Alyne Rehm
UFRGS
O corpo tem sido objeto de pesquisa de diversas disciplinas sob as mais variadas perspectivas. Cada qual, a cada tempo, o significando de um modo. Tomando-o enquanto materialidade, o corpo na/da dança materializa os discursos de sua época. Na contemporaneidade, a dança pode ser um espaço de encontro simultâneo e de experimentação entre diversas técnicas, práticas, saberes e corpos. Entretanto, nos deparamos com dizeres cristalizados sobre a dança e sobre os corpos que nela encontramos. Neste estudo, nos propomos a observar o corpo na/da/que dança enquanto materialidade discursiva a partir dos pressupostos teóricos da Análise do Discurso (AD) francesa proposta por Michel Pêcheux. Para tanto, pensamos quais conceitos da AD devem ser mobilizados, bem como quais interfaces são estabelecidas para que possamos trabalhar com corpo na/da/que como objeto teórico, dando acesso ao discurso. Nossa análise é empreendida a partir da observação de um corpus experimental aplicado a dois grupos de sujeitos: questões sobre dança e sobre o corpo em relação à dança foram feitas a sujeitos inseridos em duas Formações Discursivas (FD) distintas. O que os sujeitos identificados com a FD da Dança (sujeitos que possuem um treinamento formal de dança em seus corpos) e os sujeitos identificados com a FD que se convencionou chamar, até o momento, da não-Dança (sujeitos que não possuem um treinamento formal de dança em seus corpos) tem a nos dizer sobre o que lhes é perguntado? Partindo destas observações, nos questionamos: Como os discursos se materializam no corpo? Como, através do corpo na/da/que dança, os sentidos são construídos? Em meio à repetição, há espaço para ruptura?