Profa. Dra. Ercília Ana Cazarin
PPG-Letras da UCPel
No texto a ser apresentado, estamos nos propondo a pensar a produção escrita, enfatizando que para além dos elementos linguísticos, ela é atravessada por questões de outra ordem, tais como: o imaginário que o sujeito-autor tem de si e do leitor virtual de seu texto, bem como a ideologia e a historicidade, constitutivas do dizer/escrever. Para tanto, deslocamos a concepção de leitura própria da AD para a de escritura. Para nós, analistas de discurso, a leitura e a interpretação não se constituem como processos estanques, separados, e sim como dois processos que se realizam de forma simultânea, pois não há como não interpretar. Ler já é interpretar, interpretar é uma maneira de ler e a interpretação já é uma escritura. Esses processos têm a ver com posições de sujeito e com a distribuição do conhecimento na sociedade, sempre desigual. A partir disso, priorizamos as seguintes questões: se a leitura e a interpretação, em AD, são concebidas como gestos, o processo de escritura também o seria? Como funcionaria, então, esse gesto? Como nós, analistas de discurso, estabelecemos relações com o processo de escritura, como atuamos nesse processo?