26º DOMINGO DO TEMPO COMUM-ANO C
TEXTOS DAS LEITURAS - CNBB
1ª Leitura: Amós 6,1a.4-7
Salmo Responsorial 145-R- Bendize, minha alma, e louva ao Senhor!
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, Jesus disse aos fariseus: 19“Havia um homem rico que se vestia com roupas finas e elegantes e fazia festas esplêndidas todos os dias. 20Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, estava no chão à porta do rico. 21Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico. E, além disso, vinham os cachorros lamber suas feridas. 22Quando o pobre morreu, os anjos levaram-no para junto de Abraão. Morreu também o rico e foi enterrado. 23Na região dos mortos, no meio dos tormentos, o rico levantou os olhos e viu de longe a Abraão, com Lázaro ao seu lado. 24Então gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque sofro muito nestas chamas’. 25Mas Abraão respondeu: ‘Filho, lembra-te que tu recebeste teus bens durante a vida e Lázaro, por sua vez, os males. Agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado. 26E, além disso, há um grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse, não poderia passar daqui para junto de vós, e nem os daí poderiam atravessar até nós’. 27O rico insistiu: ‘Pai, eu te suplico, manda Lázaro à casa do meu pai, 28porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los, para que não venham também eles para este lugar de tormento’. 29Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os profetas, que os escutem!’ 30O rico insistiu: ‘Não, pai Abraão, mas se um dos mortos for até eles, certamente vão se converter’. 31Mas Abraão lhe disse: ‘Se não escutam a Moisés nem aos profetas, eles não acreditarão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos’”. – Palavra da salvação.
Na primeira leitura vemos como Amós transmite aos poderosos que vivem “despreocupadamente em Sião” usufruindo os bens que subtraem dos mais pobres a condenação que lhes está reservada. A ociosidade pode nos levar a uma vida de pecado e, no caso do texto, à injustiça para com os pobres.
No evangelho vemos o mesmo tema: Lázaro vai ser recebido no céu e o rico despreocupado vai ser jogado no inferno.
O que de verdade há nisso tudo?
Nós damos muitas voltas para contornar o problema, porque, lá no mais íntimo, todos gostaríamos de ser ricos. Procuramos aumentar o tamanho do buraco da agulha para que o camelo possa entrar, como nessa outra parábola de Jesus, ou então dizer que o camelo é uma corda ou uma linha, ou que o buraco da agulha é uma passagem num desfiladeiro etc.
A verdade é uma só: nós iremos ao céu ou ao inferno porque queremos ir para lá. Se nos deixarmos levar para o pecado e pela indiferença aos males dos pobres e necessitados (lembro que um rico muito doente também é um necessitado), estamos escolhendo já, aqui na terra, ir para o inferno. Se nos preocupamos com os outros, mesmo que tenhamos dinheiro, se escolhermos a caridade, a partilha, podemos continuar ricos, mas estamos escolhendo o caminho do paraíso. O problema é: como continuar ricos enquanto tantos estão até passando fome?
É diferente ser rico na Finlândia, onde praticamente não existe miséria, do que ser rico no Brasil, onde a miséria grassa por toda parte. Não temos direito de ficar nadando em dinheiro quando o pobre passa necessidade. E se formos falar desses políticos que roubam o dinheiro da merenda, das aplicações em projetos sociais etc? Por mais que uma pessoa seja rica, suas necessidades básicas de vida não são tantas proporcionalmente ao dinheiro que possui.
Deus não manda ninguém para o inferno. Quem for para o inferno, é porque escolheu desde já ir para lá. Nossa opção aqui na terra é que determina qual caminho estamos escolhendo. A vida é passageira, e por mais que alguém seja rico, vai morrer. Não há outro jeito. E a pergunta final vai ser: “O que você fez com o dinheiro que possuía”? O rico, que na parábola nem tem nome, não se perdeu porque era rico, mas porque não soube empregar para o bem o dinheiro que possuía.