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Genocídio dos Santos Mártires Armênios


Genocídio dos Santos Mártires Armênios

Comemoração do 100° Aniversário do Genocídio Armênio

1915 - 2005

1917 - 2017

d. Renato Rosso ©

Tradução de Thais dos Santos Domingues Pereira

rev. fevereiro 2020


Projeto editorial: Renato Rosso ©

Revisão de texto e restauração fotográfica: Simona Obialero, Mauro Raffini

Projeto gráfico: www.facebook.com/RAFFINIEDITORIALLAB

Ao monge armênio Rev. Kevork Hintlian

Auto-impresso por Ruah onlus

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Agradeço ao Patriarcado Armênio e ao Consulado Italiano em Jerusalém pela primeira documentação a mim ofertada. Agradeço ao Mons. Raphael Minassian, Arcebispo de Yerevan, Ordinário para os Armênios Católicos da Armênia, da Geórgia, da Rússia e do Leste Europeu; ao seu Vigário Geral Mons. Ashosk Rukasian; a Ararat Agajanhan; ao Mons. Hounan, Bispo junto ao Patriarcado Ortodoxo de Eijmiagin; ao Prof. Vardan Voskanian, especialista em Estudos Iranianos na Yerevan State University e autor de um texto sobre os ciganos da Armênia; à Armenian University de Yerevan; ao Diretor Zaven Sargsyan do Dzoragiugh Etnographic Center Sergei Parajanov Museum em Yerevan; ao Instituto Etnográfico de Matenataran;à Dra. Sonia Mirzoian, vice-diretor dos Arquivos Nacionais Armênios; a Verjinè Svaslian, doutor em ciências filológicas e etnógrafo; ao Sr. Arousyak e ao Sr. Santina da Imaculada Conceição das Irmãs Armênias. Aos ciganos Avet Ambarian e Mesrop Suraian, sobrinho de Avelis, que morreu de infarto ao ver o massacre de sua gente. Eles vivem em Yerevan (Sari-Takh, Kanaker, Marash) e em Gyumri.

Agradeço aos frades franciscanos que, com seu testemunho vivido em primeira pessoa na Armênia durante os vinte anos do grande martírio, tornaram possível esta pesquisa.Entre eles, de modo particular, ao Padre Basilio Kerop Talatinian, que encontrei em seusúltimos anos e que nos deixou no início de 2014. Ele ofereceu uma das contribuições mais preciosas, visto que pagou em sua própria pele o preço da deportação. Junto a ele, também agradeço de maneira especial ao franciscano Cristoforo Alvi, estudioso das questões do Oriente Médio e, de modo particular, ao monge armênio Rev. Kevok Hintlian, filho de pais fugitivos do genocídio, que durante meio século encontrou um enorme número de testemunhas oculares do mesmo genocídio. Sem ele não teria sido possível esta singela contribuição.

Renato Rosso

APRESENTAÇÃO

Caro leitor, se você se cansar de ler, não esqueça de ler pelo menos o último capítulo. O texto a seguir pode ser considerado um simples artigo de jornal, cuja finalidade é dar ao leitor condições de decifrar todo o acervo fotográfico, que é um dos documentos mais preciosos do martírio armênio. Para que se possa compreender as imagens propostas, é necessário conhecer um mínimo de história armênia e pelo menos uma parte da narrativa dos acontecimentos que entregaram 2 milhões de vidas à história do martírio cristão. As fotografias do Genocídio dos Cristãos Armênios são verdadeiramente raras, seja pelos ambientes, seja pelo modo como os sujeitos foram retratados. Não foram imagens roubadas enquanto os olhares dos algozes estavam distraídos, mas sim permitidas e muitas vezes desejadas ou encomendadas pelos próprios turcos, orgulhosos de seusatos.

Coloquei o título do texto de “Genocídio dos Santos Mártires Armênios” porque era de meu interesse expor a causa principal desse número infinito de cristãos que deram suas vidas por Jesus Cristo ou por sua causa, e me interessava também demonstrar queclaramente não teriam sido mortos se não fossem cristãos. Outras razões para o título sãoo fato de que, de acordo com os documentos disponíveis, é difícil estabelecer que os turcos tivessem uma vontade clara de destruir indiscriminadamente todos os armênios enquanto raça – ao contrário do que aconteceu no genocídio dos judeus – e também o fato de que percebe-se, pelos métodos usados para a eliminação, que os turcos sabiam que alguns sobreviveriam.

Em vez disso, é possível pensar que o Império Otomano, visando um Estado forte, unitário e islâmico, dificilmente toleraria um grupo bastante significativo de cristãos residentes em seu território: de fato, tentou eliminar o maior número possível deles. A razão pela qual os turcos não os eliminaram por completo é justamente o fato de não almejarem mostrar suas intenções ao mundo. Por esse motivo, usaram uma técnica mais “sutil”: a de deportação, [1] que veremos mais adiante. A expulsão dos armênios do país poderia ser um posicionamento mais tolerável.

De fato, se supõe que um país possa banir de seu território pessoas suspeitas ou maliciosas. Porém, no nosso caso, esse exílio imediatamente se transformou em uma cruel forma de deportação, que tinha a verdadeira intenção de deixar os armênios mortos pela estrada antes de chegar ao lugares estabelecidos (cerca de 25 campos de concentração), de modo que os poucos que sobreviviameram candidatos à morte quase certa. Ainda haviam as embarcações que transportavam os deportados de Zar para Ana. No momento da partida todos podiam testemunhar a carga humana e era possível verificar e documentar que as embarcações tinham chegado, mas não era tão evidenteque desembarcassem delasapenas dois quintos das pessoas embarcadas. Todos os demais haviam sido amarrados e jogados na água para se afogarem.

Os turcos se defenderam nos tribunais alegando que, durante as deportações, aquelas centenas de milhares de armênios morriam de fome, doenças ou exaustão, e, não porque foram diretamente mortos, mesmo que tenham sido tantos os massacres em massa. Por essas razões, na minha opinião, é mais correto falar de Genocídio dos Santos Mártires Armênios ou, se quiserem, de Massacre Armênio e Genocídio dos Cristãos. Pode-se dizer também que, embora seja perigoso usar indiscriminadamente o termo “genocídio”, é igualmente importante reconhecer quando este for inegável.

Quero enfatizar que o motivo pelo qual me ocupei deste tema é o fato de que os armênios desempenham um papel muito importante na história daqueles que hoje chamamos deciganos. Quando eu soube que, há cem anos, os ciganos na Armênia eram cristãos, achei que eles poderiam ter sido envolvidos no Genocídio dos Santos Mártires Armênios. Depois de muita pesquisa, encontrei um documento do Bispo Grigoris Balakian, testemunha ocular que, em sua biografia, denunciou o massacre de 7 mil ciganos armênios na cidade de Chankiri, em Kastemouni. [2]

A maioria dos textos que trago aqui já estão presentes em muitas publicações e, portanto, constituem um patrimônio histórico que não precisa ser confirmado por esta ou aquela citação.

Os interessados em estudos históricos para sua própria universidade ou por outras razões científicas podem consultar as referências que indiquei no breve parágrafo “Os documentos”.

NOTAS

[1] Neste caso, por deportação entendemos o que se pode compreender de pior do conceito “atoouefeitodedeportar, deafastardeumgruposocial;degredo, banimento, exílio” (uma das definições apresentadas pelo Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa para a palavra).

[2] Cf. p. 39.


Às fontes do povo armênio

História de um genocídio (2 milhões de mortos)

As circunstâncias

Início das perseguições: 1815

A Armênia se recupera

Perseguição de 1909

Perseguições dos anos 1914 e 1915

Perseguições dos anos 1914 a 1917

Técnica de deportação

Ataques às províncias orientais

Distrito de Erzurum

Distrito de Bitlis

Distrito de Trebisonda

Distrito de Sivas

Distrito de Dyarbakir

Distrito de Harput

As províncias ocidentais

Distrito de Agora

Distrito de Bursa, Sandjak, Izmit

Distrito de Adana

Distrito dei Aleppo

Mais uma perseguição em 1920

Técnica para o extermínio

Quanto sangue?

Um pouco de luz

Testemunhos e testemunhase

Testemunhas oculares sobreviventes

Testemunho inédito de uma família

Testemunho de uma família religiosa: as freiras

armênias da Imaculada Conceição

A família dominicana

Mardin e a região de Arberkir

Dos arquivos nacionais

A última palavra a Kevork Hintlian

O julgamento da história

Os turcos negam o genocídio

Pode-se falar em genocídio?

Apoio ou interferência?

Três ícones da Armênia

Armênia cristã

A Armênia que morre

A Armênia que ressurge

O ícone do perdão

Os documentos

Comunicado de imprensa emitido pela Rádio Vaticana: 7 mil ciganos Armênios mártires

O livro sobre o genocídio dos mártires cristãos Armênios terminou

Documentação fotográfica

Armênia devastada