1ª Leitura: Gênesis 15,5-12.17-18
Salmo 26(27)-R- O Senhor é minha luz e salvação
2ª Leitura: Filipenses 3,17-4,1
Evangelho de Lucas 9, 28b-36
28bJesus levou consigo Pedro, João e Tiago, e subiu à montanha para rezar. 29Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante. 30Eis que dois homens estavam conversando com Jesus: eram Moisés e Elias. 31Eles apareceram revestidos de glória e conversavam sobre a morte, que Jesus iria sofrer em Jerusalém. 32Pedro e os companheiros estavam com muito sono. Ao despertarem, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com ele. 33E quando estes homens se iam afastando, Pedro disse a Jesus: 'Mestre, é bom estarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias.' Pedro não sabia o que estava dizendo. 34Ele estava ainda falando, quando apareceu uma nuvem que os cobriu com sua sombra. Os discípulos ficaram com medo ao entrarem dentro da nuvem. 35Da nuvem, porém, saiu uma voz que dizia: 'Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutai o que ele diz!' 36Enquanto a voz ressoava, Jesus encontrou-se sozinho. Os discípulos ficaram calados e naqueles dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto. Palavra da Salvação.
COMENTÁRIO:
Na primeira leitura Deus faz uma aliança com Abraão, que era um homem de fé. Há a parte de Deus, que é proteção plena e total. A parte do homem é uma adesão incondicional a Deus, uma confiança total na sua palavra. Deus passa em forma de fogo no meio das vítimas que pedira a Abraão que as dispusesse num determinado modo. E Deus conclui a aliança dizendo: “Aos teus descendentes darei esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio, o Eufrates”.
Sabemos que Abraão morreu sem ter visto a promessa de Deus se cumprir. Nós também muitas vezes não percebemos a ação de Deus em nossa vida e na vida do mundo. Às vezes parece-nos que Deus é um eterno ausente. Mas é nosso engano. Deus sempre está presente como nunca. São nossos olhos que não veem, é nossa mente que não percebe os caminhos de Deus, pois eles são, muitas vezes, bem diferentes do nosso. Como diz o ditado, quando nos resolvemos a ir, Deus já está de volta.
Na segunda leitura São Paulo fala contra os que se escandalizam pelo fato de Jesus ter sido morto numa cruz. Jesus mudou o caminhar da comunidade: não é mais a circuncisão que conta, mas o Batismo, pelo qual fazemos aliança com Deus. Pelo Batismo somos santificados e, se lutarmos fiel e incansavelmente pelo triunfo do evangelho, sobretudo praticando-o, seremos transformados por Cristo, que tornará o nosso corpo “semelhante ao seu corpo glorioso”.
No Evangelho Jesus se transfigura diante de Pedro, João e Tiago, dando assim uma “amostra” do que ele seria após a ressurreição. Esses Apóstolos tiveram essa experiência de ver Jesus em sua glória, a sua Transfiguração. Ele ficou todo mudado, iluminado de maneira inexplicável, e uma voz dizia: “Este é o meu Filho, o escolhido. Escutai o que ele diz!”. Entretanto, mesmo com tudo isso há muitas pessoas que não acreditam na divindade de Jesus e interpretam de forma diferente essa experiência que os Apóstolos tiveram, como as testemunhas de Jeová e os mórmons. Não acreditam que Jesus tenha-se revelado como Deus verdadeiro além de homem verdadeiro nessa sua transfiguração. Eles são chamados “pseudocristãos”, porque parecem ser cristãos, mas na verdade não o são, pois não acreditam na Santíssima Trindade. Podem ser cristãos no modo de agir, e isso talvez seja o suficiente para agradar ao Senhor...
Para nós, cristãos, parece tranquilo dizer que Jesus é cem por cento Deus e cem por cento homem. Entretanto, se formos ver as estatísticas, há muito mais pessoas no mundo que não acreditam nisso do que nós que acreditamos. Nós, cristãos, somos apenas um terço da humanidade. Dois terços ainda não acreditam na divindade de Jesus. Por que é tão difícil assim acreditar que Jesus possa ser também Deus?
É difícil, sim, para quem não recebeu essa informação desde criança. Na verdade, é algo humanamente incompreensível. Não há como explicar isso cientificamente. É fé pura!
Quando dizemos que Jesus é Deus e homem verdadeiro, talvez estamos afirmando apenas que acreditamos naqueles que nos ensinaram isso desde criança! Mas há muitos que descobrem isso pelo também pelo coração, pelo contato com ele, mais do que pela fé. Há homens e mulheres na história que tiveram suas vidas mudadas pela fé em Jesus como Deus e homem. Um desses homens é São Paulo Apóstolo. Ele nos dá testemunho de que Jesus é tudo o que atualmente dizemos ser. Ele teve um encontro pessoal com esse Deus e homem.
O único modo nosso de contato com Deus é por meio de Jesus, por ser também homem. O único modo de abraçarmos Deus é abraçando Jesus.
A fé é um dom de Deus, mas podemos pedir-lhe esse dom. São Carlos de Foucauld, milionário, não acreditava em mais nada, até que, desiludido com tudo o que tinha e vivia, começou a fazer apenas esta oração: “Deus, se existis, que eu creia em vós”. E obteve a graça da fé. Deixou a sua riqueza para sua prima, ordenou-se sacerdote e foi viver de modo pobre entre os tuaregues do deserto do Saara, em Tamanrasset.
Isso tudo nos leva a pensar, também o quanto é necessária a pregação, a evangelização, pois naturalmente, embora possamos chegar à fé em Deus, nunca chegaremos à fé na divindade de Jesus. Só mesmo a evangelização pode nos levar ao cristianismo.
Que possamos pedir a Jesus perdão pela nossa falta de fé e talvez a de sermos cristãos um tanto acomodados. Que possamos ser mais evangelizadores. Que ao abraçar um irmão necessitado, estejamos abraçando o próprio Jesus, e, por “tabela”, o próprio Deus