Autor: Luciane Botelho Martins – UCPel
Coautora: Ana Paula Vieira de Andrade Assumpção – UCPel
Coautora: Fernanda Taís Brignol Guimarães – UCPel
O assassinato de Bernardo Boldrine tornou-se o assunto mais discutido e comentado no meio jornalístico. Seria esse fato um acontecimento do ponto de vista discursivo? Se tomarmos a definição de Pêcheux (2008, p.56), que acontecimento é um assujeitamento voltado à repetição e interpretação antecipada, diríamos que temos aqui o apagamento de um acontecimento e não um acontecimento. Isto se dá devido ao fato desse assassinato remeter a outro, igualmente cruel, desumano e também cometido por sujeitos que ocupam os papéis sociais de pai e madrasta. Estamos falando agora do caso de Isabela Nardone, morta em 2008 com os mesmos requintes de crueldade. Para compreender o modo de produção e constituição dos sentidos do discurso jornalístico impresso nos enunciados que tratam do caso de Bernardo, utilizaremos o conceito de memória. Conforme Pêcheux (1999, p. 52), “A memória discursiva seria aquilo que, em face de um texto que surge como acontecimento a ler, vem restabelecer os ‘implícitos’ (quer dizer, mais tecnicamente, os pré-construídos, elementos citados e relatados, discursos transversos, etc.) de que sua leitura necessita: a condição do legível em relação ao próprio legível.” Por esse motivo, investigamos os efeitos de sentido produzidos nas manchetes, aqui tomadas como discurso, bem como as posições-sujeito assumidas pelos diferentes veículos de comunicação. Pois, ao produzir o discurso, o sujeito parte de uma determinada formação discursiva que determina seu posicionamento. Isso significa dizer que o sentido não existe em si, mas é determinado pelas relações ideológicas em jogo. Assim, por acreditar que o discurso é determinado pela posição de onde o sujeito fala, nossas análises dar-se-ão a partir de recortes em manchetes veiculadas por diferentes jornais publicados em versão online: Gaúcha/clickRBS; G1.Globo; notícias.R7 e ZeroHora.clickRBS.