11/09/2022
1ª Leitura: Êxodo 32,7-11.13-14
Salmo Responsorial 50(51) R- Vou agora levantar-me, volto à casa do meu pai.
2ª Leitura: 1 Timóteo 1,12-17
Evangelho Lucas 15,1-32
"1.Aproximavam-se de Jesus os publicanos e os pecadores para ouvi-lo. " "2.Os fariseus e os escribas murmuravam: “Este homem recebe e come com pessoas de má vida!”. 3.Então, lhes propôs a seguinte parábola: 4.“Quem de vós que, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la? 5.E, depois de encontrá-la, a põe nos ombros, cheio de júbilo" "6.e, voltando para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Regozijai-vos comigo, achei a minha ovelha que se havia perdido. 7.Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento”.* 8.“Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e, perdendo uma delas, não acende a lâmpada, varre a casa e a busca diligentemente, até encontrá-la? 9.E tendo-a encontrado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Regozijai-vos comigo, achei a dracma que tinha perdido. 10.Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrepende.” 11.Disse também: “Um homem tinha dois filhos. 12.O mais moço disse a seu pai: Meu pai, dá-me a parte da herança que me toca. O pai então repartiu entre eles os haveres. 13.Poucos dias depois, ajuntando tudo o que lhe pertencia, partiu o filho mais moço para um país muito distante, e lá dissipou a sua fortuna, vivendo dissolutamente. 14.Depois de ter esbanjado tudo, sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a passar penúria. 15.Foi pôr-se a serviço de um dos habitantes daquela região, que o mandou para os seus campos guardar os porcos. 16.Desejava ele fartar-se das vagens que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. 17.Entrou então em si e refletiu: Quantos empregados há na casa de meu pai que têm pão em abundância... e eu, aqui, estou a morrer de fome! 18.Vou me levantar e irei a meu pai, e lhe direi: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; 19.já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados. 20.Levantou-se, pois, e foi ter com seu pai. Estava ainda longe, quando seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, o abraçou e o beijou. 21.O filho lhe disse, então: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. 22.Mas o pai falou aos servos: Trazei-me depressa a melhor veste e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e calçado nos pés. 23.Trazei também um novilho gordo e matai-o; comamos e façamos uma festa. 24.Este meu filho estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado. E começaram a festa. 25.O filho mais velho estava no campo. Ao voltar e aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. 26.Chamou um servo e perguntou-lhe o que havia. 27.Ele lhe explicou: Voltou teu irmão. E teu pai mandou matar um novilho gordo, porque o reencontrou são e salvo. 28.Encolerizou-se ele e não queria entrar, mas seu pai saiu e insistiu com ele. 29.Ele, então, respondeu ao pai: Há tantos anos que te sirvo, sem jamais transgredir ordem alguma tua, e nunca me deste um cabrito para festejar com os meus amigos. 30.E agora, que voltou este teu filho, que gastou os teus bens com as meretrizes, logo lhe mandaste matar um novilho gordo! 31.Explicou-lhe o pai: Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. 32.Convinha, porém, fazermos festa, pois este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado”."
Comentário:
É deliciosa a maneira como Moisés e Deus conversam na primeira leitura. Deus joga na conta de Moisés a responsabilidade dos pecados do povo: “O teu povo que tu fizeste sair do Egito”...
Moisés, com astuciosa humildade corrige a Deus: “Não, Senhor. Este é o Teu povo que Tu tiraste do Egito”. Aí Deus desistiu de castigar o povo. É claro que esse é apenas um modo de se contar a história, porque Deus perdoou o povo, realmente, porque é misericordioso e não quer que nos prejudiquemos.
Esse é também o tema do longo evangelho de hoje: o filho pródigo ou, o melhor, o Pai misericordioso. Tem também o irmão descontente, que não quer aceitar o próprio irmão de volta no convívio.
Na segunda leitura S. Paulo diz: “agradeço àquele que me deu força, Cristo Jesus, nosso Senhor, pela confiança que teve em mim ao designar-me para o seu serviço, a mim, que antes blasfemava, perseguia e insultava. Mas encontrei misericórdia...” Ele confirma que era pecador, mas foi perdoado por Deus.
Amigos (as), pode-se ver que o assunto de hoje é o perdão do Pai misericordioso e o não perdão do filho invejoso. Um bom retrato dos dias de hoje, em que relutamos em confiar que uma pessoa se converteu, ou está em processo de conversão.
Nós nos colocamos, muitas vezes, num pedestal, e a todos os demais consideramos “pobres pecadores”.
Eu me lembro dos terços de quando eu era criança, nas casas. Não tínhamos televisão e íamos em peso, mesmo as crianças. Numa certa altura a pessoa que estava puxando o terço inclinava piedosamente a cabeça de lado e falava: “Rezemos também pelos pobres pecadores”. Quer dizer que nós também não somos “pobres pecadores”?
Como o Pai perdoa, aprendamos também nós a perdoar. É ridículo, se não fosse pecado, um cristão relutar em perdoar o irmão. Perdoar não significa deixar pra lá o erro cometido. Se tiver que ser preso, se tiver que ressarcir de alguma forma, que o faça, mas deve ser perdoado no coração. Se ele estiver com fome, temos que dar-lhe de comer etc.
Lembro uma senhora evangélica cuja filha foi estuprada e morta por um rapaz que não tinha família. Ela denunciou-o, mas depois ia vê-lo na prisão, atendia a alguma de suas necessidades materiais, aconselhava-o, pois era a única pessoa que se dignava fazer isso. O rapaz mudou de vida e foi morar na casa dela quando saiu da prisão, encontrou trabalho, casou-se e cuidou dela até que ela faleceu.
Como dizia Jesus, “Vai e (mudadas as circunstâncias), faze o mesmo”!
REFLEXÃO VICENTINA DO LIVRO MISSÕES: SABER CUIDAR
Páginas 168 a 172 – 11 de setembro de 2022 – 24º domingo comum
Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos, e o assunto de hoje lembra que, para fazer isso, ele tem que usar de misericórdia e perdão para correção de nossa vida.
Isso ocorreu com São Paulo, como vimos na leitura de hoje. Deus nos capacita para sermos apóstolos, como fez com São Paulo e com tantos outros.
Muitas vezes ficamos com raiva de Deus por permitir que nos ocorram tantas coisas das quais não gostamos. No caso de Paulo, além de cair do cavalo ele ficou cego até que Ananias o curou.
Entre ser ovelha perdida e ser ovelha que sempre ficou com o pastor, devemos escolher ser essa última. E como vicentinos, rezemos como São Paulo: “Dou graças àquele que me deu força, Jesus Cristo, Nosso Senhor, que me julgou digno de confiança e me chamou ao seu serviço”. Apesar de nossas fraquezas, Deus nos quer ao seu lado, buscando a conversão das ovelhas perdidas e celebrando com ele o seu retorno.
E se um dia nos perdermos, podemos confiar na misericórdia de Deus que nos corrigirá, para que voltemos a ser parte do rebanho que celebra a vida com ele. É como se pudéssemos antecipar a vida eterna já neste mundo, antes do encontro definitivo com Deus