Liberal versus Social: considerações sobre o arquivo em ambientes digitais

Renata Adriana de Souza (PG-UFRGS)

Juliana da Silveira (PG-UEM)

 

 

Considerando os recentes debates em torno de uma suposta disputa entre liberais versus socialista em circulação nos ambientes digitais no Brasil, buscamos tecer, neste trabalho, algumas considerações sobre o arquivo nos ambientes digitais. Pautadas em uma discussão sobre o liberalismo como posição dominante, estabelecemos relações teóricas sobre o conceito de arquivo em Jacques Derrida e Michel Pêcheux, buscamos, com isso, compreender de que forma os perfis digitais que pertencem aos veículos de radiodifusão no Brasil, tais como os perfis de colunistas e formadores de opinião política, entram em confronto direto com posicionamentos divergentes, enquadrando tais posicionamentos como pertencentes a regimes marxistas, comunistas, socialistas ou ditatoriais. Entendemos que esse funcionamento se faz presente em muitos discursos sobre e no ambiente digital que separam as posições em circulação em duas categorias: liberal/ capitalista versus comunista/ socialista. Para tanto, analisaremos a “Carta aberta a Letícia Spiller”, escrita pelo colunista da Revista Veja online, Rodrigo Constantino. A análise da carta nos permitiu compreender que a posição defendida no texto de Constantino mobiliza uma memória sobre o comunismo e o socialismo que mantêm relações com o funcionamento do arquivo liberal enquanto lugar de jogo de forças que aponta para uma identificação com a posição ideológica liberal, que defende os interesses de uma classe social dominante.