e pelos pequenos enclaves continentais de Gogolá e Simbor.
Diu era uma cidade de grande movimento comercial quando os portugueses chegaram à Índia. Em 1513, tentaram os portugueses estabelecer ali uma feitoria, mas as negociações não tiveram êxito. Cobiçada desde os tempos de Tristão da Cunha e de Afonso de Albuquerque, e depois das tentativas fracassadas de Diogo Lopes de Sequeira, em 1521, de D. Nuno da Cunha em 1523, a tentativa de conquista, em 1531, levada a efeito por este também não foi bem sucedida. Contudo, Diu veio a ser oferecida aos portugueses em 1535, como recompensa pela ajuda militar que estes deram ao sultão Bahadur Xá de Guzerate, contra o Grão-Mogol de Deli, tendo logo sido transformada a velha fortaleza em castelo português.
Arrependido da sua generosidade, Bahadur Xá pretendeu reaver Diu, mas foi vencido e morto pelos portugueses, seguindo-se um período de guerra entre estes e a gente do Guzerate que, em 1538, veio pôr cerco a Diu. Coja Sofar, senhor da Cambaia, aliado aos turcos de Sulimão Paxá, tendo-se, então, deparado com a heroica resistência de António Silveira. Um segundo cerco será depois imposto a Diu, pelo mesmo Coja Sofar, em 1546, saindo vencedores os portugueses, comandados em terra por D. João de Mascarenhas e, no mar, por D. João de Castro. Pereceram nesta luta o próprio Coja Sofar e D. Fernando de Castro (filho do vice-rei português).
Depois deste segundo cerco, Diu foi de tal modo fortificada que pôde resistir, mais tarde, aos ataques dos árabes de Mascate e dos holandeses (nos finais do século XVII). A partir do século XVIII, declinou a importância estratégica de Diu, que veio a ficar reduzida a museu ou marco histórico da sua grandeza comercial e estratégica de antigo baluarte nas lutas entre as forças islâmicas do Oriente e as cristãs do Ocidente.
Diu permaneceu na posse dos portugueses desde 1535 até 1961, vindo a cair na posse das tropas da União Indiana, que invadiram todo o antigo Estado Português da Índia, no tempo de Nehru.
Diu in Arabia
Daniel Meissner (1585-1625)
“Sciographia Cosmic", editada por Paulus Fürst, Nuremberga, 1638-43
Gravura: 144 x 100 mm
A cidade de Diu que foi território português de 1535 a 1961.
Ville de Diu - De Stad Diu, no Gujarat
Gravura: 240 x 190 mm (de J. van Schley, c. 1760)
Magnífica gravura repleta de pormenores, vendo-se a Fortaleza com as suas instalações militares, a Porta dos Abissínios, a Porta do Campo, e em baixo á direita vários barcos e figuras das quais algumas a cavalo.
--- POSSESSÕES NO KERALA ---
Cananor é uma cidade portuária do estado de Kerala, na costa sudoeste da Índia. É conhecida como a terra dos teares e erudições. Era um importante porto que se dedicava ao comércio com a Pérsia e Arábia nos séculos XII e XIII.
Foi possessão portuguesa entre 1505 e 1663, quando passou para a posse holandesa e, posteriormente, para a britânica. Durante a presença portuguesa e inglesa era conhecida pelo nome aportuguesado de Cananor, que ainda hoje é muito usado.
Foi quartel-general militar da Índia britânica até 1887. Juntamente como Telicherri foi a terceira maior cidade na costa oeste da Índia britânica no século XVIII, depois de Bombaim e Carachi.
A Fortaleza de Santo Ângelo de Cananor foi construída em 1505 por D. Francisco de Almeida, primeiro Vice-rei da Índia e está situada à beira mar a cerca de 3 km da cidade. Em 1509 encontramos João Vaz de Almada como alcaide-mor dela.
A fortaleza mudou de mãos várias vezes. Em 1663, os holandeses apoderaram-se dela e vendaram-na à família real de Arakkal em 1772. Os britânicos conquistaram-na em 1790, e transformaram-na numa das suas maiores posições na costa do Malabar. Está bem preservada como monumento protegido sob a autoridade do Serviço Arqueológico da Índia. Uma pintura deste forte, vendo-se barco com pescadores na Baía (de Mappila) está exposta no Rijksmuseum in Amesterdão. A cabeça de Kunjali Marakkar foi exibida na fortaleza depois do seu assassinato.
Vue de Cananor – Costa do Malabar, no norte do Kerala
Jacques Nicholas Bellin (1703 – 1772)
“Histoire Generale des Voyages”, de Abbé Prévost d’ Exiles, edição de 1757
Gravura: 273 x 183 mm
Cananoor
François Valentijn (1666–1727)
“Oud en Nieuw Oost-Indien”, 1726
Gravura: 375 x 291 mm
Finamente executada esta gravura retrata o forte holandês em Cananoor (atual Kannur, Kerala, Índia), um importante posto militar e comercial ao longo da Costa do Malabar, e é atribuída a Adam van der Duyn, um engenheiro militar holandês que contribuiu para a documentação dos fortes e assentamentos da Companhia Holandesa das Índias Orientais (VOC) no início do século XVIII. A planta apresenta um layout topográfico altamente detalhado da fortaleza, incluindo bastiões, edifícios internos, estradas e terras cultivadas. Uma vista elevada das fortificações acrescenta clareza dimensional ao desenho arquitetónico.
Calecute, Calecut, Calicute ou Calicut é uma cidade do estado de Kerala, na costa ocidental da Índia. A cidade era dirigida pela dinastia dos samorins, corruptela portuguesa de Samutiri, o "grande senhor do mar". O porto da cidade era o mais importante da costa do Malabar, onde os árabes e os chineses cambiavam suas fazendas contra a produção local. As outras cidades da costa, como Cochim, eram suas vassalas.
Aí aportaram os navegadores portugueses Vasco da Gama (1498) e Pedro Álvares Cabral (1500). Este último tentou erigir uma feitoria para o comércio de especiarias, mas sem êxito, pois os locais saquearam a construção e massacraram dezenas de portugueses. Durante essa construção, pereceu, em combate, Pero Vaz de Caminha.
Em 1510, foi empreendida uma mal sucedida tentativa de conquista da cidade. A expedição foi organizada por D. Fernando Coutinho, o Marechal do Reino, que levara à Índia ordens específicas para o efeito. O objetivo de estabelecimento de uma feitoria só seria alcançado com Afonso de Albuquerque, que ali ergueu a Fortaleza de Calecute (1513), abandonada a partir de 1525, em razão do deslocamento do eixo do comércio de especiarias para outros locais, como Diu.
Em 1664, os ingleses estabeleceram uma feitoria em Calecute, o mesmo tendo feito os franceses, posteriormente, em 1698, seguidos dos dinamarqueses em 1752. No entanto, em 1790, a situação de Calecute ver-se-ia devidamente consolidada, tendo sido integrada definitivamente nos domínios britânicos.
Calechut in Indien
Daniel Meissner (1585-1625)
“Sciographia Cosmic", editada por Paulus Fürst,
Nuremberga, 1638-43
Gravura: 150 x 97 mm
O Reino de Calecute ou Reino de Kozhikode e também Reino dos Samorins, onde Vasco da Gama foi recebido em 1498.
Kodungallur (também Cranganore, Cranganor; anteriormente conhecida como Mahodayapuram, Shingly, Vanchi, Muchiri, Muyirikkode, e Muziris) é uma cidade historicamente significativa situada nas margens do rio Periyar na Costa Malabar no distrito de Thrissur, em Kerala, Índia. Está a 29 km (18 milhas) a norte de Kochi (Cochim). Sendo uma cidade portuária no extremo norte das lagoas de Kerala, era ponto estratégico de entrada das frotas navais nos extensos canais interiores de Kerala. Foi aqui que um dos discípulos de Jesus, São Tomás, chegou durante o século 1 d.C. para pregar o cristianismo.
O Forte Cranganore (Fortaleza São Tomé), conhecido localmente como Forte de Kottappuram /Forte de Tipu, foi construído em Kodungallur pelos portugueses em 1523. O forte foi ampliado em 1565, e passou para as mãos dos holandeses em 1663.
Os navegadores portugueses começaram a operar no sul da Índia a partir do início do século XVI. O comércio português de especiarias foi desafiado pelos reis de Kozhikode no Oceano Índico. O porto de Kodungallur tinha uma considerável população judaica, nativa cristã e muçulmana na época. A Companhia Portuguesa estendeu a sua agressão a Calecute a cidades-estado costeiras aliadas, incluindo Kodungallur. O porto foi quase completamente destruído pelos portugueses (Suarez de Menezes) em 1 de setembro de 1504.
Kodungallur, sendo uma cidade portuária no extremo norte da lagoa Vembanad, foi um ponto de entrada estratégico para o exército e a frota de Zamorin nos remansos de Kerala. Assim, em outubro de 1504, Zamorin enviou uma força para fortificar Kodungallur. Lendo este movimento como uma preparação para um novo ataque a Kochi, o comandante português, Lopo Soares, ordenou um ataque preventivo. Um esquadrão de cerca de dez navios de combate, acompanhado por numerosos barcos de combate de Kochi, dirigiu-se para Kodungallur. Os navios mais pesados, incapazes de entrar nos canais rasos, fundearam em Palliport (Pallipuram, na borda externa da ilha de Vypin), enquanto as fragatas menores progrediram para o destino.
Convergindo para Kodungallur, a frota portuguesa-kochi rapidamente dispersou as forças de Calecute na praia usando canhões, e lançou o seu exército composto – cerca de 1.000 soldados portugueses e 1.000 guerreiros Nair de Kochi – que enfrentaram o resto da força inimiga em Kodungallur. As tropas de assalto capturaram e saquearam a cidade de Kodungallur, e foi incendiada pelos esquadrões liderados por Duarte Pacheco Pereira e Diogo Fernandes Correa.
Uma frota de Calecute, cerca de cinco navios e 80 paraus, que tinha sido enviada para salvar a cidade, foi intercetada pelos navios portugueses ancorados perto de Palliport e derrotada num encontro naval. Entretanto, o raja do Reino de Tanur (Vettattnad), cujo reino se situava a norte, na estrada entre Calecute e Kodungallur, e que tinha uma má relação com o Zamorin, ofereceu-se para se colocar sob a suserania portuguesa. Consta que os militares de Calecute, que eram liderados por Zamorin em pessoa, foram derrotados a caminho de Kodungallur por um considerável exército português com a ajuda do governante Tanur.
O ataque a Cranganore e a deserção do raja Tanur foram sérios reveses para o Zamorin de Calecute, empurrando a linha de frente para o norte e efetivamente colocando a lagoa Vembanad fora do alcance do Zamorin. A batalha preparou o cenário para os portugueses expandirem a sua autoridade colonial sobre uma área significativa da costa do Malabar. Em 1510, o seu poder fluido na costa do Malabar solidificou-se numa entidade territorial percetível.
Em 1662, os holandeses entraram na competição, expulsaram os portugueses com a ajuda de Zamorin, e ocuparam Kodungallur.
Grond Teekening van de Fortresse Cranganoor
Adam van der Duyn
Edição 1709
Gravura: 373 x 292 mm
Esta rara planta arquitetónica retrata a fortaleza de Cranganore (atual Kodungallur, Kerala, Índia), um reduto estratégico holandês na Costa do Malabar. A gravura, executada com grande precisão, apresenta um layout detalhado de cima para baixo dos bastiões, muralhas e infraestrutura circundante, juntamente com elevações e uma legenda que identifica os principais elementos do local. Navios, rosas dos ventos e diagramas em corte transversal contribuem para o valor técnico e histórico da placa.
Plan de la Forteresse de Cranganor
Jacques Nicholas Bellin (1703–1772)
“Histoire Generale des Voyages”, de L' Abbe Prevost d’ Exiles, edição de Pierre de Hondt, The Hague, 1747-1780
Gravura: 127 x 113 mm
A Fortaleza de S. Tomás de Cranganor, também conhecida como Forte Cranganore, Forte de Kodungallur e Forte de Tipu.
Cochim é a maior cidade do estado de Kerala, na Índia, cerca de 220 km a norte da capital do estado, Tiruvanantapura. Os antigos geógrafos, viajantes e comerciantes referiam-se a Cochim nos seus escritos como Cocym, Cochym, Cochin e Cochi.
Em 1102, Cochim converteu-se em sede do Reino de Cochim, um principado com ligações ao Império Kulasekhara. Considerada como a "Rainha do mar Arábico", constituía-se em um importante centro de comércio de especiarias na costa daquele mar desde o século XIV.
Em 1500, o navegador português Pedro Álvares Cabral fundou em Cochin o primeiro estabelecimento europeu na Índia. De 1503 a 1663, o Forte de Cochim foi governado por Portugal, tornando-se um assentamento colonial europeu na Índia. Permaneceu como capital da Índia Portuguesa até 1510, quando os portugueses elegeram Goa como capital. Para os judeus foram tempos difíceis devido à ação da Inquisição na Índia Portuguesa. Foi ocupada posteriormente pelos holandeses, que se haviam aliado ao Samorin de Calecute para conquistar Cochim, os Mysores e os Britânicos.
Entre os muitos pontos históricos da cidade, relacionados ao início do período da exploração global, destacam-se a Igreja de São Francisco, onde foi sepultado Vasco da Gama (transladado para Portugal, em 1539), primeiro explorador europeu a navegar até à Índia, a Fortaleza de Cochim, e a Sinagoga de Paradesi, construída em 1568.
Plan de la Ville de Cochin
Jacques Nicholas Bellin (1703 – 1772)
“Histoire Generale des Voyages”, de L' Abbe Prevost d’ Exiles,
publicação de Pierre de Hondt, The Hague, 1747-1780
Gravura: 129 x 110 mm
O plano apresenta um traçado preciso da cidade portuária fortificada de Cochim (Kochi), em Kerala, Índia. Ilustra meticulosamente a estrutura urbana em grade da cidade, os seus edifícios proeminentes, as fortificações defensivas e o movimentado porto com navios, elementos cruciais para um importante centro comercial nas Índias Orientais do século XVIII.
Coulão (também Kollam, Coullam ou Quilon) é uma cidade do estado de Kerala, na Índia. Os portugueses chegaram a Kappad Kozhikode em 1498, durante a Era dos Descobrimentos, abrindo assim uma rota marítima direta da Europa para a Índia. Foram os primeiros europeus a estabelecer um centro comercial em Thangasseri, Kollam, em 1502, que se tornou o centro do comércio de pimenta.
Nas guerras que se seguiram com os Mouros/Árabes, a antiga igreja (templo) da Tradição de São Tomás em Thevalakara foi destruída. Em 1517, os portugueses construíram o Forte de São Tomás em Thangasseri, que foi destruído nas guerras subsequentes com os holandeses. Em 1661, a Companhia Holandesa das Índias Orientais tomou posse da cidade. Os vestígios do antigo forte português, posteriormente renovado pelos holandeses, podem ser encontrados em Thangasseri.
No século XVIII, Travancore conquistou Kollam, seguindo-se os britânicos, em 1795. Thangasseri permanece até hoje como um assentamento anglo-indiano, embora poucos anglo-indianos permaneçam.
A Igreja do Menino Jesus em Thangasseri, uma antiga igreja de construção portuguesa, permanece como uma lembrança do domínio português na região.
Plan de la Forteresse de Coylan
Jacques Nicholas Bellin (1703-1772)
“Histoire Generale des Voyages” (Suplemento), de L' Abbé Prévost d’ Exiles, publicado em Amsterdão, 1761
Gravura: 265 x 175 mm
--- PRESENÇA NO MAHARASHTRA ---
Dabul (também conhecida como Dabhol) é uma pequena cidade portuária no distrito de Ratnagiri, no estado indiano de Maharashtra.
Em 1498, cerca de dez anos após as novas dinastias Deccanesas ao poder, Dabul passou para as mãos da dinastia Shahi Adil de Bijapur. No início do século XVI duas causas enfraqueceram Dabul. Pela transferência do quartel-general do poder de Bedar para Bijapur, a linha direta do tráfego a partir da costa foi transferido para o sul de Dabul, e a sua posição, muito próxima da costa, favoreceu os ataques dos Portugueses, inimigos dos reis de Bijapur.
Varthema, em 1503, fala da cidade como muito boa, cercada por muralhas à moda europeia, contendo um grande número de mercadores mouros e governada por um rei pagão, um grande observador da justiça. Em 1508, Dabul era uma "das cidades do litoral mais notável com um considerável comércio e prédios imponentes e magníficos, cingida com uma muralha, cercada por casas de campo, e fortificada por um castelo forte guarnecido por 6.000 homens dos quais 500 eram turcos (Faria e Sousa). João de Barros, menciona-o como um local de grande comércio, cheio de casas nobres, belos edifícios, templos soberbos e antigas mesquitas.
Dom João de Castro (1538), diz que as defesas eram leves e a guarnição Muçulmana apenas forte de 4.000 homens. Antes de ser pilhado pelos Portugueses, Dabul foi, segundo ele, uma praça muito grande e nobre, o empório de toda a Índia, onde se aglomeravam persas, árabes e comerciantes de Cambaia. Contra a cidade, o Vice-Rei Português, o Almirante D. Francisco de Almeida, veio (dezembro, 1508), com dezanove navios, transportando 1.300 soldados e fuzileiros navais Portugueses e 400 marinheiros Malabares, e ao abrigo de um ataque falso, desembarcou a alguma distância. A resistência foi vigorosa; "Pilhas de mortos reforçaram a barreira das paliçadas da cidade. Mas os assaltantes continuaram, escalaram a muralha, e entraram na cidade, que saquearam, arrasando até o chão, e reduzindo a cinzas, dando a morte aos homens, mulheres e crianças.
Aqueles que escaparam "voltaram, e restauraram a cidade pelo que em poucos anos, era habitada como antes. Em 1514, era defendida por uma muralha e artilharia, e foi um local de grande comércio com muitos moradores, mouros e gentios, e comerciantes de Gujarate, e grandes frotas de navios mouros de Meca, Adem, e Ormuz, e de Cambaia, Diu e Malabar. Importava-se cobre, prata, vermelhão e cavalos; exportava-se grandes quantidades de tecidos do país, trigo e legumes. Em 1520, Ismail Adil Shah (1510-1534), ofereceu aos Portugueses uma aliança amigável se protegesse a importação de cavalos para Dabhol. Mas os portugueses parece que não concordaram e dois anos depois (1522) Dabul foi novamente saqueado. Recuperou-se rapidamente deste saque, e em 1540, era uma grande cidade com a maior afluência de comerciantes de todo o oceano Índico, repleta de gente de todas as partes do mundo.
Sete anos mais tarde tinha apenas 4.000 habitantes, dois fortes e alguns redutos. Nesse ano, foi destruída pelos portugueses que se apoderaram da parte alta da cidade não longe do mar.
No ano seguinte (1548), um tratado foi feito entre Bijapur e os portugueses. Os portugueses prometiam enviar um feitor a Dabul para dar passaportes aos comerciantes e outros que quisessem ir para o mar e fazer o melhor para enriquecer Dabul. Durante alguns anos (1547-1554) os Portugueses parecem ter pago dois mil pardaos de ouro por ano para ter o privilégio da concessão de passaportes. Em 1554, os Portugueses recusaram-se a pagar o montante, e em 1555, e novamente em 1557, pilharam Dabul.
Em 1571 os Portugueses fizeram outro ataque a Dabul. Mas o governador, Khwaja Ali Shirazi, tendo ouvido falar das intenções deles, deixou-os porem-se em terra e matou 150 deles. Em 1570, os historiadores Gujarates, falam de Dabul como de um dos portos europeus. Mas é duvidoso que os Portugueses tenham jamais realizado isso. Se o fizeram, mantiveram-se apenas por alguns anos, já que no início do século XVII (1611), Middleton encontrou o governador, um tal Sidi, amigável, oferecendo presentes e livre comércio.
Vüe de Dabul
Jacques Nicolas Bellin (1703-1772)
"Histoire générale des voyages", Supplément au Tome IX. N° 9, de Antoine François Prévost, 1746
Gravura: 273 x 182 mm (de E. Hauhard)