Um Exercício Teórico-Analítico com Imagem e(m) Análise de Discurso

Marchiori Quadrado de Quevedo

UCPel/LEAD – IFSul

 

 

A presente comunicação, cuja discussão advém de um trabalho de dissertação defendido em 2012 no âmbito do Programa de Pós-Graduação da Universidade Católica de Pelotas, visa tanto a refletir sobre o objeto teórico “imagem” quanto a, à luz dessa discussão, realizar um gesto de interpretação de um texto imagético. Para atingir tal propósito, partiremos do dispositivo teórico da Análise de Discurso (AD) na tradição de Michel Pêcheux, recorrendo especialmente a esse autor – que lançou as bases da AD –, à professora Eni Orlandi – precursora da teoria no Brasil – e à professora Tânia Souza – cujos estudos sobre a imagem funcionam à guisa de um “ponto de partida”. Com base nesse legado, além de discutirmos um conceito de imagem e as suas consequências teóricas nessa zona de “entremeios” (como Orlandi caracteriza a AD), buscamos configurar nosso dispositivo analítico. Para tanto, valemo-nos principalmente da noção de enunciado de Foucault, retomada por Courtine, e recorremos às pistas elencadas pela professora Ernst-Pereira para o início do nosso gesto de interpretação. Em nosso trabalho, partimos do desenvolvimento das consequências da premissa de que o visual, assim como o verbal, é determinado pelo discursivo, onde são produzidos os sentidos. Situarmo-nos em uma teoria que procura trabalhar o texto justamente na sua opacidade material, implica, a nosso ver, um compromisso com determinadas consequências: sejam teóricas (o que acarreta dizermos que a imagem tem uma materialidade ou o que significa de fato admitirmos que a imagem é opaca?); sejam analíticas (que imagem seria essa que “todos vemos” ou como ler a imagem em sua opacidade?). Esta comunicação refere-se ao como tentámos responder a essas questões na dissertação e a como estamos a fazê-lo no desenvolvimento da tese, ora em curso.