1ª Leitura: 1 Reis 3,5.7-12
Salmo Responsorial 118 (119)R- Como eu amo, Senhor, a vossa lei, vossa palavra!
2ª Leitura: Romanos 8,28-30
Evangelho: Mateus 13,44-52
“O Reino dos Céus é como um tesouro escondido num campo. Alguém o encontra, deixa-o lá bem escondido e, cheio de alegria, vai vender todos os seus bens e compra aquele campo. 45 O Reino dos Céus é também como um negociante que procura pérolas preciosas. 46 Ao encontrar uma de grande valor, ele vai, vende todos os bens e compra aquela pérola. 47 “O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que pegou peixes de todo tipo. 48 Quando ficou cheia, os pescadores puxaram a rede para a praia, sentaram-se, recolheram os peixes bons em cestos e jogaram fora os que não prestavam. 49 Assim acontecerá no fim do mundo: os anjos virão para separar os maus dos justos, 50 e lançarão os maus na fornalha de fogo. Aí haverá choro e ranger de dentes. 51 “Entendestes tudo isso?” – “Sim”, responderam eles. 52 Então ele acrescentou: “Assim, pois, todo escriba que se torna discípulo do Reino dos Céus é como um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”.
Na primeira leitura Salomão teve a oportunidade de alcançar de Deus muitas coisas dessas que a maioria das pessoas almeja mais do que tudo, como a riqueza, uma vida longa, a morte dos inimigos, mas pediu apenas a sabedoria. Foi uma verdadeira oração e foi atendida. Entretanto, com a sabedoria veio também a riqueza e a realização de seus melhores sonhos. A oração verdadeira sempre agrada a Deus e nos alcança talvez não o que pedimos, mas algo que nos fará felizes na eternidade.
Na segunda leitura São Paulo diz que Deus nos chamou para a santidade, para uma vida eterna no Céu, onde desfrutaremos de seu Reino. Para que isso ocorra, é preciso que nos tornemos "justos" ou, na linguagem de hoje, santos. E para que nos tornemos santos, temos que fazer valer nosso Batismo, ato pelo qual Deus nos justificou e nos salvou.
No evangelho de hoje Jesus nos ensina sobre o que é o Reino dos Céus: é uma realidade que já começou mas ainda não se realizou em plenitude. É uma realidade que exige nossa escolha total entre tantas outras que existem no mundo: "Vai, vende tudo o que tem e compra o campo; vai, vende tudo o que tem e compra a pérola". Ou, como Jesus disse quando contou a parábola do homem que quer construir uma torre ou o rei que quer vencer o inimigo; "Quem não renunciar a tudo o que possui, não pode ser meu discípulo".
Deus nos conhece profundamente e sabe o que é melhor para nossa vida. Enquanto estamos construindo a história, muitas coisas nos são oferecidas, mas nem todas agradam a Deus. Por um simples motivo: afastam-nos do seu Reino. Infelizmente, muitas vezes nós não percebemos isso, e achamos que aquele bem, aquela aquisição, nos fará felizes. Pode até nos trazer um pouco de felicidade, mas será uma felicidade passageira, que dará lugar a um desgosto e a uma insatisfação. Só Deus pode nos satisfazer plenamente.
Nesse sentido, Salomão, ao pedir a sabedoria, já demonstrou ser sábio, pois pediu algo que iria lhe trazer muita satisfação agora e para a vida eterna. Pena que no final de sua vida abandonou seu "primeiro amor" e se entregou à luxúria e à idolatria...Mas só Deus pode julgá-lo.
A Igreja não se confunde com o Reino de Deus. O Reino de Deus e a Igreja levam a uma felicidade eterna, mas aqui na terra a Igreja é unicamente o terreno privilegiado em que o Reino lentamente se edifica, embora ela seja ambígua, por causa do pecado de seus membros. Mas o Reino ultrapassa a realidade da Igreja e não se atém apenas a ela. Podemos dizer que a Igreja ajuda, e muito, aos que desejam pertencer ao Reino, que ainda é uma semente que precisa crescer.
Eu prefiro dizer que o Reino já está aí, mas que só aparece quando vamos tomando conhecimento dele por meio de uma vida progressivamente santa. Aos que buscam a Deus, aos poucos, ele se apresenta. Quanto mais é nossa doação e entrega a Deus, mais o percebemos. As maravilhas do Reino de Deus são vistas pelos que percorrem o caminho da santidade. Os pecadores inveterados, que não se arrependem de seus pecados e não iniciam essa caminhada, para eles o Reino de Deus ainda não existe e dificilmente será percebido por eles. Que pena!