"39.Propôs-lhes também esta comparação: Pode acaso um cego guiar outro cego? Não cairão ambos na cova? 40.O discípulo não é superior ao mestre; mas todo discípulo perfeito será como o seu mestre. 41.Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão e não reparas na trave que está no teu olho? 42.Ou como podes dizer a teu irmão: Deixa-me, irmão, tirar de teu olho o argueiro, quando tu não vês a trave no teu olho? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e depois enxergarás para tirar o argueiro do olho de teu irmão. 43.“Uma árvore boa não dá frutos maus, uma árvore má não dá bom fruto. 44.Porquanto cada árvore se conhece pelo seu fruto. Não se colhem figos dos espinheiros, nem se apanham uvas dos abrolhos. 45.O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, porque a boca fala daquilo de que o coração está cheio."
COMENTÁRIO:
O texto de hoje do livro do Eclesiástico nos diz algo muito comprovado: não elogie a ninguém antes de ouvi-lo falar. As pessoas falam daquilo de que está cheio os seus corações. “Os defeitos dos homens aparecem no seu falar (...) O homem é provado em sua conversa. O fruto revela como foi cultivada a árvore; assim, a palavra mostra o coração do homem”.
Isso nos leva a algumas atitudes práticas, como por exemplo, quando estivermos num grupo de pessoas, devemos ser muito humildes em nossa conversa, e bastante sinceros, na medida do possível. Quando não pudermos ou não soubermos falar sobre o assunto em questão, sejamos sinceros em admitir que não o conhecemos. Essa atitude é melhor e nos deixa mais aliviados, mais à vontade. Tentar falar algo de que não conhecemos só vai resultar em chacota dos que nos ouvem e conhecem o assunto.
A segunda leitura nos mostra que todos os problemas e sofrimentos desta vida acabarão um dia, pois este nosso corpo, no Juízo Final, será revestido de incorruptibilidade, de imortalidade. Devemos evitar o pecado e batalharmos para sermos santos, e isto inclui muita oração e penitência, sobretudo a penitência, de um lado negativo, de evitarmos o pecado; de um lado positivo, de exercermos a caridade.
São Paulo resume isso neste versículo 58: “(...) sede firmes e inabaláveis, empenhando-vos cada vez mais na obra do Senhor, certos de que vossas fadigas não são em vão, no Senhor.”
O evangelho volta ao assunto da primeira leitura: “a boca fala do que o coração está cheio”. Não podemos corrigir o outro se antes não nos policiarmos para estarmos de acordo com aquilo que exigimos do outro. A grande diferença entre o ensinamento de Jesus e o dos fariseus está no fato de que estes diziam que uma ação é boa se concorda com a lei. Jesus, pelo contrário, diz que uma ação é boa se procede de um interior bom. Se nós somos lutadores por uma vida pessoal de santidade, de caridade, de amor, vamos saber como ajudar o próximo que precisa de conversão. Nunca seremos arrogantes, petulantes, nunca o humilharemos. Saberemos esperar a ocasião propícia. Ou, em vez disso, podemos fazer como falavam São Carlos de Foucauld e São Francisco de Assis: devemos converter os outros pelo nosso testemunho de vida, antes de que pela palavra.